A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA CONSTRUÇÃO DE UM PARLAMENTO DEMOCRÁTICO : uma abordagem histórica dos trabalhos da “Comissão Especial de Elaboração do Estatuto da Mulher (1937)”. Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós- Graduação do Cefor como parte das exigências do curso de Especialização em Instituições Políticas e Processos Políticos do Legislativo Aluna: MARILENE MENDES SOW 2008 BRASÍLIA SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO p. 03 2. OBJETIVOS p.05 2.1 OBJETIVOS ESPECIFICOS p.05 3. p.06 PROBLEMA 4. HIPÓTESES p.07 5. METODOLOGIA p.07 6. CRONOGRAMA p.08 7. BIBLIOGRAFIA p.09 2 1. APRESENTAÇÃO As mulheres tiveram seus direitos ao sufrágio garantido com o Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932 que regulamentava o alistamento e o processo eleitoral no país. Esse ato normativo assegurava o sufrágio universal e secreto, concedendo o direito de voto a todos brasileiros maiores de vinte e um anos, alfabetizados e sem distinção de sexo. Por fim, a população feminina do Brasil tinha um motivo para comemorar, a luta parecia ter chegado ao fim obtivera a cidadania política. Porém, outra batalha estava por vir o reconhecimento da capacidade intelectual do eleitorado feminino, conquistar espaço no debate político brasileiro, fazer sentir a presença feminina no parlamento , segundo ARAÚJO (2003): ...”ainda que reconhecido o direito da mulher ingressar na vida política do país, através do livre exercício do voto ou como candidata às eleições sua participação ensejava inúmeras reações negativas, que iam da pura e simples contestação ao questionamento sobre sua capacidade intelectual para bem cumprir tal desiderato”. No entanto, a passagem da vida doméstica, privada e familiar, para a coletiva, pública e social, dava-se por meio do ingresso nas associações religiosas: à mulher cabia a tarefa de fazer caridade. Em 1918, Bertha Maria Lutz, bióloga, paulista de nascimento e um grupo de mulheres criam no Rio de Janeiro uma organização chamada “Liga para Emancipação Intelectual da Mulher”, posteriormente, passou a chamar “Liga pelo Progresso Feminino”, que em 1922, essa mesma associação converteu-se em Federação Brasileira para o Progresso Feminino, organizando nesse período o I Congresso Internacional Feminista no Rio de Janeiro. Na Assembléia Constituinte de 1933, apenas uma mulher conseguiu assento na Assembléia Constituinte, Carlota Pereira de Queiroz, eleita por São Paulo pelo Partido Autonomista do Distrito Federal como representante da Liga Eleitoral Independente, entidade fundada por ela que defendia os direitos da mulher em 1936 ocupou uma cadeira na Câmara. A essa ilustre damas da sociedade coube a tarefa da mais árdua luta como pioneiras na tribuna política: a defesa dos interesses femininos: tirar a imagem domesticada da mulher, da inércia da vida familiar às atividades políticas. Posteriormente, Bertha Lutz e Carlota organizaram-se uma Comissão Especial na Câmara dos Deputados com o propósito de redigir um Estatuto para Mulher que em seu conjunto, foi organizado, consultando a própria interessada, através do movimento feminino periodicamente reunido no Congresso Nacional e com representação nacional e internacional, atendendo às opiniões dos juristas e outros peritos conhecidos, para o fim expresso de regulamentar os dispositivos da legislação ordinária de acordo com os direitos e obrigações constitucionais da cidadã. 3 As Mulheres permaneceram em luta, na Constituinte de 1987 eram 26 mulheres dentro dos 590 parlamentares que durante 20 meses (de fevereiro de 1987 até outubro de 1988) debateram os rumos de um novo estado democrático para o país. Na Carta Magna de 1988, a garantia da igualdade de direitos e obrigações entre homens e mulheres foi escrita pela primeira vez. E as conquistas não terminaram, uma importante vitória no século XXI a Lei Maria da Penha pretende acabar com a violência doméstica assegurando a mulher mais proteção contra o seu agressor. 4 2. OBJETIVO GERAL : Investigar a atuação feminina pelas conquistas da proteção a maternidade e a infância, igualdade salarial , instituição de licença maternidade remunerada, além do pleito ao acesso irrestrito de mulheres a cargos públicos previstos no Estatuto da Mulher, documento elaborado por uma Comissão Especial na Câmara dos Deputados presidida por Bertha Lutz em 14 de outubro de 1937. Relacionar as reivindicações arroladas no documento acima descrito e com um estudo comparativo da legislação vigente, apontar quais as demandas se efetivaram no campo jurídico plenamente aceitas, ou aceitas com restrições. Resumindo, o que realmente virou lei, o que está contemplado no nosso ordenamento jurídico atual ( civil, penal, tributário e outros). 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS : Documentar sobre a história feminina, a representação parlamentar, as conquistas e suas implicações políticas e sociais para as mulheres atualmente. Oferecer subsídios para um estudo histórico do exercício da cidadania feminina no Brasil. 5 3. PROBLEMA Poucos estudos abordaram a fase documental da pesquisa nos Anais da Câmara dos Deputados, os projetos, incluindo a discussão, votações sobre a representação parlamentar da bancada feminina no período de 1937 a 1988 ( Período em que foi promulgada a Constituição Cidadã, em que as mulheres obtiveram um número relevante de direitos assegurados) . O Estudo compreende a análise da tramitação da proposição da “Commissão Especial do Código de Processo Penal” para Elaboração do Estatuto da Mulher de 14 de outubro de 1937, que se reuniu no dia 18 de outubro de 1937, dividida em 04 (quatro) subcomissões para “propor modificações na legislação ordinária decorrentes dos direitos novos da mulher(sic)” O Exame dos discursos, emendas, pareceres e relatório, caso houver notícias da imprensa sobre o assunto e depoimentos das feministas na mídia escrita da época, o que possibilita a elaboração de um quadro comparativo com o pensamento atual das mulheres que pleiteiam mais conquistas para o eleitorado feminino. 6 4. HIPÓTESES A Igualdade política, jurídica e econômica das mulheres foi uma iniciativa pioneira da bancada feminina na Câmara dos Deputados, composta pelas deputadas Carlota Pereira de Queiroz e Bertha Lutz. É o Estatuto da Mulher uma proposição inovadora para o Brasil e o mundo? Já que a conquista ao voto pelas mulheres brasileiras aconteceu bem antes que alguns países europeus, na França estabeleceu o voto feminino apenas em 5 de outubro de 1944. No Brasil, o sufrágio universal e secreto foi estabelecido em 24 de fevereiro de 1932. 5. METODOLOGIA A metodologia a ser utilizada é o método histórico-descritivo que investigará os acontecimentos pertinentes ao tema no período descritivo e suas implicações na sociedade civil atual. Como descrito no objetivo geral listar o que foi divulgado, demandado e conquistado. Utilizarei da pesquisa bibliográfica do acervo do Centro da Documentação e Informação – CEDI, uma revisão histórica /documental o projeto de lei da Comissão Especial do Código de Processo Penal que teve como objetivo a “Elaboração do Estatuto da Mulher” sob a presidência da deputada Bertha Lutz que pode ser consultado na página da intranet da Câmara dos Deputados , no qual o acervo dos Diários da Câmara dos Deputados/ Diários do Congresso Nacional; Anais da Câmara dos Deputados; Anais e Diários das Assembléias Constituintes encontram-se digitalizados e por último uma pesquisa nos discursos dos parlamentares que também encontram-se em imagens digitais o sítio da Câmara dos Deputados do ano de 1937 (período de tramitação do projeto de lei nº 736/1937) . Após a leitura de toda a documentação será feita uma triagem e classificação quanto a pertinência do documento em relação ao tema proposto. A relação de pertinência para o classificador será a categorização dos direitos reivindicados pela bancada feminina no Estatuto, exemplo a) tema “ Jornada de trabalho” será considerado como relevante para a investigação os documentos que incluírem em suas reivindicações a presença da mulher. Por conseguinte tornará possível a elaboração da monografia pela coletânea dos estudos históricos inserindo as opiniões críticas do pesquisador. 7 6. CRONOGRAMA MAIO/JUN/JULHO 2008 AGO/SET/OUT/NOV 2008 DEZ./JAN. 2008/2009 FEVEREIRO 2009 Coleta dos dados Análise dos dados Compilação Elaboração da monografia / revisão Entrega do trabalho final 8 7. BIBLIOGRAFIA ARAÚJO, Rita de Cássia Barbosa de. O voto de saias : a Constituinte de 1934 e a participação das mulheres na política . Estudos Avançados, ano 17, v.49, p133150. 2003. BASTOS, Lília da Rocha. Manual para a elaboração de projetos e relatórios de pesquisa, teses, dissertações e monografias. 4 .ed. Rio de Janeiro, 1996. 96 p. DEL PRIORE, Mary. História das mulheres no Brasil. São Paulo, Contexto, 1997. 678 p. DIÁRIO DO PODER LEGISLATIVO. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1910-1937. SCHUMA E SCHUMAHER, Érico Vital Brasil. Dicionário das mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade : biográfico e ilustrado. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2000. 9