Caderno de Postura Prof. Luiz Mello CADERNO DE POSTURA Este caderno de postura tem como objetivo demonstrar os principais pontos relacionados a maneira de como tocar violão e guitarra de uma maneira saudável, cuidando para que o tempo que passamos tocando violão ou guitarra seja o mais proveitoso possível. Muitas vezes sentimos alguma dificuldade em tocar alguma música simplesmente porque não estamos segurando o instrumento da maneira correta, entre outros fatores. Os itens aqui abordados vão facilitar muito o aprendizado e desenvolvimento musical, pois quando nos sentimos confortáveis ao realizar qualquer atividade podemos nos concentrar muito mais e com certeza aprender melhor. Importante: este material foi elaborado para ser utilizado com o acompanhamento do professor, por isso quaisquer dúvidas em relação ao conteúdo devem sempre ser esclarecidas durante as aulas. POSTURA Tocar um instrumento na postura correta só traz benefícios para o músico. Quanto mais a vontade estivermos, mais tempo poderemos tocar e melhores serão os resultados obtidos. É claro que uma vez ou outra podemos tocar com a guitarra nas costas ou fazendo um monte de poses para impressionar a platéia, mas pra estudar a melhor coisa é ficar bem acomodado na sua cadeira e aí sim mandar ver no seu som! A postura correta envolve o corpo todo, é sempre bom estar atento a cada parte para não tencionar nenhum músculo desnecessário. Agora vamos ver as partes mais importantes da postura do guitarrista e violonista. 1. Como sentar: É muito comum vermos as pessoas tocando violão e guitarra apoiando o instrumento na perna direita (quando destros). Apesar de ser uma postura aceitável, não é uma postura que deve ser nosso objetivo. A prática do violão e da guitarra exige que tenhamos um domínio completo de toda a extensão do braço do instrumento, para termos essa liberdade é melhor optarmos em colocar o violão ou a guitarra na perna esquerda, e apoiar o pé esquerdo em um suporte. Assim conseguimos manter uma postura ereta e minimizar os problemas de coluna, além de conseguirmos alcançar as casas mais agudas com maior facilidade. Os exemplos a seguir foram retirados do livro Pumping Nylon, do violonista Scott Tenant. 1.1 Suportes Para apoiarmos a perna esquerda devemos utilizar um suporte. Existem vários tipos, o mais utilizado é este suporte com regulagem de altura Também existem outros, que são encaixados diretamente no instrumento: Independente do tipo de apoio que for adotado todos seguem o mesmo princípio, que é trazer o violão a uma altura mais confortável de ser tocado. Também podemos improvisar este tipo de suporte com algum material que esteja em nossa casa, como uma pilha de livros, um pedaço de madeira, enfim qualquer objeto que possa ser usado para apoiarmos a perna esquerda em uma altura adequada. 3 1.2 O triângulo Olhe atentamente as figuras a seguir e veja que existem 3 pontos principais, formando um triângulo. 1. Na parte inferior do peito; 2. Na parte superior da coxa esquerda; 3. Na parte interna da coxa direita. Deve se prestar muita atenção aos ombros, eles devem estar na mesma linha. Esta é a postura mais indicada para tocar violão, pois proporciona o melhor ângulo tanto para tocar, quanto para a sonoridade do instrumento, que dessa maneira projeta o som para cima, e não para o chão. Essa postura também pode ser adotada para tocar guitarra. 4 2. Postura da mão esquerda A postura básica da mão esquerda deve ser conforme a desta figura. Existem trechos musicais que vão precisar de outras posturas, mas isso veremos mais adiante. Conforme podemos observar na figura 1, o punho não deve estar muito alto nem muito baixo. Figura 2 Figura 1 Na figura 2 preste atenção na posição do polegar. Ele deve estar aproximadamente entre os dedos 2 e 3, e não deve colocar-se de maneira que ultrapasse o limite o braço. 5 A Mão Esquerda – postura dos dedos 2.1 É vital adotar uma postura forte da mão esquerda e colocar os dedos em uma posição que permita o máximo alcance e flexibilidade. Como pode se ver na ilustração abaixo, não são todos os dedos da mão esquerda que encostam a ponta central do dedo no braço. Pelo contrário, a posição mais vantajosa da mão esquerda é a seguinte: 1. 2. 3. 4. Indicador (1): toca com o lado esquerdo da ponta; Médio (2): toca com o centro da ponta; Anular (3): toca com o centro da ponta; Mínimo (4): toca com a parte direita da ponta. Outro fator relacionado aos dedos da mão esquerda é a pressão, isto é, a força que eles devem fazer contra as cordas. Esta força não deve ser muito forte nem muito fraca, é preciso ajustar-se a fazer somente o necessário para que o som saia limpo. Para descobrir o quanto é necessário, coloque os dedos levemente sobre as cordas e então vá pressionando pouco a pouco, enquanto toca a corda com a mão direita. À medida que vai pressionando chegará um ponto onde já não é necessário mais apertar, pois o som obtido já é satisfatório. Qualquer força além disso é totalmente desnecessária e só vai atrapalhar o desenvolvimento da agilidade e flexibilidade dos dedos. 6 3. A mão direita 3.1. A produção do som É com a mão direita que produzimos o som. A qualidade do som depende de ambas as mãos, porém é com a mão direita que selecionamos o volume e o timbre do som que vai sair do nosso instrumento. Existem 6 ingredientes que vão resultar no timbre: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Comprimento das unhas e polimento; Tipo de toque: com apoio, ou sem apoio; Posição da mão e o ângulo de ataque dos dedos na corda; Como a ponta do dedo e a unha tocam a corda; A pressão do dedo contra a corda; A retirada do dedo depois de tocar a corda. Cada um desses ingredientes influencia todos os outros. Cada um geralmente determina o que vem depois. Para agora escolha o toque com apoio para determinar a posição da mão e o ângulo do dedo na corda. Isso vai determinar como seu dedo se aproxima da corda e a partir deste ponto você deve perceber e ajustar o quanto usará de força e como vai acomodar seus dedos nas cordas. Lembre-se que a força que for aplicada para tocar também vai determinar o modo de como o dedo vai voltar, isto é, como ele vai deixar a corda soando e como ele estará pronto para o próximo toque. O comprimento da unha e o polimento vai moldar toda a postura adotada nos outros aspectos, seguindo estas dicas estará no caminho para que seu som saia limpo e com um timbre bonito. 3.2. Unhas – comprimento e polimento Se a unha está muito grande, a velocidade e a facilidade com que o dedo passa sobre a corda é consideravelmente diminuída. Se a unha não estiver bem lixada, imperfeições da unha vão criar uma resistência ao tocar, isto dificultará o toque, além de produzir um som sujo. A razão que se usam as unhas para tocar é para auxiliar no controle e na segurança com que tocamos as cordas, para ganharmos mais volume e melhorar o timbre. Por isso é importante que tenhamos cuidado com estes aspectos, pois vai ser mais fácil tocar e soar bem. As seguintes ilustrações demonstram tipos diferentes de unhas e como moldá-las. Também veremos o comprimento adequado para as unhas. 7 3.3 O comprimento da unha Para calcular o comprimento da sua unha, coloque seu dedo contra uma superfície reta. Veja nas figuras: 3.4 Tipos de unha Os exemplos a seguir representam os quatro tipos básicos de formatos de unhas. Enquanto o tipo curvado (A) é o ideal, os outros três tipos são os mais comuns. A seguir estão alguns formatos de unha recomendados e outros que não devem ser utilizados. 8 Existem várias razões para utilizar ou não certo tipo de formato de unha. Estes dois exemplos, (#1 e #2) não devem ser utilizados principalmente por que causam muita resistência ao tocar a corda, eles “enroscam” na corda. Nestes outros dois já não temos o problema de resistência, pois estes formatos permitem que se use o máximo contato de unha possível. O exemplo #3 é mais indicado para os dedos indicador e médio, enquanto o #4 é mais indicado para o dedo anular. A seguir alguns formatos mais indicados para cada tipo de unha: 9 3.5 O polegar A forma da unha do polegar deve seguir o mesmo princípio que as demais, contando que no polegar podemos optar por um tamanha de unha maior que as demais. A ilustração ao lado mostra uma boa forma, onde o canto em que toca as cordas está mais curto que o outro. A maneira que tocamos o polegar proporciona vários timbres, dependendo da posição e do quanto usamos a unha e a polpa do dedo. 3.6 Como lixar e polir a unha Deve-se somente lixar as unhas da mão direita, e não cortá-las com um cortador. Lixe sempre por baixo da unha. Você pode usar tanto uma lixa especial para polimento, ou ir em alguma loja onde vendam lixas em cartelas, geralmente em lojas de tintas, são as mesmas usadas para lixar móveis. Geralmente as lixas 600 até 2000 são lixas bem finas, que vão tirar as imperfeições e possibilitar um toque mais limpo e fácil. Você deve experimentar várias maneiras de lixar as unhas, aqui estão alguns exemplos, mas como cada pessoa tem suas particularidades é necessário que cada uma encontre o formato que mais lhe agrada e que funcione melhor. 10 4. Postura da mão direita Para obter um som cheio e forte, nos devemos ter uma atenção especial com o ângulo que as pontas dos dedos atingem as cordas. Perceba que, inicialmente, somente a carne do dedo está em contato com as cordas, a unha somente entra em contato quando fazemos uma pressão contra as cordas. A ilustração a seguir mostra isto de uma visão interna: Quando um dedo se move em linha reta de volta para a palma da mão a partir deste ângulo, ele se desloca sobre uma parte consideravelmente grande da superfície da corda, reforçando o tom e o volume. Entretanto esse ângulo não é adequado para tocar as cordas 4, 5, e 6, pois como estas cordas são mais ásperas, se deixarmos a unha deslizar sobre elas surgirá um ruído, como se estivéssemos raspando a corda, então para estas cordas superiores temos que deixar o ângulo um pouco mais reto. 4.1 Tipos de toques a) Toque com apoio O toque com apoio é feito quando tocamos a corda e “apoiamos” o dedo na corda superior a que foi tocada. Isto faz com que a corda vibre mais horizontalmente em relação ao tampo, dessa maneira temos mais ressonância dentro do violão, resultando em um som de timbre mais cheio, em relação ao toque sem apoio. 4.2 Posição Podemos dividir o dedo em 3 articulações: superior, média e inferior. Para o toque com apoio movemos o dedo a partir da articulação superior, deixando as outras articulações firmes. Veja na figura como posicionar o dedo. 11 4.3 O movimento Toque com apoio Vamos dividir esse movimento em 3 partes. a) Preparar b) Pressionar c) Soltar a) Preparar – é o simples movimento de encostar o dedo na corda que vai ser tocada, observando o ângulo correto. Como na ilustração anterior. b) Pressionar – a pressão que colocamos na corda desloca a corda para cima. A distância que movemos uma corda para cima vai determinar o quanto ela vai se mover para baixo depois que a soltarmos, gerando assim o movimento que vai fazer a corda soar e o volume que ela vai gerar. Vá estudando as poucos e vendo o quanto é necessário e o quanto seu instrumento suporta de força sem a corda “estourar”, isto é, sem que ela vibre além do seu limite, fazendo sons indesejados. c) Soltar - a velocidade com que soltamos a corda é o que determina o som. Também devemos prestar atenção que este movimento não deve ser muito grande, somente o suficiente para deixar a corda soar, pois quanto mais perto estiver da corda, mais rápido será para tocá-la novamente. 12 Toque sem apoio O toque sem apoio segue o mesmo posicionamento do toque com apoio, a diferença está que neste tipo de toque não apoiamos o dedo na corda superior. Poderíamos dizer que o toque com apoio é o mesmo que um toque sem apoio interrompido pela corda em que apoiamos o dedo. No toque sem apoio continuamos usando a articulação superior do dedo para fazer o movimento, porém preste atenção que o pulso deve estar um pouco mais levantado, e o movimento do dedo deve ser em direção a palma da mão. Toques do polegar O polegar também tem esses dois toques básicos, com e sem apoio. Porém em direção oposta aos outros dedos. No toque com apoio, o polegar passa pela corda até encostar na corda inferior, e no toque sem apoio a direção é para baixo, sem apoiar em nenhuma corda. É bom salientar que existem outras maneiras de tocar com o polegar, isto depende do timbre que desejamos obter. Com o polegar é possível produzir vários timbres, por exemplo: só com a unha, só com a polpa, ou com a unha e a polpa ao mesmo tempo, entre outros efeitos. O toque do polegar deve partir da articulação superior, da mesma maneira que os demais dedos. 13