P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 8, n. 3, p. 102-115, 2010 Análise de valor e engenharia de valor: uma ferramenta de redução de custos em um projeto Application of value analysis and value of engineering: a tool to reduce costs in a project Daniel Battaglia1 Estefane S. Bergamo1 RESUMO: O foco do gerenciamento que as empresas do ramo automotivo buscam é o de satisfazer seus clientes e produzir cada vez mais eficientemente para se manterem no mercado. Com o intuito de gerenciar essa demanda e eliminar as Perdas no setor produtivo, é utilizado um conjunto de idéias e ferramentas, dentre as quais se destaca a Análise de Valor e Engenharia de Valor (AV/ EV). Esta ferramenta é largamente utilizada em empresas americanas e européias, tendo sido introduzida no Brasil na década de 70. Porém, muitas organizações encontram dificuldades em aplicar esta ferramenta nas empresas nacionais, condição essa que motivou a realização do presente trabalho. O objetivo deste artigo é apresentar os conceitos da AV / EV em um estudo de caso prático e analisar a viabilidade do projeto. Será quantificada a redução de custos de cada área envolvida. O trabalho é um estudo de caso real em uma empresa nacional. Palavras-chave: Análise de valor; Engenharia de valor; redução de custos. ABSTRACT: The focus of the management companies of the automotive industry is seeking to satisfy their customers and produce more efficiently to stay on the market. To manage this demand, and eliminate the losses in the productive sector, it used a set of ideas and tools, among which is the VA / VE. This tool is widely used in American and European companies, was introduced in Brazil in the 70s. However, many organizations find it difficult to implement this tool in domestic conditions, which motivated the writing of this work. This article aims to present the concepts of Value Analysis and Value Engineering in a case study and examine the practical feasibility of the project. Will be quantified the reduction of costs for each area involved. The work is a real case study in a national company. Keywords: Analysis Value; Engineering Value; Cost reduction. 1. INTRODUÇÃO A expansão do crédito e o aumento nas vendas de carros colocam o Brasil no caminho de economias desenvolvidas, nas quais o consumo é impulsionado por mecanismos de financiamento a taxas de juros atrativas. Em decorrência do contexto descrito, o número de empregos criados no país tem sido um pouco maior que a expansão da população economicamente ativa, permitindo que tanto os jovens estreantes como os trabalhadores informais consigam postos com carteira assinada (REVISTA EXAME, 2007). O crescimento da economia no país, por sua vez, impulsionou a venda de bens de consumo, o que acabou se refletindo também nos fornecedores das montadoras de veículos automotores. Contudo, segundo a capacidade de produção e os custos das empresas locais podem ser um dos maiores gargalos para o efetivo aproveitamento das oportunidades dessa expansão “Auto Business”, situação que se agrava à medida que crescem as compras de auto peças asiáticas. O tema deste trabalho é a quantificação de uma proposta de VA/VE na troca de matéria prima de um componente sob a ênfase da Análise de Valor e Engenharia de Valor de cada área envolvida na proposta. As vantagens do valor agregado no produto transformam a quantificação do valor do consumidor em preço lucrativo. Esta vantagem pode ser compreendida pelo fato de aumentarmos o preço do produto sem o risco de perder a venda. A Análise de Valor e Engenharia de Valor se definem como uma ferramenta a 1 Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS / PPGEPS [email protected]; [email protected] Suporte financeiro: Capes Investigação apreciativa e lógica Fuzzy: uma proposta de modelo para análise de cooperação... 103 ser utilizada para justificar o aumento do preço para os clientes e ajuda também no desenvolvimento dos novos projetos. A redução de custos é o objetivo principal dos fornecedores que atuam na cadeia automotiva, agregando valor ao seu produto no momento da venda. Este valor agregado interfere na qualidade, custo final e na funcionalidade do mesmo. Quanto maior for o valor que a empresa agrega em seus produtos, maior será a importância relevada pelo cliente. Objetivando identificar alternativas que descortinem oportunidades de redução de custos em projetos, este artigo apresenta como ferramenta de redução de custos a AV/EV. Ademais, é preciso considerar que o alto custo de implantação do método de Análise de Valor e Engenharia de Valor (THAMHAIN apud VARGAS, 2002) e a dificuldade de implementar-se uma análise quantitativa mais apurada da relação custo/benefício da técnica, conforme já tentado por Christensen (1998), igualmente colaboram para a consolidação do contexto descrito. O estudo de campo foi desenvolvido em uma grande multinacional de autopeças que no Brasil atua como fornecedora de primeiro e segundo nível da cadeia automotiva, que busca a cada novo projeto a redução de custos. Os resultados auferidos sugerem pontos de reflexão com vistas à consolidação de uma melhor abordagem da ferramenta em projetos de redução de custos na indústria em geral, e, em especial, na indústria automotiva. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A estrutura da revisão teórica inicia com a descrição de um dos sete tipos de perdas do Sistema Toyota de Produção, a perda por processamento em si, que são etapas necessária que podem ser excluídas de um processo de fabricação que não afetariam nas características finais. Para eliminar as perdas do STP pode ser utilizadas as mais variadas ferramentas de redução de custos e de qualidade. A perda por processamento em si será analisada através da Análise de Valor e Engenharia de Valor. 2.1. Relação entre perdas no processamento em si e a AV/ EV Existem dois tipos de operações, as que agregam valor (que realmente transformam a matéria prima, modificando a forma) e as que não agregam valor (tais como caminhar para obter peças, desembalar peças vindas do fornecedor) que podem ser consideradas como perdas. Na visão de Ford (1929), como eixo central desse conceito, consiste em observar que o desperdício dos materiais é uma consequência cuja causa encontra-se em uma perda muito mais relevante, associada à incorreta utilização das pessoas nos processos de produção, em virtude da deficiente análise dos processos de fabricação que geram estas perdas (ANTUNES, 2008). As atividades que transformam a matéria prima constituem o processamento, aumentam o seu valor agregado através de atividade de montagem de componentes, estampagem e tratamento térmico. Quanto maior o valor agregado maior será a eficiência da operação (OHNO, 1997). O processo em si consiste em quatro componentes: processamento, inspeção, transporte e espera. Desses, somente o processamento agrega valor, os outros são considerados como perda. Umas das perdas mencionadas no item anterior, o processamento em si, deve ser examinada com cuidado para ser melhorada, e uma das formas de aplicar a melhoria é a utilização da AV/ EV. A AV/EV aumenta o valor agregado dos produtos, pois analisa por que se faz determinado produto e usa determinados métodos de processamento. 2.2. Análise de Valor e Engenharia de Valor (AV/ EV) Diversos são os significados para estes termos, para alguns autores é um tratamento indistinto, mas de mesmo significado. Alguns autores chamam de Análise de Valor o trabalho que é realizado sobre algo já existente, que esteja sendo realizado, reservando o termo Engenharia de Valor para as aplicações a recursos que ainda estejam em fase de concepção ou projeto. Na opinião de um dos autores mais importantes da Análise de Valor e Engenharia de Valor, MILES (1962), o conceito de VA/ VE é: um sistema 104 Battaglia e Bergamo P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 8, n. 3, p. 102-115, 2010 para solucionar problemas através do uso de um conjunto específico de técnicas, um corpo de conhecimentos e um grupo de pessoas especializadas. É um enfoque criativo e organizado que tem como propósito a identificação e remoção de custos desnecessários. A Engenharia/Análise do Valor é o esforço organizado, dirigido para analisar as funções de bens e serviços para atingir aquelas funções necessárias e características essenciais da maneira mais rentável (CSILLAG, 1995). Seguindo com a linha de raciocínio de Abreu (1995), a boa aplicação da Engenharia de Valor não anulará o trabalho da Análise de Valor, já que esta última considera e trata o recurso sendo usado e testado frente às necessidades dos consumidores. Com isso, a obtenção dos resultados pela Engenharia de Valor dará lugar àqueles conseguidos pela Análise de Valor, conforme figura 1. % ENGENHARIA DE VALOR ANÁLISE DE VALOR E C O N O M I A S 0 T ANTES DA FABRICAÇÃO DEPOIS DA FABRICAÇÃO Figura 1 - Resultados da Engenharia de Valor antes da Análise de Valor Fonte: Abreu (1995) A proposta de um Plano de Trabalho ou Projeto – VE consiste na pesquisa da melhor função do produto até o estágio de projeto. Esta é a forma mais tradicional para a aplicação da metodologia de Engenharia de Valor, a qual objetiva aumentar o valor de um produto pelas funções de melhoramento existentes, sem que produza um incremento nos custos do mesmo (IBUSUKI e KAMINSKI, 2007). Assim, a SAVE International estabeleceu, em 1998, um conjunto de seis passos para o desenvolvimento e um projeto de AV/ EV. São elas: a) Fase de Preparação: na primeira fase se tem a visão do que está sendo estudado. As medidas preliminares desta fase são: a escolha do recurso a ser estudado, definição do grupo de profissionais e a construção do plano de trabalho em função do objetivo que se pretende atingir. b) Fase de Informação: são identificados os dados e as informações sobre o recurso, suas funções, fornecedores, método de manufatura, informações sobre o mercado fornecedor, controle de qualidade, seus custos e seu “valor” em termos de utilidade e satisfação das necessidades dos usuários. É nesta fase que se deve determinar a quantia que poderá ser gasta em cada um dos fatores em vista das quantidades, custos e outros fatores pertinentes. E devem-se definir as funções secundárias. c) Fase de Análise: todas as idéias de melhoria tanto em processo como troca de matéria-prima ou de fornecedor serão analisadas criticamente nas óticas de uso de custo, estabelecendo-se, então, as relações custo/ benefícios. Ao final, serão decididas quais as alternativas que deverão ser estudadas. Para cada idéia deve-se ter uma análise cuidadosa para que se indique uma resposta adequada do que falta para funcionar e não do porquê não funciona. Investigação apreciativa e lógica Fuzzy: uma proposta de modelo para análise de cooperação... 105 d) Fase da Criatividade: de posse da compreensão e informação são geradas alternativas, as quais devem ter como conseqüência a eliminação de funções desnecessárias, ou maneiras mais simples de satisfazer a função requerida. Nesta fase deve-se consultar os especialistas de cada área para se ter a noção da viabilidade da idéia. e) Fase de Julgamento: são avaliadas alternativas, técnicas e soluções econômicas existentes que melhor adaptem à empresa, para finalmente, decidir-se qual é a melhor alternativa. Tendo maiores informações pertinentes, as especificações devem ser confirmadas e o impacto quanto à qualidade, no ferramental, nos operadores, no cliente, devem ser definidas; f) Fase de Planejamento: é dividido o trabalho em áreas funcionais, como por exemplo: mecânica, elétrica, proteção etc. Após é criado para cada uma delas, um plano de execução, juntamente com consultas aos especialistas e fornecedores, bem como estabelecido um programa de investigações para se obter as informações técnicas necessárias sobre os processos de manufatura, compras, programação da produção etc. 2.3. Componentes básicos da metodologia da AV/EV Segundo Csillag (1995), os componentes básicos da metodologia são a abordagem funcional, técnica para análise de custos e validação. 2.3.1. Abordagem funcional A abordagem funcional se define como determinação da natureza essencial de uma finalidade, considerando que todo o objeto ou toda ação, para existir, tem ou tinha uma finalidade. Para que se tenha um desempenho eficiente na abordagem funcional, a anatomia das funções passa por um processo semântico, eis que uma função deve ser sempre definida por duas palavras, a saber: um verbo (que atua sobre algo) e um substantivo (que o objeto sobre o qual o verbo atua). Se não conseguir definir uma função com duas palavras, devemos procurar um maior entendimento. A escolha do substantivo deve ser mensurável, por exemplo: tempo, custo etc. Definido isso, a especificação passa a ser quantificação de uma função, definindo assim uma “condição corrente” que pode ser quantificada. A função definida como um verbo e substantivo mensurável é dita função de uso, em contraste com as funções de estima, que são expressas por verbos e substantivos não mensuráveis, estabelecendo definições qualitativas e análise mais subjetiva. Podem-se exemplificar as funções de uso e as funções de estima com os quadros 1 e 2. Quadro 1 – Funções de uso Verbo Substantivo Unidade de medida amplificar corrente ampère armazenar energia watt/hora aplicar força kgf criar projeto tempo controlar ruído decibel transmitir torque kgf x cm Quadro 2 – Funções de estima Verbo Substantivo aumentar beleza criar beleza diminuir forma melhorar aparência 106 Battaglia e Bergamo P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 8, n. 3, p. 102-115, 2010 2.3.2. Técnica para análise de custos As técnicas devem ser usadas de tal maneira que produzam as informações necessárias para se dar continuidade à fase seguinte. Estas técnicas detalham ainda mais o plano de trabalho, já que nesta fase, é feito um planejamento detalhado de cada ação necessária para a execução da proposta. Existem casos de que não é preciso utilizar uma técnica, mas em outros projetos é de extrema importância usar várias delas. Essas técnicas envolvem um melhor entendimento para o problema do projeto, que determinarão à natureza e qualidade de qualquer solução. Com isso, tornam-se visíveis os custos de cada função, onde eles podem ser desnecessários, mas permite verificar se os custos a serem utilizados num ponto de partida são altos ou baixos. Para o tipo de estudo a ser apresentado no decorrer do trabalho, será utilizada a técnica de avaliação de funções. A técnica de avaliação de funções permite identificação dos custos desnecessários, que pode ser usada não apenas para produtos, processos ou sistemas existentes, como também para o projeto dos mesmos. Dentro deste item, pode-se incluir a avaliação numérica de relações funcionais conforme proposto por Mudge (1967). Essa avaliação implica em uma comparação de todas as possíveis combinações de pares de funções, determinando-se a cada momento a mais importante, com uma ponderação adequada. 2.3.3. Validação A proposta de validação consiste na definição da forma como serão produzidos os protótipos e utilizados os diferentes componentes existentes no projeto. Neste estágio, os componentes das principais funções são identificados e os protótipos são montados, contribuindo para o aumento do valor através da melhoria funcional dos componentes fisicamente existentes (IBUSUKI e KAMINSKI, 2007). Do ponto de vista empresarial, os resultados da validação da proposta, podem tomar proporções mais amplas, como por exemplo, o aspecto econômico-financeiro, a satisfação do cliente e o aumento da rentabilidade. Se a empresa realmente quer garantir a sobrevivência no mercado atuante, ela deverá mudar seu comportamento em relação aos custos, não repassando para o cliente, mas sim, desenvolvendo esforços para aperfeiçoá-lo 3. MÉTODO DE PESQUISA O método científico utilizado foi o método de estudo de caso, que é um estudo de natureza empírica que investiga um determinado fenômeno, geralmente contemporâneo, num contexto real de vida, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto em que ele se insere não são claramente definidas. Trata-se de uma análise aprofundada de um ou mais objetos (casos), a fim de se obter amplo e detalhado conhecimento (GIL, 1996; BERTO e NAKANO, 2000). Seu objetivo é aprofundar o conhecimento acerca de um problema não suficientemente definido (MATTAR, 1996), visando estimular a compreensão, sugerir hipóteses e questões ou desenvolver a teoria. Os estudos de casos podem ser classificados segundo Yin (2005): seu conteúdo e objetivo final (exploratórios, explanatórios, ou descritivos) ou quantidade de casos (caso único – holístico ou incorporado ou casos múltiplos – também categorizados em holísticos ou incorporados). O estudo de caso é a abordagem escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos, mas quando não se podem manipular comportamentos relevantes. O estudo de caso conta com muitas das técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, especialmente no que tange a dados e fatos, acrescentando duas evidências: observação direta dos acontecimentos que estão sendo estudados e entrevistas das pessoas neles envolvidas. O poder diferenciador do estudo de caso é a sua capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e observações – além do que pode estar disponível no estudo histórico convencional (YIN, 2005). Como forma de efetivação do estudo, o mesmo foi realizado com caráter exploratório e abordagem predominantemente qualitativa. 3.1. Estruturação do Estudo de Caso Tendo como analogia a literatura sobre planejamento estratégico, uma abordagem metodológica adequada compreende diferentes níveis de abrangência e profundidade. Pode-se assim, considerar que algumas decisões metodológicas são de ordem estratégica enquanto que outras são de nível operacional ou tático. Investigação apreciativa e lógica Fuzzy: uma proposta de modelo para análise de cooperação... 107 O estudo de caso único, adotado na presente pesquisa, permite um maior aprofundamento na investigação e é freqüentemente utilizado em pesquisa longitudinal. Porém, existe uma limitação no grau de generalização uma vez que existe o risco de um julgamento inadequado em função de ser um evento único (SOUZA, 2005). A partir da seleção do caso, se determinou os métodos e técnicas tanto para a coleta quanto para a análise dos dados. Nesse sentido, foram empregadas múltiplas fontes de evidência que foram utilizadas nas entrevistas com um roteiro semi-estruturado para coleta das informações. Dessa forma, o protocolo mais simples com perguntas deu maior confiabilidade e validade na condução de um estudo de caso. Para isso, dividiu-se o processo de construção do caso analisado da seguinte maneira: a) Condução de um lote piloto: Este teste teve como objetivo verificar os procedimentos de aplicação com base no protocolo, visando seu aprimoramento, examinando a qualidade dos dados obtidos, e conferindo se eles contribuem para um maior atendimento aos objetivos da pesquisa. b) Coleta de dados: Nesta fase, os dados coletados utilizaram os instrumentos definidos no planejamento. As habilidades de entrevistas devem ser consideradas, com os seguintes fatores (YIN, 2005): ter capacidade de fazer questões adequadas e interpretar as respostas; ser um ouvinte atento e não trazer nenhum tipo de preconceito; estar solidamente embasado no tema sendo investigado; ser receptivo e sensível a possíveis evidências contraditórias; ser adaptável e flexível às situações novas e/ou não previstas, considerando-as como oportunidades e não ameaças. c) Análise de Dados: Partindo do conjunto de dados coletados, considerou-se as fontes de evidência, onde os pesquisadores produziram uma espécie de narrativa geral do caso. d) Geração de um relatório de um estudo de caso: Esta foi a fase de maior esforço dos pesquisadores de estudo de caso. Fazer um relatório de um estudo significa conduzir suas constatações e resultados para se compreender a conclusão. Yin (2005) refere que o estudo de caso único, utiliza uma narrativa simples para descrever e analisar o caso. As informações da narrativa podem ser realçadas com tabelas, gráficos ou imagens. Uma das propostas de conteúdo e seqüência para se conduzir um estudo de caso pode ser analisada na figura abaixo, construída através dos trabalhos de FORZA (2002), CROOM (2005) e SOUZA (2005). Cada uma das etapas estará detalhada na figura 2. Figura 2 – Conclusão de Estudo de Caso Fonte: YIN (2005) O estudo de caso foi pautado na confiabilidade e validade, que são critérios para julgar a qualidade da pesquisa. A confiabilidade visa demonstrar que as operações de um estudo podem ser repetidas apresentando os mesmos resultados (YIN, 2005). 108 Battaglia e Bergamo P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 8, n. 3, p. 102-115, 2010 4. ESTUDO DE CASO Os fornecedores tiveram um crescimento muito importante dentro da cadeia automobilística junto com os departamentos de projetos das montadoras, que desenvolvem novos produtos, proporcionando que este fornecedor possa ser o mesmo em outros países para determinada montadora. Contudo, a abordagem das montadoras para novos projetos, com o objetivo de reduzir o tempo de lançamento de novas linhas de veículos, torna a inovação uma necessidade, por parte dos fornecedores, de permanecer no mercado competitivo. 4.1. Ambiente do Estudo de Caso O presente estudo de caso está baseado em uma proposta de VA/ VE aplicada na substituição de matéria prima para um determinado item de um produto automotivo. Considerando nesse contexto, a identidade da empresa será preservada, contudo algumas das características serão mencionadas, eis que se trata de um empresa multinacional, do segmento automotivo, fornecedor das maiores montadoras do país e do mundo e uma das líderes mundiais em tecnologia e mercado. A empresa possui outras line companys (empresas do grupo), empresas do grupo que estão divididas quanto ao desenvolvimento de produtos. A empresa em questão tem como função a parte de aplicação do desenvolvimento das outras line companys, onde a maioria dos cálculos é predeterminada em função do desenvolvimento da configuração do veículo. Embora a empresa faça parte de um grupo e utilize os métodos da Análise de Valor e Engenharia de Valor como gerenciamento de projetos, ela não possui um time fixo para esta gerência, e sim uma pessoa denominada champion, que coordena as propostas de toda a empresa. Cada setor da empresa possui um líder, o qual é responsável pelas atividades que lhe serão atribuídas aos projetos de VA/ VE. O cliente é uma montadora de veículos, a qual é a líder de mercado em automóveis e comerciais leves, que até setembro do corrente ano tem sua venda acumulada em 490.424 unidades (Boletim AutoData, 2007) e que também a referida montadora utiliza a ferramenta de AV/ EV como meta para seus fornecedores. Conforme a sistemática da empresa será apresentado o método em três partes. Primeiramente se descreverá a fase do conceito, depois a fase do plano de trabalho e por fim a fase de validação da proposta (troca de matéria prima) do estudo de caso, o qual terá seus resultados discutidos nos moldes apresentados na revisão teórica. 4.2. Conceito de AV/ EV O item escolhido para aplicar a troca de matéria prima possui dois tamanhos e uma única matéria prima. O item a ser estudado no método de VA/ VE foi o de menor tamanho, o qual difere do maior apenas nos tempos operacionais. Nos próximos itens, serão analisadas as funções deste item como também as vantagens e desvantagens da troca da matéria prima atual por uma nova, conforme os relatórios do fornecedor, relatório do laboratório metalúrgico e dos testes experimentais da própria empresa. 4.2.1. Funções do item analisado As funções do item em estudo são: • permitir geometria adequada para permitir montagem e funcionamento de acessórios que compõem o produto final; • atender requisitos de leiaute do veículo e do produto final; • resistir à corrosão; • permitir substituição e reparo; • garantir distância entre os centros de subconjuntos que compõem o produto final; • conectar e transmitir potência entre dois subconjuntos; • atender requisitos de NVH (Noise Vibration Harshness – Ruído, Vibração e Perturbação); • possuir geometria adequada para permitir montagem e funcionamento de subconjuntos; Investigação apreciativa e lógica Fuzzy: uma proposta de modelo para análise de cooperação... 109 • informar a rastreabilidade; • resistir estrutura; • ser ambientalmente correto, e • assegurar facilidade de manuseio. 4.2.2. Vantagens do estudo proposto As vantagens da implementação de um novo material estão listadas abaixo conforme apontamentos dos especialistas da área de projeto e do relatório do fornecedor. • menor desgaste de ferramenta: a vida útil das ferramentas é muito importante, pois os custos das mesmas são muito altos para o volume da produção do item em estudo; • eliminação da etapa de revenido: a eliminação de um processo em uma célula de fabricação, neste caso, não terá problema de output como também seu tempo de ciclo será menor e consequentemente não terá custos de processamento e investimentos futuros; • menor preço por tonelada: a nova matéria prima é 16,3% menor que a atual; • menor peso do item: o peso final do item somado com seus subconjuntos acaba diminuindo, os que compõem um veículo ser mais leve poderá ter benefícios tanto na montagem deste quanto no seu desempenho. • maior resistência ao impacto: quando a nova matéria prima foi submetida a um tratamento térmico de têmpera seguido de Revenido, se verificou maior resistência que a do material atual. 4.2.3. Desvantagens da troca A proposta possui as seguintes desvantagens para a aplicação: • maior possibilidade de empenamento, e • menor poder de negociação com a aciaria em função da redução do volume de pedido da matéria prima atual para uma nova, o que redunda em um aumento de preço devido à diminuição da demanda para a atual e prazos de entrega mais longos. A proposta deste projeto deverá satisfazer o cliente. Para que esta satisfação seja percebida pela montadora, será preciso atender tanto os requisitos mínimos de qualidade e engenharia quanto na hora da venda. Por esta razão, que o plano de trabalho da proposta de AV/ EV, um estudo detalhado da ferramenta utilizada, mostrando a estrutura da implementação do estudo por meio da metodologia e assim, obtendo soluções para as desvantagens apresentadas. 4.3. Plano de Controle na AV/ EV 4.3.1. Fase de Preparação Na fase de preparação são coletadas as opiniões dos especialistas consultados nos diferentes departamentos revelando o objetivo de permitir a visualização das necessidades e problemas a serem enfrentados para se realizar a proposta. O fato de ser uma fase de que quanto mais tempo se gasta para preparar a proposta da troca de matéria prima, maior será o planejamento de todas as atividades que necessitam ser exercidas, gerará maior qualidade nos resultados e redução em termos de recursos. O envolvimento de cada área em um projeto acaba determinando objetivos bem definidos, os quais para as propostas de VA/ VE deste estudo de caso estão expostos no Quadro 3, definindo o que cada área tem por objetivo e o que se alcançar com a proposta. 110 Battaglia e Bergamo P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 8, n. 3, p. 102-115, 2010 Quadro 3 – Objetivos de cada área envolvida na proposta Área Engenharia de Projetos O que estudar? viabilidade da troca de matéria prima O que se pretende atingir? resultados que atendam os requisitos da empresa e do cliente resultados mínimos das especificações de cliente e empresa atender requisitos da engenharia de produto Engenharia Experimental testes estruturais Engenharia de Processo método de processo Suprimentos poder de negociação prazo de entrega e qualidade Qualidade Empresa Cliente especificações do cliente redução de custos Inovação atender especificações/ tolerâncias maior lucratividade e satisfação do cliente lucro e novos projetos 4.3.2. Fase de Informação É nesta fase que se tem a definição do problema ou proposta. Todas as informações que digam respeito à quantidade, custos, fornecedor, investimentos futuros, controle de qualidade, prazo de entrega e métodos de manufatura deverão ser coletados para expor à todos os envolvidos a situação que os dados se encontram atualmente na empresa. Primeiramente é feita uma matriz de Desdobramento da Função Qualidade (QFD), que possibilita verificar a especificação de grande impacto nos atributos do cliente (HAN, KIM, CHOI, 2004). Interpretando os resultados percentuais do QFD realizado, os quais representam uma soma de pontos, que possuem uma convenção de relação. Essa relação determina o cruzamento entre características tendo como resultado uma análise de que se pode considerar se a relação entre ambas é forte, média, fraca ou sem relação. Ao final, a soma dessas relações resulta em um peso total, transformadas em percentuais para se verificar os pesos de maior percentual. Com isto, pode-se considerar que a transmissão de potência é uma das principais especificações do item estudado, com 20,5%, seguida de 18,5% dos testes experimentais, que neste caso será avaliado somente os testes estruturais, pois este item não é suscetível à rotação, apenas ao torque. Já o leiaute veicular, com 16,4%, deveria estar com maior percentual, devido à especificação do cliente, mas como o item já é de um projeto homologado pelo cliente e só está substituindo a matéria prima, ele precisará atender as mesmas especificações do projeto anterior. O ângulo de trabalho com 14,4% necessita de atenção, pois os esforços que os subconjuntos utilizam com estes ângulos resultarão diretamente no desempenho do item. E com 12,3% a temperatura de operação do item tem a necessidade de controle, devido às propriedades químicas do material podem ser alteradas e também o método de processo terá gastos não planejados. 4.3.3. Fase de Análise Analisar, nesta fase, é decompor o todo em partes distintas, para que se detalhe o item com seus subconjuntos e como conjunto. O início ocorre pela análise do objetivo do estudo, identificação e definição das funções do item, de acordo com a análise de funções, que utiliza substantivos e verbos. Assim, é possível identificar a necessidade de retorno, ou não, às fases anteriores para obtenção de novos dados e informações não percebidas. E por fim, as funções são identificadas e classificadas em principais e secundárias, conforme a metodologia já apresentada. Identificação e classificação da definição das funções do item. A função de estima é definida por verbo e substantivo, conforme o quadro 4, explica a definição das funções do item a ser estudado. Investigação apreciativa e lógica Fuzzy: uma proposta de modelo para análise de cooperação... 111 Quadro 4 – Identificação e classificação das funções Classificação Função Verbo Resistir Substantivo Principal Secundária Fadiga/Torção / Flexão X Potência X Conectar Subconjuntos X Garantir Interferência entre os subconjuntos Resistir Corrosão Garantir Intercambiabilidade X Manuseio X Transmitir Assegurar X X Partindo da interpretação do quadro 4, existem quatro funções principais que terão prioridades ao desenvolver da proposta e três funções secundárias, as quais não serão esquecidas, pois elas têm influência principal na montagem do item. 4.2.4. Fase da Criatividade Demonstrando que esta fase pode ser considerada a mais essencial para o sucesso do estudo em questão, porque a AV/ EV é baseada na criatividade da equipe que a compõem oportunizando novos métodos e alternativas de inovação, de outro modo, as alternativas podem ser de redução de custos no produto, sem perder a funcionalidade e manter a qualidade do produto final. Para alinhar as idéias no intuito da redução de custos, a equipe avaliou as funções não só do item a ser modificado, mas do produto final como um todo. A proposta da equipe foi focada nas principais funções do item como a matéria prima atual, devido ao custo da mesma ser mais alto do que outros componentes, objetivando alternativas funcionais, bem como a nova matéria prima e uma possível melhoria no processo de produção. Na Fase de Julgamento foram selecionadas as propostas em termos de suas técnicas e potenciais econômicos, gerando um estudo detalhado que pode ser desenvolvido em cada área de envolvimento. 4.2.5. Fase de Julgamento Assim, a fase de julgamento é a fase em que a proposta do especialista de projeto é quantificada em cada área para analisar se há a possibilidade de prosseguir para o próximo passo. A combinação desta proposta foi: elaboração e sugestão da possível troca de matéria prima de um item que conecta dois subconjuntos. O resultado da simulação desta troca foi o cálculo do novo peso do item, o qual resultou em uma redução média de 0,5 kg, o equivalente a 23% do peso atual. Logo, pode ser calculado o primeiro saving que o projeto tem como julgamento de passar ou não para o último passo. Os dados do quadro 5 estão estimados a partir dos valores reais. Quadro 5 – Base de cálculo estimado Tipo de MP Custo/ ton Peso médio do item (ton) Custo de fabricação do item MP atual R$ 3.032,00 0,00296 R$ 8,97 MP nova R$ 2.538,00 0,00227 R$ 5,76 Saving 35,80% Este saving, diferença entre os custos de fabricação de cada matéria prima, representa 35,8% de um possível ganho que a empresa teria. Entretanto, se o custo do desenvolvimento for maior que este saving, não será valido prosseguir com o projeto. Conforme a programação da produção para os próximos 10 meses (setembro/07 a junho/08) o volume de produção para este item é de 600.000 unidades, assim segue, no quadro 6, um resumo da análise do custo de produção. 112 Battaglia e Bergamo P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 8, n. 3, p. 102-115, 2010 Quadro 6 – Custo estimado de produção programada para 10 meses Custos Volume (un) MP atual Custo do item 600.000 MP nova Custo total de produção R$ 8,97 R$ 5.384.832,00 R$ 5,76 R$ 3.456.756,00 Saving 64,19% Uma vez que esta mensuração de custos quando ao item acaba interferindo no projeto como um todo, serão apresentadas as informações coletadas para quantificar o custo do projeto que cada área sofreu no próximo item. 4.2.6. Fase de Planejamento Como último passo da implementação do Plano de Trabalho da proposta, o objetivo principal da fase de planejamento consiste em desenvolver um plano com todas as técnicas descritas nas etapas anteriores juntamente com a análise econômica definida. Para garantir o sucesso da proposta é necessário criar um check list de cada área para que contenham os recursos necessários, os prazos, as metodologias de trabalho e os indicadores serão utilizados no acompanhamento, controle e avaliação. Como por exemplo, na área de Engenharia de Processo será criado um Plano de Controle, o qual possui todas as informações referentes à fabricação do item, como desenho do item, cotas a serem dimensionas, tipo comprimento e camada de têmpera, a carta de Controle Estatístico da Produção (CEP) e o fluxo de fabricação. Esta é uma fase que ajuda a evitar falha no projeto. Isto é importante não só porque a equipe conhece o assunto e necessita validar os estudos exercidos ao longo do projeto, mas também proporciona a gratificação dos que conceberam seus conhecimentos implementados a partir das decisões das etapas anteriores. 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS Conforme as entrevistas realizadas, serão apresentados os potenciais problemas a serem incorridos na produção e na organização em função da mudança da matéria prima. Essas informações estão agrupadas por setor envolvido, que são: Engenharia de Projeto, Engenharia Experimental, Engenharia de Processo, Engenharia da Qualidade e Suprimentos (vide quadros 7 a 11). 5.1. Informações coletadas – entrevistas Quadro 7 – Informações da Engenharia de Projetos Problemas Visualizados Necessidade de aumento na profundidade da têmpera Necessidade de aumento no comprimento de têmpera Provável Empenamento da Peça Má formação na geometria de engrenamento (Splines) Impactos na Produção Pequeno aumento no tempo de tratamento térmico Pequeno aumento no tempo de tratamento térmico Sucateamento e perda das operações realizadas Aumento do índice de sucata em função do não encaixe Impactos Organizacionais Desconhecem Desconhecem Requer novo equipamento para o Tratamento Térmico Perda de MP Quadro 8 – Informações da Engenharia Experimental - Setor de Engenharia Experimental Problemas Visualizados Impactos na Produção Impactos Organizacionais Provável atraso de matéria-prima para testes. Comprometimento do plano de produção. Em caso de reprovação, será requerida uma nova bateria de testes. Demanda de novos testes de validação. Atraso na realização dos testes compromete o plano de produção, especialmente em caso de nova reprovação. Atrasos comprometem o plano de lançamento do novo veículo pela montadora. Investigação apreciativa e lógica Fuzzy: uma proposta de modelo para análise de cooperação... 113 Quadro 9 – Informações da Engenharia de Processo - Setor de Engenharia de Processo Problemas Visualizados Impactos na Produção Impactos Organizacionais Atraso na entrega do material por parte dos fornecedores em função da quebra da programação originalmente fornecida. Demanda por constantes reprogramações da produção pode comprometer a eficiência da planta. Redirecionamento do pedido de fabricação para outra line company (despesas com exportação e importação). Aumento dos gastos adicionais não planejados. Quadro 10 – Informações da Engenharia da Qualidade - Setor de Engenharia da Qualidade Problemas Visualizados Impactos na Produção Impactos Organizacionais Falta de mão de obra especializada para realizar o PPAP Atraso na entrega dos resultados redunda em atrasos adicionais Custo de terceirização e/ou hora extra para realização do PPAP. Eventual não validação do projeto gera retrocesso do projeto. Quadro 11 – Informações da área de Suprimentos - Setor de Suprimentos Problemas Visualizados Impactos na Produção Impactos Organizacionais Especificações incompletas da Engenharia de Produto acerca da MP Atraso no plano de produção Atraso com o cliente e perda de pontos no programa de AV/ EV Material fornecido não atende à especificação Atraso no plano de produção Atraso com o cliente e perda de pontos no programa de AV/ EV Demanda do fornecedor por aumentos de preço fora do período de negociação do projeto Nenhum Comprometimento da lucratividade do projeto Prazos de entregas não atendidos pelo fornecedor Atraso no plano de produção Atraso com o cliente e perda de pontos no programa de AV/ EV Alteração do mix de matéria prima a ser adquirido Nenhum Aumento do custo de estoque e possibilidade de redução dos descontos na compra de MP em função do aumento da diversidade e da redução dos volumes 5.2. Informações coletadas – análise documental Uma vez identificados os problemas que a referida mudança de matéria prima poderá provocar, procedeu-se então a uma análise documental dos impactos que os mesmos produziram após a conclusão do projeto. O quadro 12 apresenta as informações coletadas. Setor Responsável Quadro 12 – Avaliação dos Impactos – Análise Documental Elementos Detectados % CTP Engenharia Experimental Falta de ajuste nos equipamentos e/ou parâmetros de testes ocasionaram: Resultados do teste de fadiga 10% superior ao estabelecido na norma da empresa. Resultados do teste de torção 5% superior ao estabelecido na norma da empresa. 14% Engenharia de Processo Engenharia da Qualidade Suprimentos Demanda por novas especificações de desenho, ferramentas e dispositivos geraram custos adicionais não previstos originalmente. Protótipos não atenderam especificações em função da inexistência de documentação mínima para a aprovação do PPAP do item. Problemas de suprimento ocasionaram paradas inesperadas na linha. 26% Suprimentos Todos Matéria-prima não conforme resultou em um aumento do tempo de total de fabricação de 49% em função dos problemas de empenamento verificados. Problemas geométricos e dimensionais resultaram em um atraso de 3 meses no lançamento da nova linha de veículos. 0,8% 0,3% 10% NA 114 Battaglia e Bergamo P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 8, n. 3, p. 102-115, 2010 6. CONCLUSÕES A importância da cooperação dentro das redes de empresas é um fator essencial, assim é necessário encontrar mecanismos para poder medir. A proposta de modelo através da investigação e da lógica fuzzy, mostra as 256 hipóteses combinadas que poderiam contemplar os parâmetros dos 4D’s da investigação apreciativa. Se as redes de empresa não medirem os seus níveis de cooperação e trabalharem para seu aumento, correm o risco de perder o objetivo em comum das redes de cooperação, que é a evolução das empresas em conjunto para a conquista de novos mercados. Porém, na rede de cooperação pesquisada encontrou-se um percentual médio de 0,52%, em relação ao nível de cooperação da rede de empresas, que se encontra na variável de entrada média. Este fator ocorre porque os empresários cooperam em relação à descoberta e à importância de estar dentro da rede para a evolução de suas empresas. No entanto, quando as variáveis são de planejamento e sonhos, apontam-se ações isoladas, ou seja, eles procuram sair da rede após conseguir um espaço no mercado. Conclui-se uma falta de amadurecimento da rede em relação à cooperação para crescimento em conjunto dessas empresas. Os empresários não têm a visão que mesmo saindo do mesmo espaço e construindo sua empresa em outro local terão que trabalhar em cooperação com fornecedores, instituições de apoio, as MPEs para a sua manutenção no mercado. Agradecimento. A primeira autora agradece a CAPES pelo suporte financeiro para a realização de Curso de Mestrado no PPGEP da UTFPR. REFERÊNCIAS AMATO, J. N. Gestão de sistemas locais de produção e inovação (Clusters/APLs). 1ª Ed. São Paulo: Atlas, 2009. BAUCHSPIESS, A.; SOUZA, A. S.; LEITE, A. C.; RAMOS, R.; PERREIRA, E. S.; SANTOS, R. J. Fuzzy thermal control with remote access for building Automation. In: INCOM’2004 – 11thIFAC Symposium on Information Control Problems in Manufacturing, 2004, Salvador – BA, Anais do INCOM’2004, 2004. BRITTO, J. Cooperação e aprendizado em Arranjos Produtivos Locais: em busca de um referencial analítico. In: Cassiolato, J. E.; Lastres, H. M (orgs). Nota técnica 04/04. Rio de Janeiro, IE/UFRJ, 2004. BROCK, G. 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