XXXV Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia Universidade Federal do Rio Grande do Sul 07 a 09 de abril de 2015, Porto Alegre, RS 40 anos do Programa de Melhoramento Genético de Aveia da UFRGS ENSAIO NACIONAL DE AVEIAS PARA COBERTURA (ENAC), TRÊS DE MAIO, RS, 2014 Marcos Caraffa; Cinei Teresinha Riffel; Alcione José Schuh; Vanderlei André Decker3; Emerson Antunes Carneiro3 O aumento da adoção do Sistema de Semeadura Direta tem gerado a necessidade de manutenção de palhaça nas lavouras. Como tem sido muito difícil manter cultivos comerciais ininterruptos por muitos anos, sem que ocorra sucessão de culturas, a aveia se constitui uma excelente opção de cobertura do solo no inverno, sobretudo pela alta relação C/N e teores de lignina que apresenta (COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE AVEIA, 2003). Segundo a Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia (2006), o cultivo dessa cultura traz uma série de vantagens ao sistema de produção, tais como: melhora a sanidade das culturas subsequentes, auxilia no controle da infestação de ervas indesejáveis, além de melhorar as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, o que impacta positivamente nos cultivos posteriores. Assim, um estudo que gere informações comparativas a respeito da intensidade e qualidade das palhaças geradas pelos diversos cultivares de aveia, preta e branca, vem ao encontro das modernas tecnologias agrícolas, objetivo do presente estudo conduzido nas condições edafoclimáticas do município de Três de Maio, RS. A aveia preta, com vigoroso crescimento, é a forragem de inverno de maior cultivo no Sul do Brasil, sendo mais rústica que a aveia branca, embora essa última apresente maior tolerância ao frio (FONTANELI; SANTOS; FONTANELI, 2009). A pesquisa, conduzida na Área de Pesquisa SETREM, no município de Três de Maio, RS, teve caráter quantitativo, com procedimento laboratorial, estatístico e comparativo (LIMA, 2004). A coleta de dados foi efetuada por observação direta intensiva e testes de aferição de pesos (LAKATOS; MARCONI, 2006), sendo que o tratamento dos mesmos foi articulado através de médias, desvio padrão e análise de variância, sobretudo com o uso do teste de Tukey (LIMA, 2004). No ano em epígrafe foram avaliados doze cultivares, sendo sete de aveia branca (IPR Esmeralda, FAPA 2, FUNDACEPFAPA 43, IPR 126, IPR Suprema, UFRGS 087118-2 e URS Corona) e cinco de aveia preta (IPR Cabocla, UPFA 21 Moreninha, IAPAR 61, BRS Centauro e BRS Madrugada), em delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro repetições. Cada parcela foi instalada em cinco linhas de cinco metros de comprimento, espaçadas de 0,20 metros. A semeadura foi efetuada manualmente, em sistema de semeadura direta, em 03 de abril, com 300 sementes viáveis por metro quadrado. A adubação de manutenção foi realizada conforme interpretação de análise de solo, sendo aplicados 350 kg ha-1 da fórmula 12-30-20, depositados na linha de semeadura. A emergência plena ocorreu em 12 de abril e não foi efetuada adubação de cobertura. Antes de ser efetuado o corte foi avaliada a estatura de plantas, acamamento, severidade da ferrugem da folha e manchas foliares e incidência de ferrugem do colmo, VNAC e carvão. O corte para avaliação da produção de massa foi realizado no florescimento pleno (50 % das panículas expostas). Para fins de avaliação foram considerados quatro metros das três linhas centrais das parcelas, com área útil de 2,4 m2. A partir do material colhido calculou-se a quantidade total de massa verde, sendo que uma amostra de cada parcela foi levada à estufa a uma temperatura de 60 °C para a determinação da percentagem de massa seca. Os resultados relativos ao ciclo da semeadura à floração, estatura de plantas, produção de massa verde e de massa seca foram submetidos à análise de variância e as médias compa- 1 Eng. Agr. , M.Sc. , Professor, Faculdade de Agronomia da SETREM, Três de Maio, RS. E-mail: [email protected] Engª. Agr.ª, Drª , Professora da Faculdade de Agronomia da SETREM, Três de Maio, RS. E-mail: [email protected] 3 Acadêmico, Faculdade de Agronomia da SETREM, Três de Maio, RS. 2 radas pelo teste de Tukey ao nível de 5 % de significância (Tabela 1). Nos demais resultados (Tabela 2) os cultivares foram comparados com a média mais um desvio padrão (superior – S) e a média menos um desvio padrão (inferior – I). Referente ao ciclo da semeadura à floração (média de 113 dias), o menor período foi apresentado pelo genótipo URS Corona (81 dias), diferenciando-se estatisticamente dos demais materiais, à exceção do IPR Cabocla. O maior ciclo ocorreu no genótipo IPR Suprema (173 dias), também se diferenciando dos demais cultivares. Na estatura de plantas (média 123,9 cm) destacou-se com maior resultado o genótipo IAPAR 61 (145 cm), sem diferir estatisticamente dos cultivares UPFA 21 Moreninha, IPR 126 e BRS Centauro. A menor estatura de plantas foi apresentada pelo genótipo UFRGS 087118-2 (94 cm), sem se diferenciar estatisticamente do cultivar URS Corona. Quanto à massa verde (média 27.114 kg ha-1) o destaque coube ao cultivar UPFA 21 Moreninha (31.054 kg ha-1), diferenciando-se estatisticamente apenas do genótipo UFRGS 087118-2, o qual apresentou o pior desempenho neste quesito (22.118 kg ha-1). Segundo Santos, Fontaneli, Baier e Tomm (2002), em condições de pastejo, a aveia preta pode produzir até 6,0 toneladas de massa seca por hectare, enquanto a aveia branca pode atingir até 7,0 toneladas. Referente à massa seca do ensaio em tela (média 4.913 kg ha-1), destacou-se o genótipo IAPAR 61 (7.238 kg ha-1), sem se diferenciar estatisticamente dos cultivares IPR 126, FAPA 2 e FUNDACEPFAPA 43. Os cultivares IAPAR 61 e FAPA 2 apresentaram resultado superior quanto ao acamamento (média 31,8 %), tendo resultado inferior ocorrido nos genótipos FUNDACEPFAPA 43 e UFRGS 087118-2. A ferrugem da folha (média 7,5 %) gerou severidade superior nos genótipos IPR 126 e IPR Suprema, semelhante ao ocorrido quanto à severidade de manchas foliares (média 7,2 %). Embora a massa verde média dos cinco cultivares estudados de aveia preta (29.025 kg ha-1) tenha superado em 12,7 % a média dos sete genótipos de aveia branca (média 25.749), o resultado de massa seca foi apenas 2,6 % superior (respectivamente 4.955 kg ha-1 e 4869 kg ha-1). Comparativamente às testemunhas, uma aveia preta (IAPAR) e quatro aveias brancas (FAPA 2, FUNDACEPFAPA 43, IPR 126 e IPR Suprema) superaram o resultado de massa seca da melhor testemunha (aveia preta IPR Cabocla). Referências: ADDINSOFT. 2014. XLStat your data analysis solution. Lausanne: Addinsoft. COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE AVEIA. 2003. Indicações técnicas para cultura da aveia: grãos e forrageira. Passo Fundo: UPF. ________ 2006. Indicações técnicas para cultura da aveia. Guarapuava: Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária. FONTANELI, R. S.; SANTOS, H. P.; FONTANELI, R. S. 2009. Forrageiras para integração lavoura-pecuária-floresta na região sul-brasileira. Passo Fundo: Embrapa Trigo. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. 2006. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas. LIMA, M. Monografia da produção acadêmica. 2004. São Paulo: Saraiva. SANTOS, H. P. et al. 2002. Principais forrageiras para integração lavoura-pecuária, sob plantio direto, nas regiões planalto e missões do Rio Grande do Sul. Passo Fundo: Embrapa Trigo. Tabela 1. Ciclo da semeadura à floração, estatura de plantas, rendimento de massa verde, percentagem de matéria seca e rendimento de massa seca do Ensaio Nacional de Aveias para Cobertura de Solo (ENAC), Três de Maio, RS, 2014. Ciclo da semeadura Estatura de Massa Verde Matéria Massa Seca Genótipos à floração (dias) plantas (cm) (kg.ha-1) Seca (%) (kg.ha-1) IPR Cabocla (T) 82 i 119 d 31016 a 13,8 4292 b UPFA 21 Moreninha 100 e 135 a b c 31054 a 16,0 4982 b IAPAR 61 - Ibiporã 136 d 145 a 29134 a b 24,8 7238 a IPR Esmeralda (T) 88 f 126 b c d 25634 a b 14,7 3770 b FAPA 2 138 c 121 d 23999 a b 23,6 5667 a b FUNDCEPFAPA 43 138 c 127 b c d 26959 a b 20,2 5452 a b IPR 126 150 b 136 a b 29693 a b 23,6 7009 a IPR Suprema 173 a 120 d 23487 a b 21,6 4552 b UFRGS 087118-2 83 h 94 e 22118 b 17,2 3815 b URS Corona 81 i 106 e 28352 a b 13,5 3820 b BRS Centauro 100 e 137 a b 28672 a b 14,9 4276 b BRS Madrugada 85 g 126 cd 25247 a b 15,8 3986 b Média 113 123,9 27114 18,3 4913 C.V. (%) 0,38 4,14 12,29 15,65 Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Tabela 2. Acamamento de plantas, severidade de ferrugem da folha (FF) e manchas foliares (MF) e incidência de ferrugem do colmo (FC), vírus do nanismo amarelo da cevada (VNAC) e carvão, na fase de emissão de panículas do Ensaio Nacional de Aveias para Cobertura de Solo, Três de Maio, 2014. Acamamento de Reação às doenças Genótipos plantas (%) FF (%) MF (%) FC (%) VNAC (%) Carvão (%) IPR Cabocla (T) 18,8 0,0 10,0 0,0 5,0 0 UPFA 21 Moreninha 30,0 0,0 1,0 I 0,0 5,8 0 IAPAR 61 - Ibiporã 62,5 S 0,0 5,0 0,0 37,5 S 0 IPR Esmeralda (T) 45,0 0,0 5,0 0,0 0,0 0 FAPA 2 51,3 S 15,0 10,0 0,0 37,5 S 0 FUNDCEPFAPA 43 8,8 I 15,0 5,0 0,0 19,5 0 IPR 126 48,8 25,0 S 15,0 S 0,0 35,0 S 0 IPR Suprema 20,0 35,0 S 15,0 S 0,0 42,5 S 0 UFRGS 087118-2 0,0 I 0,0 2,0 I 0,0 1,8 0 URS Corona 28,3 0,0 3,0 0,0 0,0 0 BRS Centauro 42,5 0,0 5,0 0,0 5,8 0 BRS Madrugada 26,3 0,0 10,0 0,0 6,8 0 Média 31,8 7,5 7,2 0,0 16,4 0,0 Desvio Padrão 18,6 12,2 4,7 0,0 16,9 0,0 S = superior à média mais um desvio padrão; I = inferior à média menos um desvio padrão.