UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 1 Unidade I - Erros nas aproximações numéricas. I.1 - Considerações gerais. Há várias situações em diversos campos da ciência em que operações numéricas são utilizadas com valores aproximados e conseqüentemente obtemos resultados aproximados. Os principais motivos que concorrem para a inexatidão das operações são: I. Uso de dados provenientes de medições . Nas medições temos dois tipos de erros: A. Erros sistemáticos → são devidos à falta de perfeição na construção, regulagem, etc., do instrumento de medida utilizado no processo. B. Erro fortuitos → são devidos às variações acidentais (ao acaso) de temperatura, II. Uso de dados matemáticos inexatos → são erros provenientes da própria natureza dos números como 2 , π, e . III. Uso de dados provenientes de tabelas → as tabelas contém um número fixo de casas decimais. IV. Uso de dados inexatos provenientes da supressão de algarismos : Exemplo: Seja calcular o valor de K = (C . D) + E , onde C = 3,1234 ; D = 18,134 ; E = 5,52014 ; neste caso K = 62,159875. Se utilizar-mos para C = 3,12 ; D = 18,1 ; E = 5,52 ; teremos K = 61,992. IV. Aproximações devido à fórmulas de resolução aproximadas. Seja, por exemplo, calcular 1,05 . Se desenvolver-mos f(x) = em torno de x0=1 e aplicar para x=1,05, temos: 1 1 0,052 3 0,053 x = 1 + × 0,05 − . × . . + .× . . − ... ≅ 1,024695313 2 4 2 8 6 VI. Ordem de cálculo nas operações: Exemplo: Calcular o valor de V = A+B , onde A=1, B=2, C=3; C 1º o modo : V = 1+ 2 = 1; 3 2ºº modo: V = A B 1 2 + = + = 0,333...+0,666... = 0,999... C C 3 3 x em Série de Taylor UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 2 VII. Uso de rotinas inadequadas de cálculo. Exemplo: Seja calcular o valor médio de p(x) = ax4 + bx3 + cx2 + dx + e . Neste caso temos total de 4 adições e 10 multiplicações, a saber: ax4 = a·x·x·x·x → 4 multiplicações bx3 = b·x·x·x → 3 multiplicações cx2 = c·x·x → 2 multiplicações dx = d·x → 1 multiplicação Utilizando o dispositivo prático de Briot-Ruffini-Hormer: p(x) = {[(a ⋅ x + b) ⋅ x + c] ⋅ x + d} ⋅ x + e , temos pois multiplicações. 4 adições e 4 Conclusão: o segundo método é mais preciso que o primeiro. VIII. Enganos: são erros devido à falta de cuidado do calculista que poderá escrever números e sinais trocados devido à sua habilidade e rapidez. I.2 - Números aproximados Definição : Número aproximado é a aproximação de um valor exato, sendo a diferença entre os dois bem pequena. Consideramos um valor exato quando não existe aproximação ou incerteza associado a ele. I.3 - Algarismos significativos de um número Definição : Os dígitos 1, 2, 3, …, 9 constituem algarismos significativos de um número. O dígito 0 (zero) também constitui um significativo, exceto nas casos em que é usado para fixar a posição da parte decimal ou preencher casas decimais de dígitos desprezados ou desconhecidos. Exemplo: 3,124 = 0,3124 × 101 → 4 significativos 405 = 0,405 × 103→ 3 significativos 0,0095 = 0,95 × 10-2 → 2 significativos 45,1300 = 0,451300 × 102 → 4 significativos se os zeros estiverem preenchendo casas decimais vazias → 6 significativos se os zeros vieram do arredondamento: 45,12999 ≅ 45,1300 I.4 - Arredondamento de um número Definição : Arredondar um número é guardar uma certa quantidade de dígitos, contados a partir da esquerda para a direita, e ignorando conseqüentemente os demais dígitos do número. Para que o arredondamento ocasione o menor erro possível, empregamos a seguinte regra: UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 3 Se desejarmos um número com n algarismos e o último algarismo é X, o algarismo X deve ser arredondado da seguinte forma: a) de X5000...1 a X9999... , adiciona-se 1 unidade ao algarismo X; b) de X00000... a X49999.... os algarismos excedentes são eliminados, e o algarismo X permanece inalterado; c) No caso X50000..., então: c. 1 - deixa-se o al algarismo X inalterado se X for par; c. 2 - acrescenta-se 1 unidade ao algarismo X se ele for ímpar: Exemplo: 2,45879 → 2,459 2,45376 → 2,45 4,67857 → 4,679 4,67757 → 4,678 4,67500 → 4,68 4,66500 → 4,66 I.5 - Tipos de Erro Seja Q o valor exato e Q * o valor aproximado de um número. I.5.1 - Erro Absoluto Definição :. Definimos erro absoluto como sendo a diferença em módulo entre o valor exato e o valor aproximado. Denotaremos por ∆ . ∆Q = Q - Q * I.5.2 - Erro Relativo Definição : É a razão entre o erro absoluto e o valor exato do número. Denotaremos por δ . δQ= ∆Q = |Q - Q*| / Q Q ∆Q se Q* α = ( x − x*) / x , então ( x − x*) / x* = α /(1 − α ) . OBS: Note que δ Q é próximo a Q* for próximo a Q. Precisamente, se Em geral, quando dispormos do valor verdadeiro, vamos utiliza-lo no calculo do erro relativo, mas senão podemos utilizar o valor aproximado. I.5.3 - Erro Percentual Relativo Definição : É o erro relativo expresso em percentagem. Denotaremos por . δ Q% = Exemplos: 1) Q = 3,251408 Q* = 3,2524634 ∆Q × 100 = |Q – Q*| / Q × 100 Q UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 4 ∆Q = ⎜Q – Q* ⎜= 1,0554 . × 10-3 δ Q = 3,245978 ⋅10 −4 δ Q % = 100 × 3, 245978 ⋅ 10 −4 = 0,03245978 % 2) Comprimento real → L= 5 Km Comprimento aproximado → L * =5,1 Km δL= 5,0 − 5,1 5,0 = 0,02 → relativo δ L%= 2 % → percentual relativo 3) Pressão real: 10 Kg/cm2 Pressão aproximada: 10,5 Kg/cm2 ∆ p = 0,5 Kg/cm 2 δ p = 0,05 e δ p % = 5 % Observação: 1) Os erros relativo e percentual relativo são quantidades adimensionais, permitindo comparar erros de quantidades homogêneas ou não-homogêneas. 2) Se um número é arredondado com t algarismos significativos, é claro que o erro absoluto cometido em seu arredondamento é menor ou igual a: ∆ Q = Q - Q * ≤ 0 , 5 ⋅ 10 e − t , onde e é o expoente de Q na forma 0 , d 1 d 2 K d k × 10 e e t é o número de algarismos significativos. EX1: Q = 3,45789 Q* = 3,458 ∆ Q = 3,45789 - 3,458 = 0 , 00011 = 0 ,11 ⋅ 10 − 3 < 0 , 5 ⋅ 10 1 − 4 t = 4, e = 1 EX2: Q = 345,789 Q* = 345,8 ∆ Q = 345,789 - 345,8 = 0 , 011 = 0 ,11 ⋅ 10 −1 < 0 , 5 ⋅ 10 3 − 4 UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 5 t = 4, e = 3 EX3: Q = 0,00345789 Q* = 0,003458 ∆ Q = 0,00345789 - 0,003458 = 0 , 0000011 = 0 ,11 ⋅ 10 − 6 < 0 ,5 ⋅ 10 − 2 − 4 t = 4, e = -2 1.1 I.5.4 - Cota Superior de Erro Absoluto Definição : Cota superior de erro absoluto é o limite máximo permitido para o erro absoluto e denotaremos como α. ∆Q < α I.5.5 - Cota Superior de Erro Relativo Definição: De modo análogo definimos cota superior de erro relativo, e denotamos por β. δQ < β Observação: Normalmente escolhemos a potência de 10 mais próxima do valor da cota superior de erro sempre por majoração. Com isto estaremos nos referindo ao erro como sendo da ordem de 10N, N ∈ Z . ∞ Aplicação: Considere e=∑ i=0 1 i! 7 e e* = ∑ 1 1 1 1 1 e = 1 + 1 + + +...+ + + +... 2 ! 3! 7! 8! 9! 1 1 1 e* = 1 + 1 + + +...+ 2 ! 3! 7! 1 1 1 absoluto: ∆e = e − e * = + + +... 8 ! 9 ! 10 ! 1 1 = 8! 8! 1 1 = 9 ! 8 !⋅ 9 i=0 1 , determine a cota superior de erro i! UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 6 1 1 1 = < 10 ! 8 !⋅ 9 ⋅ 10 8 !⋅ 9 2 1 1 1 = < 11! 8 !⋅ 9 ⋅ 10 ⋅ 11 8 !⋅ 93 1⎛ 1 1 1 1 ⎞ → P.G. ilimitada decrescente com q = ∆e < ⎜1 + + 2 + 3 +...⎟ ⎠ 8! ⎝ 9 9 9 9 1 1 ⇒ ∆e < 0,279017 ⋅ 10 −4 ⇒ ∆e < 0,3 ⋅ 10 −4 ∆e < ⋅ 8! 1 − 1 9 Logo a cota superior de erro absoluto é 10-4. Exemplo2: Q = 0,314159265... x 101 , arredondando para 5 algarismos, temos: Q* = 0,31416 x 101, ∆e = 0,735... ⋅ 10−5 < 10−5 Exemplo 3: Q= 0,3456789 x 101, arredondado para 5 algarismos, temos: Q*=0,34568 x 101, ∆e = 0,11⋅10 −4 < 10 −4 Logo, a cota superior para o erro absoluto é 10-4. I.5.6 - Propagação de Erro em Operações Elementares Aqui vamos utilizar fórmula: δ Q = | Q − Q * | . | Q* | a definição de erro relativo dada pela seguinte A. Adição A.1 - Erro Absoluto: Considere x e y valores exatos, x* e y* valores aproximados de x e y respectivamente, ∆x e ∆y os erros associados a x e y respectivamente. x + y = ( x * + ∆x ) + ( y * + ∆y ) = ( x * + y*) + ( ∆x + ∆y ) ∆ x + y = ∆x + ∆y A.2 - Erro Relativo: (observe que aqui é usado o valor aproximado x* no cálculo do erro relativo) UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes x* y* ∆y ∆( x + y ) ∆x + ∆y ∆x ⋅ = = = ⋅ + x*+y* x*+y* x* x*+y* y* x*+y* x* y* = δx + δy x*+y* x*+y* x* y* = ⋅ δx + ⋅ δy x*+y* x*+y* δ x+ y = δ x+ y Exemplo: X* = 55, ∆ X = 3, Y* = 23, ∆ Y = 2, X* + ∆ X + Y* + ∆ Y = 55 ± 3 + 23 ± 2 , Casos extremos: 55+3+23+2=78+5, 55-3+23-2=78-5, então: 78 – 5 < X* + Y* = 78 < 78 + 5 (piores casos) (X* + Y*) = 78 , ∆ X +Y = 5 =3 + 2, ∆ X +Y 5 = = 0,064102564 X * +Y * 78 55 3 23 2 3 2 5 X* Y* = δX + δY = ⋅ + ⋅ = + = 78 55 78 23 78 78 78 X * +Y * X * +Y * δ X +Y = δ X +Y B. Subtração B.1 - Erro Absoluto: ∆ x − y = ∆x + ∆y B.2 - Erro Relativo: δ x− y = y* x* ⋅ δx + ⋅ δy x*−y* x*−y* Exemplo: X* = 55, ∆ X = 3, Y* = 23, ∆ Y = 2, (X* + ∆ X )- (Y* + ∆ Y) = (55 ± 3) – (23 ± 2) , Casos extremos: 55+3-(23-2)=32+5, 55-3-(23+2)=32-5, então: 32 – 5 < X* - Y* = 32 < 32 + 5 (piores casos) (X* - Y*) = 32 , ∆ X −Y = 5 = 3 + 2, 7 UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes δ X −Y = ∆ X −Y 5 = = 0,15625 X * −Y * 32 δ X −Y = 55 3 23 2 3 2 5 X* Y* δX + δY = ⋅ + ⋅ = + = 32 55 32 23 32 32 32 X * −Y * X * −Y * C. Multiplicação C.1 - Erro Absoluto: x ⋅ y = ( x * + ∆y ) ⋅ ( y * + ∆y ) = x * y * + x * ∆y + y * ∆x + ∆x∆y ∆ xy = x * ∆y + y * ∆x ∆x∆y é descartado pois é desprezível comparado aos outros termos. C.2 - Erro Relativo: δ xy = δ xy ∆ xy x* y* = δx + δ y = x * ∆y + y * ∆x ∆y ∆x = + = δ y + δx x* y* y* x* Exemplo: X* = 55, ∆ X = 3, Y* = 23, ∆ Y = 2, (X* + ∆ X ) · (Y* + ∆ Y) = (55 ± 3) · (23 ± 2) , então (55+3)*(23+2)= 1265 + 69 + 110 + 6 = 1450, (55-3)*(23-2)=1265 -69 -110 + 6 = 1092, 1265 – 173 < X* · Y*=1265 < 1265 + 185 (piores casos) ∆ X ⋅Y <185, porém usaremos ∆ X ⋅Y = 179 = 55*2+23*3 (excluindo 2*3=6) (X* · Y*) = 1265, ∆ X ⋅Y = 179 = 110 + 69, δ X ⋅Y = ∆ X ⋅Y 179 = = 0,141501976 X * ⋅Y * 1265 δ X ⋅Y = δX + δY = 3 2 + = 0,05454... + 0,086956521 = 0,141501976 55 23 D. Divisão D.1 - Erro Absoluto: x * + ∆x 1 1 x * + ∆x 1 x x * + ∆x x * + ∆x y* x * + ∆x = ⋅ = = ⋅ = ⋅ = ⋅ y * + ∆y y * + ∆y y * 1 + δy y* y y * + ∆y y* y * + ∆y y* y* y* 8 UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 9 Desenvolvendo em série MacLaurin, temos: 1 − δy + 2δ 2 y +... Desprezando as potências de ordem igual ou superior a 2, temos: 1 ≈ 1 − δy 1 + δy x x * + ∆x x * ∆x x * ∆y ∆x∆y ∆y (1 − ) = ≈ + − − y y* y* y * y * y *2 y *2 y * ∆x + x * ∆y ∆ xy ≈ y *2 Como os erros são dados em valor absoluto, eles são somados (veja também que ao igual que na multiplicação o último termo é descartado). D.2 - Erro Relativo: δ = x y ∆ xy x* y* = y * ∆x + x * ∆y y * y * ∆x x * ∆y ⋅ = + = δx + δy y *2 x* y* x* y* x* δ xy = δx + δy Exemplo: X* = 55, ∆ X = 3, Y* = 23, ∆ Y = 2, (X* + ∆ X ) / (Y* + ∆ Y) = (55 ± 3) / (23 ± 2) , então os casos extremos são: (55+3)/(23-2)=58/21=2,761904762, (55-3)/(23+2)=52/25=2,08, 2,08 < X* / Y* = 2,391304348 < 2,761904762 (pior caso) 2,391304348 – 0,311304347 < 2,391304348 < 2,391304348 + 0,370600414 (pior caso) (X* / Y*) = 2,391304348, ∆ X / Y = 0,370600414, 23 ⋅ 3 + 55 ⋅ 2 179 = = 0,338374291 , que é o resultado sem a 232 529 6 ∆x∆y 3 ⋅ 2 contribuição do termo = 2 = = 0,011342155 2 529 23 y mas podemos tomar: ∆ X / Y = δ X /Y = ∆ X /Y 0,370600414 = = 0,154978354 valor obtido utilizando o pior caso X * / Y * 2,391304348 δ X / Y = δX + δY = δ X / Y = δX + δY + 3 2 + = 0,05454... + 0,086956521 = 0,141501976 valor aproximado. 55 23 2 3⋅ 2 ∆x∆y 3 = + + = 0,05454... + 0,086956521 + 0,0047430830 = 0,146245059 x 55 23 55 ⋅ 23 y2 y UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação 10 Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes OBS: Vamos utilizar o valor δ X / Y = δX + δY = 0,141501976 I.6 - Algarismos significativos exatos contidos em um número aproximado. Definição: Consideramos que os “n” primeiros algarismos de um número são exatos quando o erro absoluto não exceder a uma unidade na enésima casa, contando-se da esquerda para a direita. p = 3,1415926 p* = 3,1416 ∆p = 0,0000074 < 0,00001 A precisão de um resultado é função do número de algarismos significativos exatos contidos no número. Há uma relação entre o erro relativo e o número de algarismos significativos exatos. Teorema I : Se o 1o. algarismo significativo de um número aproximado A* é k, contendo o referido número N algarismos significativos, então o erro relativo associado à aproximação será: 1 k δA ≤ ×101− N Considere A* = k _ _ ..., L _ _ ... ; N algarismos significativos exatos. 123 123 M N−M UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação 11 Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes A* = k • 10 M −1 + ... + L • 10 −1 A* ≥ k • 10 M −1 Por outro lado : 1 • 10 • 10− ( N − M +1) 2 1 A − A * ≤ • 10 M − N 2 1 1 − • 10 M − N ≤ A − A* ≤ • 10 M − N 2 2 1 A ≥ A * − • 10 M − N 2 1 A ≥ k • 10 M −1 − • 10 M − N 2 1 A ≥ • 10 M −1 (2k − 101− N ) 2 1 1 A ≥ • 10 M −1[k + (k − 1− N )] 2 10 1 1 A ≥ • k • 10 M −1 + • 10 M −1 (k − 1) 2 2 1 A ≥ • k • 10 M −1 2 1 ⋅ 10 M − N ∆A δA = < 2 1 ⋅ k • 10 M −1 A 2 1 δA < • 101− N k ∆A ≤ Aplicação: Seja A*=3,1415 com 5 algarismos significativos exatos. Determine uma cota superior de erro relativo. A* = 3,1415 k = 3, N = 5 1 1−5 ⋅ 10 = 0,333...•10 −4 3 δA < 0,333...•10 −4 δA < β = 10 −4 Resposta: A cota superior de erro relativo é 10-4. Teorema II: UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação 12 Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 1 • 101− N (k : k +1 1o. algarismo significativo de A*) então contém, N algarismos significativos exatos. Se o erro relativo δA cometido na aproximação de A for menor que Aplicação: Determine o número de algarismos significativos exatos contidos em A* = 3,241 sendo ∆A<0,001. Pelo Teorema II temos: 1 • 101− N k +1 1 k = 3 ⇒ δA < • 101− N ⇒ δA < 0,25 • 101− N (1) 4 δA < Por definição temos: 3,240 < A < 3,242 δA = ∆A 0,001 < < 0,3086•10−3 (2) A 3,240 De (1) e (2) vem : 0,3086•10−3 < 0,25 •101− N 1 − N = −2 ⇒ N = 3 3 Algarismossignificativos exatos: A* = 3,24 ± 0,01 A *∈ (3,23; 3,25) I.7 - Propagação de Erros I.7.1 - Introdução: Algumas grandezas não podem ser medidas diretamente. Nesse caso a medida é feita de modo indireto. Exemplo: A medida do volume de um cilindro é dado pela relação V = πR2·H. Precisamos saber os erros cometidos nas medidas das grandezas raio e altura para saber o erro no cálculo do volume. A este estudo denominamos análise de propagação de erros. I.7.2 - Funções de uma variável real: Seja y = f (x) uma função contínua diferenciável em [a,b]. Sejam X, X* ∈ [a,b]. UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação 13 Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes y y = f (x) N y* = f (x*) f (x) θ M P a x* x x - valor real x* - valor aproximado de x ∆x - erro cometido em x* ∆y - erro cometido em y* = f (x*) Do triângulo MNP Tg θ = NP f (x) - f (x*) ⇒ Tg θ = MP x − x* Pelo teorema do valor médio: ∃ξ ∈ ( x*, x) Tal que : f ' (ξ ) = f ' (ξ ) = f ( x) − f ( x*) x − x* f ( x) − f ( x*) ∆y = ∆x x − x* ∆y = f ' (ξ ) ⋅ ∆x f ' (ξ ) ≤ f 'max ( x) Como x e x* são próximos, então Logo: ∆y ≤ f ' ( x*) ⋅ ∆x f 'max ( x) ≈ f ' ( x*) b x UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação 14 Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes Exercícios: 1. Determine o erro absoluto cometido no cálculo do volume de um cubo de 0,45 metros de aresta, sabendo que o erro cometido na medida da aresta é inferior a 0,005 metros. V (a ) = a 3 ∆V ≤ V , (a*) ⋅ ∆a V , (a ) = 3a 2 Como..∆a = 0,005..e..a.* = 0,45.m ∆V ≤ 3 × (0,45) 2 × 0,005 = 0,30375 × 10 − 2 m3 Resp: O erro cometido no cálculo do volume é inferior a 0,30375 · 10-2 m3 Resp: < 0,30375 · 10-2 m3 2. Entre que valores está o valor real do volume do cubo do exercício 1 ? a. Cálculo do volume: V = (0,45)3 = 0,91125 · 10-1 m3 b. Pelo Teorema II temos uma cota: δV < 1 × 101− N ⇒ δV < 0,1×101− N (*) 1+ 9 c. Cálculo do erro relativo: δV = ∆V 0,30375 ⋅ 10 −2 = 0,3333 ⋅ 10 −1 < −1 V 0,91125 ⋅ 10 δV < 0,3333 ⋅ 10 −1 (**) d. Comparando os resultados obtidos em (*) e (**), temos: 0,3333·10-1 < 0,1·101-N 0,03333 < 0,1·101-N 1-N=0⇒N=1 1 algarismo significativo ⇒ V = 0,09 ± 0,0 1 Resp: V ∈ ( 0,08 ; 0,10 ) Resp: (0,08 ; 0,10) UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação 15 Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes I.7.3 - Funções de variáveis reais várias: Seja w = f (x1, x2, ..., xn) em que as diversas quantidades x1, x2, ..., xn estão sujeitas a erros ∆x1, ∆x2, ..., ∆xn , respectivamente. (1) f (x1* +∆x1, x2* +∆x2, ..., xn * +∆xn) = w *+ ∆w Usando a expansão em série de Taylor para funções de variáveis reais várias, temos: f ( x1* + ∆x1 , x2* + ∆x2 ,..., xn* + ∆xn ) = 1 n ∂2f ∂f ∆xi + ∑ ∆xi ∆x j + ... 2! i , j =1 ∂xi∂x j i =1 ∂xi n f ( x1* , x2* ,..., xn* ) + ∑ Como os erros são bem pequenos, então: f ( x*1 + ∆x1 , x*2 + ∆x2 ,..., x*n + ∆xn ) ≈ f ( x*1 , x*2 ,..., x*n ) + ∂f ∂f ∆x1 + ... + ∆xn ∂x1 ∂xn De (1) vem: ∂f ∂f ∆x1 +...+ ∆x n ∂x1 ∂x n w *+ ∆w ≈ w* + Logo: ∂f ∂f ∆w ≤ ∆ x 1 + ... + ∆xn = ∂ x1 ∂xn n ∑ i =1 ∂f ∆xi ∂xi Erro relativo: n ∆w δw = = w ∂f ∑ ∂x i =1 ∆xi i w ∂f n ∆w (2) δw ≤ = w ∑ ∂x i =1 ∆x1 1 w O segundo membro de (2) é a diferencial logarítmica de w. Logo: n δw ≤ ∑ i =1 ∂ [ln f ( x1 , x2 ,..., xn )] ⋅ ∆xi ∂xi UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação 16 Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes Exercícios: 1. Entre que valores está o valor real de z (x,y) = x2y + 2y + 0,3 para x = 3,14 e y = 2,71; com ∆x e ∆y inferiores a 0,01. a. Cálculo de z: z = (3,14)2 × 2,71 + 2 × 2,71 + 0,3 = 32,43952 b. Cálculo do erro relativo (pela definição): ∆z < ∂z ∂z ⋅ ∆x + ⋅ ∆y ∂x ∂y ∆z < 2 xy∆x + ( x 2 + 2)∆y ∆z < 2 ⋅ 314 , ⋅ 2,17 ⋅ 0,01 + [(314 , ) 2 + 2] ⋅ 0,01 ∆z < 0,25487 ∆z 0,25487 < = 0,78568 ⋅ 10 −2 (*) δz = 32,43952 z c. Pelo Teorema II temos: 1 1 × 101− N = × 101-N 3+1 4 1− N δz < 0,25 × 10 (**) δz < d. Comparando os resultados em (*) e (**), temos: 0,8902228×10-2 < 0,25×101-N 1-N = -1 → N = 2 2 algarismos significativos exatos z = 32 ± 1 Resposta: z ∈ (31;33) Resp: (31 , 33) 2. Sabendo-se que o volume de uma esfera é dado pela expressão V = 1/6 πd , determine entre que valores está o valor real de V, considerando π ≈ 3,141 ( 3 com ∆π<0,001 ) e d = 3,71 cm (com ∆d < 0,005 cm ). 1 3 πd 6 1 A = ≈ 0,1666 6 V = A ⋅ π ⋅ d3 V= ∆A < 0,0001 a. Cálculo de V: V = 0,1666 × 3,41 × (3,71)3 = 26,7217 cm3 UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação 17 Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes b. Cálculo do erro relativo: ln V = ln A + ln π + 3 ln d ∆V ∆A ∆π ∆d = + +3 π V A d 0,0001 0,001 0,005 δV < + + 3⋅ 0,1666 3141 3,71 , δV < 0,49617 ⋅ 10 −2 (*) c. Pelo Teorema II, temos: 1 × 101− N 3 δV < 0,333...×101− N (*) δV < d. Comparando os resultados obtidos em (*) e (**), temos: 0,49617 × 10-2 < 0,333... × 101-N 1 - N = -1 N = 2 → 2 algarismos significativos exatos. Resp: 26 ± 1 cm3 V ∈ (25 cm3 ; 27 cm3) Resp: V = 26 ± 1 cm3 ( 25cm3 , 27cm3 ) I.7.4 - Problema Inverso: Este tipo de problema é matematicamente indeterminado, uma vez que o erro relativo pode ser determinado mediante combinações diferentes dos erros relativos das diversas variáveis. A solução mais simples é baseada na hipótese da igualdade de efeitos. De acordo com esta hipótese tem-se : δx1 = δx2 = ... = δxn ; e a solução procurada é dada por : ∂x i = ∂w n 1≤ i ≤ n Exercício: Qual deve ser a precisão da medida do raio R = 30,5 cm de um círculo e quantas decimais devem ser consideradas em π para que o erro cometido no cálculo da área não ultrapasse a 0,1%. UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação 18 Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes Solução: S = πR 2 ∆π ∆R ∂S = +2 < 0,001 R π Pelo princípio da igualdade de efeitos : ∆π < 0,0005 π ∆R 2 < 0,0005 R Fazendo π ≈ 3,14 , temos: ∆π < 0,0005 × 314 , ∆R < ⇒ ∆π < 0,157 ⋅ 10 −2 ( 0,001 − 0,0005) × 30,5 2 ⇒ ∆R < 0,7625 ⋅ 10 −2 UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação 19 Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes Lista de exercícios sobre a Unidade I 1) Arredonde cada número abaixo para 3, 4, 5, 6, 7, algarismos significativos, respectivamente: a) 85,432431 b) 0,003134499 c) 998,075414 e) 3,318051 d) 45,3083102 2) Com os números arredondados para 4 algarismos significativos e para 7 algarismos significativos, do exercício 1, determine o erro absoluto, o erro relativo e o erro percentual relativo para cada item. 3) Calcule a área de um círculo de raio 100 m, utilizando os seguintes valores aproximados para π : a) 3,14 b) 3,1416 c)3,14159 d) 3,1415926 4) Calcule o erro absoluto entre os resultados obtidos em a, b, c com o resultado obtido em d) do exercício anterior. Compare e faca sua conclusão. 5) Determine o número de algarismos significativos exatos contidos na aproximação dos números abaixo, sendo dados os respectivos erros: a) Z* = 32,4395 ∆Z < 0,263629 b) I* = 0,984375 * 10-4 δI < 0,22858 c) A* = 45,8214 ∆A < 0,0001 d) X* = 8,57943 ∆X < 0,001 Utilizar a definição de erro relativo ER= (valor exato – valor aprox.)/valor aprox. Respostas: a) 2 b) 0 c) 5 d) 3 6) Determine o erro relativo cometido no cálculo do valor numérico de y(x) = 3x2 + 3x + 5 , sendo x = 3,16 e o erro absoluto cometido nessa medida inferior a 0,001. Resposta: 6,94x10-3 7) Determine o número de algarismos significativos exatos contidos no cálculo de y(x) do exercício 6. Resposta: 2 UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação 20 Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 8) A expressão V = 4 ⋅π ⋅ a ⋅ b ⋅ c nos dá o volume de um elipsóide de eixos principais a, 3 b, c. Sabendo-se que a = 5 cm, b= 100 mm, c= 0,15 dm, e que o instrumento de medição apresenta um erro inferior a 0,05 mm, pede-se: a) o volume; R: 314,1592654cm3 b) o erro relativo; R: 4,83333x10-3 c) o erro absoluto; R: 1,518436449cm3 d) entre que valores esta o valor de V. R: 2 algarismos exatos, V ∈(313 ,315 ) 9) Dada a expressão y = 12,20 × sen 22 O , determine entre que valores esta o valor real e1,8 × π de y, sabendo que o instrumento de cálculo utilizado só registra 3 algarismos significativos exatos. R: y ∈(0,23 , 0,25 )