Eu Hei-de Amar uma Pedra by António Lobo Antunes Um livro repleto de personagens complexas que acima de tudo precisam de amor e tentam encontrá-lo, algumas não da melhor forma. São vidas completas, cheias de episódios entrelaçados, que o Lobo Antunes entrelaça ainda mais, misturando situações, recordações, sentimentos e traumas. Vidas comuns com uma profundidade e ansiedade viciante. O livro é um desafio pela descoberta das personagens mas acima de tudo pela forma como está escrito. Lobo Antunes troca de narrador dentro da mesma frase, num dos capítulos só na quinta página descobri quem era o narrador, os diálogos estão misturados com pensamentos e as histórias não têm seguimento cronológico. http://os-livros-que-li.blogspot.pt/2...|A bit too delirious for my taste, but beautiful and masterfully written, nonetheless.|Já tentei 1 vez mas não passei da pág. 10, fica a aguardar por melhores dias!|"...(continua a surpreender-me o número de recordações que se podem pendurar lado a lado no fio de uma lágrima)" A história deste livro é a conhecida nas sinopses: a de um amor de juventude, interrompido, e retomado na maturidade, paralelamente ao casamento dele. Mas, isso é muito redutor para 616 páginas...: não é a história, é a história deles os dois e de personagens com que se cruzam, completamente desnecessárias à história. Cruzam-se infâncias dele, das filhas, do genro, vidas do médico da senhora com quem ele tem o caso (não me parece correcto chamar-lhe “amante”, não se encaixa no estilo da pessoa). Servem para isso, as 616 páginas. Cada capítulo é um relato, contado à vez por diferentes personagens, agrupados em 4 capítulos: fotografias, consultas, visitas e narrativas. O problema é que, muitas vezes, está-se demasiado tempo sem entender quem é o narrador, de quem ou do quê ele está a falar. Na escrita de António Lobo Antunes os objectos também falam, têm vida, aparecem no meio dos relatos. Parece que toda essa dança tem significado, mas a mim pareceu-me que essa passagem da mensagem ficou na cabeça dele, ele nem se preocupou em clarificá-la, ficou como que as memórias de um velho, ou dele mesmo, a pairar, sem pousar. Chamar-lhe-ia uma escrita sensível, por parecer vir directamente de um pensamento, e sabemos que os nossos pensamentos são incontrolados, vão deste para aquele assunto, com ligações que lhe são próprias, com vida própria. É isso que me parece a escrita: desconexa, mas humana, real, existe aquele tipo de “raciocínio” em cada Chamar-lhe-ia uma escrita sensível, por parecer vir directamente de um pensamento, e sabemos que os nossos pensamentos são incontrolados, vão deste para aquele assunto, com ligações que lhe são próprias, com vida própria. É isso que me parece a escrita: desconexa, mas humana, real, existe aquele tipo de “raciocínio” em cada um de nós. De qualquer forma, não é por essa razão que leio: não é para ver se consigo entender o autor, não é suposto ser um desafio tão grande, andar atrás de indícios como se de um detective se tratasse, sempre em esforço. Houve centenas de páginas, nomeadamente nas visitas, e nas consultas também, em que eu não entendi nada, simplesmente passei as páginas. Demasiado difícil de entender. Não, não fiquei fã.|É muito bem escrito, mas demasiado difícil de entender. Ler deve ser um prazer, não um suplício. Vale, ainda assim, pela escrita extremamente bela, única e artística.