COMISSÃO DE AUTO-AVALIAÇÃO LICENCIATURA EM QUÍMICA (RAMO DE ENSINO E RAMO CIENTÍFICO) UNIVERSIDADE DA MADEIRA COMENTÁRIO AO RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO EXTERNA JULHO DE 2003 1 1. Introdução A Comissão de Auto-Avaliação (CAA) da licenciatura em Química (Ramo de Ensino), da Universidade da Madeira (UMa), saúda a objectividade e o modo sistemático como decorreram os trabalhos durante a visita da Comissão de Avaliação Externa dos Cursos de Ciência Física (CAE). Tal como foi expresso no Relatório de Auto-Avaliação (RAA), o espírito deste processo foi o de analisar de forma crítica a situação da licenciatura em Química da UMa, de forma a implementar reformas conducentes à adaptação do curso à realidade presente e sua preparação para o futuro. Nestes aspectos, a interacção com a CAE foi importante, permitindo-nos beneficiar pela partilha da experiência adquirida noutros trabalhos de avaliação de licenciaturas em diversas instituições de ensino superior. Teve lugar uma crítica construtiva, havendo sugestões alternativas para a correcção de casos particulares e para a harmonização do plano curricular da licenciatura. O reconhecimento, pela CAE, dos esforços conduzidos pelo Departamento de Química da UMa, no sentido de aumentar a qualificação do seu corpo docente e de incrementar a actividade de investigação científica e a recomendação do investimento para aquisição de um equipamento de Ressonância Magnética Nuclear, para o reforço da “componente de investigação e a interacção com entidade externas”, foram recebidos como um estímulo positivo. Embora, anteriormente à visita da CAE, tenha sido preparada uma alteração do planos de estudos da licenciatura (a entrar em vigor no ano lectivo de 2003/2004), ficou claro que ainda não ficam corrigidas algumas assimetrias, abrindo-se o caminho para uma restruturação mais profunda. Este trabalho, que também envolve a revisão da componente das Ciências da Educação, da Matemática e da Física, deverá ser conduzido no âmbito do processo de Bolonha e exigirá o envolvimento de toda a comunidade académica da UMa, e não apenas o Departamento de Química. No Relatório de Avaliação Externa (RAE) são levantadas algumas questões sobre aspectos que ainda terão ficado mal compreendidos, pelo que se seguem alguns esclarecimento adicionais. 2 2. Esclarecimentos Adicionais 2.1 Inquéritos e Sistema de Gestão da Qualidade Desde há vários anos que o processo de auto-avaliação, instituído no Departamento de Química, e na UMa em geral, envolve a organização de um “dossier de disciplina”, onde figuram diversas informações relativas ao funcionamento desta. Integrado neste processo, encontrava-se o preenchimento (opcional pelos alunos) de um modelo de inquéritos, cujo objectivo seria o de fornecer uma avaliação, pelos alunos, do funcionamento da disciplina. Os resultados seriam alvo de uma análise estatística que visava a obtenção de um valor numérico (entre 1 e 5) que caracterizava cada uma das componentes do inquérito. O cruzamento das informações das várias disciplinas entre si, para obter uma imagem global do curso nunca foi realizado. Durante a realização do RAA verificaram-se vários factores que invalidaram a utilização dos inquéritos para uma análise quantitativa. Ou não havia inquéritos preenchidos (ex: nas disciplinas com muito poucos alunos), ou o número de inquéritos por disciplina era demasiado baixo, ou a dispersão de resultados tornava a análise duvidosa. Já durante o ano lectivo de 2001/2002, foi reconhecido que os inquéritos, impressos e com a estrutura utilizada, não constituem uma fonte segura de informação. Como primeira abordagem para a resolução do problema, foi criada uma versão para preenchimento on-line a que os alunos podem aceder através da sua área no sistema informático da UMa, sendo assegurado o sigilo absoluto. Este sistema já funcionou em 2002/2003 e permite ao Director de Curso obter um relatório dos resultados de todas as disciplinas do curso. Em Fevereiro de 2003 foi criada uma comissão do Conselho Pedagógico da UMa, para analisar as reformas a introduzir, com vista à implementação de um sistema de gestão da qualidade, a nível geral da universidade. O primeiro passo consistiu na criação de um modelo de base de dados onde será reunida toda a informação relativa às disciplinas e aos cursos ministrados na UMa, incluindo programas, recursos humanos envolvidos e respectivos curricula, recursos físicos e financeiros, estatísticas de aprovações, resultados de inquéritos e sua análise estatística, ferramenta de registo de sumários de lições on-line. Esta base de dados será utilizada para gerar, de forma automática, todas as tabelas e fichas necessárias à elaboração de futuros relatórios de auto-avaliação. Outra tarefa em curso, consiste na reformulação do modelo de inquérito, para uma forma mais objectiva e a sensibilização dos alunos para a importância do seu preenchimento. 3 2.2 Âmbito Nacional dos objectivos do curso Os objectivos expressos no RAA não transparecem completamente a realidade. É evidente que o curso de Química não se destina apenas à formação de docentes e químicos, exclusivamente para a Região Autónoma da Madeira (RAM). Os alunos são encorajados a alargar os seus horizontes e a não serem restritos nos seus objectivos de vida. No Ramo Científico, procura-se sempre que possível, encontrar estágios profissionais ou científicos fora da RAM e até mesmo fora de Portugal. No Ramo de Ensino os efeitos da insularidade são particularmente influentes, sendo de todo impossível, e mesmo impraticável, encontrar estágios pedagógicos fora da ilha da Madeira (nem sequer em Porto Santo). Terminado o estágio pedagógico todos os licenciados concorrem a nível local, onde ainda encontram alguma vantagem nas colocações, sendo irrealista colocar como objectivo a “exportação” de professores. Também aqui se encontra uma relação com o número de alunos de idade mais avançada e o excesso de dois anos no prazo de conclusão da licenciatura. Uma boa parte é constituída por professores sem habilitação própria que vêm completando a sua formação, sofrendo as restrições de ordem prática inerentes ao estatuto de trabalhador estudante. Os restantes são indivíduos já inseridos no mercado de trabalho que completaram o 12º ano e se candidataram à universidade, com uma idade superior ao normal. Esta também é uma das especificidades da UMa, tendo já sido tema de discussão a possibilidade de criar horários póslaborais. 2.3 Plano Curricular Em relação à Disciplina de Opção I, dividida entre o Inglês e a Introdução à Computação, o problema foi notado pela Comissão de Auto-avaliação, tendo sido resolvido na proposta de alteração do plano curricular (consultar Anexo I). A disciplina de Inglês deixa de fazer parte do plano de estudos, mas pode ser frequentada como Opção Complementar. A disciplina de Introdução à Computação (3 U.C.), passa a ser de carácter obrigatório, sendo transferida para o primeiro semestre lectivo. A disciplina de Opção IV (que passa a Disciplina Optativa III) pretendia ser uma opção real. Limitações nos recursos humanos do Departamento de Física da UMa, impõem a existência de apenas uma opção, que actualmente é Física Atómica e Nuclear. Uma 4 alternativa com especial interesse, que se encontra em estudo, seria uma opção de Astronomia, com especial interesse para a formação dos licenciados em Ensino da Química. O RAE menciona a ausência, no novo plano de estudos, da disciplina de Sociologia da Educação. Esta omissão resulta de um lapso no documento que foi entregue à CAE, porque a disciplina continua a fazer parte do plano de estudos da licenciatura em Ensino da Química (consultar Anexo I). Também é mencionado um tratamento pouco exaustivo das propriedades periódicas dos elementos, na disciplina de Química Inorgânica I. Esta conclusão baseia-se na análise da resumo do programa da disciplina. O dossier desta disciplina contém uma versão mais detalhada do programa, onde se pode verificar que as matérias mencionadas são exaustivamente cobertas (consultar Anexo II). 2.4 Sistema de tutelado Tal como foi sugerido no RAA, vai arrancar no ano lectivo de 2003/2004 um sistema de tutelado, em regime experimental, que irá abranger todos os alunos matriculados em 2002/2003 e 2003/2004, assim como alguns alunos com insucesso prolongado e sistemático. O objectivo deste sistema será o de fornecer uma orientação mais directa e eficaz, procurando colmatar algumas falhas na formação pré-universitária, e ajudar na aquisição de métodos de estudo adequados. O regulamento deste sistema de tutelado encontra-se ainda em preparação. 2.5 Orçamento e Custo por Aluno No último parágrafo da secção 6, Recursos de Apoio, do RAE, é referido um aumento acentuado dos recursos financeiros utilizados pelo curso, entre os anos de 1997 e 2001. Analisando os dados financeiros fornecidos pela Secção de Orçamento e Finanças da UMa e o parâmetro Alunos ETC, pode notar-se um aumento de 70% no custo médio por aluno, no período referido. Também é possível observar que a maior parte do aumento verificado, quase se deve ao aumento das despesas com o pessoal docente (quase 50%). A parte restante, dividida por 5 anos, corresponde a um aumento anual médio de 5.6%, que não parece exagerado. De 2000 para 2001, pode ainda notar-se o efeito da diminuição do número de alunos. Deve recordar-se que nos últimos anos o número de docentes do DQ em tempo integral aumentou significativamente, em conjunto com o nível de habilitações e respectiva categoria profissional. 5 ANEXO I – Plano Curricular para o ano lectivo de 2003/2004 (DR-II Série - N.º 153, 5 Julho de 2003) Tronco Comum RAMO ANO SEM DISCIPLINA ÁREA Carga Horária U.C. T TP P H.L. TC 1 1 Física Geral I Física 4.5 2 2 3 7 TC 1 1 Fundamentos de Química I Química 5 3 1.5 3 7.5 TC 1 1 Introdução à Computação Matemática 3 2 1.5 TC 1 1 Matemática I Matemática 6 4 TC 1 2 Fundamentos de Química II Química 5 3 TC 1 2 Matemática II Matemática 4 3 TC 1 2 Organização e Segurança de Laboratórios Química 1 1 TC 1 2 Química Orgânica I Química 3.5 2.5 3 5.5 TC 1 2 Técnicas Laboratoriais Química 3 1.5 4.5 6 TC 2 1 Física Geral II (Electromagnetismo) Física 4.5 2 2 3 7 TC 2 1 Métodos Estatísticos Matemática 3 2 1.5 TC 2 1 Química Analítica I Química 3.5 2.5 3 5.5 TC 2 1 Química Inorgânica I Química 3.5 2.5 3 5.5 TC 2 1 Química-Física I Química 4 2 3 5 TC 2 2 Ética e Documentação Química 2.5 1.5 1.5 3 TC 2 2 Física Geral III (Óptica) Física 4 3 2 5 TC 2 2 Química Analítica II Química 3.5 2.5 3 5.5 TC 2 2 Química Inorgânica II Química 3.5 2.5 3 5.5 TC 2 2 Química-Física II Química 3 2.5 1.5 4 TC 3 1 Bioquímica Geral Química 3.5 2.5 3 5.5 TC 3 1 Disciplina Optativa I Química 3.5 2.5 3 5.5 TC 3 1 Electroquímica Química 3.5 2.5 3 5.5 TC 3 1 Química Orgânica II Química 4 3 3 6 TC 3 1 Química-Física III Química 3 2 TC 3 2 Disciplina Optativa II Química 4 3 TC 3 2 Espectroscopia Molecular Química 4.5 2.5 1.5 TC 3 2 Métodos Computacionais Química 2 1 1.5 TC 3 2 Métodos Instrumentais de Análise Química 3.5 2.5 1.5 3.5 3 7 3 7.5 2 5 1 3.5 1.5 3.5 3 6 3 7 2.5 3 5.5 6 ANEXO I – Plano Curricular para o ano lectivo de 2003/2004 (DR-II Série - N.º 153, 5 Julho de 2003) Ramo Científico ANO SEM DISCIPLINA ÁREA Carga Horária U.C. T TP 3 P H.L. 4 1 Análise Estrutural Química 4.5 2.5 5.5 4 1 Química Inorgânica Avançada Química 4.5 3 4.5 7.5 4 1 Química Orgânica Avançada Química 4.5 3 4.5 7.5 4 1 Termodinâmica Molecular Química 4.5 2.5 4 2 Projecto Científico Química 15 DISCIPLINA ÁREA U.C. 3 5.5 Ramo Ensino ANO SEM Carga Horária T TP 3 P H.L. 4 1 História e Filosofia da Educação C.Educação 3 1 4 4 1 Métodos de Investigação em Educação C.Educação 2 1 3 4 4 1 Psicologia da Educação I C.Educação 3 2 3 5 4 1 Sociologia da Educação C.Educação 3 2 3 5 4 1 Teoria e Desenvolvimento Curricular I C.Educação 3 2 3 5 4 2 Didáctica da Física Física 2.5 1 2 3 4 2 Didáctica da Química Química 2.5 1.5 1.5 3 4 2 Disciplina Optativa III Física 3.5 2.5 3 5.5 4 2 Organização e Administração Escolar C.Educação 3 2 3 5 4 2 Psicologia da Educação II C.Educação 3 2 3 5 4 2 Teoria e Desenvolvimento Curricular II C.Educação 3 2 3 5 5 12 Estágio Pedagógico Química - 5 12 Seminário Química 1.5 5 12 Seminário Temático C.Educação 1.5 7 ANEXO II – Programa da disciplina de Química Inorgânica I 1-Teóricas 1.1 Introdução Formação dos elementos; Características das ligações químicas; Estruturas dos sólidos cristalinos; Oxidação-redução; Classificação dos elementos (Tabela Periódica). 1.2 Periocidade e comportamento químico dos elementos 1.2.1 O Hidrogénio e seus compostos 1.2.2 Os metais do Bloco s Características gerais; Ocorrência e isolamento Analogias e diferenças; Reacções redox; Formação de complexos. 1.2.3 Os metais do Bloco d Características gerais; Ocorrência e extracção; Analogias e diferenças; Estados de oxidação; Compostos com ligações metal-metal; Reacções redox; Introdução à química de coordenação. 1.2.4 O Bloco p Características gerais; Os metais do Bloco p; Ocorrência e obtenção; Estados de oxidação; Elementos do grupo 13/IIIB: química do Boro e do Alumínio; Elementos do grupo 14/IVB: química do Carbono e do Silício; Elementos do grupo 15/VB: química do Azoto e do Fósforo; Elementos do grupo 16/VIB: química do Oxigénio e do Enxofre; Elementos do grupo 17/VIIB: halogéneos e as suas propriedades; Elementos do grupo 18/VIII: gases raros. 1.2.5 Os metais do Bloco f Características gerais; Ocorrência, obtenção e aplicações; Lantanídeos e Actinídeos. 1.3 Introdução à química de coordenação 1.3.1 Teoria de Werner Valências primárias e secundárias. 1.3.2 Definição de complexo Estabilidade cinética e termodinâmica. 1.3.3 Regras de Nomenclatura da IUPAC 1.3.4 Números de coordenação e estruturas mais correntes 8 ANEXO II – Programa da disciplina de Química Inorgânica I (continuação). 1.3.5 Isomerismo nos compostos de coordenação Isómeros geométricos e ópticos; Isómeros de ionização, de coordenação e de ligação. 1.3.6 Centros de coordenação e ligandos. 1.4 Modernas teorias da ligação química nos compostos de coordenação 1.4.1 Teoria do enlace de valência Propriedades magnéticas. 1.4.2 Teoria do campo cristalino Cor dos complexos. 1.4.3 Teoria do campo de ligandos. 2-Práticas 2.1 Reacções características dos elementos dos grupos 1/IA, 2/IIA e 3/IIIB: a) acção dos metais alcalinos sobre água; b) estudo dos carbonatos dos metais alcalinos; c) acção dos metais alcalino-terrosos sobre água; d) estudo dos sais dos metais alcalino-terrosos; e) reacções do alumínio metálico e alumínio (III); f) reacções dos carbonatos e hidrogenocarbonatos. 2.2 Reacções dos iões nitrato, nitrito, sulfureto, sulfito, sulfato. Reacções dos halogéneos 2.3 Reacções do estanho, chumbo, antimónio e bismuto: a) reacções do estanho metálico, estanho (II) e (IV); b) reacções do chumbo metálico, chumbo (II); c) reacções do antimónio (III) e do bismuto (III). 2.4 Reacções dos iões cobre, manganês e crómio: a) reacções dos iões cobre (II); b) reacções dos iões manganês (II), (IV) e permanganato; c) reacções dos iões crómio (III) e dicromato. 2.5 Reacções dos iões ferro, cobalto e níquel: a) reacções dos iões ferro (II) e ferro (III); b) reacções dos iões cobalto (II); c) reacções dos iões níquel (II). 2.6 Teoria do campo cristalino, influência do ião central: a) preparação de soluções; b) medidas de absorvância (traçado de espectros); c) tratamentos de resultados. 9 ANEXO III – Recursos Financeiros, utilizados pelo curso de Química, entre 1997 e 2001 (milhares de euros) Ano 1997 Verba Despesas Atribuida Pessoal Directamente [A] ao Curso 429.187 1998 1999 354.369 560.962 2000 2001 495.583 639.677 Verba Atribuida ao DQ Total [B] Alunos ETC Variação Variação Despesas Custo/Aluno Diferença Custo/Aluno Pessoal (%) (%) [D]-[C] [C] [D] 2.467 429.187 174 29.604 73.468 35.191 427.837 625.757 174.5 175.7 2.452 3.562 -17.4 30.7 -0.6 44.4 16.8 13.7 21.697 20.217 43.626 47.097 560.906 706.991 177.2 161.7 3.165 4.372 15.5 49.0 28.3 77.3 12.9 28.2 [A] Despesas com pessoal docente e não docente, incluindo verbas utilizadas na contratação de docentes externos à UMa; [B] Total de todas as verbas associadas aos cursos da responsabilidade do DQ. [C] 100 ⋅ ([ A]ano − [ A]1997 ) [ A]1997 [D] 100 ⋅ ( Custoano − Custo1997 ) Custo1997 10