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Tributo a Ely Borges Frazão
Maria Heloisa Barros de Oliveira Frascá
Inicialmente quero dizer que me é uma grande honra ter sido convidada pela ABGE para ser
porta-voz do nosso carinho e respeito ao colega e amigo Ely Borges Frazão, em especial por
sua contribuição à Geologia de Engenharia e à ABGE.
Desnecessário dizer que foi bastante emocionante escrever estas linhas sobre sua vida e
carreira.
O Frazão nasceu em 20 de junho de 1945, em Campestre, Minas Gerais e como bom mineiro
foi sempre extremamente discreto, me dando o maior trabalho para recuperar seus dados
biográficos, dos quais achei relativamente pouco comparativamente a toda sua produção,
mas, na verdade a citação curricular não é o que importa, e sim suas ações e seu legado.
Quero registrar aqui que nesta busca muitos colaboraram, aos quais agradeço, que
invariavelmente sempre se lembraram do Frazão por sua tranquilidade, equilíbrio, gentileza,
enfim, um cavalheiro como diz Magda Bergmann.
O Frazão cursou geologia no Instituto de Geociências da USP formando-se no final de 1971,
já em seguida ingressando no IPT em 19 de janeiro de 1972, onde permaneceu por quase 30
anos. Entre outros cargos, exerceu a chefia do Agrupamento de Tecnologia de Rochas, entre
de 1989 a 1992.
Nestes 30 anos desenvolveu, coordenou e participou de muitos projetos e estudos
especialmente na área de tecnologia de materiais rochosos.
Ao longo de sua carreira, obteve as titulações de mestre e doutor.
Sua dissertação de mestrado, sob a orientação de José Eduardo Farjallat, teve como o título
“Contribuição à metodologia para determinação da pressão de expansão em solos e rochas”
e foi defendida em 1981, no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo.
Seu doutorado foi obtido em 1993 na Escola de Engenharia de São Carlos, da USP, com a
tese que teve o longo título de: “Metodologia para avaliação da alterabilidade de rochas a
partir de estudo experimental em amostras de basaltos da U.H.E. de Três Irmãos - Estado de
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São Paulo”, desta feita sob a orientação do Prof. Antenor Braga Paraguassu. Estudo este de
grande relevância para o conhecimento do comportamento de rochas basálticas,
especialmente em enrocamento de barragens.
No IPT destacam-se os estudos sobre a influência da alteração de materiais rochosos em
obras civis e monumentos históricos e na estabilidade de taludes; os estudos de
caracterização de argilas para usos industriais e para a prospecção de petróleo, além da
caracterização de solos lateríticos e agregados para lastro ferroviário.
Também participou de estudos sedimentológicos e mineralógicos relativos a assoreamentos
em barragens, portos, canais e vias navegáveis.
Seu maior destaque, entretanto, se deu na pesquisa e desenvolvimento de ensaios
tecnológicos na área de caracterização de materiais rochosos para uso na construção civil - a
denominada tecnologia de rochas – inicialmente aplicada a agregados, nas décadas de 70 e
80, às quais adicionou as rochas ornamentais, a partir de 80.
Na área de rochas ornamentais, além destes trabalhos, também foi coordenador da
Comissão de Revestimento com Pedras, da ABNT, de 1990 a 2008, sendo responsável direto
pela elaboração e publicação de mais de uma dezena de normas técnicas.
Coordenou ou colaborou na elaboração e edição de vários catálogos técnicos relacionados a
rochas ornamentais, como os dos estados de São Paulo, Espírito Santo, Bahia e Goiás.
Após a saída do IPT passou a se dedicar às atividades de consultoria e docência, sendo digna
de nota a participação, em 2006, no Programa de Capacitação de Gestores de Empresas
Mineradoras de Construção Civil, promovido pela Secretaria de Geologia, Mineração e
Transformação Mineral do MME, sob a coordenação da Fundação Centro Tecnológico de
Minas Gerais (CETEC), por meio do qual ministrou palestras e aulas em 50 cidades
brasileiras. Esta atuação teve como produto a publicação, em 2007, do livro: Agregados para
a Construção Civil no Brasil - Contribuições para formulação de Políticas Públicas, em que
registra sua contribuição.
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Publicou dezenas de trabalhos técnicos em congressos e simpósios nacionais e
internacionais e em revistas especializadas, desde 1972, sobre características mineralógicas,
petrográficas e tecnológicas de agregados para concreto e de rochas de ornamentais.
Não posso deixar de mencionar que é se sua autoria, em colaboração com José Eduardo
Farjallat, o sem dúvida mais citado artigo nacional na área: a “Proposta de especificação
para rochas silicáticas de revestimento” publicada nos anais do congresso da ABGE, no Rio
de Janeiro, em 1996 – uma pena que não consta em nenhum citation index.
Ao longo de sua carreira também proferiu palestras sobre materiais rochosos em
Universidades e Entidades de Classe no Brasil e no exterior, e foi reconhecido, por meio de
menções honrosas, pelos trabalhos técnicos apresentados no 8° e no 9° Congresso Brasileiro
de Geologia de Engenharia, em 1996 e 1999, neste último compartilhado com minha
pessoa!
É de sua coautoria, com o prof.Paraguassu, o capítulo Materiais Rochosos para Construção
do livro Geologia de Engenharia, publicado em 1998, pela ABGE.
Deixa também duas publicações importantíssimas para a Geologia de Engenharia, frutos de
sua vasta experiência profissional: o livro Tecnologia de Rochas na Construção Civil,
publicado em 2002 e o livro Alteração de rochas como critério de seleção de agregados,
publicado em 2012, ambos pela ABGE e ambos, como diz o Vaz, demonstrando sua
preocupação com a divulgação e sistematização da Geologia de Engenharia buscando
atender, simultaneamente, ao profissional experiente que necessita de uma especificação e
o estudante ou recém formado que precisa de um manual de procedimento.
Na ABGE, foi diretor de Comunicação na gestão 2005-2008 e o criador do Prêmio ABGE
Junior, concedido nas comemorações do aniversário da ABGE e que se destina ao
reconhecimento de recém-graduados que demonstrem potencial de desenvolvimento na
carreira profissional em temas das Geologias de Engenharia e Ambiental.
Juntamente com as atividades técnicas, Frazão teve relevante atuação político-sindical,
especialmente nas décadas de 80 e 90, sendo presidente do SIGESP entre 1986 e 1988.
Participou e contribuiu em várias ações como lembra o colega Julian:
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− na luta pela redemocratização do país traduzida na Campanha das Diretas Já ,em 1984;
− na criação do COGEMIN- Conselho Estadual de Geologia e Recursos Minerais de São
Pulo, desde 1983 até 1986;
− no fortalecimento da CONAGE – Coordenação Nacional de Geologia;
− nas discussões do setor geológico e mineral na Constituinte de 1988;
− na participação do SIGESP em dissídios coletivos;
− no empenho na retomada de investimentos em mapeamentos geológicos básicos do
país;
− no combate ao desemprego dos geólogos pela busca da ampliação do mercado de
trabalho; principalmente na PMSP;
− na participação na criação do cargo de geólogos em prefeituras paulistas.
Relativamente à criação do cargo de geólogos nas prefeituras, segue uma interessante
síntese feita pela colega Maria Cristina de Moraes a partir de vários depoimentos (do Vaz,
Ronaldo, Agamenon, Julian, Omar, Magda Bergmann e outros), mostrando tanto a trajetória
da criação da lei como a ação do Frazão e demais presidentes.
A história se inicia por volta de 1977, na gestão do geól. Luiz Ferreira Vaz (1976 a 1978) na
então AGESP Associação Profissional dos Geólogos no Estado de São Paulo- AGESP, e depois
SIGESP, quando uma comissão constituída por ele, Rosina Revolta e Fernando Luiz Prandini
entregou ao prefeito Olavo Setúbal uma proposta para a criação do cargo de geólogo na
Prefeitura de São Paulo, despachada favoravelmente.
Cerca de dez anos depois, no governo do prefeito Jânio Quadros (1986 a 1988), na gestão
do geól. Julian Alves de Almeida (1984 a 1986), o Sigesp se empenhou junto à Prefeitura de
São Paulo para a criação do cargo de geólogo, que culminou com a Lei nº 10.144, de
04.10.1986, com três vagas no quadro geral do pessoal da PMSP.
Entre o final de 1988 e início de 1989, Frazão, o então presidente do SIGESP, juntamente
com geól. Ronaldo Malheiros Figueira protocolaram ofícios do SIGESP em várias secretarias
municipais com potencial para atuação dos geólogos. Tais ofícios destacavam o perfil
profissional, competências e habilidades dos geólogos, culminando com a definição de um
número necessário de 28 vagas.
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Em 1990, na gestão do geól. Agamenon Sérgio Lucas Dantas (1989 a 1991), a prefeita Luiza
Erundina de Souza (1989 a 1993) assina a Lei nº 10.843, de 02.06.1990, que cria 28 cargos e
institui a carreira de Geólogo no Quadro Geral do Pessoal da Prefeitura. Na sequencia é
deflagrado a abertura do concurso público com ingresso dos primeiros nomeados em junho
de 1991
Estas ações continuaram nas gestões subsequentes:
- em 1990, os geól. Agamenon Dantas e Ronaldo Malheiros Figueira e outros colaboradores
dão início ao processo de abertura de concurso para geólogos na prefeitura de Guarulhos, o
que se dá por meio da Lei nº 4.274, de 2 de abril de 1993.
- na gestão da geól. Magda Bergmann (gestão 1991 a 1993), no SIGESP, juntamente com o
geól. Eduardo Soares Macedo (Duda), as ações se dirigiram para a criação do cargo de
geólogo na prefeitura de Santos, o que foi feito na gestão da Prefeita Telma de Souza – 1989
a 1992.
Sem dúvida há muito mais sobre a trajetória profissional e pessoal do amigo e colega
Frazão, o que certamente cada um de nós aqui presente está pensando ou relembrando.
Este enfim é o principal objetivo desta homenagem. Lembrarmos e perpetuarmos suas
ações e contribuições, e, principalmente publicamente apresentarmos nosso
reconhecimento e agradecimento por este legado e, mais ainda, pela oportunidade de ter
convivido e compartilhado o carinho e amizade do Frazão.
Sendo assim, uma salva de palmas para nosso homenageado!
Colaboradores:
Agamenon Dantas
Duilio Rondinelli
Eduardo Quitete
Fábio Conrado de Queirós
Fernando Machado Alves
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José Luiz Albuquerque Filho
Julian Alves de Almeida
Lilian Frazão
Luciana Frazão
Luiz Ferreira Vaz
Magda Bergmann
Maria Cristina de Moraes
Nill Cavalcante
Omar Y. Bittar
Ronaldo Malheiros Figueira
Sergio (CRH – IPT)
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