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Uma pequena introdução à Estamparia
Introdução
Ao longo dos anos temos recebido visitas de estudantes do SENAI-CETIQT,
do SENAC, da PUC, da UVA, Candido Mendes, de cursos têxteis, de moda de
serigrafia ou de produções gráficas.
Para ajudar estes estudantes a entender melhor o trabalho que executamos,
preparei este material com os conhecimentos adquiridos, sem qualquer pretensão
de uma obra acadêmica.
Vamos tratar aqui neste trabalho, de estampas executadas sôbre tecidos à metro,
que denominamos de “Corrida”, e das estampas executadas sobre uma peça de
tecido cortada, ou peça pronta, que denominamos de “Localizada”.
Estampas
Desde os primórdios dos tempos, desenhos coloridos são aplicados em
tecidos pelos seres humanos. Ou, pintava-se a própria pele, coisa que até hoje se
pratica com as tatuagens, ou nas tribos indígenas que ainda existem. Ou seja, o
ser humano adora se decorar!
Utilizavam-se pinturas manuais, carimbos, batiks, e serigrafia. Ainda hoje se usam
métodos antigos de estampagem, quer seja por tradição (batik na Indonésia), por
motivos artísticos e culturais, ou mesmo de estilo; não só em comunidades com
pouco acesso à tecnologia, como em ateliês que desejam reproduzir estas antigas
técnicas. A verdade é que, as técnicas primitivas ainda fazem sucesso e conferem
um charme especial, como alternativa à produção massificada.
Veja, por exemplo, as estampas de Bali, em batik, que já fizeram tanto sucesso no
Brasil, sobretudo em cangas de praia e lenços. Os exemplos encontrados até hoje
nas culturas asiáticas e africanas são exemplos riquíssimos de como cada cultura
decora suas vestimentas, e demais tecidos do cotidiano e da decoração, com
desenhos estampados.
Vimos, na televisão, como o povo sul-africano exibia orgulhosa e exuberantemente
sua vestimentas estampadas e coloridas durante a Copa do Mundo de 2010.
Estamparia manual e mecanizada
Desde o início, a serigrafia, era um processo artesanal e manual. Sendo uma
atividade manual facilmente mecanizável, com o tempo o engenho humano
inventou diversas maneiras de mecanizá-la e automatizá-la. Hoje convivemos tanto
com o processo mecanizado como com o processo manual.
Este com formidáveis recursos técnicos e químicos que permitem uma produção de
qualidade e durabilidade, só dependendo do treinamento e experiência do artesão.
A estamparia à quadro manual, corrida ou localizada, que utilizamos na COLORI,
é o método tradicional serigráfico, levado ao extremo do capricho e do
rebuscamento técnico
que se dispõe no mercado. Pode-se produzir, por exemplo, resultados super
interessantes, graças a tintas especiais, o que não seriam possíveis em processos
como o transfer ou a estampa digital.
A estamparia mecanizada é a solução para os grandes volumes de produção;
para as fabricas de tecido, para as encomendas de grandes cadeias de lojas ou
magazines, sobretudo em países onde os pedidos exigem muitos milhares de
metros ou peças, para a estampa corrida como para estampas localizadas.
Em países onde a mão-de-obra é melhor remunerada, a estampagem manual tende
a se tornar economicamente inviável. Ainda assim, mesmo na America ou Europa,
ainda são muito utilizados os carrosseis manuais, em oficinas ou confecções,
para produzir estampas localizadas para camisetas, bonés, flâmulas, itens
promocionais, etc.
Para a estamparia industrial de grande volume, existem diversos modelos de
máquinas que oferecem qualidade e alta produtividade, como veremos adiante.
Quando a necessidade de urgência, de exclusividade e volumes mais baixos de
produção se aliam, é quando as estamparias especializadas, de menor porte, como
a COLORI, se viabilizam.
Não faltam nunca clientes com este perfil. Neste caso, a serigrafia manual, torna
viável o atendimento à inúmeros empreendedores que desejam produzir artigos
estampados, em quantidades compatíveis com o tamanho de seus negócios.
O interessante é que algumas empresas maiores, também recorrem às estamparias
manuais para viabilizar prazos e designs exclusivos, devido à flexibilidade e à
rapidez com que esses pedidos conseguem ser atendidos.
Desde o século XIX, a estampa à metro vem sendo feita à quadro, à mão, sobre
longas mesas, sendo que, ao longo do tempo vários aperfeiçoamentos e
equipamentos foram sendo desenvolvidos para dar mais uniformidade e
regularidade ao resultado do trabalho de estampagem, como carrinhos para portar
os quadros, rodos com pesos para substituir a pressão braçal, acionados por
alavancas.
As modernas estamparias industriais se utilizam da estamparia mecanizada, à
quadro ou com cilindros, que devido aos alto custo do investimento em
equipamentos, normalmente estão integradas ao processo industrial das fabricas de
malhas ou tecidos, ou à estamparias industriais de grande volume.
Esse investimento é muito alto, pois além da máquina de estampar, tem-se que
adquirir também equipamentos para secagem e fixação da tinta, amaciamento e
ramagem do material à metro, e rebobinagem de velocidade e precisão, para
acompanhar a produção da máquina, que pode alcançar 80 metros por minuto.
Além disso, tintas à base de corantes, ainda exigem uma seqüência de vaporização,
lavagem, ramagem e secagem que alongam e encarecem ainda mais o processo, e
retardam os prazos de entrega, obrigando ao planejamento da encomenda com
grande antecedência.
Nas máquinas à quadro automáticas, o tampo da mesa é uma esteira rolante e
os quadros são instalados de forma para serem acionados mecanicamente, e que
vão subindo e descendo, imprimindo o material a medida que a esteira rolante vai
adiantando o material num deslocamento pré-estabelecido (medida do rapport,
atacadura em português, do desenho a ser repetido).
As máquinas de cilindros são construídas para atenderem a um determinado
número de cores, normalmente 6 a 12 cores, que dá para executar uma variedade
enorme de desenhos, imprimindo seqüencialmente cada cor num cilindro
diferente. O tecido é aderido à uma esteira e passa continuamente pela seqüência
de cilindros. A esteira é continuamente lavada na parte inferior da máquina, pois a
tinta passa para a esteira, dependendo to material estampado.
Estampas corridas realizadas em máquinas de estamparia, que utilizam até 12
cilindros (que na prática é uma tela cilíndrica feita em níquel). Podem estampar
algo como 50 metros, ou mais, por minuto.
O sistema manual, teoricamente não tem limite de cores. Mas, o normal são
estampas de 1 à 7 cores, já que cada cor adicional encarece o serviço manual.
Em decoração é que se usa um número maior de cores. Por isso estampas de
decoração costumam ser tão caras, pois os lotes de produção são pequenos, e os
quadros ficam guardados por longos períodos.
Existem também mesas automatizadas, onde um carrinho mecanizado, com
acionamento pneumático, recebe um quadro de cada vez, e imprime
automaticamente cada cor. Neste caso também se pode usar quantas cores se
desejar.
Grandes costureiros, que criam estampas elaboradíssimas, com 20 cores ou mais,
para fabricar meia dúzia de vestidos, que serão vendidos pelos “olhos-da-cara”
para umas poucas pessoas abonadas, também usam estas mesas. Já assisti no
canal GNT um filme sobre Yves Saint Laurent que mostrava exatamente esta
situação. Provavelmente, devem usar as impressões digitais atualmente.
No caso da arte serigrafia, onde são criadas obras artísticas em série limitada,
não é difícil de encontrar quadros realizados com dezenas de quadros. Já
testemunhei, numa exposição em uma feira de serigrafia nos EUA, um quadro com
350 cores, uma obra em pontilhismo, bem parecido com o pontilhismo de Georges
Seurat um mestre do impressionismo francês.
Havia vários com mais de uma centena de cores. Mas, até 12 cores é o mais
comum.
Imaginem o trabalho da separação de cores, da gravação das telas e da impressão
um investimento e tanto em tempo e material.
O processo da estamparia
Design e Arte Final
O inicio de tudo se dá com a escolha e o desenvolvimento do desenho a ser
reproduzido.
Pode começar com uma fotografia, com um desenho ou pintura manual ou uma
ilustração.
Um desenhista experiente prepara a arte, que pode ser manual – quando um
desenho requer habilidades artísticas, de desenho ou pintura – ou preparada em
software apropriado, que tanto pode ser um programa especifico para estamparia,
como o Lectra, como pode ser o Corel Draw ou o Photoshop.
Esses programas específicos para estamparia costumam ser caríssimos, e fora do
alcance da maioria dos profissionais. Que também não querem se especializar num
software que poucas empresas adquirem. Preferem se manter afiados no Photoshop
e no Corel Draw, para estarem preparados para o mercado de trabalho.
Em seguida ele gera a separação das cores, que consiste em se criar um desenho
para cada cor que compõe o desenho. O conjunto dos desenhos da separação das
cores constitui o que chamamos de “arte final”. Os programas separam as cores
automaticamente.
Atualmente este processo é quase todo feito no computador, com grande precisão,
e as artes finais impressas num plotter. A arte-final é encaminhada em seguida ao
setor de Telas, e vai resultar em uma tela para cada cor.
Não faz muito tempo, isso tudo era feito manualmente, com canetas de nanquim
(uma tinta preta própria para desenhar - na época todo mundo conhecia o
nanquim, hoje tem que explicar) pinceis, filmes de recorte, fotolitos, e poliéster
para desenho; uma mão-de-obra danada, mas ainda bastante utilizada por alguns
ateliers ou pequenas oficinas de silkscreen (os chamados fundo-de-quintal).
Telas
Após a boa arte final, é a ferramenta fundamental da serigrafia. É a tela, ou
matriz, que garante a qualidade e a repetibilidade da estampa.
A tela é basicamente é constituída da moldura (podem ser em madeira, alumínio
ou ferro) e de uma gaze, ou tecido, esticada e fixada na moldura, 2 parafusos e
uma “chaveta”, que permitem garantir o registro (encaixe) das cores.
Originalmente os quadros eram esticados com seda, daí o nome seri (seda em
latim) grafia, ou silk-screen (silk = seda em inglês, screen = tela).
Hoje se utiliza um tecido técnico de poliéster, fabricado exclusivamente para este
fim, devido à sua excelente resistência e estabilidade dimensional, que garante a
consistência do registro das cores da estampa por várias produções seguidas.
Na COLORI esticamos os quadros com os melhores tecidos suíços, japoneses e
coreanos, de poliéster monofilamento, esticados nas altas tensões necessárias à
obtenção de um quadro com características profissionais. A qualidade técnica da
matriz que garante a qualidade final da estampa.
Esse tipo de exigência dificilmente será atendido por um “fundo - de quintal”.
As telas são gravadas com a imagem de cada cor da arte-final. Assim, cada cor,
uma tela.
Para isto utiliza-se a emulsão fotossensível apropriada, que é aplicada
uniformemente, e com muita técnica, ao tecido do quadro. Existem diversos tipos
de emulsão, indicadas para diferentes tipos de necessidade de precisão.
Depois de seca, na posição horizontal - para não escorrer - a tela pode então ser
gravada.
Detalhe importante: a tela deve secar com a parte que entra em contato com o
material para baixo, pois no outro lado, dentro do quadro, é por onde o rodo vai
trabalhar. Assim a emulsão fica protegida da ação de fricção do rodo.
Prensa-se a arte final ou o fotolito entre a tela e o vidro da mesa de gravação (com
pesos ou com vácuo) e se expõe a uma fonte de luz, por um tempo determinado.
A área da emulsão que recebe a luz endurece. A protegida pelo desenho não,
mesmo os menores pontos de uma reticula. Após isto, revela-se a imagem com
um jato de água molha-se a tela. A área protegida pela arte, que não recebeu luz
escorre, deixando aberta a área por onde a tinta vai passar durante a impressão,
reproduzindo o desenho original.
Para as artes mais complexas, como as reticulas finas de uma quadricomia, utilizase emulsões especiais que exigem uma fonte de luz com alto grau de emissão
ultra-violeta, para a perfeita gravação dos detalhes.
Como se viu, telas serigráficas podem constituir um sofisticado instrumento de
produção, quando preparadas com profissionalismo e com materiais e técnicas
adequados.
Mas, o mais comum é encontrar telas de madeira, inadequadamente esticadas, com
tecido inferior, o que permite a qualquer um iniciar uma operação de “silk”.
O curioso é que muitos clientes de estamparias nem se dão ao trabalho de
conhecer o grau de profissionalismo das estamparias a quem entregam materiais
de alto valor para estampar.
Podendo, sem se dar conta, correr o risco de ter seu serviço com qualidade inferior
e/ou num prazo de entrega muito maior do que o prometido.
Ou seja, serigrafia, uma técnica com uma ampla latitude de aplicação, da
impressão do mais simples cartaz de preço de supermercado, à impressão de
sofisticados circuitos eletrônicos de alta precisão.
Qualquer um pode conferir essa precisão nos frascos e recipientes dos mais
diversos produtos, como shampoos, detergentes, perfumes, painéis eletrônicos,
CDs e DVDs, já que a única maneira mais pratica de imprimir estes objetos é
através da serigrafia, manual ou mecanizada.
Utilizamos todos nossos quadros, em medidas padronizadas, com molduras em
perfil retangular de aço galvanizado, conhecido no mercado como “metalon”.
O metalon é oferecido em várias medidas e espessuras de parede, permitindo
montar-se quadros de diferentes tamanhos, com a resistência que se deseje, para
suportar a alta tensão de esticamento das telas, que alcançam 28 Newtons, que é
uma medida de força, ou tensão.
Na COLORI as telas são esticadas num esticador eletro-mecânico e a tensão
desejada é controlada através de um tensiômetro, aparelho que se coloca no meio
do quadro esticado, onde um mostrador indica a tensão obtida.
Registro é o encaixe exato de cada cor do desenho nas demais cores que o
compõe.
Para conseguir isso as telas possuem 2 parafusos de apoio e outro com uma
“chaveta” .
Os parafusos regulam o movimento longitudinal e o angulo da estampa na hora do
registro e a chaveta o movimento lateral. Estes três elementos, devidamente
ajustados, se ajustam ao trilho e morcetes do dispositivo de impressão (mesa,
placa, bancada), e permitem que se possa estampar cada cor no seu devido
registro, estampa após estampa.
Numa máquina, o encaixe, bem regulado, se repete mecanicamente com exatidão,
ao longo de toda a produção. Já no processo manual cada aplicação é encaixada
manualmente e dependem das habilidades, experiência e capricho dos
estampadores.
Estampa Localizada
Estampas realizadas sobre peças cortadas, ou peças inteiras.
Podem ser manuais, como fazemos na COLORI, ou mecanizadas em carrosséis
automáticos, como usam uma Hering ou Sul Fabril, que possuem várias máquinas
deste tipo.
Justificam-se quando os lotes de produção são grandes e muitos, como mais de
3.000 peças por estampa. Fato comum com camisetas promocionais, onde o custo
de impressão e a urgência demandam a mecanização.
As estampas localizadas podem ser executadas na mesma mesa onde se faz as
estampas corridas ou em placas, ou berços, individuais de alumínio com
aquecimento, em carrosséis manuais, ou até mesmo em placas soltas de duratex.
As telas já são gravadas devidamente registradas e na posição correta para a peça
aonde a estampa será aplicada.
Estampa Corrida
Estampas realizadas em tecido ou malhas a metro. Como já vimos, manualmente
ou mecanizadas.
O segredo da estampa corrida está em confeccionar a arte de forma em que cada
batida consecutiva das telas, a emenda de uma batida com a outra não seja
percebida; que a estampa mostre um continuum absolutamente uniforme, como se
a emenda não existisse. Esta emenda, ou “rapport” chamada em português de
“atacadura”. Nós chamamos de rapport mesmo.
Chamamos de rapport também a largura de cada batida, ou melhor, a distância
entre as cruzetas de registro que define a distância entre os batentes da mesa (os
morcetes) que vão garantir o perfeito encaixe de cada batida consecutiva.
A arte gravada na tela da estampa corrida é, normalmente, composta de desenhos
menores, ou "módulos de repetição", que se encaixam perfeitamente em si
mesmos por todos os lados. A técnica e a qualidade da execução do módulo de
repetição são fundamentais para o resultado final.
Repetições mal resolvidas, vão gerar um tecido estampado com uma padronagem
que parecem “azulejos” , módulos perfeitamente discerníveis, quando eles
deveriam estar com suas emendas imperceptíveis.
Há desenhos com módulos de repetição pequenos - 10cm - caso de florzinhas
muito pequenas, como nas estampas “Liberty” Ou podem tomar quase a tela
toda, como numa estampa do estilista Pucci.
Listras longitudinais (ao comprido da mesa) não podem ser executas como
estamparia corrida à quadro, pois a emenda da batida da tela ficaria marcada.
Nenhuma área continua pode ser estampada em estamparia de quadro, só com
cilindros.
Para viabilizar a estamparia de quadros de certos desenhos, utilizamos recursos
para permitir que cada batida flua para a outra sem emendas percebíveis. Usamos
os elementos da estampa pra criar um caminho da emenda - raminhos, folhas,
intervalos, desenhos ou qualquer outro motivo que integre à estampa.
Com cilindros, pode-se estampar listras continuas no sentido longitudinal, o sentido
do urdimento.
Tecidos têm trama (transversal) e urdimento (longitudinal). Permite áreas
contínuas chapadas de tinta; como Poá (Pois), vazado na cor do tecido, impossível
de ser feito à quadro, onde a emenda de tintas sempre fica marcada e visível.
Neste século 21, já temos máquinas de estampar pelo processo de jato de tinta,
como nas impressoras de computador. A chamada estamparia digital.
Já existiam há alguns anos para produção de mostruários em pequenos lotes; mas
agora estão evoluindo, com mais velocidade, para a produção de quantidades
comerciais, com todo potencial que a técnica do jato de tinta proporciona. Em
velocidade não se compara ao processo mecanizado.
Ainda é muito caro, pois requer equipamento e tintas caros, preparação do tecido e
tratamento posterior de fixação.
Falso Corrido
Estampas realizadas sobre pedaços de tecidos cortado, ou paneau, podendo ter ou
não continuidade de emenda do rapport de uma estampagem para a outra.
Muito usada em pequenas estamparias que não possuem longas mesas de
estampagem, para simular a estampa corrida. Neste caso os paneaux assim
estampados são enfestado e o corte riscado e efetuado nas confecções. A perda de
tecido é maior, mas é a única maneira de viabilizar um corrido simulado em uma
pequena área.
Pode-se fazer falso corrido de forma corrida. Estampa-se como se fosse corrida,
mas cada batida de tela não emenda com a outra. Tem-se que cortar depois em
paneaux e enfestado (empilhado) como já mencionado.
Existem certa estampas onde isso é desejável. Por exemplo: estampar a bandeira
do Brasil, uma atrás da outra em um tecido à metro; ou uma canga de praia, ou
um lenço ou echarpe.
Ou vestidos, onde a flor principal tem que estar numa posição determinada: na
altura do peito por exemplo. Ou, fazer uma tela para estampar listras longitudinais
num tamanho que dê para cortar uma calça, com uma tela com um rapport da
dimensão necessária.
Na realidade, trata-se de uma estampa localizada feita em tecido à metro. Uma
estampa localizada, executada como corrida, em uma ou poucas batidas de tela.
Tintas
Existem basicamente os seguintes sistemas de tinta para estampar tecidos:

Com pigmentos
Pigmentos são matérias sólida, moída muito fina, em diversas cores.
Adicionada nas doses certas a uma base, ou pasta à base d’água, que contém
fixador, emulsionador, amaciante, água e outros aditivos conservantes, constituem
a tinta de estamparia.
Existem pastas (à base d’água) de cura ao ar (acrílica) ou de cura por calor.
A pasta com resina acrílica, de cura ao ar - não precisa de uma estufa para sua
cura - é muito usada em camisetas, e cura ao ar em 72 horas. São muito práticas
para estampas localizadas, porém têm um toque mais sólido, e não adequado para
uma blusa ou vestido todo estampado.
As pastas de cura por calor, por outro lado, têm um toque mais suave e macio.
Depois de lavadas e amaciadas ficam melhor ainda. São o que chamamos de tinta
TT - tintas translúcidas para serem estampadas sobre tecidos brancos. Mas
precisam ser fixada numa estufa.
Quando estampadas sobre tecidos coloridos elas se compõe com a cor do fundo
formando uma terceira cor, o que muitas vezes é o que se quer. No caso da tinta
preta o resultado é sempre o preto, e isto é muito utilizado, já que se tem um
tecido estampado em duas cores tendo-se estampado uma única cor, o preto (ou
qualquer outra cor mais escura que o fundo).
Pigmentos adicionados em excesso requerem mais fixador, o que endurece e
empapela a estampa - sendo assim não adianta tentar copiar certas cores muito
intensas de corante, com pigmento.

Corantes
São tintas feitas com corantes químicos cujo resultado é normalmente excelente:
cores mais vivas e vibrantes e absolutamente nenhum toque; porque mudam a cor
da fibra sem acrescentar matéria sólida.
É o que se encontra nas roupas mais finas, nos lenços de seda, nas cangas de praia
(dependendo da viscosidade da pasta, a estampa aparece também do outro lado do
material.
São chamados de corantes reativos, usados para estampas popeline, viscose, seda,
etc.
Para estampar lycra e poliéster usam-se os corantes ácidos.
Porque não a usamos? É um processo mais complexo e caro: o controle das cores é
difícil (só se vê a cor final depois da lavagem), o material estampado tem que ser
vaporizado em equipamentos que utilizam caldeiras e, depois, têm que ser lavados
para descarregar o excesso de corantes.
As cores têm que ser escolhidas de cartelas previamente preparadas, que já foram
lavadas e mostram as cores finais. Difícil é novos lotes de corantes serem
fornecidos exatamente iguais aos usados para as cartelas. Isso pode ocorrer
também com pigmentos - por isso usamos sempre os pigmentos de um mesmo
fornecedor.
No Rio de Janeiro não existem prestadores de serviço fazendo estampa corrida em
corante reativo. Os confeccionistas, quando solicitados pelas lojas, mandam fazer
em São Paulo.
A Colori esta pesquisando como oferecer esta alternativa à seus clientes, já tendo
preparado pilotagens com lindo resultados
Pode-se estampar lycra com pigmento, mas o resultado não é tão intenso quanto o
corante.
Mas tem ótimo valor decorativo, e utilizamos muito esta técnica na Colori, que
oferece excelentes resultados à diversos clientes de moda praia e moda intima.

Transfer sublimático
São papeis impressos com uma tinta a base de corante ácido que quando
pressionados com calor sobre um tecido com poliéster em sua composição,
transferem com solidez a estampa impressa para o tecido.
Existem máquinas que trabalham com papel em rolo, que transferem a estampa
continuamente para um tecido alimentado paralelamente na máquina.
Como estes papéis são impressos em offset, exatamente como papel de revistas,
conseguem-se uma qualidade de impressão muito precisa.
Quase toda roupa de alta qualidade em tecidos com poliéster são impressos assim.
Quando nos trazem uma estampa destas para copiar, a tarefa é difícil ou até
impossível – teria que ter acesso aos fotolitos originais da estampa em questão.
A única restrição é que se fica restrito aos desenhos trazidos pelos importadores de
papel de transfer (da França e da Alemanha, em geral). Não se tem também,
controle sobre a exclusividade. A não ser que se compre todo o lote de alguns
milhares de metros.

Plastisol
É uma tinta à base de plástico PVC. Normalmente ela é utilizada com um
toque mais forte, o que muitas vezes é desejável pelo cliente. Mas, com telas de
poliéster bem fechado, pode-se obter um toque bastante suave, imperceptível até.
Esta impressão precisa ser curada numa estufa à 165º C. O material tem que
agüentar esta temperatura sem encolher ou amarelar, ou mudar de cor. Aliás, todo
material tem que ser testado antes de se encetar o corte e a impressão.
É uma tinta que tem uma qualidade importante em relação à produtividade e à
mecanização da impressão: já que elas não secam nunca, não entopem telas; o
que permite largar a tinta na tela e ir almoçar. Elas não secam, elas são curadas, e
se fundem no material onde estão sendo impressas.
Nos carrosséis automáticos só se pode usar esta tinta pois, como não secam nem
estopem as telas, a produção não é arruinada porque a tela de alguma das cores
entupiu e a cor ficou falhada.
Além do mais, no final do expediente pode-se deixar as telas no lugar, devidamente
no registro, para retomar o trabalho no dia seguinte.

Tinta de cobertura
São usadas quando se deseja estampar sobre tecidos ou malhas coloridas,
sobretudo nas cores mais escuras.
Podem ser TT, acrílicas ou plastisóis.
Recebe em sua composição, óxido de titânio finamente moído.
No caso das tintas à base d’água, o pigmento branco acrescenta mais um fator
sério de entupimento de telas.
O pigmento branco é muito maior que o pigmento colorido: como comparar uma
bola de futebol com uma cabeça de alfinete.
Quando se usa tinta de cobertura as telas utilizadas precisam estar esticadas com
um tecido com uma trama mais aberta, que permita a tinta fluir sem provocar
entupimentos.
A tinta plastisol de cobertura não entope, e trabalha com telas onde as tintas à
base d’água não poderiam ser usadas. Isto permite bons detalhes, mesmo em
letras finas em branco sobre fundo escuro, ou retícula de policromia ou indexado.
As tintas de cobertura normalmente são repicadas, ou seja, estampadas como uma
segunda demão, para poder efetuar uma cobertura eficiente.
Na estampa corrida procuramos usar as tintas de cobertura com parcimônia, pois
não só têm um toque mais sólido devido ao depósito de mais pigmentos brancos,
como não se repica estas cores. Repicar cores na estampa corrida a encareceria
demasiadamente. Assim o branco fica meio off-white, ou um branco sujo. Se o
fundo é de cor clara ou pastel a cobertura é muito boa.

Tintas especiais
Todas nossas tintas à base d’água são preparadas por nós.
Para confeccionar outras tintas especiais adicionamos componentes para se obter
outros visuais.
Nesta categoria estão as tintas de expansão ( ou “puff” ), as tintas peroladas, onde
se acrescenta um produto importado chamado iriodine.
Usamos também pigmentos metalizados para conseguir tintas dourada, prateada,
bronze, ouro velho.
Há ainda a adição de “glitter” e purpurina. O “glitter” é uma purpurina com
partículas um pouco maior. É feita normalmente em poliester metalizado, e é
fornecido em várias cores além do tradicional prata e ouro.
Estas tintas podem ser usadas tanto na estampa corrida como na localizada.
A tinta plastisol é usada apenas na estampa localizada, já que, como não secam,
não há como fazer a cura intermediária entre as cores, o que é possível ao
estampar peças cortadas, ou inteiras.

Processos especiais
Temos muitas estampas que utilizam processos especiais, ou uma
combinação de vários processos:
Flocagem- aplica-se uma camada de flocos (usualmente de rayon) orientada
eletrostáticamente, para dar um efeito de veludo ao desenho.
Foil metálico- prensa-se uma folha metalizada aplicando ao desenho um filme
dourado, prateado ou coloridos metalizados.
Miçangas coloridas- aplica-se estes elementos em detalhes da estampa ou
até num desenho pequeno, mais delicado.
Brilhantes, tachas e estrelas Swarovsky- usadas para dar toques e
embelezar estampas.
Ainda é possível combinar estes processos, acrescentar bordados ou crochets, ou
ainda folhas, fios de lã, recortes de feltro, ou o que a criatividade inventar, e a
técnica permitir.
Obviamente existem custos associados a esta viagem criativa, que muitos clientes
escolhem por serem de vanguarda; ou por sua clientela absorver tranquilamente
este tipo de custo em nome da diferenciação.
Links úteis
Editora SERTEC – para achar publicações sobre serigrafia:
http://www.gruposertec.com.br/
Para clientes que procuram facções: http://www.costuraexterna.com.br/
Qualquer dúvida a respeito dos tópicos aqui abordados pode ser encaminhada ao nosso
e-mail. [email protected]
Jorge Medeiros
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Uma pequena introdução à Estamparia