EURYDICE NUM RELANCE O primeiro “Eurydice número num de relance”, dedicado ao estudo comparativo da Rede Eurydice sobre a avaliação dos estabelecimentos obrigatório, de foi ensino APRENDER AS LÍNGUAS ESTRANGEIRAS: UMA PRIORIDADE EUROPEIA acolhido entusiasticamente, devido sobretudo ao seu formato amigável e ao carácter sintético da informação. Este segundo número apresenta a primeira edição de Números-chave do ensino das línguas na escola na Europa, um relatório que doravante será publicado de dois em dois anos. Esperamos que possa constituir para alguns leitores uma fonte de informação geral suficiente e que incentive aqueles a quem este tema diz a directamente consultarem o respeito relatório in extenso (coordenadas e formas de acesso na última página). Se desejar transmitir-nos comentários ou observações no sentido de melhorar esta publicação, não hesite em enviar um e-mail para o seguinte endereço: ([email protected]) A Comissão Europeia considerou o ensino das línguas como uma prioridade há já mais de trinta anos. Em 2002, o Conselho Europeu de Barcelona recomendou a aprendizagem de duas línguas estrangeiras, pelo menos, desde a idade mais precoce. Que se verifica hoje? Quais são as línguas mais estudadas? De que modo se processa o seu ensino? Como são formados os professores? Os indicadores publicados por Números-chave do ensino das línguas na escola na Europa oferecem um panorama da situação do ensino das línguas na escola na Europa. Boa leitura Patricia Wastiau-Schlüter Chefe da Unidade Europeia de Eurydice Avenue Louise 240 B-1050 Bruxelles www.eurydice.org Editor responsável: Patricia Wastiau-Schlüter 2 Desde meados da década de 1970, os Estados-Membros e a Comissão consideram o reforço do ensino das línguas como um dos eixos prioritários da sua acção comum no domínio da educação. Mais recentemente, em 2002, o Conselho Europeu de Barcelona confirmou a necessidade de prosseguir esforços para “melhorar o domínio das competências de base, nomeadamente através do ensino de duas línguas estrangeiras, pelo menos, desde a idade mais precoce”. Deste modo, reorientou esta prioridade em função do objectivo estratégico formulado para a União Europeia no Conselho Europeu de Lisboa, em 2000 : tornar-se a economia do conhecimento mais competitiva e mais dinâmica do mundo. A importância atribuída à aprendizagem das línguas levou a Rede Eurydice a publicar um conjunto de indicadores sobre o seu ensino na escola. Os trinta e sete indicadores propostos dão uma visão geral do lugar que as línguas ocupam nos programas de estudos, bem como da forma como o seu ensino está organizado, da diversidade das línguas ensinadas, da taxa de participação dos alunos e da formação dos professores de línguas estrangeiras. O contexto linguístico europeu tem a particularidade de ser muito variado. A União Europeia reconhece 20 línguas oficiais, a que vêm juntar-se línguas regionais ou minoritárias (reconhecidas oficialmente ou não), assim como as faladas pelas populações migrantes. Face a esta imensa riqueza linguística, a escola constitui para a grande maioria dos alunos o meio de acesso por excelência à aprendizagem das línguas. Pelo menos, uma língua estrangeira para todos a partir do ensino primário (CITE 1)(*)... Há várias décadas que a maioria dos países europeus impõem a aprendizagem de, pelo menos, uma língua estrangeira durante a escolaridade obrigatória, desde o ensino primário. Por outro lado, o número de anos dessa aprendizagem tem sido progressivamente alargado: entre 1974 e 2004, aumentou, em média, dois anos, designadamente através de uma aprendizagem cada vez mais precoce, por vezes desde o nível pré-escolar. Graças a estas medidas, na grande maioria dos países, aproximadamente 50% da totalidade dos alunos do ensino primário aprende outra língua. Em alguns países europeus, as crianças deste nível de ensino aprendem Repartição (em percentagem) da população total de alunos duas línguas estrangeiras: é esse o caso de, pelo do nível primário (CITE 1) (*) em função de número de línguas estrangeiras aprendidas. menos, 10 % dos alunos do ensino primário na Ano escolar de 2001/2002. Estónia, Finlândia, Suécia e Islândia, e de 80 % no Luxemburgo (que tem a particularidade de Nenhuma língua 1 língua 2 línguas ou mais 0 langue 1 langue 2 langues et plus possuir três línguas oficiais). Aproximadamente % 100 dez países europeus lançaram também projectospiloto tendo essencialmente em vista determinar em que condições deverá ser conferido carácter 80 obrigatório à aprendizagem de uma língua nos níveis de ensino em que ainda não o é. O ensino das línguas é, na maior parte dos casos, assegurado por um docente generalista. O número de horas recomendado para o ensino das línguas, quando esta aprendizagem tem carácter obrigatório, oscila entre 30 e 50 horas por ano. Os poucos programas que especificam níveis variáveis de prioridade às macrocompetências atribuem maior importância à oralidade (falar e ouvir) em prejuízo da escrita (ler e escrever). 100 80 60 60 40 40 20 20 0 (:) (:) (:) (:) (:) (:)(:) (:) EU-25 BE BE BE CZ DK DE EE EL ES FR IE IT CY LV LT LU HU MT NL AT PL PT SI SK FI SE UK fr de nl (:) IS LI NO BG RO 0 Fonte:Cronos Eurostat, New Cronos Maio de 2004 S o u rce : Eu rostat, New mai 2004. ... até duas línguas estrangeiras no ensino secundário Eis a recomendação do Conselho Europeu de Barcelona: incentivar os alunos a aprender duas línguas estrangeiras. Salvo raras excepções, é a nível do ensino secundário obrigatório que esta recomendação é observada. Efectivamente, a maioria dos países europeus confere carácter obrigatório à aprendizagem de uma segunda língua durante, pelo menos, um ano ou assegura, no mínimo, essa possibilidade, mediante a inclusão de uma língua suplementar nas opções obrigatórias. A República Checa, a Alemanha, Malta, a Áustria e a Polónia só oferecem essa oportunidade a partir do ensino secundário pós-obrigatório. Na Irlanda, em Itália e no Reino Unido, a introdução de uma segunda língua é deixada ao critério das escolas. Não obstante todo este esforço a nível da oferta, menos de 50 % da totalidade dos alunos aprende duas línguas no secundário inferior (CITE 2). Em contrapartida, o número de línguas estudadas aumenta frequentemente no secundário superior (CITE3). (*) % CITE (Classificação Internacional Tipo da Educação) – Correspondências nacionais: CITE 0 – Educação Pré-escolar, CITE 1 – 1.º e 2.º ciclos do Ensino Básico, CITE 2 – 3.º ciclo do Ensino Básico; CITE 3 – Ensino Secundário; CITE 4 – Ensino Pós-secundário não superior; CITE 5 e 6 – Ensino Superior. 3 No ensino secundário, mais horas de aulas e professores especializados no ensino das línguas Tal como no ensino primário, todos os curricula visam a aquisição das 4 competências linguísticas (ouvir, falar, ler e escrever), mas, desta vez, sem estabelecer qualquer prioridade. Raros são aqueles que incluem normas relativas ao número de alunos para a constituição de turmas especificamente para o ensino das línguas. Apenas um pequeno grupo de países, designadamente alguns novos Estados-Membros, sustenta que o número de alunos por turma deveria ser reduzido, chegando a Estatuto do ensino de duas línguas estrangeiras durante a escolaridade. Hungria ao ponto de defender uma redução Níveis primário e secundário geral (CITE 1, 2 E 3) (*). de 50%. Quanto ao tempo recomendado Ano escolar de 2002/2003. para essa aprendizagem, situa-se numa média de 90 horas por ano (mas atinge 200 horas na Dinamarca e em Malta, 2 langu de 2 línguas estrangeiras Mínimo obligat obrigatórias, durante, pelo menos, assim como, no caso do Gymnasium, na pendan um ano de ensino obrigatório a Alemanha). O tempo de ensino das línguas l'enseiginteiro. tempo à temp representa entre 10 e 15 % do tempo total de ensino previsto, com variações signifiPossibi os alunos têm direito a, pelo Todos BE de 2 langu um ano de ensino em cada menos, cativas de país para país: desde 9 % na pendan uma das 2 línguas estrangeiras Polónia a 34 % no Luxemburgo. l'enseig a escolaridade obrigatória durante CY temp inteiro. aà tempo Na maioria dos países europeus, os professores do ensino secundário são especialistas na língua que ensinam e têm formação universitária. Os estabelecimentos de ensino incumbidos da sua formação gozam de grande autonomia. Todavia, haverá alguns traços comuns a assinalar, nomeadamente: os futuros professores aprendem uma ou várias línguas estrangeiras como parte da sua formação e, em geral, fazem estágios em meio escolar. Em contrapartida, raros são os sistemas educativos que impõem uma estadia num dos países onde é falada a língua alvo da formação. LU MT LI Mínimo 2 langu de 2 línguas estrangeiras obrigatórias ou possíveis para obligat todos, unique unicamente a partir do nível secundário superior geral. second Não existe ensino de 2 línguas 2 langu estrangeiras para a totalidade dos unique mas pode existir no quadro alunos, program do currículum flexível. Source: Eurydice. Fonte: Eurydice Escolhido ou imposto: o Inglês é a língua dominante A posição hegemónica do Inglês é claramente perceptível desde o ensino primário e tem revelado, há já alguns anos, tendência para aumentar . A nível do ensino secundário, o Inglês, o Francês, o Alemão, o Espanhol e o Russo representam, na maioria dos países europeus, mais de 95 % das línguas de aprendizagem. Consequentemente, a escolha dos alunos parece recair sobre as línguas de maior difusão. Entre elas, o Inglês ocupa inegavelmente uma posição dominante. Vários indicadores convergem para revelar o predomínio desta língua sobre as outras. Em primeiro lugar, em 13 países europeus, a aprendizagem do Inglês é imposta durante a escolaridade obrigatória o que obviamente leva 90 % dos alunos a aprenderem prioritariamente esta língua. Aliás, não se trata de uma situação recente, já que a maioria dos países que o impõem em 2002/2003 já tinham feito essa opção em 1982/1983. Os países da Europa Central e Oriental vivem uma situação inusitada, visto que em todos eles a aprendizagem do Russo deixou de ser obrigatória e, de um modo geral, permitem a livre escolha da língua. Num momento em que há quem se interrogue sobre o efeito que terá conferir carácter obrigatório à aprendizagem de uma língua específica, a questão parece ter-se solucionado por si, pelo menos no que respeita ao Inglês. Com efeito, quando a escolha é livre, cerca de 90 % dos alunos optam por esta língua no secundário. A percentagem de alunos que aprende Inglês é, assim, quase idêntica em praticamente todos os países da Europa. Será interessante observar que, nos países da Europa Central e Oriental, o Inglês conhece uma progressão assinalável; em contrapartida, o Alemão e o Francês, de um modo geral, regrediram. Estas duas línguas ocupam a segunda e a terceira posições no que respeita às línguas mais ensinadas, mas o Inglês vem, indubitavelmente, muito à frente, sobretudo se atendermos ao facto de que a primeira língua estrangeira concentra frequentemente um volume de horas lectivas superior às outras. Além disso, o Inglês é a língua de ensino mais popular para as bolsas europeias de formação contínua de professores. (*) CITE (Classificação Internacional Tipo da Educação) – Correspondências nacionais: CITE 0 – Educação Pré-escolar, CITE 1 – 1.º e 2.º ciclos do Ensino Básico, CITE 2 – 3.º ciclo do Ensino Básico; CITE 3 – Ensino Secundário; CITE 4 – Ensino Pós-secundário não superior; CITE 5 e 6 – Ensino Superior. 4 Percentagem de alunos que aprende Inglês, Francês e Alemão. Ensino secundário geral (CITE 2 e 3) (*). Ano escolar de 2001/2002. 100 % CITE CITE 22 CITE CITE 3 : : % 80 40 20 0 - : - : : : Francês 60 EU- BE BE BE CZ DK DE EE EL ES FR IE IT CY LV LT LU HU MT NL AT PL PT SI SK FI SE UK IS LI NO BG RO 100 25 fr de nl 80 60 20 0 : - : : - : : : : : Inglês 40 EU- BE BE BE CZ DK DE EE EL ES FR IE IT CY LV LT LU HU MT NL AT PL PT SI SK FI SE UK IS LI NO BG RO 100 25 fr de nl 80 40 20 0 : - - : - : Alemão 60 EU- BE BE BE CZ DK DE EE EL ES FR IE IT CY LV LT LU HU MT NL AT PL PT SI SK FI SE UK IS LI NO BG RO 25 f d l Fonte: Eurostat, New Cronos Maio de 2004 Que nível de competência linguística deve ser obtido? Os diferentes indicadores publicados no relatório da Rede Eurydice salientam a importância que a maioria dos países europeus atribui à aprendizagem das línguas estrangeiras. O Inglês é indiscutivelmente a língua mais leccionada, mas, na maioria dos países existe uma vontade efectiva de incentivar a aprendizagem de uma segunda ou mesmo de uma terceira língua e de oferecer um leque diferenciado de opções. As recomendações do Conselho Europeu de Barcelona no sentido de se iniciar a aprendizagem de uma língua estrangeira em idade cada vez mais precoce também parecem estar a produzir efeito. Mantém-se porém em aberto uma questão – cuja resposta escapa ao âmbito dos trabalhos de Eurydice – mas que se afigura essencial face ao esforço dispendido tanto pelos sistemas educativos como por professores e alunos: qual é o nível de competência em línguas estrangeiras que os alunos conseguem atingir no final da sua escolaridade obrigatória? Esta questão apenas poderia ser abordada através de estudos empíricos aprofundados. Aliás, os Chefes de Estado e de Governo da União solicitaram, por ocasião do Conselho Europeu de Barcelona, que se procedesse a essa avaliação a fim de medir os progressos realizados. (*) CITE (Classificação Internacional Tipo da Educação) – Correspondências nacionais: CITE 0 – Educação Pré-escolar, CITE 1 – 1.º e 2.º ciclos do Ensino Básico, CITE 2 – 3.º ciclo do Ensino Básico; CITE 3 – Ensino Secundário; CITE 4 – Ensino Pós-secundário não superior; CITE 5 e 6 – Ensino Superior. Referências Título da publicação: Números-chave do ensino das línguas na escola na Europa Línguas disponíveis: Francês, Inglês e Alemão – ver o sítio Internet de Eurydice para a disponibilidade de versões electrónicas noutras línguas Disponível em linha: http://www.eurydice.org/Doc_intermediaires/indicators/fr/frameset_key_data.html Data de publicação: Fevereiro de 2005 Ano de referência 2002/2003 Esta publicação é financiada pela Direcção-Geral da Educação e da Cultura da Comissão Europeia Tradução da responsabilidade da Unidade Portuguesa de Eurydice Sítio da Unidade Portuguesa: http://eurydice.giase.min-edu.pt