ANÁLISE AMBIENTAL DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA NO MUNICÍPIO DE VERÍSSIMO - MG: ELABORAÇÃO DO MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO Kedson Palhares Gonçalves - kedsonp_gonç[email protected] Instituto Federal do Triângulo Mineiro – IFTM Rua João Batista Ribeiro n. 4000 – Distrito Industrial II. CEP: 38.064-790 - Uberaba-MG Mauro Beirigo da Silva – [email protected] Instituto Federal do Triângulo Mineiro – IFTM Resumo: o crescimento populacional está provocando constante expansão da agricultura e pecuária, fazendo-se necessário otimização do volume dos alimentos produzidos. Mas isto vem causando danos ambientais irreparáveis no planeta, e é através do geoprocessamento que podemos estudar as áreas ambientais mais degradadas. O presente estudo fez uso do software Idrisi Selva utilizando Modelos Digitais do Terreno – MDT, para delinear as áreas de APP’s e elaborar o mapa de uso e ocupação do solo e através deste quantificar as áreas ocupadas por pastagem, vegetação e agricultura de uma microbacia situada no município de Veríssimo no estado de Minas Gerais. Concluiu-se que a pastagem é a principal atividade degradante das APP’s, sendo necessário um trabalho de recuperação das mesmas. Palavras-chave: Análise ambiental, Ocupação do solo, Microbacia, Veríssimo – MG. ENVIRONMENTAL ANALYSIS OF A WATERSHED IN THE MUNICIPALITY OF VERÍSSIMO - MG: PREPARATION OF STATEMENT OF USE AND OCCUPANCY OF SOIL Abstract:The population growth is causing steady expansion of agriculture and livestock, making it necessary optimization of the volume of food produced. But this is causing irreparable environmental damage on the planet, and it is through geoprocessing we can study the most degraded environmental areas. This study made use of the software Idrisi Selva using Digital Terrain Models, to delineate areas of APP's and draw the map of use and occupation of land and through this quantify the areas occupied by grazing, vegetation and agriculture in a watershed located Verissimo municipality in the state of Minas Gerais. It was concluded that grazing is the main activity of APP's degrading, requiring restoration work the same. Keywords: Environmental Analysis, Land use, Watershed, Veríssimo - MG. 1. INTRODUÇÃO A expansão da agricultura e da pecuária é inevitável devido ao crescente número da população mundial. Com essa ampliação da população é fundamental que seja otimizado o volume de alimentos produzidos. Neste cenário de crescimento populacional o meio ambiente tem sofrido grandes danos, principalmente as áreas com baixa resiliência. Os danos ambientais além de colocar em risco a disponibilidade de recursos naturais fazem com que o ser humano perda a sua qualidade de vida. Os produtores rurais tem grande poder econômico e estão entre os principais agentes responsáveis pela degradação ambiental, tal acontecimento se deve a falta de conhecimento técnico e o também a ausência de sensibilização com a causa ambiental. A agricultura é um setor que está constantemente se aperfeiçoando e desenvolvendo novas técnicas para produzir mais em um espaço menor sem necessitar desta forma de utilizar áreas de interesse ambiental. Para que seja possível identificar os pontos que estão em maior estado de degradação ambiental é necessária a utilização de ferramentas de geoprocessamento para reduzir custo, uma vez que, as visitas de campo para diagnóstico ambiental são em menor frequência e é possível abranger uma área maior. 2. MATERIAIS E MÉTODOS A microbacia em estudo tem uma área de aproximadamente 146,43 Km² e está situada no município de Veríssimo no estado de Minas Gerais. A cidade de Veríssimo tem uma população de 3.483 habitantes sendo a área de seu município de 1.032 Km² estando localizado no Bioma Cerrado (IBGE, 2010). Na Figura 1 é possível visualizar a localização da cidade de Veríssimo em relação à microbacia em estudo a qual faz parte da bacia do rio Uberaba. Figura 1: Posição da cidade de Veríssimo na microbacia em análise. Fonte: Autores, 2012 Segundo Valle Júnior (2008), a bacia do rio Uberaba está inserida na unidade do planalto Brasil Central, em bacia sedimentar geotectônica denominada Bacia Sedimentar do Paraná e ainda que a mesma apresenta estratigraficamente rochas do Grupo São Bento (basaltos da Formação Serra Geral) sobrepostos pelos arenitos e conglomerados do Grupo Bauru (arenitos de Formação Uberaba e Formação Marília). Este trabalho foi desenvolvido a partir de Modelos Digitais do Terreno – MDT que foram obtidos do site da Embrapa estando estes Modelos disponíveis com link: http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/download/mg/se-22-z-d.htm. Os MDTs foram trabalhados no software Idrisi Selva, o primeiro passo foi delimitar a rede de drenagem do MDT e em seguida delimitou-se a bacia para estudo. A partir da delimitação da bacia foi realizado o corte nas bandas do MDT para que fosse executado o processamento das imagens somente na área de interesse, otimizando desta forma o trabalho além de obter dados com precisão superior aos trabalhos realizados com áreas maiores. Foi trabalhada a composição das bandas da imagem (RGB - Red, green, and Blue) visando aproximar da cor real do terreno e o que existe no mesmo (vegetação, pastagem, rios, edificações, etc) as imagens utilizadas foram baixadas do site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. Uma vez gerada a composição de bandas foi executada a classificação supervisionada do MDT. Na classificação supervisionada os tipos de solos e coberturas foram diferenciados devido ao padrão de resposta espectral de cada cobertura do terreno. Segundo Piroli (2010) “Nesta classificação define-se as assinaturas espectrais das categorias de uso conhecidas, e o aplicativo associa cada pixel da imagem à assinatura mais similar”. 3. DISCUSSÕES Após a classificação da imagem foram delimitadas as Áreas de Preservação Permanente – APP’s conforme Código Florestal (Lei 12.651 de 25 de maio de 2012) sendo realizada a comparação entre os limites das APP’s e as utilizações do solo. Na Figura 2 é possível visualizar a rede de drenagem geradas a partir do MDT no software Idrisi Selva. Figura 2: Rede de drenagem gerada a partir do MDT. Fonte: Autores, 2012 Uma vez gerada a rede de drenagem foi acrescentada a Área de Preservação Permanente – APP dos cursos d’ água, sendo adotado 30 metros de cada lado destes. Após delimitação das APP’s (Figura 3) foi calculada a área das mesmas que representou um total de 13,70 Km² ou 9,35% da área da micro bacia em estudo. Na Figura 3 é possível visualizar os limites das APP’s desejadas: Figura 3: Rede de drenagem com APP desejada. Fonte: Autores, 2012. Com a delimitação das APP’s e elaboração do mapa de uso e ocupação do solo (Figura 4), foi possível fazer a quantificações das APP’s que estão preservadas ou degradadas e ainda quais os agentes que estão degradando as mesmas (agricultura ou pastagem) quando existir. Através do mapa de Uso e ocupação do solo foram quantificadas as áreas ocupadas por pastagem, vegetação e agricultura. Figura 4: Mapa de uso e ocupação do solo. Fonte: Autores, 2012. Com intersecção do mapa de uso e ocupação do solo com o mapa das APP’s desejadas através do comando “CROSSTAB” gerou-se os mapas quantitativos das APP’s que estão preservadas (Figura 5) e também das APP’s que estão degradadas com os respectivos agentes responsáveis pela degradação das mesmas (Figuras 6 e 7). Figura 5: APP preservada. Fonte: Autores, 2012. Figura 6: Agricultura invadindo APP. Fonte: Autores, 2012. Figura 7: Pastagem invadindo APP. Fonte: Autores, 2012. Com a composição dos mapas foi possível elaborar as seguintes tabelas: Tabela 1: Quadro de áreas uso e ocupação do solo. QUADRO DE ÁREAS ÁREA DESCRIÇÃO PERCENTUAL (Km²) ÁREAS DE PASTAGEM 89,43 61,07% ÁREAS DE 27,67 18,90% VEGETAÇÃO ÁREAS DE 27,35 18,68% AGRICULTURA REDE DE DRENAGEM 1,98 1,35% ÁREA TOTAL 146,43 100,00% Fonte: Autores, 2012. Tabela 2: Ocupações indevidas de APP. DESCRIÇÃO APP DESEJADA PASTAGEM INVADINDO APP AGRICULTURA INVADINDO APP APP PRESERVADA ÁREA (Km²) 13,70 5,93 PERCENTUAL 100,00% 43,28% 1,84 13,43% 3,95 28,83% REDE DE DRENAGEM 1,98 14,45% Fonte: Autores, 2012. Uma vez analisado o uso do solo da bacia partiu-se para o cálculo do RN (Ruggdeness Number) onde foi aplicada a metodologia de Valle Júnior (2008) para verificar se existe conflito ambiental na bacia em questão. O RN encontrado para essa bacia foi de 11,93 sendo determinado através do produto entre a densidade de drenagem e a declividade média da bacia. No trabalho de Valle Júnior (2008) é verificado se existe conflito ambiental a partir do RN e após concluir a análise da bacia do rio Uberaba (onde foram analisadas 197 subbacias) o autor elaborou a seguinte tabela: Tabela 3: Uso potencial do solo a partir do RN Fonte: Valle Júnior (2008) Onde: LVdf – Latossolo Vermelho distroférrico. LVdt - Latossolo Vermelho distroférrico típico. PVAd-Agisolo Vermelho Amarelo. Conforme mapas disponíveis no endereço eletrônico da Fundação Estadual do Meio Ambiente (http://www.feam.br/noticias/1/949-mapas-de-solo-do-estado-de-minas-gerais) esta bacia está localizada em área com solo LVdf , portanto os parâmetros para verificação do uso potencial a ser utilizado segundo o estudo de Valle Júnior (2008) são: Tabela 4: Parâmetros adotados para a bacia. Fonte: Adap. Valle Júnior (2008) Sendo o RN igual a 11,93 verifica-se que a utilização recomendada para esta bacia é para pastagem ou reflorestamento. Sendo elaborado o mapa onde a área da bacia não está sendo utilizada para pastagem ou reflorestamento obtém se valor da área que existem o conflito ambiental. Figura 6: Área com conflito ambiental. Fonte: Autores, 2012. Verifica-se que 27,35 km² da bacia estão com ocupação inadequada do solo, sendo que locais onde deveriam estar sendo utilizados para pastagem ou reflorestamento está sendo utilizado para agricultura, caracterizando um conflito tipo 2, como demonstrado por Valle Júnior (2008). Para as áreas de conflito tipo 2 devem ser seguidas algumas recomendações segundo Valle Júnior (2008): · Plantio em nível: visando a prevenção e ou diminuição da erosão laminar; resultando em maior absorção de água pelo solo; reduzindo a perda de terra, água e fertilizantes, além de otimizar as operações com máquinas agrícolas. · Faixas de vegetação permanente: promove uma cobertura vegetativa que previne a erosão hídrica; provê forragem e semente, além de comida e proteção para a fauna silvestre. · Adubações: química e orgânica: função do solo e da cultura. Aplicação de calcário: prática recomendada nos solos com baixo pH, norteada pela análise do solo. · Proteção contra o fogo: consiste em se estabelecer bordaduras do campo cultivado, sendo que estradas ou carreadores apresentam funcionalidade neste tratamento. · Terraços em nível ou gradiente: em função dos solos é extremamente necessário nos solos declivosos, visto que reduz o comprimento de rampa, prevenindo a concentração de água, e transportando lentamente seu excesso. · Manutenção anual dos terraços. · Distribuição de animais, por unidade de área, observando-se sua capacidade de suporte da pastagem. · Pastoreio rotacional. · Utilização e trato das pastagens de acordo com o tipo de exploração pecuária 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O valor das áreas de preservação permanente (APP’s) geradas pelo Idrisi Selva são subdimensionadas, uma vez que, na Lei 12.651 (2012) está previsto que deverá ser considerado APP em um raio de 50 metros no entorno de nascente e os 30 metros de APP para cursos com até 10 metros de largura deverá ser medido a partir no nível regular do córrego. Esse subdimensionamento das APP’s se deve ao fato de que para as imagens de satélite utilizadas não tem resolução suficiente para delimitar com precisão esses pontos, principalmente as nascentes. Esse mapa define as principais APP’s e identificação dos pontos com degradação avançada, com a identificação desses pontos é possível fazer um trabalho de campo para quantificar in loco os reais danos que estão sendo causados as APP’s que por sua vez são acima do que estão especificados neste trabalho. Foi verificado que o principal agente responsável pela degradação das APP’s é a pecuária (pastagem) no caso desta bacia, sendo responsável por 43,28% da degradação das APP’s. Foi verificado que é necessário um trabalho de recuperação das APP’s, sendo que mais de 56% dessas áreas encontra-se degradadas. 5. REFERÊNCIAS BRASIL. Embrapa. Mapa. Brasil em relevo. Disponível <http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/download/mg/se-22-z-d.htm>. Acesso em: 18 ago. 2012. em: ______. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ibge. Veríssimo:MG. Disponível <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=317110>. Acesso em: 19 ago. 2012. em: ______. Casa Civil. Presidência da República. LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm>. Acesso em: 26 ago. 2012. PIROLI, E.L. Disciplina de Geoprocessamento: Práticas em Idrisi Taiga. 2010. 57f. Material didático. Universidade Estadual Paulista. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA: FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS; UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS; FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE. Mapa de solos do Estado de Minas Gerais Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. VALLE JUNIOR, R. F. Diagnóstico de áreas de risco de erosão e conflito de uso dos solos na bacia do rio Uberaba Tese (Doutorado em Agronomia) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, 2008. Disponível em: http://www.fcav.unesp.br/download/pgtrabs/pv/d/2807.pdf Acesso em: 19 ago. 2012.