AVALIAÇÃO DA POSIÇÃO CONDILAR EM PACIENTES COM DTM ANTES E APÓS
TERAPIA COM PLACA OCLUSAL POR MEIO DE TOMOGRAFIA
COMPUTADORIZADA DE FEIXES CÔNICOS
Deícola Coelho Filho, Bárbara de Quadros Tonelli, Luis Antônio Nogueira dos Santos, Marcelo Oliveira Mazzetto
Introdução
As disfunções temporomandibulares (DTM) são definidas como um termo coletivo que abrange as patologias
associadas aos músculos da mastigação, a articulação temporomandibular (ATM) ou ambos. As desordens da ATM são
uma categoria ampla das DTM que surgem das estruturas capsulares e intracapsulares. Estas desordens são enquadradas
em três categorias: desarranjo do complexo côndilo-disco, incompatibilidade estrutural das superfícies articulares e
desordens articulares inflamatórias. Um dos tratamentos eficientes é a terapia com placa interoclusal estabilizadora,
porém, o mecanismo de ação pelo qual a placa interoclusal estabilizadora pode reduzir os sinais e sintomas da DTM
ainda é inconclusivo. Existe uma controvérsia sobre o mecanismo exato através do qual as placas oclusais reduzem os
sintomas. Considerando a posição condilar, a maioria das placas pode alterar a sua posição para uma posição músculoesqueleticamente mais estável ou para uma posição mais estruturalmente compatível e funcional (OKESON, 2008) [1].
Desta forma ela poderia causar alívio das sobrecargas nas ATM (PAIVA; MAZZETTO, 2008) [2]. Para visualizar a
ATM é necessário o auxílio de exames por imagens. A imagem obtida com tomografia computadorizada é em tamanho
real e com cortes tomográficos que eliminam a sobreposição de imagens de outras estruturas anatômicas sobre as
estruturas de interesse no exame. Assim, a tomografia computadorizada é o exame por imagem mais confiável para
avaliar posição condilar (GUIMARÃES; FERREIRA, 2012) [3].
O objetivo deste trabalho foi avaliar a posição condilar em pacientes com DTM articular, antes e após tratamento com
placa interoclusal estabilizadora, por meio de tomografia computadorizada de feixes cônicos (cone-beam). Para tanto,
este estudo foi direcionado para avaliar se há alteração espacial entre o côndilo e a cavidade articular após tratamento
com placa interoclusal estabilizadora e avaliar se há alteração espacial entre o côndilo e a cavidade articular com o
paciente usando a placa interoclusal estabilizadora, em oclusão com a mesma.
Material e Métodos
Para o desenvolvimento deste trabalho foram avaliados e triados 18 pacientes, 03 homens (16,66%) e 15 mulheres
(83,33%), com idade entre 19 e 49 anos (média: 33,22 anos), com sinais e sintomas de DTM articular, segundo o
Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders - RDC/TMD (DWORKIN; LeRESCHE, 1992) [4]. Os
pacientes foram tratados com placa interoclusal estabilizadora e acompanhados por um período de 90 dias. Três exames
de tomografia computadorizada de feixes cônicos (cone-beam) foram realizados na região da ATM direita e ATM
esquerda, sendo:

G1 - A primeira no início do tratamento, com o paciente em oclusão dental na máxima
intercuspidação habitual (MIH);
 G2 - A segunda após 90 dias de tratamento, com o paciente ocluindo na placa interoclusal
Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unimontes: nº 173.442
estabilizadora;

G3 - A terceira após 90 dias de tratamento, com o paciente em oclusão dental na MIH.
Para fazer as medidas da posição do côndilo na cavidade articular foi considerada a distância entre o ponto anterior da
cavidade articular e o ponto anterior do côndilo como o espaço articular anterior (EAA), a distância entre o ponto
superior da cavidade articular e o ponto superior do côndilo como o espaço articular superior (EAS), e a distância entre
o ponto posterior da cavidade articular e o ponto posterior do côndilo como o espaço articular posterior (EAP) (IKEDA,
2009) [5].
As mensurações dos espaços articulares foram realizadas por três experientes profissionais e o valor médio foi utilizado
para a análise estatística.
Resultados
Para a análise de confiança inter-examinador foi avaliado o coeficiente de correlação intraclasse (CCI) com ponto de
corte para replicabilidade excelente considerado ≥ 0,75. Os resultados do CCI para o G1 foram no EAA (0.83), no EAS
(0.85) e no EAP (0.89). Para o G2 foram no EAA (0.79), no EAS (0.84) e no EAP (0.79). Para o G3 foram no EAA
(0.83), no EAS (0.85) e no EAP (0.87). Portanto, a análise de confiança inter-examinador pode ser consideranda
excelente, confirmando estatisticamente a confiabilidade dos dados obtidos para este estudo.
Uma vez obtidas as medidas dos espaços articulares em seus respectivos posicionamentos e cortes, foram estabelecidas
as médias e os desvios padrão para cada uma delas. Na análise estatística (teste t: amostras pareadas), para comparação
entre as mensurações nas imagens da tomografia computadorizada de feixes cônicos (cone-beam) do G1 e G2, houve
diferença estatisticamente significante para o EAS e para o EAP. Para o EAA não houve diferença estatisticamente
significante. A tabela 1 mostra a comparação entre as médias das medidas dos espaços articulares, os desvios padrão e
os valores de p para o G1 e G2.
Na análise estatística (teste t: amostras pareadas) para comparação entre as mensurações nas imagens da tomografia
computadorizada de feixes cônicos (cone-beam) do G1 e G3 houve diferença estatisticamente significante para o EAA e
não significante para o EAS e para o EAP. A tabela 2 mostra a comparação entre as médias das medidas dos espaços
articulares, os desvios padrão e os valores de p para G1 e G3.
Conclusões
Considerando as limitações deste estudo, o método utilizado e os dados amostrais, foi possível concluir que: a terapia
com placa interoclusal estabilizadora promove aumento do espaço articular quando o paciente está em uso da mesma; e
que a terapia com placa interoclusal não altera o espaço articular quando o paciente está na posição de MIH,
comprovando a característica de ser uma terapia reversível.
Referências
[1] OKESON, J.P. Tratamento das Desordens Temporomandibulares e Oclusão. 6. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 515 p.
[2] PAIVA, G.; MAZZETO, M.O. Atlas de Placas Interoclusais. São Paulo: Livraria Santos Editora, 2008. 153 p.
[3] GUIMARÃES, J.P.; FERREIRA, L.A. Atlas de diagnóstico por imaginologia das desodens temporomandibulares. Juiz de Fora: ED. UFJF, 2012. 248p.
[4] DWORKIN, S. F.; LeRESCHE, L. Research diagnostic criteria for temporomandibular disorders: review, criteria, examinations and specifications, critique. J
Craniomand Disord., v. 6, n. 4, p. 301-355, fall. 1992.
[5] IKEDA, K.; KAWAMURA, A. Assessment of optimal condylar position with limited cone-beam computed tomography. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v.135,
n.4, p. 495-501, apr. 2009.
Tabela 1 - Comparação entre as médias das medidas dos espaços articulares na posição G1 e G2
(Teste t: amostras pareadas).
G1
G2
Média
Média
p
EAA
2,26 (± 0,798)
2,3 (± 0,808)
0,3689(ns)
EAS
2,69 (± 0,654)
2,92 (± 0,754)
0,0001
EAP
1,86 (± 0,714)
2,25 (± 0,812)
0,0001
*diferença considerada estatisticamente significante (≤0.05); ns – não significante
Tabela 2 - Comparação entre as médias das medidas dos espaços articulares na posição G1 e G3
(Teste t: amostras pareadas).
G1
G3
Média
Média
p
EAA
2,26 (± 0,798)
2,36 (± 0,851)
0,0084
EAS
2,69 (± 0,654)
2,77 (± 0,722)
0,0629 (ns)
EAP
1,86 (± 0, 714)
1,88 (± 0,782)
0,6428 (ns)
*diferença considerada estatisticamente significante (≤0.05); ns – não significante
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