1INTRODUÇÃO Este artigo tratará a respeito dos reflexos que o processo de redemocratização trouxe à postura do Brasil frente aos temas da proteção internacional dos direitos humanos. Nesse sentido, na primeira unidade, demonstrar-se-á que o fim do regime militar representou o retorno gradual do País a uma atitude proativa diante da temática. Com efeito, muitas das convenções às quais os governos castrenses havia-se, durante vinte anos, mantido indiferentes são subscritas, além de haver uma notória retomada do engajamento do Estado brasileiro em cimeiras cujo objeto de debate fosse a proteção internacional do indivíduo. Na segunda unidade, entretanto, identificar-se-á que conquanto o Brasil haja assumido, em geral, uma postura proativa frente ao tema da proteção internacional dos direitos humanos a partir da metade dos anos de 1980, tal atitude ainda é entremeada por alguns retrocessos, os quais encontram lastro em ranços de um passado ditatorial extremamente recente. 2 A REDEMOCRATIZAÇÃO BRASILEIRA E OS AVANÇOS NA POSTURA FRENTE AOS TEMAS DA PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS Com o processo de redemocratização, deflagrado em 1985, o Brasil tem ensaiado um retorno gradativo à postura proativa que caracterizara originalmente sua atuação frente à proteção internacional dos direitos humanos. Em verdade, já em finais do decênio de 1980, o país figurava como parte engajada nos debates, sob a égide da Comissão de Direitos Humanos, que pugna pela consagração de uma nova e ampla dimensão dessa temática no plano internacional. O Brasil adverte, sobretudo para as consequências funestas da pobreza e da miséria, para a totalidade dos direitos humanos e proclama, nessa esteira, a necessidade de que se reconheça um no- Observatório de Direitos Humanos UFSC Anais da 5ª Semana de Direitos Humanos da UFSC: Direito Internacional dos direitos humanos Direito Internacional Humanitário e Direito dos Refugiados 235