11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil DOI: 10.5748/9788599693100-11CONTECSI/PS-666 A DATA MODEL FOR SPED BASED ON XBRL GL José Geraldo Luciano (Universidade Salvador, Bahia, Brasil) - [email protected] Paulo Caetano da Silva (Universidade Salvador, Bahia, Brasil) [email protected] The Brazilian Public Electronic Bookkeeping System (SPED) causes impacts on the relationship between government, business and accounting offices. SPED project has its representation of data in two formats of information, periodic digital files into text format and digital files trafficked in XML. The lack of a standard data representation generates consequences as anomalies in the data that may compromise the exchange of information between projects and government entities. This causes difficulties in information extraction, data reconciliation and high cost in auditing procedures. The research methodology and the theoretical framework used in this study aimed to perform a diagnosis of the extent of the use of the XBRL taxonomy. So, is presented in this paper, a data model for SPED so that benefits are achieved with a standardization effort. Is proposed the adoption of XBRL technology (eXtensible Business Reporting Language) for modeling and exchange of financial information and suggests the development of a taxonomy for SPED based on XBRL GL and XBRL FR taxonomies. Keywords: SPED; EFD-Contribution; XBRL GL; Continuous auditing. UM MODELO DE DADOS PARA O SPED BASEADO EM XBRL GL O Sistema Público de Escrituração Eletrônica (SPED) brasileiro provoca efeitos na relação entre governo, empresas e escritórios contábeis. O projeto SPED tem sua representação de dados em dois formatos de informações, os arquivos digitais periódicos em formato texto e os arquivos digitais trafegados na linguagem XML. A ausência de um padrão de representação dos dados gera como consequências anomalias nos dados que poderão comprometer o intercâmbio de informações entre os projetos e entidades governamentais. Isto acarreta obstáculos na extração de informações, conciliação de dados e alto custo nos processos de auditoria. A metodologia da pesquisa e o embasamento teórico utilizados neste trabalho tiveram por meta fazer um diagnóstico sobre a utilização da taxonomia XBRL. Sendo assim, é apresentado neste artigo, um modelo de dados para o SPED de forma que benefícios sejam obtidos com um esforço de padronização. Propõe-se neste artigo a adoção da tecnologia XBRL (eXtensible Business Reporting Language) para a modelagem e intercâmbio das informações financeiras e sugere-se o desenvolvimento de uma taxonomia para o SPED baseada nas taxonomias XBRL GL e XBRL FR. Palavras-Chave: SPED; EFD-Contribuição; XBRL GL; Auditoria continua. 11th CONTECSI Proceedings p.1197 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil 1. INTRODUÇÃO A necessidade de maior controle sobre as operações mercantis dos contribuintes estimulou o Governo Federal a instituir o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). O aumento considerável da quantidade de documentos a ser auditado compromete o andamento das apurações fiscais. Em razão desse aumento a apuração e visualização das fraudes contábeis tornaram-se difíceis de serem executadas, além do aumento do tempo demandado para a realização dessas tarefas. De acordo com o Portal da Nota Fiscal Eletrônica, “as Administrações Tributárias despendem grandes somas de recursos para captar, tratar, armazenar e disponibilizar informações sobre a emissão de notas fiscais dos contribuintes. Os volumes de transações efetuadas e os montantes de recursos movimentados crescem num ritmo intenso e, na mesma proporção, aumentam os custos inerentes à necessidade do Estado de detectar e prevenir a evasão tributária”. A partir da introdução do SPED, contribuintes (empresas) e escritórios contábeis, procuram se adequar a esse paradigma de comunicação com a Receita Federal. Paradigma esse que se caracteriza pelas novas regras que estabelecem novas relações entre o fisco, os contribuintes e os escritórios contábeis. Esse novo paradigma favorece o cruzamento das informações prestadas pelo contribuinte para as esferas federal, estadual e municipal. Neste cenário o envolvimento tecnológico é muito alto. No entanto, a maioria das empresas não está preparada para a adoção do SPED. Faltam tecnologia e recursos humanos qualificados para apoiar as empresas. A quantidade de informações a ser processada pelos escritórios contábeis aumentou significativamente com a adoção do SPED. As empresas que, além das informações normais, também são obrigadas a prestar informações periódicas sobre a movimentação de estoque, necessitam processar uma quantidade de informações ainda maior. Essa situação foi determinante, inviabilizando tecnologicamente os escritórios contábeis de realizarem esse processamento em seu ambiente. Consequentemente, a maioria das empresas, principalmente as que detêm um número expressivo de itens ativos de estoque, mesmo com carência de pessoal qualificado, teve que assumir a responsabilidade pelo processamento, validação e transmissão dos arquivos do SPED. As empresas desenvolvedoras de softwares vivenciam também essas dificuldades pelo aumento de atualizações e disponibilização de novas versões para adequar as novas exigências e as constantes alterações publicadas pelos órgãos governamentais. A tecnologia que promove o dinamismo nas transações e no intercâmbio das informações ao mesmo tempo revela a precariedade de controles de muitas entidades empresariais. Neste contexto, informações inconsistentes enviadas ao fisco acarretam autuações que podem ser bastante expressivas. As empresas, independente do seu tamanho ou adequação tecnológica, são tratadas igualmente nas exigências no cumprimento de suas obrigações para com o fisco e na forma como as autuações são aplicadas. Essa atual realidade fiscal induz aos contribuintes realizarem altos investimentos em tecnologia e capacitação. Mesmo assim, a sensação de insegurança com relação à integridade das informações prestadas é muito grande. 2 11th CONTECSI Proceedings p.1198 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil Embora pretenda ser um grande avanço tecnológico, o que de fato é, há diferença de padrão entre os projetos com relação à tecnologia empregada. Essa diferença poderá comprometer uma total integração entre eles, assim como, a função primordial das entidades governamentais reguladoras: a auditoria nas informações prestadas pelos contribuintes, contínua, por meio de sistemas de informação, ou in loco. Por isso, o objetivo desse artigo é apresentar um modelo de dados para o SPED que colabore para promover a padronização entre os seus projetos, permitindo o intercâmbio de informações de forma transparente e consolidada. A padronização facilitará a conferência das informações, pelos contribuintes, antes de serem enviadas às entidades governamentais. Possibilitará a extração de informações de forma mais consistente. Facilitará a implementação dos projetos de softwares voltados para as empresas (ERP – Enterprise Resource Planning) e aplicativos para a área contábil. E contribuirá, significativamente, para a auditoria por parte dos auditores fiscais flexibilizando, otimizando e aumentando a eficiência e eficácia de suas atividades. Esse artigo é composto por oito seções. A segunda compreende a fundamentação teórica; a terceira faz uma abordagem sobre a metodologia da pesquisa; a quarta discorre sobre os trabalhos correlatos; a quinta discute os problemas com o atual modelo de dados informacional do SPED: a sexta seção apresenta a proposta para criação do modelo de dados para o SPED baseado em XBRL. Por fim, na sétima seção, são colocadas as conclusões do artigo, seguidas das referências bibliográficas. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Esta seção apresenta uma revisão teórica sumária dos conceitos mencionados no texto fazendo uma abordagem sobre o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), uma revisão sucinta sobre o XBRL enfatizando a taxonomia XBRL GL. Inicialmente será discutido os principais conceitos, características e aspectos funcionais e operacionais do projeto SPED. Em seguida, faz-se uma alusão resumida sobre a tecnologia XBRL e a estrutura de sua taxonomia. Concluindo a seção discute-se, objetivamente, aspectos relevantes sobre a taxonomia XBRL GL. 2.1 SPED Baseado na experiência de Governo Eletrônico (e-Gov) vivenciadas por países como Chile, Espanha e México, o Brasil inicia em 2007 a implantação do projeto SPED. Como parte integrante do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal, o SPED foi instituído pelo Decreto n° 6.022, de 22 de janeiro de 2007, que o define como: “Instrumento que unifica as atividades de recepção, validação, armazenamento e autenticação de livros e documentos que integram a escrituração comercial e fiscal dos empresários e das sociedades empresárias, mediante fluxo único, computadorizado, de informações”. 3 11th CONTECSI Proceedings p.1199 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil O projeto SPED, que tem por finalidade combater a evasão fiscal, possui como objetivos principais (PORTAL SPED, 2013): Promover a integração dos fiscos, mediante a padronização e compartilhamento das informações contábeis e fiscais, respeitadas às restrições legais; Racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os contribuintes, com o estabelecimento de transmissão única de distintas obrigações acessórias de diferentes órgãos fiscalizadores; e, Tornar mais célere a identificação de ilícitos tributários, com a melhoria do controle dos processos, a rapidez no acesso às informações e a fiscalização mais efetiva das operações com o cruzamento de dados e auditoria eletrônica. Ainda, de acordo com o PORTAL SPED (2013), a adoção do SPED trará os seguintes benefícios: Redução de custos com a dispensa de emissão e armazenamento de documentos em papel; Uniformização das informações que o contribuinte presta às diversas unidades federadas; Redução do tempo despendido com a presença de auditores fiscais nas instalações do contribuinte; Simplificação e agilização dos procedimentos sujeitos ao controle da administração tributária; Fortalecimento do controle e da fiscalização por meio de intercâmbio de informações entre as administrações tributárias; Rapidez no acesso às informações; Aumento da produtividade do auditor através da eliminação dos passos para coleta dos arquivos; Possibilidade de troca de informações entre os próprios contribuintes a partir de um leiaute padrão; Melhoria da qualidade da informação; Possibilidade de cruzamento entre os dados contábeis e os fiscais; Redução do envolvimento involuntário em práticas fraudulentas; e, Aperfeiçoamento do combate à sonegação. Atualmente, nove projetos compõe o Projeto SPED: Sped Contabil, Sped Fiscal, CTe, NF-e, FCont, NFS-e, EFD-Contribuições, ECF e o eSOCIAL. A seguir faz-se uma breve descrição de cada um desses projetos: Sped Contabil - Tem por objetivo a substituição da escrituração em papel pela escrituração transmitida via arquivo, dos livros Diário, Razão, Balancetes Diários e Balanços; Sped Fiscal – Constitui-se de um conjunto de escriturações de documentos fiscais e de outras informações de interesse dos fiscos, bem como de registros de apuração de impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte; 4 11th CONTECSI Proceedings p.1200 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil CT-e – Possui o intuito de documentar uma prestação de serviços de transportes; NF-e – Documenta uma operação de circulação de mercadorias ou prestação de serviços; FCont - É uma escrituração, das contas patrimoniais e de resultado, utilizando o conceito contábil de partidas dobradas; NFS-e - A Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e) documenta as operações de prestação de serviços. EFD-Contribuições - A EFD-Contribuições é escrituração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, nos regimes de apuração não-cumulativo e/ou cumulativo; ECF – é a escrituração contábil fiscal. eSOCIAL - O eSocial é um projeto do governo federal que vai unificar o envio de informações pelo empregador em relação aos seus empregados. Essencialmente, esses projetos são compostos por arquivos digitais que são gerados a partir das movimentações contábeis de um determinado período de apuração. Os arquivos gerados são validados, assinados digitalmente e transmitidos, via web, aos órgãos competentes. A Figura 1 ilustra o fluxo para a geração de um arquivo SPED. Como ilustrado na Figura 1, o processo inicia-se com os documentos gerados pelas rotinas operacionais da empresa: vendas de mercadorias/serviços (gerando os documentos de saída) e compra de mercadorias/serviços (gerando os documentos de entrada). As informações que suprem boa parte desse fluxo provêm de projetos cujos dados são representados em arquivos no padrão XML. Essas informações são convertidas e armazenadas em banco de dados relacionais dos contribuintes. Outras informações necessárias à geração do arquivo SPED são digitadas. 5 11th CONTECSI Proceedings p.1201 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil Figura 1: Fluxo do SPED na organização O software do contribuinte deverá gerar o arquivo SPED, a partir de sua base de dados, cuja estrutura deverá atender ao layout e especificações técnicas normatizadas pelo Guia Prático de cada projeto. Uma vez gerado, o arquivo deverá ser submetido ao Programa Validador e Assinador (PVA). Caso não haja nenhum erro que impeça sua transmissão, após assinatura digital, o arquivo é transmitido aos órgãos fiscalizadores: RFB1 e Receitas Estaduais. Os arquivos gerados, normalmente, seguem o formato texto padrão ASCII (arquivos digitais periódicos). A Figura 2 ilustra os projetos do SPED de acordo com o tipo de formato do arquivo gerado. Os projetos NF-e, Ct-e e NFS-e compõe o grupo que geram arquivos no padrão XML (arquivos digitais trafegados). A análise das especificações disponibilizadas até o presente momento demonstra que o eSocial deverá adotar o padrão XML para as informações a serem transmitidas ao fisco. 1 Receita Federal do Brasil 6 11th CONTECSI Proceedings p.1202 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil Figura 2: Projeto SPED A Figura 3 mostra um trecho de um arquivo XML do projeto NF-e cujos layouts são baseados na especificação XML 1.0, seguindo as orientações dispostas no Manual de Orientação do Contribuinte, específico de cada projeto. Figura 3: Padrão XML Os outros projetos geram seus arquivos no formato texto padrão ASCII conforme ilustrado na Figura 4. As especificações técnicas para a elaboração do arquivo constam nos Guia Prático específicos de cada projeto. 7 11th CONTECSI Proceedings p.1203 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil Figura 4: Arquivo texto padrão ASCII A organização hierárquica do arquivo desses projetos é composta por blocos, registros e campos. A finalidade de cada bloco é fazer o “agrupamento de documentos e de outras informações econômico-fiscais ou contábeis” (Guia Prático EFD-Contribuições, p.12, 2013). Para exemplificar, no projeto EFD-Contribuições, os blocos apresentam a composição mostrada na Tabela 1. Bloco Descrição 0 Abertura, Identificação e Referências A Documentos Fiscais - Serviços (ISS) C Documentos Fiscais I - Mercadorias (ICMS/IPI) D Documentos Fiscais II - Serviços (ICMS) F Demais Documentos e Operações I Operações das Instituições Financeiras e Assemelhadas, Seguradoras, Entidades de Previdência Privada e Operadoras de Planos de Assistência à M Apuração da Contribuição e Crédito de PIS/PASEP e da COFINS P Apuração da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta 1 Complemento da Escrituração - Controle de Saldos de Créditos e de Retenções, Operações Extemporâneas e Outras Informações 9 Controle e Encerramento do Arquivo Digital Tabela 1 – Blocos da organização hierárquica do projeto EFD-Contribuições 8 11th CONTECSI Proceedings p.1204 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil Cada bloco é composto por registros. Cada registro agrupa informações de acordo com a finalidade de cada bloco. A estrutura de cada bloco é composta por um registro de abertura, registros de dados e um registro de encerramento. A Tabela 2 exemplifica a estrutura de registros que compõe o Bloco A. Bloco Descrição A Abertura do Bloco A A Identificação do Estabelecimento A Documento - Nota Fiscal de Serviço A Complemento de Documento Informação Complementar da NF A Processo Referenciado A A A Informação Complementar - Operações de Importação Complemento de Documento - Itens do Documento Encerramento do Bloco A Ocorrência Obrigatoriedade do Registro Registro Nível A001 1 1 A010 2 V A100 3 1:N A110 4 1:N A111 4 1:N A120 4 1:N A170 4 1:N A990 1 1 O 0 (se em A001 IND_MOV = 0) OC OC OC OC 0 (se existir A100) O Tabela 2 – Estrutura de registros do Bloco A Cada registro é composto por campos. Os campos guardam o conteúdo da informação pertinente a cada registro. Por exemplo, os campos que pertencem ao registro A170 estão apresentados na Tabela 3. N° 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 Campo REG NUN_ITEM COD_ITEM DESCR_COMPL Descrição Texto fixo contendo "A170" Número sequencial do item no documento fiscal Código do item (campo 02 do Registro 0200) Descrição complementar do item como adotado no documento fiscal VL_ITEM Valor total do item (mercadorias ou serviços) VL_DESC Valor do desconto do item / Exclusão NAT_BC_CRED Código da Base de Cálculo do Crédito, conforme a Tabela indicada no item 4.3.7, caso seja informado código representativo de crédito no Campo 09 (CST_PIS) ou no Campo 13 (CST_COFINS) IND_ORIG_CRED Indicador da origem do crédito: 0 - Operação no Mercado Interno 1 - Operação de Importação Código da Situação Tributária referente ao CST_PIS PIS/PASEP - Tabela 4.3.3 VL_BC_PIS Valor da Base de Cálculo do PIS/PASEP ALIQ_PIS Alíquota do PIS/PASEP (em percentual) VL_PIS Valor do PIS/PASEP Código da Situação Tributária referente ao COFINS CST_COFINS Tabela 4.3.4 VL_BC_COFINS Valor da base de Cálculo da COFINS ALIQ_COFINS Alíquota do COFINS (em percentual) VL_COFINS Valor da COFINS COD_CTA Código da conta analítica contábil debitada/creditada Tipo C N C Tam 004 004 060 Dec - Obrig S S S C N N - 02 02 N S N C 002 - N C 001 - N N N N N 002 - 02 02 02 S N N N N N N N C 002 02 02 02 - S N N N N 006 060 Tabela 3 – Estrutura de campos do registro A170 9 11th CONTECSI Proceedings p.1205 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil A adoção do SPED exige, por parte dos contribuintes, atenção especial para a qualidade das informações contidas nos arquivos SPED. Isto se justifica em razão das expressivas autuações fiscais previstas na legislação onde, segundo o art. 57 da Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, aplicada ao “sujeito passivo que deixar de apresentar nos prazos fixados declaração, demonstrativos ou escrituração digital exigidos nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que os apresentar com incorreções ou omissões”. 2.2 XBRL Em 1998, a linguagem XML (eXtensible Markup Language) é recomendada pelo W3C, World Wide Web Consortium, na tentativa de resolver os problemas e as limitações das SGML2 e HTML3. De acordo com a W3C (2008), trata-se de uma linguagem de formato simples e flexível destinada para os intercâmbios de publicações eletrônicas e de uma variedade de tipo de dados na internet e em outros ambientes computacionais. Segundo SILVA (2006, p.15), “a XML permite que usuários adicionem estrutura a seus documentos, mas quem for usá-los terá de saber o significado dessa estrutura para que possa criar os programas que irão processá-los”. Malhotra e Garritt (2004, p. 62) a define como uma metalinguagem para classificação, compreensão e gerenciamento de dados. Silva (2006, p.32) expõe que “a linguagem XBRL foi desenvolvida para a preparação e intercâmbio de dados financeiros, fornecendo uma estrutura baseada em XML para uso na criação, intercâmbio e análise de demonstrações contábeis ou financeiras, especificamente para a área contábil, incluindo, mas não se limitando a demonstrações contábeis, análises de auditoria, entre outros.” Em 1998, Charles Hoffman pesquisou a utilização da tecnologia XML no intercâmbio eletrônico de informações financeiras através de relatórios, obtendo apoio da AICPA (American Institute of Certified Public Accountants). Denominada, anteriormente, por XFRML (eXtensible Financial Reporting Markup Language), passou a chamar XBRL, “em meados de 1999, quando se decidiu aumentar o seu escopo para relatórios de negócio, com a criação do consórcio para o desenvolvimento da especificação” (SILVA, 2006, p.32). A especificação XBRL 2.1 é composta por dois componentes principais, isto é, a taxonomia e instance document. A taxonomia contém a descrição e classificação de negócio e os termos financeiros. O instance document contém os fatos, isto é, contém os dados financeiros assim como a descrição de seus elementos contextuais. Uma ou mais taxonomias poderão ser aplicadas a um único instance document. A taxonomia e o instance document compõem, verdadeiramente, os documentos XBRL. Uma taxonomia XBRL é uma coleção de esquemas de taxonomia, um documento de esquema XML, denominado XML Schema e linkbases. Linkbases são documentos XML que seguem a especificação XLink. Os linkbases originais da especificação XBRL 2.1 são compostos por cinco elementos. Os responsáveis por estabelecer o relacionamento entre os elementos da taxonomia são: calculation, 2 SGML – Standard Generalized Markup Language 3 HTML – Hypertext Markup Language 10 11th CONTECSI Proceedings p.1206 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil presentation e definition. Os que determinam o relacionamento entre os elementos e o documento são: label e reference. Desta forma, Taxonomia o XML Schema o Xlink Labels Linkbase: estabelece um label descritivo em um idioma qualquer para cada item; Reference Linkbase: correlaciona um elemento particular da taxonomia a uma referência externa, como um parágrafo específico de uma norma contábil; Definition Linkbase: estabelece o relacionamento estrutural dos elementos, por exemplo, a definição de uma estrutura multidimensional; Presentation Linkbase: define a relação normal entre os elementos da taxonomia em uma perspectiva demonstrativa que não tem correspondência no significado do elemento da taxonomia; e, Calculation Linkbase: define as relações matemáticas entre os elementos da taxonomia. Há dois tipos relevantes de taxonomia XBRL: a XBRL Global Ledger (XBRL GL) e a XBRL Financial Reporting (XBRL FR). As taxonomias XBRL GL permitem a representação de informações encontradas em um plano de contas, e.g. lançamentos contábeis ou transações históricas, financeiras e não financeiras. As taxonomias XBRL FR são explicitamente projetadas para promover comunicações, isto é, relatórios financeiros para serem divulgados externamente e internamente pelas organizações. 2.3 Taxonomia XBRL GLOBAL LEDGER (XBRL GL) A especificação da taxonomia XBRL GL foi criada a partir da especificação XBRL 2.1. Ressalta-se que ela é uma consequência da evolução das linguagens de marcação. Enquanto o XBRL enfatiza a preparação e intercâmbio de dados financeiros e análise de demonstrações financeiras ou contábeis, o XBRL GL, segundo GARBELLOTO (2006, p. 59), XBRL GL é um formato padrão para representar dados financeiros e não financeiros no nível de detalhe, mover os dados entre diferentes sistemas e aplicações, e fornecer o contexto para aprofundar o conhecimento a partir de relatórios de resumo (XBRL FR) para o detalhe dos dados a que se relaciona.4 Sendo assim, neste contexto, suas características principais são: • 4 Proporciona um formato normalizado para a representação dos campos de dados que se encontram na contabilidade; Tradução própria 11 11th CONTECSI Proceedings p.1207 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil • É um plano de contas independente, permitindo a representação de qualquer conceito que se encontra em um plano de contas, lançamentos diários de transações históricas, financeiras e não financeiras; • Permite a consolidação da informação; • Os módulos da taxonomia incluem arquivos schema (.xsd), arquivos linkbases e de apresentação (.xml); e, • Está completamente integrado a cadeia de suprimento da informação financeira, normaliza a apresentação dos dados financeiros e melhora a qualidade da informação disponível para a tomada de decisão. XBRL GL facilita a movimentação eficiente de dados de negócios e contabilidade, entre aplicações de software, contribuindo para a interoperabilidade e integração. Desta forma apuram-se os seguintes benefícios: • Elimina o retrabalho; • Melhoria no sistema de controle interno; • Melhora a comunicação entre os sistemas e as pessoas; • Facilita negócio transacional com diferentes padrões baseados em XML, e estabelece uma correspondência eficaz entre cada uma das aplicações e os sistemas de contabilidade; • Facilita a forma de representar a informação contida nas aplicações de contabilidade para a transferência, registro e auditoria de dados de uma forma padronizada; e, • Contribui para o acesso a dados detalhados subjacentes em um relatório XBRL FR (XBRL Fiinancial Reporting); • É uma ferramenta eficaz para auditoria contínua. Os relatórios financeiros utilizam a taxonomia XBRL FR, na qual cada elemento da taxonomia identifica um conceito de informação financeira. O XBRL GL é uma ligação entre os sistemas de registros contábeis, no seu nível de maior granularidade dos dados, e os relatórios financeiros, no mais alto nível de agregação (menor granularidade dos dados). Os objetivos do XBRL GL diferem do XBRL FR, enquanto a primeira taxonomia tem como propósito representar as informações contábeis mais básicas, taxonomias FR representam os relatórios resultados das contas básicas representadas pela XBRL GL. Confrontando as duas taxonomias verificam-se as seguintes características individuais, no Quadro 1. • • • XBRL GL Desenvolvido para atingir detalhes associados com transações É, geralmente, um relatório interno implicando divulgação dentro da empresa ou entidades próximas Representa os registros individuais de • • XBRL FR Desenvolvido principalmente para representar relatórios de valores agregados e tendo como alvo especialmente os órgãos reguladores Geralmente para comunicação externa a fim de divulgar informações para 12 11th CONTECSI Proceedings p.1208 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil um sistema financeiro ou contábil • terceiros Representa a informação agregada por um período ou momento de tempo Quadro 1 – Comparação entre as taxonomias XBRL GL e FR 2.3.1 Arquitetura da taxonomia XBRL GL O framework XBRL GL é composto, basicamente, por seis módulos: Core (COR), Advanced business concept (BUS), Multi-currency (MUC), Concepts for the US, UK, etc (USK), Tax audit file (TAF) e Summary reporting contextual data (SRCD). Suas funções são descritas a seguir: • • • • • • COR: dados básicos e comuns a todos os módulos da taxonomia BUS: estende o módulo COR da taxonomia com campos de dados encontrados na contabilidade e operações de sistemas que permitem que as organizações controlem muito mais detalhes, como parte de cada lançamento MUC: dados necessários para representação de informação contábil em ambiente multi-monetário USK: adequação para sistemas contábeis do US, UK, Austrália, Canadá e outras jurisdições saxônicas TAF: dados requeridos para apresentações de impostos (tax) e auditoria de impostos SRCD: permite a ligação de dados e documentos que já foram resumidos em um relatório XBRL FR ou em outros documentos XML 3. METODOLOGIA A metodologia e os procedimentos da pesquisa utilizados neste trabalho tiveram por objetivo realizar um diagnóstico sobre a utilização da taxonomia XBRL em quatro dimensões contextuais: (i) a adoção da taxonomia XBRL no contexto governamental, empresarial e entidades contábeis no cenário internacional; (ii) a adoção da taxonomia XBRL no contexto governamental, empresarial e entidades contábeis no cenário brasileiro; (iii) a adoção da taxonomia XBRL no projeto SPED brasileiro; e, (iv) publicações sobre o SPED no cenário brasileiro. Com esse intuito, este artigo, de acordo com a classificação elaborada por GIL (2006), trata-se de uma pesquisa de natureza aplicada, realizando uma abordagem qualitativa do problema, com objetivo exploratório. A classificação e características da pesquisa estão ilustradas no Quadro 2. FORMA Natureza Abordagem do problema Objetivos Procedimentos técnicos CLASSIFICAÇÃO Pesquisa aplicada Pesquisa qualitativa Pesquisa Exploratória Pesquisa bibliográfica Pesquisa experimental 13 11th CONTECSI Proceedings p.1209 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil Estudo de caso Método indutivo Método Fenomenológico Método científico Quadro 2 – Metodologia da pesquisa A pesquisa bibliográfica foi realizada através de palavras-chave (strings em português e a tradução equivalente para o idioma inglês), combinando e associandoas em comando e operadores booleanos para que o motor de busca pudesse recuperar as informações desejadas. As palavras-chave foram especificadas para viabilizar a busca de informações que atendessem às dimensões contextuais citadas acima. Foram submetidas no formulário de pesquisa avançada das seguintes fontes de pesquisas: Google, Google Acadêmico, Periódicos da Capes e IEEE Xplore digital library. Para a primeira dimensão contextual foram encontrados inúmeros trabalhos da adoção do XBRL pelas entidades governamentais e entidades contábeis objetivando o controle sobre as fraudes contábeis, auditoria e auditoria contínua e a padronização do intercâmbio de informações entre empresas e entidades diversas. A revisão sistemática dessa literatura revelou um alto grau de envolvimento e comprometimento de diversas entidades no emprego da tecnologia XBRL no cotidiano das demonstrações contábeis e financeiras das organizações. Dentre esses trabalhos foi dado ênfase somente aos trabalhos que apresentam afinidades com a pesquisa que é a motivação desse artigo. Os trabalhos encontrados para atender ás segunda e quarta dimensões contextuais revelaram a preocupação dos autores em revelar os impactos da adoção do SPED no cotidiano das empresas, entidades contábeis e desenvolvedores de aplicativos. Poucos trabalhos abordaram o emprego do XBRL na divulgação de informações empresarias no ambiente web. Mesmo assim, foram selecionados trabalhos das duas vertentes que viessem corroborar com as argumentações sobre os problemas atuais que a adoção do SPED trouxe para as empresas. Para contemplar a terceira dimensão contextual não foi encontrado nenhum trabalho que apresentasse uma discussão sobre o emprego da tecnologia XBRL para um esforço de padronização do projeto SPED. 4. TRABALHOS CORRELATOS A metodologia utilizada para realizar a revisão sistemática da literatura sobre os trabalhos correlatos foi focada em dois aspectos: literatura produzida no cenário brasileiro e no cenário internacional. No cenário brasileiro os trabalhos encontrados focam a discussão nos ganhos e nas dificuldades na adoção do projeto SPED em toda sua extensão. Analisam também o impacto nas competências dos profissionais e na estrutura tecnológica das organizações. 4.1 Cenário brasileiro 14 11th CONTECSI Proceedings p.1210 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil No cenário brasileiro a pesquisa sobre a literatura produzida a respeito do tema aborda temáticas sobre a adoção do XBRL pelas entidades nacionais e sobre os impactos do SPED nas empresas e escritórios contábeis. Fazem uma abordagem sobre os pontos positivos e negativos do SPED, no entanto não discutem a tecnologia adotada. Não foram encontrados trabalhos relevantes abordando os impactos do SPED nas empresas desenvolvedoras de software. O estudo sobre a linguagem XBRL utilizada como uma linguagem de divulgação de informações empresariais pela internet foi alvo do trabalho realizado por RICCIO ET AL (2006). Esse trabalho faz uma abordagem sobre XBRL, sua evolução, a taxonomia XBRL, elencando as vantagens e desvantagens na sua adoção. Ao situar a utilização da linguagem XBRL no contexto internacional ratifica a necessidade do Brasil adotar esse padrão alinhando-o às “iniciativas já adotadas em outros países, para a padronização da divulgação de informações financeiras”. SUZART & FILHO (2009), faz uma discussão sobre a utilização da linguagem XBRL como uma ferramenta viável para a harmonização das práticas contábeis. Em função da globalização e das fraudes bancárias que afetaram o mundo financeiro afirmam que a XBRL, por suas características, permite o intercâmbio, a comparação e a manipulação de um grande volume de dados. A hierarquização e a extensibilidade da taxonomia XBRL contribui para a “harmonização das normas e das práticas contábeis”. O trabalho de ZLUHAN & PETRI (2013) enfatiza os ganhos e as dificuldades na implantação do projeto EFD-Contribuições nos escritórios contábeis da cidade de Florianópolis no Estado de Santa Catarina. Através da tabulação de dados de uma pesquisa realizada apurou-se um cenário de incertezas, dificuldades, falta de qualificação e a inadequação dos aplicativos para atender aos requisitos necessários para o cumprimento da obrigação fiscal. O reflexo do SPED no cotidiano das empresas e escritórios contábeis situados no município de Erechim no Estado do Rio Grande do Sul é o tema da pesquisa realizada por SANTOS & MURARO (2013). Afirmam que o Projeto SPED “é visto como uma transformação no gerenciamento das informações, no qual as empresas deverão adotar novos padrões na execução das suas atividades perante o fisco e possuir recurso tecnológicos eficientes”. Ressaltam que os investimentos realizados em tecnologia e qualificação de mão-de-obra não eliminam o sentimento de insegurança e confiabilidade das informações transmitidas aos órgãos competentes. O trabalho apresentado por GALEGALE & AGUIAR (2013) sobre as competências requeridas dos profissionais de contabilidade após o Projeto SPED. Neste contexto constatam que o Projeto SPED aponta-se como um divisor de cenários. Antes do SPED atuava o profissional contábil conhecido por guarda-livro ou agente do governo. No segundo momento, após a implantação do SPED, surge a necessidade de profissional contábil qualificado e afinado com as novas tecnologias. No cenário internacional, em razão do amadurecimento na utilização da linguagem XBRL existem trabalhos com propostas diversas como a extensibilidade da taxonomia XBRL GL, a extração de dados utilizando XBRL GL, a tecnologia XBRL como repositório de dados, etc. Segue na seção seguinte um resumo de trabalhos que estão alinhados à proposta deste artigo. 15 11th CONTECSI Proceedings p.1211 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil 4.2 Cenário internacional Este artigo propõe apresentar um modelo de dados para o Projeto SPED do Brasil. Uma vez que esse projeto está baseado em informações tributárias informadas ao fisco, a metodologia utilizada para a revisão bibliográfica buscou identificar trabalhos contendo estudos sobre a utilização da linguagem XBRL e a taxonomia XBRL GL, em um cenário contábil ou de intercâmbio de informações tributárias. AMRHEIN (2011) apresenta um trabalho sobre a utilização de ontologia através do modelo semântico REA-EO (Resources Events Agents Enterprise Ontology) para estender a taxonomia XBRL GL a partir do modelo REA. O modelo REA é popularmente utilizado no ensino e na modelagem de sistemas contábeis tendo o seu foco em processos de negócios. Não tem por função elaborar um conjunto de explicito e abrangente de itens de dados que representem o conteúdo dos documentos comerciais. A combinação XBRL GL e REA potencializa a capacidade da taxonomia XBRL GL de capturar informações muito mais profundas e completas num cenário organizacional altamente dinâmico. O modelo semântico REA-EO possibilita a criação de vocabulários específicos e individualizado como, por exemplo, para a área contábil. Esse vocabulário é utilizado para auxiliar na extensibilidade da taxonomia XBRL GL. Os autores concluem que a utilização do REA-EO como um quadro estruturado para orientar extensões da taxonomia XBRL GL apresenta ganhos como adaptação, reutilização, extensibilidade e interoperabilidade. Desta forma, possibilita a redução do tempo de implementação além do custo de implementação e manutenção. Outro trabalho que enfatiza a utilização da taxonomia XBRL GL em suporte a processos organizacionais é o apresentado por REYES ET AL (2010). Essencialmente, a pesquisa tem seu foco na extração de informações contábeis através de ontologias para que, posteriormente, essas informações sejam traduzidas na taxonomia XBRL GL. Os autores exploram as possibilidades de utilização da taxonomia XBRL GL como suporte para extrair informações relacionadas com os processos da contabilidade. Propõe que a abordagem ontológica é a ferramenta capaz viabilizar o mapeamento das informações dos processos contábeis para a taxonomia XBRL GL ou, pelo processo inverso, colocar as informações das entradas da taxonomia XBRL GL nos processos organizacionais. Como conclusão, afirmam que se trata de um trabalho em andamento e que muitos outros trabalhos focados no desenvolvimento de taxonomia para a área contábil estão sendo desenvolvidos. Na visão dos autores, a taxonomia XBRL GL poderá ser um repositório central de grande parte da informação contábil. Uma ontologia para a recuperação de dados XBRL é proposta por HUANG (2011). Nesse trabalho, o autor afirma que o método tradicional de correspondência de palavras-chave para consultar dados XBRL não é um método eficiente. Então, propõe um sistema de recuperação semântica baseada em ontologia XBRL resultado de uma combinação entre sistema de recuperação semântica e o sistema tradicional de recuperação de texto. Relatórios financeiros em tempo real requer auditoria continua para garantir a integridade das informações. Neste contexto, aponta a XBRL como a ferramenta que reúne condições de promover resultados da auditoria continua simultaneamente com os eventos contábeis. Além disso, a XBRL 16 11th CONTECSI Proceedings p.1212 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil permite a transmissão contínua das informações financeiras das empresas para um data warehouses auditor. O´DONNELL (2010) faz uma reflexão sobre o abalo na confiança dos investidores nos mercados financeiros que foi motivado pelas recentes fraudes corporativas. Esse cenário, segundo o autor, impulsiona os investidores na busca de soluções que venham diminuir o grau de incerteza. Enfatiza que a AICPA (American Institute of Certified Public Accountants) recomenda um modelo avançado de relatórios de negócios em tempo real. A análise dos trabalhos correlatos selecionados corrobora a proposta deste artigo. Dentro do cenário brasileiro a essência dos trabalhos encontrados foca nos problemas advindo com o projeto SPED para as organizações no que se refere à falta de infraestrutura, à falta de qualificação de profissionais e à insegurança persistente com relação à qualidade de dados enviados aos órgãos fiscalizadores. No entanto, não foram encontrados trabalhos que fomentasse a discussão quanto à necessidade de harmonizar as informações do projeto SPED dentro de uma plataforma única permitindo um melhor controle sobre as informações veiculadas entre os atores desse processo. Outro ponto interessante é que os trabalhos afinados com o tema deste artigo não enfatizaram a necessidade de padronização como suporte ao processo de auditoria contínua, tanto externa quanto interna, pelos órgãos fiscalizadores e contribuintes. Entretanto, dentro do cenário internacional, em função das fraudes que balançaram o cenário financeiro mundial, trabalhos revelam preocupações em buscar soluções que padronizem as informações financeiras e contábeis que veiculam na web facilitando, desta forma, os processos de auditagem. Os dois cenários apresentam argumentações e preocupações focadas em situações específicas de cada realidade, mas que, somadas, ratificam o trabalho proposto neste artigo: buscar uma padronização do projeto SPED numa plataforma tecnológica única que permita maior controle, confiança, transparência, usabilidade e autoria interna e externa das informações. 5. PROBLEMAS COM O ATUAL MODELO INFORMACIONAL DO SPED A incerteza com relação à qualidade das informações prestadas deve-se ao fato do despreparo tecnológico e falta de qualificação de profissionais para as tarefas de geração e validação das informações contidas nos arquivos a serem transmitidos (ZLUHAN & PEDRI, 2013). Para a maioria dos contribuintes, de uma forma geral, estabelece-se um novo cenário, pois eles assumem a responsabilidade pela geração e integridade dos dados enviados ao fisco. Sobre essa questão, ZLUHAN & PETRI (2013), discorre: Verifica-se, que as empresas possuem dificuldades principalmente nas questões referentes à falta de profissionais qualificados no mercado e em questões referentes aos sistemas de informações, pois os programas ainda não atendem a todas as necessidades requeridas pelo EFD-Contribuições5, o 5 EFD-Contribuições é um dos projetos que compõem o SPED 17 11th CONTECSI Proceedings p.1213 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil que leva os profissionais a preencherem, muitas vezes, manualmente o sistema Validador6. Com relação aos reflexos do projeto SPED dentro das empresas, SANTOS & MURARO (2013), afirmam que: (...) em relação aos prazos de entrega da EFD, onde foi detectado que em torno de 37% somente estão atendendo os prazos impostos pelo projeto. Já 50% dos respondentes asseguram que os prazos não são adequados, bem como a RFB possui suporte insuficiente nos casos de dúvidas, e especialmente quando surgem problemas na geração e validação dos arquivos. Cabe ressaltar que, o cumprimento do prazo de entrega não está intimamente ligado a garantia de que as informações entregues estejam íntegras e consolidadas. Diante dessas questões, a padronização dos projetos SPED em uma plataforma única contribuirá para que contribuintes e prestadores de serviços ligados ao SPED possam melhorar seus controles internos assim como a qualidade das informações prestadas ao fisco. Atualmente um arquivo SPED é gerado (formato texto) com base em informações de projetos que geram seus arquivos formatados a partir da especificação XML 1.0. A Figura 7 ilustra esse fluxo. Figura 7 – Fluxo atual para geração e validação do arquivo SPED O arquivo digital do SPED, após ser gerado é submetido ao PVA (Programa Validador e Assinador) disponibilizado pela RFB. Depois, ele é assinado eletronicamente (assinatura digital) e transmitido ao fisco. Ressalta-se que um arquivo validado pelo PVA não garante sua integridade e coerência, uma vez que 6 Aplicativo disponibilizado pela Receita Federal do Brasil para informar, validar e transmitir informações SPED 18 11th CONTECSI Proceedings p.1214 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil apenas realiza uma validação estrutural do arquivo baseada em regras para geração do arquivo previstas no Guia Prático de cada projeto, isto é, não há validação semântica dos dados. Para ilustrar essa questão, o Emissor Gratuito de Nota Fiscal Eletrônica7 sinaliza que “o preenchimento das informações da Nota Fiscal é de responsabilidade do emitente”. Desta forma, um dado incoerente informado no projeto da NF-e poderá acarretar um resultado errado no arquivo de outro projeto do SPED. Essa informação incoerente não gerará erros no processo atual de validação e o arquivo será aceito na RFB. Nesse cenário a proposta de padronização do formato de representação dos dados no projeto SPED com uma tecnologia que permita a validação semântica da informação poderá trazer benefícios para todos os usuários da informação, isto é, os emissores e consumidores. Por isso a proposta apresentada neste trabalho adota a tecnologia XBRL, padrão reconhecido internacionalmente, e que detém recursos para realização de validações estruturais e semânticas e permite ao analista financeiro a realização de análises mais automatizadas e auditoria contínua. 6. MODELO DE DADOS PARA O SPED BASEADO EM XBRL GL Sobre a adoção de XBRL RICCIO ET AL (2006) discorre: XBRL vai desempenhar um papel essencial na obtenção de transparência empresarial e vai aumentar exponencialmente a velocidade com que os investidores podem obter e analisar a informação (DIPIAZZA e ECCLES, 2004, p.3). Ainda sobre a tecnologia XBRL e seus derivados, RICCIO ET AL (2006) comenta: A tecnologia de computação, tais recursos empresariais (ERP8) e o XBRL e XBRL-GL, provê as firmas sistemas on-line para manipulação em tempo real de baixo custo. como os sistemas de planejamento de surgimento da XML, especialmente da de maneira crescente a possibilidade de de dados representados nesse formato, Segundo SILVA (2006), as vantagens de divulgação de informações pela internet, utilizando a tecnologia XBRL, são: Padronização no formato dos dados Facilidade de intercâmbio de informações Eliminação de conversão frequente de dados Maior transparência em virtude da divulgação pela internet Facilidade de recuperação e utilização dos dados Maior confiabilidade proporcionada aos analistas da informação Possibilidade de integração na cadeia de suprimentos dos dados financeiros Eliminação da redundância no fornecimento dos dados 7 Aplicativo para a emissão da nota fiscal eletrônica disponibilizado pela Secretaria Fazendária gratuitamente para todos os contribuintes que não tem acesso a ERP ou Sistema de Gerenciamento Empresarial. 8 Enterprise Resource Planning 19 11th CONTECSI Proceedings p.1215 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil Redução de erros Redução do tempo de análise Possibilidade de adaptações, por ser um padrão aberto Aparente redução de custos gerais A proposta apresentada neste trabalho contempla a substituição do formato texto e de XML para o padrão XBRL conforme ilustrado na Figura 8. Figura 8 – Fluxo proposto para geração e validação do arquivo SPED Desta forma, a origem das informações são documentos XBRL contendo informações sobre as movimentações econômico/financeiras (vendas e aquisições de produtos e serviços) de uma organização empresarial. A aplicação do cliente geraria arquivo final, de acordo com as especificações e características de cada projeto no padrão estabelecido pela tecnologia XBRL. O arquivo gerado seria submetido a uma aplicação denominada Programa Assinador e Transmissor (PAT) para ser encaminhado ao órgão competente. A padronização dos projetos é de fundamental importância para que essa proposta atinja seus objetivos. Por isso, neste artigo é proposto um modelo de dados baseado na taxonomia XBRL GL para a padronização dos projetos que compõe o SPED. Serão apresentadas neste artigo as soluções propostas para os projetos Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) e Escrituração Fiscal Digital Contribuições (EFD-Contribuições). O NF-e é a base da geração de dados financeiros e contábeis para os demais projetos, pois está ligado às operações mercantis básicas dos contribuintes que são venda e compra de mercadorias e serviços. A estrutura de dados de cada projeto SPED é especificada nos Guias Práticos (para os projetos voltados para a escrituração digital) ou Manual de Orientação do Contribuinte (para o projeto NF-e) disponibilizados para downloads no site da RFB com links para o Portal da Nota Fiscal Eletrônica e Portal Sped. Pode-se também ter acesso às essas informações acessando diretamente o portal 20 11th CONTECSI Proceedings p.1216 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil específico de cada projeto. A proposta apresentada contempla a substituição de XML dos projetos NF-e, NFS-e e CT-e para XBRL conforme a Figura 9. Figura 9 – Proposta do projeto SPED em XBRL 6.1 Modelo de dados para os projetos NF-e e EFD-Contribuições Ao estabelecer uma relação entre as estruturas de dados dos projetos NFe e EFDContribuições verificou-se que alguns campos não encontraram correspondência direta. Entretanto, os campos com as informações necessárias para a geração completa do arquivo EFD-Contribuições foram devidamente identificados assim como a efetivação da correspondência entre eles. Tomou-se por base as estruturas técnicas completas relacionadas nos documentos legais que formalizam cada projeto. A taxonomia do projeto NF-e foi criada baseada na estrutura do documento XML da NF-e. A Figura 10 mostra um trecho da taxonomia criada, na qual cada conceito está associado a um elemento da taxonomia que será representada em XBRL. 21 11th CONTECSI Proceedings p.1217 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil GRUPOS DE INFORMAÇÕES DA NFe XML TAXONOMIA CRIADA PARA OS CAMPOS NFe NOME DAS TAGS CAMPOS NFe infNFe versao versaoDoLayout Id chaveDeAcessoDaNotaFiscalEletronica pk_nItem regraValidacaoDoItemDetalheDaNotaFiscalEletronica cUF codigoIbgeUfEmitenteDaNotaFiscalEletronica cNF numeroChaveAcessoDaNotaFiscalEletronica natOp descricaoDaNaturezaDaOperacao indPag indicadorDaFormaDePagamento mod codigoDoModeloDaNotaFiscalEletronica serie serieDaNotaFiscalEletronica nNF numeroDaNotaFiscalEletronica dEmi dataDeEmissaoDaNotaFiscalEletronica dSaiEnt dataDeSaidaOuEntradaDaMercadoriaProduto hSaiEnt horaDeSaidaEntradaDaMercadoriaProduto tpNF tipoDeOperacao cMunFG codigoIbgeMunicipioOcorrenciaFatoGeradorIcms ide Figura 10 – Trecho da taxonomia da NF-e Da mesma forma, foi criada a taxonomia para o projeto da EFD-Contribuições. A Figura 11 mostra um trecho da taxonomia criada. EFD - CONTRIBUIÇÕES - PIS / COFINS FORMATO TEXTO REGISTROS CAMPOS TAXONOMIA CRIADA PARA OS CAMPOS DA EFD 0000 COD_VER codigoVersaoDoLeiaute 0000 TIPO_ESCRIT tipoDeEscrituracao 0100 NOME nomeContabilista 0100 CPF numeroInscricaoContabilistaNoCpf 0100 CRC numeroInscricaoContabilistaNoCrc 0100 CNPJ numeroInscricaoEscritorioContabilidadeNoCnpj 0450 NIVEL nivelContaAnaliticaGrupoContas 0450 COD_CTA codigoContaAnaliticaGrupoContas 0450 NOME_CTA nomeContaAnaliticaGrupoContas A100 SUB subserieDocumentoFiscal C180 COD_MOD codigoModeloDocumentoFiscal C180 DT_DOC_INI dataEmissaoInicialDocumentos C180 DT_DOC_FIM dataEmissaoFinalDocumentos C181 VL_PIS valorPis C185 VL_COFINS valorCofins C195 CNPJ_CPF_PART cnpjCpfParticipante C195 CST_COFINS codigoSituacaoTributariaReferenteCofins C195 CFOP codigoFiscalOperacao C195 VL_ITEM valorItem C195 VL_DESC valorDesconto C195 VL_BC_COFINS valorBaseCalculoCofins C195 ALIQ_COFINS aliquotaCofins Figura 11 – Trecho da taxonomia da EFD-Contribuições 22 11th CONTECSI Proceedings p.1218 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil Após a conclusão das etapas anteriores estabeleceu-se a correspondência entre cada conceito da estrutura da NF-e com os da EFD-Contribuições. A Figura 12 ilustra a sobreposição da taxonomia da NF-e sobre a taxonomia elaborada para a EFD-Contribuições. PROJETO NF-e TAXONOMIA NF-e CAMPOS PROJETO EFD-CONTRIBUIÇÕES REGISTROS CAMPOS Id chaveDeAcessoDaNotaFiscalEletronica pk_nItem regraValidacaoDoItemDetalheDaNotaFiscal vUnCom valorUnitarioComercializacaoProduto TAXONOMIA EFD TIPO Relação valorUnitarioComercializacaoProduto 1:0 cUF codigoIbgeUfEmitenteDaNotaFiscalEletronica cNF numeroChaveAcessoDaNotaFiscalEletronica A100:C100 CHV_NFSE chaveCodigoVerificacaoDoDocumentoFiscal serie serieDaNotaFiscalEletronica A100:C100:C396:C500 SER serieDocumentoFiscal nNF numeroDaNotaFiscalEletronica A100:C100:C396:C500 NUM_DOC numeroDocumentoFiscal dEmi dataDeEmissaoDaNotaFiscalEletronica A100:C100:C396:C500 DT_DOC dataEmissaoDocumentoFiscal dSaiEnt dataDeSaidaOuEntradaDaMercadoriaProduto C100:C395:C500 DT_E_S dataEntradaSaida natOp descricaoDaNaturezaDaOperacao 0400 DESCR_NAT descricaoNaturezaOperacao vBC valorBaseCalculoIcms C100:C170 VL_BC_ICMS valorBaseCalculoIcms vICMS valorTotalIcms C100:C170:C500 VL_ICMS valorIcms vIPI valorTotalIpi C100 VL_IPI valorIpi vPIS valorPis A100:C100 VL_PIS valorPisPasep vCOFINS valorCofins A100:C100 VL_COFINS valorCofins vNF valorTotaldaNotaFiscalEletronica A100:C100:C396:C500 VL_DOC CNPJ numeroDoCnpj 0000:0140:0150:A010:C010 CNPJ numeroInscricaoNoCnpj IE numeroInscricaoEstadual mod codigoDoModeloDaNotaFiscalEletronica C100:C395:C500 codigoModeloDocumentoFiscal COD_MOD valorTotalDocumento 1:1 1:N Figura 12 – Sobreposição da taxonomia NF-e sobre EFD-Contribuições Esse procedimento identificou a existência de relacionamentos do tipo 1:0, 1:1 e 1:n entre as taxonomias discutidos a seguir. Os relacionamentos 1:0 determinam os conceitos das taxonomias que não estabelecem relacionamentos diretos e que deverão receber tratamento diferenciado, isto é, podem ser consideradas apenas para elaboração de relatórios já que têm correspondentes na estrutura do projeto EFD-Contribuições. Por exemplo, o elemento de taxonomia “valorUnitarioComercializacaoProduto” no projeto NF-e não tem qualquer tipo de correspondência, unívoca ou biunívoca, com a estrutura do projeto EFD-Contribuições. No entanto, ela é importante para a elaboração de relatórios para o projeto NF-e. Os relacionamentos 1:1 representam elementos de taxonomias que estabelecem vínculos diretos e que são mutuamente equivalentes. Para exemplificar, o elemento de taxonomia “descricaoDaNaturezaDaOperacao” no projeto NF-e estabelece um vínculo direto e único com o elemento de taxonomia “descricaoNaturezaOperacao” no projeto EFD-Contribuições. Desta forma, ela é importante para a geração do documento EFD-Contribuições e um dos dois elementos deve ser eliminado da taxonomia para não haver duplicação de conceitos na taxonomia do SPED. Os relacionamentos 1:n identificam elementos de taxonomias equivalentes que podem ser associados a elementos que pertencem a registros distintos dentro a estrutura do projeto EFD-Contribuições. Por exemplo, o elemento de taxonomia “valorTotalNotaFiscalEletronica” do projeto NF-e é equivalente ao elemento de taxonomia “valorTotalDocumento” dos registros A100 (Documento – Nota fiscal de serviço), C100 (Documento – Nota fiscal de venda de mercadoria), C396 (Nota fiscal 23 11th CONTECSI Proceedings p.1219 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil de venda a consumidor) e C500 (Nota fiscal de conta de energia elétrica, conta de gás e conta de água canalizada) do projeto EFD-Contribuições. Os relacionamentos 1:1 e 1:n demonstram a existência de duplicação de elementos de taxonomia entre os projetos NF-e e EFD-Contribuições. Além disso, dentro do projeto EFD-Contribuições identifica-se a existência de replicação de um elemento da taxonomia em vários registros dentro da organização hierárquica do arquivo EFDContribuições. Portanto, existe a necessidade de tratamento dessas informações para garantir a qualidade da informação evitando duplicação de conceitos e necessidade de sincronização dos dados. A adoção do XBRL em todo projeto SPED, resolve esse problema – duplicação e replicação de elementos de taxonomia – com o desenvolvimento de uma taxonomia que abrangesse todos os projetos do SPED, padronizando e unificando-os. A proposta de utilização de XBRL no projeto SPED incorpora os benefícios fundamentais da tecnologia: precisão, consistência, eficiência, reúso, flexibilidade, rastreabilidade e visibilidade. A XBRL, desta forma, é uma tecnologia que além de expressar semanticamente a informação financeira permite a validação semântica do modelo elaborado para cada negócio. 6.2 Apurando a eficácia do modelo de dados A proposta apresentada neste trabalho é a elaboração de um modelo de dados para o SPED baseado em XBRL GL e XBRL FR que, dentre outros benefícios, contribuirá para a padronização da forma de representação dos dados dos projetos do SPED através de uma taxonomia XBRL. A comparação entre os conceitos dos projetos NFe e EFD-Contribuições revelou que o desenvolvimento de uma taxonomia para todos os projetos do SPED poderá simplificar sua utilização com o reúso dos conceitos. Isto permitirá a conciliação entre as estruturas dos diferentes projetos e a eliminação de duplicidades ou replicação das taxonomias desenvolvidas separadamente, facilitando a reconciliação dos dados e eliminando anomalias nos dados, duplicação de dados e a necessidade de sua sincronização, consequentemente aumentando a qualidade da informação e dados. Como o projeto SPED é composto por um número maior de projetos emerge, deste cenário, uma questão: o método comparativo aplicado às estruturas dos projetos NF-e e EFD-Contribuições retornaria o mesmo resultado se aplicado a outro projeto do SPED? Para elucidar essa questão submeteu-se o método a um terceiro projeto do SPED. O projeto escolhido foi o Sped Fiscal. O Sped Fiscal é um dos projetos do SEPD responsável pela apuração dos impostos ICMS (Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços) e IPI (Impostos sobre produtos industrializados). Criou-se, portanto, uma taxonomia para o Sped Fiscal. Na primeira fase, confrontou-se a taxonomia criada para o NF-e com a taxonomia criada para o projeto Sped Fiscal. Na segunda fase, comparou-se a taxonomia criada para o projeto EFD-Contribuições com a taxonomia criada para o projeto Sped Fiscal. Na primeira fase verificou-se que os tipos de relacionamentos de 1:0, 1:1 e 1:n diagnosticados na Seção 6.1, entre as taxonomias desenvolvidas para os projetos NF-e e EFD-Contribuições, também ocorreram. Também foram constatadas as duplicidades e as replicações de elementos de taxonomia entre diferentes registros 24 11th CONTECSI Proceedings p.1220 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil da estrutura do projeto Sped Fiscal. Na segunda fase, verificou-se acentuada duplicidade de elementos de taxonomia entre os projetos EFD-Contribuições e o projeto Sped Fiscal. A Figura 13 ilustra essa relação. PROJETO EFD-CONTRIBUIÇÕES REGISTROS CAMPOS 0400 DESCR_NAT A100:C100:C396:C500 VL_DOC 1:0 1:1 1:N PROJETO NF-e CAMPOS TAXONOMIA NF-e vUnCom valorUnitarioComercializacaoProduto natOp descricaoDaNaturezaDaOperacao vNF valorTotaldaNotaFiscalEletronica 1:0 1:1 1:N PROJETO SPED FISCAL - ICMS/IPI REGISTROS CAMPOS 0400 DESCR_NAT C100:C300:C460:C500 VL_DOC TAXONOMIA EFD valorUnitarioComercializacaoProduto descricaoNaturezaOperacao valorTotalDocumento Figura 13 – Validação do modelo sobre SpedFiscal A validação do modelo sobre os três projetos do SPED demonstrou a similaridade entre os conceitos existentes. Além disso, ratificou todas as relações verificadas no confronto entre os dois primeiros projetos. A similaridade entre os campos é demonstrada na Figura 14. Figura 14 – Similaridade entre os campos Nota-se, na Figura 14, que a informação da tag vProd do arquivo XML é associada a diversos campos distintos, em determinados registros, dos projetos SPED FISCAL e 25 11th CONTECSI Proceedings p.1221 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil EFD-Contribuições. A taxonomia criada estabelece para a tag vProd um link com cada um dos campos dos projetos do SPED. 7. CONCLUSÕES O projeto SPED firma-se como uma obrigatoriedade a que todas as empresas estão sujeitas. Empresas, escritórios de contabilidade e empresas desenvolvedoras de softwares terão que se adequarem em tecnologia e capacitação para cumprirem essa obrigatoriedade com mais segurança e confiança nas informações transmitas aos órgãos fiscalizadores. No entanto, projeto SPED foi concebido com padrões diversos entre os seus projetos. Essa falta de padronização compromete o intercâmbio entre os projetos, promove a duplicação de dados, além de dificultar a auditoria das informações contidas nos arquivos eletrônicos SPED que são transmitidos ao fisco. Desta forma, é proposta neste trabalho a padronização da forma de representação de dados visando assegurar, principalmente às empresas e aos escritórios contábeis, uma auditagem mais rápida e fácil sobre as informações geradas. Para isso, é sugerida a adoção da linguagem XBRL como padrão para todos os projetos. Propõe-se o desenvolvimento de um modelo de dados para o SPED baseado em XBRL GL por entender que a taxonomia XBRL GL tem a estrutura e os elementos necessários para a criação de um modelo de dados que atenda as todas as particularidades contábeis brasileiras que fundamentam o projeto SPED. A utilização dessa taxonomia em conjunto com uma taxonomia para os relatórios financeiros (denominada XBRL FR) contribuirá para que o intercâmbio de informações entre os projetos do SPED e entre os atores do contexto em que é aplicado (empresas, prestadores de serviços e fisco) possa se estabelecer de forma segura no ambiente web. Os arquivos do SPED são online transmitidos para as entidades governamentais reguladoras em tempo real. Neste contexto, as características da linguagem XBRL permitirá a auditoria destas informações pelos contribuintes e escritórios contábeis. Da mesma forma, contribuirá para aumentar a eficiência e a eficácia das atividades desempenhadas pelos auditores fiscais, possibilitando uma auditoria contínua das informações periodicamente recebidas. Também facilitará a pesquisa e extração de informações no repositório de dados das entidades governamentais favorecendo uma auditagem mais consistente e rápida das informações. Com a XBRL os contribuintes poderão melhorar a qualidade das informações que serão transmitidas ao fisco reduzindo o grau de incerteza e o aumento da confiabilidade das informações. É um ganho significativo proporcionado pela facilidade de auditagem dos dados. Cabe ressaltar, que a auditoria contínua das informações financeiras e contábeis apresenta-se como a solução recomendada para evitar as fraudes corporativas. Neste quesito, a XBRL é a tecnologia indicada por reunir qualidades que viabilizam projetos com essa especificidade. Finalmente, dentro desta perspectiva, recomendam-se para trabalhos futuros duas vertentes. A primeira vertente é o desenvolvimento de uma taxonomia XBRL que contemple todos os projetos que compõem o projeto SPED num esforço amplo de 26 11th CONTECSI Proceedings p.1222 11th International Conference on Information Systems and Technology Management – CONTECSI May, 28 to 30, 2014 - São Paulo, Brazil padronização. A segunda vertente contempla a avaliação e desenvolvimento de uma taxonomia XBRL, no âmbito do Governo Federal, harmonizando estruturas do Ministério da Fazenda como a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF) e Comissão de Valores Mobiiliários (CVM). 8. REFERÊNCIAS AMRHEIN, Denise Guithues. Integrating REA and XBRL GL to Facilitate Modern Business Reporting. 2011. Disponível em <http://www.ijbssnet.com/journals /Vol_2_No_24_Special_Issue_December_2011/1.pdf>, Acesso em: 25 de janeiro de 2013. AMRHEIN, Denise Guithues, et al. REA and XBRL GL: Synergies for the 21st Century Business Reporting System. 2009. Disponível em <http://www.uhu. es/ijdar/10.4192/1577-8517-v9_5.pdf>, Acesso em: 25 de janeiro de 2013. COHEN, Eric E. XBRL in Tax and Government. Disponível em <http://www.xbrl.org/GLKeyFeatures/GL_WebSeminar_LutesCohen_051215.pdf>, Acesso em: 08 de outubro de 2012. 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