A representação de Santa Teresa D’Ávila como símbolo de devoção e poder das Ordens Terceiras do Carmo no Brasil Roberta Bacellar Orazem Universidade Federal de Sergipe Santa Teresa D’Ávila (1515-1582) é uma das mais importantes figuras femininas do período contrarreformista da Igreja Católica, não somente em países europeus como Espanha e Portugal, como também na América, África e Ásia. Teresa esteve à frente da reforma espiritual e política da Igreja e teve apoio de políticos e religiosos influentes de sua época. Esta atitude repercutiu de tal maneira que, logo após sua morte, sua fama se espalhou rapidamente, não só entre os religiosos e leigos carmelitas descalços da Espanha, mas entre os fieis de vários locais e devotos de distintas ordens religiosas do mundo católico. As pesquisas revelam que a devoção à Santa de Castela ocorreu em meio aos nobres, religiosos e políticos, mas também entre a população mais humilde na Península Ibérica e além-mar. No Brasil, a devoção a Santa Teresa D’Ávila surgiu a partir do século XVII, proveniente de Portugal, através dos religiosos carmelitas descalços e dos fieis abastados que faziam parte das irmandades de leigos carmelitas. Estas, por sua vez, eram chamadas de Venerável Ordem Terceira do Carmo, e foram implantadas em quase todo o litoral do Brasil, anexas às igrejas dos carmelitas calçados. Essas instituições congregavam obrigatoriamente pessoas brancas, abastadas e de pureza de sangue, formando uma elite local. Nas igrejas da Ordem Terceira do Carmo no Brasil colonial, a representação de Santa Teresa D’Ávila foi divulgada através da arte sacra. Esta, patrocinada pelos leigos carmelitas, teve como referência as gravuras da Santa produzidas na Europa, que foram adquiridas por intermédio dos comerciantes locais. O repertório artístico, produzido nos interiores daquelas igrejas, não foi somente um forte símbolo de devoção laica, mas também representava o poder dessas elites locais. Palavras-chave: Santa Teresa D’Ávila; Ordem Terceira do Carmo; arte sacra; elites locais.