O efeito do jateamento do esmalte na força de adesão na colagem de braquetes
que, quando associado ao condicionamento ácido
do esmalte, ocorreu aumento na força de adesão
até, possivelmente, acima da rotineiramente necessária para a colagem de braquetes. Torna-se útil
saber que o jateamento é eficaz quando há necessidade, por várias razões, do aumento da eficiência
da colagem tradicional, como em superfícies de
dentes submetidos a maior impacto mastigatório,
como, por exemplo, em molares inferiores.
do braquete ao esmalte bovino é de 21% a 44%
menor que no esmalte humano17, pode-se inferir
que haja maior risco de fratura do esmalte humano
se a superfície dentária for tratada com jateamento
com óxido de alumínio e condicionamento ácido.
Dado que, na opinião dos autores, reforça a contraindicação deste tratamento de superfície em dentes anteriores, uma vez que, em caso de fratura,
além de todas as razões que a tornam indesejável
em qualquer grupo de dentes, neste caso, tem-se a
possível perda da estética. Assim, o risco, não seria
suficientemente justificado, uma vez que normalmente não é necessário elevar, além dos limites
normais, a força de adesão na região anterior, onde
a carga mastigatória é menor.
Os resultados deste estudo assumem importância na tomada de decisão do clínico sobre a
aquisição de equipamento necessário à execução
da técnica do jateamento de óxido de alumínio no
consultório odontológico. Os dados demonstraram
CONCLUSÃO
Este trabalho mostrou diferentes métodos de
preparo da superfície de esmalte antes da colagem.
Diante dos resultados, pode-se concluir que o jateamento de óxido de alumínio não deve ser o único procedimento utilizado no preparo da superfície do esmalte na colagem de braquetes, porém, se
associado ao condicionamento ácido, mostrou-se
eficaz quando existe a necessidade do aumento da
força de adesão do braquete ao dente.
Enviado em: março de 2007
Revisado e aceito: fevereiro de 2008
The effect of air abrasion in enamel adhesion of orthodontic bracket
Abstract
Aim: The purpose of this study in vitro was to evaluate the effect of the air abrasion with Al-oxide in the adhesion of
orthodontic brackets and compare with traditional technique of acid conditioning of the enamel. Methods: Eighty bovine teeth distributed randomly between four groups had been used and the surface of the enamel was prepared in the
following way: group 1 (only air abrasion), group 2 (enamel pumiced and acid conditioning), group 3 (air abrasion and
acid conditioning) and group 4 (only acid conditioning). After, adhesive system was applied and bracket was bonded
with resin. Shear bond was assessed and analysis of the IAR was performed. Test of multiple variance (ANOVA) and
the comparison between pairs had been applied (Tukey) on the results. For the analysis of the IAR the Qui-square test
was applied. Results: Group 1 presented the lowest shear strength (3,6MPa) and 3 the greater (13,27MPa). The Quisquare analysis of the IAR demonstrated that the treatment of the enamel surface has influence on the amount of resin
remainder on the enamel and groups 3 and 4 had presented the biggest amount of adhered resin. Conclusions: The air
abrasion doesn’t have to be the only procedure used in the preparation of the enamel surface in the brackets bonding,
however, when associated to the acid conditioning it revealed efficient in adhesion increase. New studies are necessary
aiming at lesser damage of the enamel and satisfactory adhesion.
Key words: Air abrasion. Acid conditioning. Adhesion. Bonding.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial
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Maringá, v. 13, n. 3, p. 43-49, maio/jun. 2008
Derech, C. D.; Pereira, J. S.; Souza, M. M. G.
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Endereço para correspondência
Carla D´Agostini Derech
Av. Rio Branco, 333/306 – Centro
CEP: 88.015-201 - Florianópolis/SC
E-mail: [email protected]
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Artigo Inédito
Resistência à remoção de braquetes ortodônticos
sob ação de diferentes cargas contínuas
Carla Giannini*, Paulo Afonso Silveira Francisconi**
Resumo
Objetivo: testar se existe alteração na resistência adesiva de dois cimentos utilizados na co-
lagem de acessórios ortodônticos ao esmalte dentário bovino, sendo um de polimerização
química (Concise ortodôntico) e outro fotopolimerizável (Transbond XT), após a aplicação
de cargas contínuas. Metodologia: foram utilizados para este estudo 80 dentes bovinos e 80
braquetes metálicos. O esmalte bovino foi condicionado com ácido fosfórico a 37% por 1
minuto e depois lavado e seco. A aplicação dos adesivos, manipulação e aplicação dos dois
cimentos foram feitas de acordo com as instruções dos fabricantes. Após 24 horas, todos os
braquetes foram submetidos a cargas contínuas de 30g, 70g e 120g, menos o grupo controle,
que não recebeu carga alguma. Os espécimes ficaram imersos em água filtrada por 28 dias
dentro de uma estufa a 37°C. Depois deste período, as amostras foram submetidas a testes de
cisalhamento em uma Máquina de Ensaios Universal Kratos. Os resultados foram registrados
e enviados para análise estatística. Conclusões: (1) o cimento Concise apresentou maior resistência à remoção que o cimento Transbond XT para todas as cargas utilizadas, (2) não houve
diferença estatisticamente significante na resistência adesiva frente às três cargas utilizadas
para os dois cimentos testados; (3) no momento da fratura, conforme ocorreu o aumento da
carga, a porcentagem de fratura do esmalte diminuiu para o Concise, ao contrário do cimento
Transbond XT, onde a porcentagem de fratura de esmalte se manteve constante com o aumento das cargas.
Palavras-chave: Cimentação. Braquete ortodôntico. Adesão. Carga.
INTRODUÇÃO
Desde que Buonocore3, em 1955, propôs o
condicionamento ácido do esmalte para aumentar
a adesão entre a resina acrílica e o esmalte dentário, permitindo, indiretamente, o grande impulso à
fixação de braquetes sobre a superfície do esmalte,
esta técnica continua sendo uma rotina em Odontologia. Tornou-se, também, amplamente utiliza-
da para a colagem direta de acessórios ortodônticos no esmalte dentário, ao invés da bandagem
dos dentes, como ocorria anteriormente. Segundo
Maijer e Smith11, em 1981, as resinas são utilizadas na colagem de braquetes, podendo-se dizer
que “uma nova era ortodôntica - a Ortodontia sem
bandas - foi inaugurada”, ajudando muito a terapia
ortodôntica. As bandas metálicas e o cimento não
* Especialista em Dentística Restauradora pelo HRAC-USP. Mestre em Dentística, opção Materiais Dentários pela FOB-USP.
** Mestre, Doutor e Livre-docente em Dentística, opção Materiais Dentários pela FOB-USP.
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50
Maringá, v. 13, n. 3, p. 50-59, maio/jun. 2008
GIannini, C.; Francisconi, P. A. S.
Esse fato motivou o estudo da colagem de braquetes sobre os dentes, com dois tipos de cimentos
resinosos, sob a ação de diferentes cargas, simulando a força que o fio ortodôntico exerce sobre o
braquete, ou mesmo a ação da própria mastigação
ou de alimentos pegajosos durante a movimentação ortodôntica.
De acordo com o que se observou na literatura,
a proposta deste trabalho foi: 1) testar se existe
alteração na resistência adesiva de dois cimentos
utilizados na colagem de acessórios ortodônticos
ao esmalte dentário bovino, após a aplicação de
cargas contínuas, mediante teste de cisalhamento;
2) observar se há diferença entre a resistência adesiva frente às diferentes cargas utilizadas (0g, 30g,
70g e 120g) e 3) analisar o tipo de falha ocorrida
no momento do deslocamento dos braquetes para
os dois cimentos testados.
causam apenas desconforto ao paciente, mas fazem o tratamento ficar mais complicado e desconfortável, necessitando de separação dentária antes
da confecção e cimentação das mesmas, além de
promoverem conseqüências indesejáveis, como
inflamação gengival e descalcificação do esmalte14.
Conseqüentemente, a técnica de colagem direta
de acessórios ortodônticos ofereceu certas vantagens, como economia de tempo, melhor aceitação,
melhor estética, além de se tornar mais acessível
para o paciente e reduzir algumas fases do tratamento12.
Após a aplicação de um ácido (na maioria das
vezes o fosfórico a 37%) sobre o esmalte dentário,
ocorre a dissolução dos cristais de hidroxiapatita
nele contidos, produzindo microporosidades, até
que um monômero resinoso fluido possa penetrar5
nesses poros - o qual, quando polimerizado (de
forma química, física ou físico-química), promoverá uma união micromecânica entre eles.
A união entre um acessório ortodôntico e um
sistema adesivo resinoso é também uma união
mecânica. Estudos8,18 foram realizados para aperfeiçoar os sistemas adesivos resinosos, pesquisando-se mais intensamente o mecanismo do condicionamento ácido na colagem e a resistência à
tração de um braquete colado19.
A maioria das pesquisas desenvolvidas nessa
área destina-se a comparar os diferentes tipos de
cimentos resinosos utilizados para a colagem de
acessórios ortodônticos1,4-12,14,15,16,18-23, bem como
o tempo de condicionamento ácido19,22, resistência adesiva entre cimentos1,2,4-12,14,15,18-23, modos de
fratura após a descolagem1,2,4,6-8,10,12,15-17,20-23, diferentes tipos de braquetes6,8,11,12,14,20,21 e de bases de
braquetes6,11,12,15,16.
Porém, pouco se sabe se a ação de forças (mastigação, ação de alimentos pegajosos, a tensão que
o fio ortodôntico exerce durante o tratamento e a
própria oclusão), durante o período do tratamento
ortodôntico, sobre os braquetes exerce alguma influência na resistência adesiva desses cimentos resinosos, podendo comprometer a terapia ortodôntica.
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MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização deste estudo foram utilizados
80 dentes bovinos, os quais tiveram suas raízes
seccionadas, a fim de que suas coroas fossem posteriormente incluídas nos testes de cisalhamento
e imersas em solução de Cloramina T a 1%, para
a armazenagem até o início da realização dos ensaios20.
Preparação dos corpos-de-prova
Para a montagem dos corpos-de-prova foi necessário o uso de matrizes cilíndricas metálicas, as
quais eram utilizadas para vazar silicona e, posteriormente, sobre essas matrizes era vertida a resina
epóxica já com o dente bovino em posição.
Após a completa polimerização da resina epóxica (aproximadamente 24 horas), a matriz de silicona era, então, removida (Fig. 1A).
Uma vez removido o molde de silicona, os corpos-de-prova eram submetidos à planificação da
superfície do esmalte em uma politriz com lixas
d’água de granulações 320 e 600, respectivamente,
para facilitar e padronizar a colagem dos braquetes (Fig. 1B). Também era ajustado o diâmetro das
51
Maringá, v. 13, n. 3, p. 50-59, maio/jun. 2008
Resistência à remoção de braquetes ortodônticos sob ação de diferentes cargas contínuas
A
B
C
Figura 1 - A) Corpos-de-prova confeccionados em resina epóxica, B) planificados para facilitar a colagem dos braquetes e C) com seus diâmetros ajustados para
perfeito encaixe na máquina de teste de cisalhamento.
neização e aplicação das resinas fluidas, preparo
da pasta de fixação e aplicação da mistura nas bases dos braquetes para serem levados em posição.
Já para o cimento resinoso Transbond XT, após
a secagem do esmalte, foram feitas as aplicações
do Primer Adesivo e, em seguida, do cimento nas
bases dos braquetes metálicos, para serem levados
em posição.
Para se padronizar a força exercida na colagem
(453,6g) e a espessura da película de cimento, foi
utilizada uma Agulha Maior de Gilmore sobre
braquetes (Fig. 2), assim que os mesmos eram posicionados sobre os dentes. Com a mesma agulha
em posição os excessos eram removidos antes da
presa dos cimentos (Fig. 3). A fotopolimerização
do cimento Transbond XT foi realizada com um
aparelho fotopolimerizador Degulux Soft-start
(Degussa), com intensidade de luz, aferida por
um radiômetro (Demetron Research Corp.), de
450mW/cm2, aproximadamente, totalizando 40
segundos (10 segundos em cada face do braquete), conforme orientações do fabricante.
Todos os espécimes foram armazenados em
água filtrada por 24 horas em estufa a 37°C, antes
da colocação dos pesos.
amostras para que se encaixassem perfeitamente
no dispositivo que seria, posteriormente, utilizado
para o teste de cisalhamento (Fig. 1C).
Sendo assim, os corpos-de-prova estavam
prontos para que se iniciasse, então, a colagem dos
braquetes metálicos.
Braquetes utilizados
Foram utilizados neste estudo 80 braquetes
metálicos de base plana (Morelli Ortodontia Braquete Edgewise/Rickets para colagem), com
área de 12mm2.
Cimentos resinosos utilizados
Para a colagem dos acessórios, foram utilizados dois cimentos resinosos diferentes: Sistema
de Fixação Ortodôntico Concise (3M do Brasil,
Sumaré – SP, Brasil), de polimerização química,
e Transbond XT - Adesivo Ortodôntico Fotopolimerizável em Seringas (3M Unitek Orthodontic
Products, Monrovia – CA, USA).
Procedimento de colagem
Os corpos-de-prova foram separados, após a
colagem, em oito grupos com 10 dentes em cada,
de acordo com as cargas e com os cimentos utilizados.
A colagem dos braquetes foi feita de acordo
com as instruções dos fabricantes: condicionamento com ácido fosfórico a 37% em gel, por 1 minuto, e rinsagem. Para o cimento resinoso Concise
Ortodôntico foi feita, a cada colagem, a homoge-
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Preparação para os ensaios
Após 24 horas em estufa a 37°C, cada grupo
de dez braquetes, de cada material, foi submetido
a diferentes cargas, representadas por pesos usados
para pesca com 30g, 70g e 120g (Fig. 4), uma vez
que a força necessária para realizar um movimen-
52
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GIannini, C.; Francisconi, P. A. S.
FIGURA 2 - Posicionamento da Agulha Maior de
Gilmore para a padronização da força exercida no
momento da colagem.
FIGURA 3 - Posicionamento da Agulha Maior de Gilmore, remoção do excesso de cimento.
FIGURA 5 - Imersão dos corpos-de-prova em água
filtrada.
FIGURA 6, 7 - Corpo-de-prova acoplado à máquina de ensaios, pronto para iniciar o teste de cisalhamento.
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FIGURA 4 - Corpos-de-prova submetidos à tensão.
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Resistência à remoção de braquetes ortodônticos sob ação de diferentes cargas contínuas
to de inclinação dentária varia entre 50 e 75g17,
além do grupo controle onde o braquete não foi
submetido a nenhum tipo de tensão.
Os pesos eram amarrados aos braquetes através de um fio de amarril 0,010’’ e eram deixados
sobre um dispositivo (grelha) confeccionado especialmente para essa finalidade, gerando uma força,
no braquete, de tensão. Essa grelha era encaixada
dentro de uma caixa plástica para que os corposde-prova pudessem ficar imersos em água filtrada
por um período de, aproximadamente, 28 dias16
em uma estufa, cuja temperatura era de aproximadamente 37°C (Fig. 5).
observados nos gráficos 1 e 2 e tabela 1.
Realizados os testes de cisalhamento, as superfícies dos dentes bovinos foram analisadas, através
de uma lupa, o que permitiu determinar o tipo
de fratura: adesiva (interface cimento/esmalte),
coesiva (corpo do cimento) e fratura do esmalte.
Salienta-se que não ocorreu, em nenhum corpo-
25
Força (MPa)
20
Procedimento do ensaio
Passados 28 dias, as cargas eram removidas,
para que os corpos-de-prova fossem submetidos
aos testes de cisalhamento.
Para esse teste, foi utilizado um dispositivo
onde era encaixado o corpo-de-prova e, em seguida, o braquete colado era envolvido manualmente
por uma alça feita com fio metálico20 e, através da
célula de carga (500kgf) da Máquina de Ensaios
Universal (Kratos), esse fio era tracionado a uma
velocidade de 0,5mm/min (Fig. 6, 7).
A Máquina de Ensaios Universal (Kratos) era
então ativada e, por ser diretamente ligada a um
computador, tão logo o braquete se descolasse do
dente era registrada a força necessária para esse
deslocamento, ou seja, o limite de resistência adesiva, em MPa.
10
5
0
0g
30g
70g
120g
carga (g)
Gráfico 1 - Valores das resistências médias para o cimento Concise.
25
Força (MPa)
20
15
10
5
0
0g
30g
70g
120g
carga (g)
Gráfico 2 - Valores das resistências médias para o cimento Transbond XT.
Tratamento estatístico
Por se tratar de dois cimentos com sistemas de
polimerização diferentes, e também de diferentes
cargas usadas para os ensaios, foi utilizado o teste
de Análise de Variância a dois critérios (ANOVA)
para a análise dos resultados.
Tabela 1 - Resultado da Análise de Variância a dois Critérios
de classificação aplicada aos resultados dos testes.
Valor de p (nível de significância)
RESULTADOS
Os resultados, obtidos em MPa, foram registrados pelo computador da máquina de ensaios
quando da descolagem dos braquetes e podem ser
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15
cimento
0,000742*
carga
0,950855
interação
0,221730
*Diferença estatisticamente significante (p<0,01).
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60
70
50
60
50
40
40
Porcentagem
30
de falha
20
Porcentagem 30
de falha
20
10
10
0
0g
Falha adesiva
30g
70g
Carga (em gramas)
Falha coesiva
0
120g
Fratura do esmalte
0g
Falha adesiva
30g
70g
Carga (em gramas)
Falha coesiva
120g
Fratura do esmalte
Gráfico 3 - Resultados das falhas adesivas com cimento Concise (em porcentagem).
Gráfico 4 - Resultados das falhas adesivas com cimento Transbond XT (em
porcentagem).
de-prova, fratura adesiva na interface braquete/
cimento.
bovino, a fim de se padronizar a superfície a ser
colada para que, no momento da cimentação dos
braquetes, os cimentos pudessem ter uma espessura tão uniforme quanto possível.
Sendo assim, não houve necessidade de profilaxia prévia das superfícies dentárias, uma vez que
o próprio polimento com lixas de maior e menor
granulação, respectivamente, removia qualquer
tipo de detritos que pudessem interferir nos ensaios, deixando a superfície plana e lisa, pronta
para receber o condicionamento ácido proposto.
Este foi o motivo pelo qual foram escolhidos os
braquetes de base plana, para se excluir qualquer
possibilidade de erros relacionados à superfície do
tipo de dente escolhido, bem como a do tipo de
braquete.
Apesar de existir no mercado uma gama de
braquetes, confeccionados com diferentes tipos
de materiais (cerâmicos, policarbonato, plásticos,
entre outros), foram escolhidos os do tipo metálicos, pois são ainda os mais utilizados clinicamente1,4,8,11,12,16,18.
A seleção dos cimentos utilizados para a colagem dos braquetes foi feita de acordo com os tipos
mais comumente usados na clínica ortodôntica,
sendo um de polimerização química (Concise Ortodôntico) e outro fotopolimerizável (Transbond
XT).
Por esse motivo, a seqüência de colagem se deu
seguindo as instruções dos próprios fabricantes
Da metodologia
A utilização de dentes bovinos para a realização deste trabalho foi motivada por trabalhos
como os de Nakamichi, Fusayama13 e Haydar et
al.6, onde os autores estudaram a possibilidade de
substituir o dente humano em testes de adesão,
uma vez que estes estão cada vez mais difíceis de
serem obtidos, devido ao progresso do tratamento dentário conservativo. Esses trabalhos foram
de grande valia, pois mostraram que não há diferença estatisticamente significante entre dentes
bovinos e humanos, quando estes são utilizados
para testes de adesão, principalmente quando se
utiliza esmalte dentário. Como os dentes bovinos
são facilmente encontrados, devido à presença de
um grande frigorífico na cidade onde está instalada esta Faculdade de Odontologia, optou-se pela
utilização desses dentes para a realização dos testes de resistência adesiva. Outro motivo pela escolha dos dentes bovinos foi a grande dificuldade na
obtenção de dentes humanos e a necessidade de
aprovação e consentimento por parte do Comitê
de Ética.
Como as superfícies dos dentes bovinos são
bastante irregulares, dificultando a colagem dos
braquetes metálicos de base reta sobre as mesmas,
optou-se pela planificação do esmalte dentário
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Resistência à remoção de braquetes ortodônticos sob ação de diferentes cargas contínuas
dos cimentos e, para a padronização da espessura de cimento entre o braquete e o dente, no ato
da cimentação, foi utilizada uma Agulha Maior de
Gilmore, que produz uma força (peso) de 453,6g,
para os dois cimentos utilizados. Após a remoção
do excesso dos cimentos e completa polimerização dos mesmos, a agulha era então removida.
Baseando-se nessa força de inclinação decidiuse avaliar se há ou não interferência de alguns fatores já citados, na resistência adesiva dos cimentos utilizados, bem como se uma subcarga (30g) e
uma sobrecarga (120g) podem interferir diferentemente na mesma resistência.
Existem clínicos que instalam os arcos na mesma sessão em que os braquetes são colados20. Entretanto, para se evitar que o acessório se desloque,
alguns profissionais optam por adiar esse procedimento. Neste trabalho optou-se pela colocação
dos pesos 24 horas após, por ser o procedimento
mais comum na clínica ortodôntica. As mais variadas condições de armazenamento dos corposde-prova são encontradas na literatura, razão pela
qual não existe qualquer padronização para esse
procedimento. A técnica que pareceu ser a mais
utilizada pelos autores é a de manter os corposde-prova a 37°C a 100% de umidade relativa, durante 24 horas9,11,20.
Depois de amarrados aos braquetes já colados
aos dentes, os pesos tinham que ficar de tal maneira que exercessem força (carga) no sentido vertical e para baixo; para isso, uma grelha metálica
especial foi confeccionada de modo que pudesse
ficar imersa em água filtrada com os corpos-deprova dentro de uma caixa plástica por um período de 28 dias17.
Durante a movimentação ortodôntica participam forças de compressão, tração, cisalhamento e torção20. Para este trabalho, decidiu-se pela
força de tração durante a armazenagem e a força
de cisalhamento na remoção dos braquetes, por
ser o teste mais encontrado na literatura consultada1,2,4,6,8-13,15,16,19,20,22,23, e à velocidade de 0,5mm/
min4,11,20.
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Existem, basicamente, duas maneiras de se realizar o teste de cisalhamento: através de lâminas
pontiagudas que removem o braquete6 e através
de alça metálica20 que, quando envolvida, apresenta mais pontos de contato com o braquete, descolando-o de maneira mais homogênea. Por esse
motivo, o segundo método foi o escolhido.
Dos resultados
Segundo Haydar et al.6, a resistência adesiva
máxima recomendada para o sucesso na clínica
ortodôntica está em torno de 7MPa. Outro autor
sugere que a resistência adesiva necessária para a
clínica se encontra entre 5,9 e 7,9MPa15, portanto,
todos os resultados obtidos foram satisfatórios.
De acordo com a Análise de Variância a dois
critérios de classificação empregada (carga e cimento), pode-se observar que houve diferença
estatisticamente significante entre os cimentos
Concise Ortodôntico e Transbond XT, porém não
houve diferença entre as cargas testadas.
Observou-se, através das médias obtidas, que
o cimento Concise Ortodôntico apresentou resultados maiores que os do cimento Transbond XT,
e que ainda, através das médias obtidas, o Concise se mostrou menos sensível às diferentes forças
utilizadas.
Embora não haja diferença estatisticamente
significante, quando foi usada uma força de 120g
(a maior delas), o resultado para o Concise foi até
maior que para os outros. Isso não pôde ser observado para o cimento Transbond XT onde, ainda
que não existam diferenças significantes, numericamente notou-se uma diminuição nos valores dos
resultados quando se aumenta a carga.
Para se observar até que ponto essa diminuição
da resistência continuaria aumentando ou não, novos trabalhos são necessários, porque na literatura
não se encontraram trabalhos observando a ação
de pesos sobre os braquetes.
Dessa forma, para o grupo do cimento Concise Ortodôntico, com relação à fratura do esmalte
nota-se que, quando o grupo controle é analisa-
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GIannini, C.; Francisconi, P. A. S.
melhor resultado com relação à fratura de esmalte,
uma vez que com carga a 120g o índice de fratura
foi 0%.
As falhas adesivas na interface cimento/dente também evidenciaram melhor resultado com o
grupo quimicamente ativado Concise Ortodôntico
do que com o grupo fotopolimerizável Transbond
XT. Isso significa que, apesar deste cimento (Concise) apresentar uma resistência adesiva média maior
(12,7MPa) do que o Transbond XT (9,25MPa), o
mesmo não causa cause injúrias ao esmalte dentário conforme se aumenta a carga aplicada.
Esse fato, provavelmente, pode ser explicado pelas diferentes resistências coesivas dos dois cimentos. Outra hipótese seria a efetividade dos adesivos
de esmalte por eles utilizados, porém, este não foi o
propósito deste trabalho, o que deixa margem para
futuras observações em novas pesquisas.
do, ou seja, o grupo sem carga alguma, há 50% de
fratura no esmalte contra 0% de fratura quando a
carga é de 120g. Analisando o gráfico 3, fica nítida
a diminuição da ocorrência de fratura no esmalte
conforme aumenta a carga aplicada ao braquete.
Clinicamente isso é importante, pois mostra que,
conforme as forças vão atuando sobre o braquete,
o cimento vai causando menos danos à estrutura
dentária, preservando o esmalte no final do tratamento.
Com relação às falhas adesivas, que são aquelas
que acontecem na interface esmalte/cimento (as
mais desejadas, pois não deixam vestígios de resina
na superfície dentária) ou então na interface cimento/braquete, observa-se que, conforme a carga
é aumentada, aumenta-se também a porcentagem
destas (neste caso falhas na interface esmalte/cimento, pois não foram notadas falhas na interface
cimento/braquete) para o cimento Concise Ortodôntico (0g - 30%, 30g - 60% e 70g - 70%), havendo um ligeiro declínio no caso dos 120g (60%).
As falhas coesivas, que são as fraturas no corpo
do cimento, tiveram resultados constantes para o
cimento de polimerização química (0g - 20%, 30g
- 20% e 70g - 20%), havendo um aumento apenas
no grupo onde a carga foi de 120g (40%).
Já com o cimento fotopolimerizável Transbond
XT, as falhas adesivas se mostraram estáveis para
os grupos 0g (20%), 70g (20%) e 120g (20%) e um
pouco maiores no caso do grupo com 30g (40%).
A porcentagem para falhas do tipo coesivas
manteve-se constante no grupo do cimento fotopolimerizável, sendo que para os corpos-de-prova
sem carga (0g) a porcentagem chegou a 60% e nos
outros grupos, 30g, 70g e 120g, a porcentagem de
falha foi de 40%, 50% e 50%, respectivamente.
As fraturas do esmalte dentário, para o grupo
de braquetes colados com Transbond XT, permaneceram equilibradas entre os grupos 0g e 30g
(20%) e 70g e 120g (30%) (Gráf. 4).
Levando-se em consideração as falhas adesivas
após aplicação de carga, o grupo de braquetes colados com a resina Concise Ortodôntico obteve
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CONCLUSÕES
De acordo com o que foi observado neste trabalho, segundo a metodologia aplicada, pode-se
concluir que:
- O cimento Concise Ortodôntico apresentou maior resistência à remoção que o cimento Transbond XT, para todas as cargas utilizadas
(p < 0,01).
- Não houve diferença estatisticamente significante na resistência adesiva frente às três cargas
utilizadas (30g, 70g e 120g) para os dois cimentos
testados.
- Quanto ao tipo de falha ocorrida no momento do deslocamento, o cimento Concise Ortodôntico mostrou-se mais sensível às diferentes
cargas do que o cimento Transbond XT, ou seja,
conforme a carga aumentava, a porcentagem de
fraturas no esmalte diminuía para o primeiro cimento, ao contrário do fotopolimerizável onde,
em uma mesma situação, as fraturas no esmalte
não sofreram alterações com o aumento das cargas
e permaneceram equilibradas.
Enviado em: agosto de 2006
Revisado e aceito: julho de 2007
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Resistência à remoção de braquetes ortodônticos sob ação de diferentes cargas contínuas
Shear bond strength of orthodontic brackets using different static loading
application
Abstract
Aim: The purpose of this study was to test differences on bond strength between auto-cured (Concise) and lightcured (Transbond XT) cements after static loading and shear test. Methods: Eighty bovine teeth and metallic
orthodontic brackets (Morelli Ortodontia Braquete Edgewise/Rickets) were tested after static loads of 30, 70 and
120grs. Bovine enamel was conditioned with 37% phosphoric acid gel for one minute, rinsed and dried. Adhesives
were applied and brackets were bonded according to manufacturer’s instructions. Cement thickness was standardized with the use of a heavier Gilmore needle. After 24 hours, half of the specimens were submitted to the static
loads of 30, 70 and 120grs. Control group remained unloaded. Then, specimens were immersed in distilled water
for 28 days at 37ºC. Afterwards, orthodontic brackets were attached to a loop wire and submitted to a shear force
(Máquina de Ensaios Kratos Universal Kratos) under a crosshead speed of 0.5mm/min and load cell of 500Kgf. A
two-way ANOVA test (α = 0.05) was used to detect significant interactions between cements and static loads. Conclusions: (1) The Concise cement showed more statistically significant bond strength values than the Transbond XT
cement for all static loads; (2) No statistically significant differences were observed regarding static loads for all cements tested and (3) Higher static loads provided less enamel fracture in the Concise group after shear test, whereas in the Transbond XT the rate of enamel fracture remained unchanged regardless of previous load applied.
Key words: Shear bond strength. Orthodontic bracket. Bonding. Load.
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Endereço para correspondência
Carla Giannini
Avenida Brasil, 141, Jardim Paulista
CEP: 01.431-000 - São Paulo/SP
E-mail: [email protected]
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Artigo Inédito
Avaliação da resistência ao cisalhamento do
compósito Right-On em diferentes condições de
esmalte
Matheus Melo Pithon*, Luiz Antônio Alves Bernardes**, Antônio Carlos de Oliveira Ruellas***,
Fábio Lourenço Romano****
Resumo
Objetivo: avaliar a resistência ao cisalhamento da união de braquetes metálicos colados com
o compósito Right-On, em diferentes condições de superfície. Material e métodos: foram
utilizados 45 incisivos inferiores permanentes bovinos divididos em três grupos (n = 15). No
grupo 1 (controle), as colagens foram realizadas com Transbond XT seguindo as recomendações
do fabricante, ou seja condicionamento com ácido fosfórico a 37%, lavagem, secagem, aplicação
de XT primer e colagem propriamente dita. Nos outros dois grupos, os braquetes foram colados
com Right-On, sendo que no grupo 2 seguiu-se as instruções do fabricante, ou seja condicionamento com ácido fosfórico a 37%, aplicação do líquido ativador do compósito na superfície
condicionada e na base do braquete e posterior inserção do compósito na base do braquete e
posicionamento. No grupo 3 a superfície dentária foi condicionada com o ácido-primer Transbond Plus Self-Etching Primer e líquido ativador do compósito foi aplicado apenas na base do
braquete. Após a colagem, realizou-se o ensaio de cisalhamento de toda amostra à velocidade de
0,5mm por minuto em máquina Instron de ensaios mecânicos. Resultados e conclusões: os
resultados (MPa) mostraram não haver diferenças estatísticas entre os grupos 1 e 2 (p > 0,05),
entretanto estes grupos foram estatisticamente superiores ao grupo 3 (p < 0,05). Os resultados
do IRA evidenciaram maior número de fraturas na interface braquete/compósito.
Palavras-chave: Resistência ao cisalhamento. Colagem dentária. Braquetes.
INTRODUÇÃO
Até a década de 70, a fixação dos acessórios
ortodônticos ao dente era feita com bandas em todos os dentes. De acordo com Zachrison20, muitas
eram as desvantagens desse procedimento, como
dificuldade de higienização, complexidade, moro-
sidade de sua execução clínica, comprometimento
da estética, entre outras. Dessa forma, a técnica de
colagem direta dos acessórios ortodônticos foi um
avanço imprescindível para o desenvolvimento,
simplificação e expansão da Ortodontia. A técnica
de colagem direta só foi possível com o advento
*Especialista em Ortodontia pela Universidade Federal de Alfenas-UNIFAL. Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ.
**Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Professor do curso de especialização em Ortodontia da
Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL.
***Mestre e Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ. Professor adjunto de Ortodontia pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Professor do curso de especialização em Ortodontia da Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL.
****Mestre em Ortodontia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Doutorando em Ortodontia pela Universidade Estadual de
Campinas - UNICAMP. Professor do curso de especialização em Ortodontia da Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL.
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Maringá, v. 13, n. 3, p. 60-65, maio/jun. 2008
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The effect of air abrasion in enamel adhesion of orthodontic bracket