REDAÇÃO PARA O ENEM: UMA QUESTÃO DE MÉTODO Você nunca mais terá dificuldade para fazer uma redação. Garanta seu Sucesso no Enem! REDAÇÃO PARA O ENEM: UMA QUESTÃO DE MÉTODO Você nunca mais terá dificuldade para fazer uma redação. Garanta seu Sucesso no Enem! Professora Patrícia Curry SUMÁRIO Considerações Iniciais................................................................................................................ 3 Iniciando os trabalhos: o discurso da banca............................................................................ 5 O texto dissertativo-argumentativo.......................................................................................... 5 Competências que avaliam a Redação do Enem..................................................................... 7 Competência de nº 1................................................................................................................... 7 Competência de nº 2................................................................................................................... 9 Competência de nº 3...................................................................................................................12 Competência de nº 4...................................................................................................................14 Competência de nº 5.................................................................................................................. 16 Considerações Finais..................................................................................................................17 Gabarito.......................................................................................................................................18 Referências...................................................................................................................................19 4 Considerações Iniciais Inicialmente, cumpre esclarecer que esse trabalho de orientação de escrita destina-se a alunos que estão em fase de preparação para a prova de Redação do ENEM. O método aqui utilizado faz parte de um estudo que iniciou há cerca de 10 anos, a partir das inúmeras leituras da graduação; dos grupos de estudo, externos ao curso de Letras, organizados com a finalidade de discutir o processo de produção textual, dos quais participei desde os primeiros semestres; da minha dissertação de mestrado, que me oportunizou deslocar o referencial teórico, até então aplicado às questões acadêmicas, para a então prática de produção de textos; e principalmente da prática de sala de aula, momento em que o “sentido fez sentido”. Quero ressaltar que esta proposta de trabalho está muito bem embasada teoricamente. Apesar de eu ter um referencial teórico que orienta minha formação, eu circulo em praticamente todas as teorias de linguagem: de Ferdinand Saussure a Michel Pêcheux (quem conhece um pouquinho, sabe do que estou tratando). Retomo isso porque quero deixar bem claro que aqui não há ‘amadorismo’ e nem cópia do trabalho de ninguém. Tenho publicações acerca deste trabalho, que vai, com certeza, fazer a diferença em seu aprendizado. A partir disso, observando a dificuldade de muitos alunos, a necessidade de aprender, o desejo de superação e a quase ausente discussão sobre o método, organizei esse trabalho (de uma vida de estudo...) que é um caminho, um método que pode ser seguido. Assim, proponho uma organização de ideias, situando objetivamente o que pode ser feito em torno da produção textual, a qual é uma questão que evidencia a organização mental do aluno. Pontuo aqui que a leitura de livros, jornais e revistas é fundamental, porque agrega conhecimento de novas ideias e contribui para a agilidade mental. Entretanto, o “ler muito” não é critério decisivo para uma produção de texto. Afirmo isso com base no incontável número de pessoas com nível superior e pós-graduação que “sofrem” muito para produzir um texto, às vezes, de uma página e meia. Em um contexto mais próximo ao seu (aluno Enem.ano), presencio alunos se prendendo à ideia de que não leem e por isso não conseguem escrever. Pare com isso! “Ti liberta!”. Abandona essa crença limitadora. É claro que se você não lê, então, encontre um jeito de começar, mas o que realmente importa é como você vai usar o muito ou o pouco que você sabe sobre o tema. Então, tendo-se um certo grau de conhecimento absorvido de leituras que devem acontecer naturalmente durante a sua preparação, você precisa ter um MÉTODO para se orientar na escrita. Tendo isso como um eixo fundador dessa discussão, procurei traçar a escrita procurando me projetar na posição do aluno, do sujeito que busca construir um conhecimento acerca do texto. Para tanto, utilizei uma linguagem pautada na interlocução, pois é assim que vejo o texto: uma troca, uma circulação de sentidos, que, após um tempo de amadurecimento, inundam o papel, materializando os saberes organizados pelo autor. Há sempre vastas possibilidades de se trabalhar o texto, utilizando-se recursos muito criativos, dependendo dos objetivos traçados para a produção. O que precisa ficar claro é que o texto é sempre um processo, um avanço de ideias. Quando estamos em sala de aula, ou em casa, sempre temos a oportunidade de melhorá-lo, de aperfeiçoá-lo; só não temos as mesmas condições no efetivo dia da prova. Por isso, precisamos nos preparar muito bem, desenvolver habilmente nossas capacidades para que possamos colocá-las em prática da forma mais satisfatória possível. Precisamos urgentemente sair do campo abstrato dos conceitos e termos que envolvem a produção de texto. É vital que saibamos trabalhar e saber o que são os termos que pertencem ao campo de estudo da redação. Não nos adianta saber que precisamos dar coesão e coerência ao texto se não sabemos o que é o tema, como utilizá-lo e de que forma ele se articula com a tese. E, em se tratando de tese, que relação ela tem com a proposta de intervenção solicitada no Enem? Estes conceitos são fundamentais. Então, chega dessa ‘retórica’ histórica e mal sucedida sobre conceitos abstratos que são carregados se significados e, que, no entanto não fazem sentido a você. Posto isso, nosso estudo será desenvolvido da seguinte forma: vou tratar sobre o perfil/discurso da banca; posteriormente vou explicar a base para seu aprendizado que é o entendimento sobre o texto dissertativo-argumentativo; a partir disso, vou então atacar o alvo: as competências de avaliação da redação do Enem, compreendendo o que elas são e COMO (metodologicamente) podem ser executadas no texto; e, então, fazer o fechamento, ok?! 5 Iniciando os trabalhos: o discurso da banca Considerando que a orientação teórica para a elaboração da prova do Enem está embasada em uma proposta dialógica, ou seja, em uma proposta em que o aluno precisa dialogar com o mundo, no sentido de perceber, compreender, interpretar, intervir em relação aos acontecimentos sociais, econômicos, políticos, ambientais, é inquestionável a necessidade de este aluno, inicialmente, acionar um olhar mais atento ao conhecimento que circula nas diferentes mídias, a fim de construir um saber que lhe seja útil na hora da prova, Ora, do que estou tratando aqui? Estou chamando a sua atenção para o perfil ideológico da prova de Redação, a qual exige qualidade naquilo que é apresentado no texto, sem perder a noção sobre “aquilo que pode ou deve ser dito”. Assim, a banca, ao solicitar a escritura do texto – Redação - quer ver, em sua produção, ideias que sejam pertinentes e sobretudo ORGANIZAÇÃO do saber, o que iremos desenvolver aqui através do método de elaboração do texto. Tendo como base esse raciocínio de que você precisa estar informado sobre o que acontece no ‘mundo’, não com a finalidade de empregar com exatidão o que lê hoje, mas com o propósito de, inconscientemente, “estocar” conhecimento que será naturalmente acionado na hora da prova, é vital que você saiba COMO começar o 2º dia da prova do Enem. Disso precisamos entender que a prova de Redação é decisiva, então, considerando que você vai aplicar as orientações que vou propor aqui, peço que inicie o 2º dia de prova pela Redação. O tempo sugerido e máximo que você poderia “ficar” na prova é de 80 minutos. Ressalto que essa é uma sugestão, ok?! A partir disso, vamos começar a adentrar no campo da Redação, iniciando pelo entendimento de alguns conceitos básicos como os que seguem. O texto dissertativo-argumentativo A prova de Redação do Enem é caracterizada por solicitar a tipologia textual dissertativa. Dentro ou a partir dessa tipologia, desenvolvem-se “outros textos”, como, por exemplo, o artigo de opinião, o editorial, a redação de vestibular e também a Redação do Enem, a qual já está se colocando, conforme os demais textos mencionados, como um GÊNERO da dissertação. Vamos entender gênero, de forma prática, como um texto que “vem” da dissertação, que possui um autor específico (que é você), que possui um leitor específico (que são os professores selecionados para a correção, os quais possuem uma qualificada formação e conhecimento sobre a Redação do Enem), que possui determinadas condições de produção e circulação, certo?! Em face disso, vamos resumir esse repertório todo. O que significa ser dissertativo? Significa que você vai escrever sobre um tema, normalmente, da atualidade, fazendo afirmações que estejam, em sua maioria, evidenciadas em momento presente (verbos no presente) ou até em tempo futuro (verbos no futuro, preferencialmente, no futuro do presente, tempo este que possui em sua flexão as desinências “re” e “ra”, por exemplo: eu aprovarei, tu aprovarás, ele aprovará, ... . Observe a repetição do “re” “ra”. Isso caracteriza o futuro do presente, ok?!). E o que mais é preciso para cogitar escrever o texto dissertativo? É necessário saber que ele é argumentativo, ou seja, que você vai precisar se posicionar em relação a um fato/tema dado pela prova. Aqui precisamos ter especial atenção a esse “se posicionar” que será discutido mais adiante. Para tanto, sabendo que o texto, ao ser entendido como a materialização dos sentidos, isto é, como a colocação clara e organizada de suas ideias no papel, produzindo um efeito de sentido (discurso), é, então, o espaço onde a palavra, através de uma rede de saberes e conhecimentos advindos de sua história/repertório, “instaura” a noção de verdade. Quero dizer com isso que, no texto dissertativo, a palavra coloca-se como o recurso capaz de “dizer” e de “mostrar” como nós pensamos a discussão/tema que nos é proposto, sem provocar inverdades, mas tomando o espaço necessário para apresentar aquilo que “pode ou deve ser dito”. Observe que até agora eu estou somente construindo com você uma base de conhecimento que lhe dará mais segurança no momento em que irá organizar seu texto. Frente a isso, quero apontar algumas observações que, apesar de básicas, eu sei que farão a diferença em sua redação. Assim, o texto dissertativo-argumentativo possui algumas particularidades, as quais lhe ajudarão a entendê-lo melhor: ele evolui a partir da reflexão sobre o tema, o qual tem suas condições de produção embasadas em um dado momento do tempo e em um dado lugar físico ou abstrato do cotidiano próximo ou distante do autor; este texto relaciona ideias, faz comparações, estabelece correspondências entre diversos conhecimentos. Em relação aos aspectos estruturais, atente para os seguintes pontos: a) Cuide de sua letra. Ela necessariamente precisa ser LEGÍVEL. Se necessário for, treine-a em caderno de caligrafia. Isso parece “supérfluo”, mas não é. Muitos alunos reprovam ou apresentam um desempenho ruim na 6 prova de redação porque a letra simplesmente é ilegível em muitos trechos dos parágrafos. Então, seja prático e objetivo: se precisar, melhore sua caligrafia em caderno específico para isso (caderno de caligrafia). b) Atente para as margens e parágrafos. Alinhe bem as margens esquerda e direita. Não deixe aqueles espaços finais que não completam a linha escrita. Lembre-se de que o texto é em prosa e não em versos. Deixe também um espaço significativo para iniciar os parágrafos. c) Atente para o número mínimo e o número máximo de linhas para o texto. A regra estabelecida é: no mínimo, 8 linhas. No entanto, nós vamos adotar um padrão de, no mínimo, 20 linhas, a fim de dar mais qualidade e progressão às ideias. E, vamos chegar a, no máximo, 30 linhas, como a própria prova já define. d) Com isso, você já pode ir pensando sobre o planejamento de suas ideias, verificando quantos parágrafos podem ser feitos no texto todo. Além da introdução (que é o 1º parágrafo), você precisa fazer 2 ou até 3 parágrafos de desenvolvimento. Para definir isso, algumas questões devem ser levadas em conta: o que é um parágrafo: é “um bloco de texto”, com um adentramento, na primeira linha em que ele começa, de, em média, um centímetro. O parágrafo também precisa ter, no mínimo, dois períodos (frases) e com, no mínimo, 4 linhas. Este número mínimo não é uma lei, é apenas uma constatação ou convenção. Percebemos que, para as ideias começarem a andar, precisam de um certo espaço. Além disso, cuide do tamanho de sua letra. Se for muito grande, vai atrapalhar na progressão, pois ocupará muito espaço. e) Até quantas linhas podemos levar um parágrafo? Podemos ir até o ponto em que verificamos o cumprimento da função que ele (introdução, desenvolvimento e conclusão) tem. Também precisamos observar que, na totalidade, os parágrafos precisam estar com tamanhos semelhantes, ou seja, não podemos construir, por exemplo, o segundo parágrafo com 4 linhas e o terceiro com 8, não é? Isso causaria uma “impressão” ruim. E acreditem: essa “impressão”, que é bem subjetiva, interfere sim na nota. Por fim, lembre-se também de que a conclusão é um parágrafo, sendo o último do texto. f) Quanto ao título, no Enem, ele não é obrigatório, mas se for expressivo, ou seja, apresente uma ideia relacionada com o texto, você pode ser melhor avaliado na parte do texto, à qual o título se relaciona. A partir disso, vamos começar a adentrar no espaço da produção, entendo o que são e como funcionam as competências de avaliação. Esse delineamento metódico é constituído com vistas a organizar o raciocínio sem nunca perder de vista os critérios que a banca coloca. Assim, vamos começar. Competências que avaliam a Redação do Enem Competência de nº 1: domínio da norma padrão da língua portuguesa Leia com atenção o parágrafo abaixo: “O consumismo foi disseminado no mundo pelos EUA, durante a Guerra Fria,(1) com a vitória capitalista, ele se integrou a (2) cultura da maioria dos países, mas o que era considerado o melhor opção para de viver hoje se tornou uma ameaça global. Com o alto consumo da população, está (3) se esgotando os recursos naturais rapidamente e o excesso de lixo gerado, (4) causa mais problemas ambientais, tornando a vida no planeta difícil de se sustentar.” (A.) Considerando que o tema deste parágrafo é “os efeitos do consumismo para a modernidade”, observe que há uma relativa dificuldade de se compreender, com clareza, a apresentação das ideias. Apesar de o parágrafo apresentar o tema e a tese, ele não seria bem avaliado na competência de número 1 (domínio da norma padrão da L.P). Por que há esse prejuízo de compreensão? A resposta a isso tem vínculo direto com a gramática da redação deste parágrafo. Nos pontos demarcados com números, há 3 erros cruciais e dos mais sérios na escrita, que são de: pontuação, concordância e crase. Ler em um “único fôlego” torna muito complicado o entendimento. Então, como resolver isso? Logicamente, como eu mencionei lá encima nas considerações inicias, a leitura tem esse papel: agregar conhecimento e, entre eles, é o da internalização cognitiva da lógica de construção das frases. 7 Além deste recurso, você precisa REVISAR rapidamente o que escreve a cada parágrafo. Então, proceda assim: revise principalmente estes três pontos mencionados (pontuação, concordância e crase). Como fazer? Atente para o esquema abaixo: a) Pontuação: localize os verbos do parágrafo que você acabou de escrever e faça a pergunta “QUEM + verbo?” A resposta será o sujeito que deve colocar o verbo no singular ou no plural, conforme ele (sujeito) se apresenta Observe abaixo essa revisão detalhadamente descrita: Quando se cria um sujeito muito extenso, tem-se a impressão de que é necessário usar uma vírgula. No entanto, a vírgula não pode aparecer no texto para dar pausa no “fôlego”, e sim porque ela desempenha alguma função. Há também o caso de que o aluno “se empolga” e escreve tudo o que está pensando em um único lance de raciocínio, usando breves pausas por vírgula. Observe os número (1) e (4) no texto: no primeiro caso, ocorreu o início de uma nova afirmação com sentido completo, ou seja, com sujeito, verbo e toda a estrutura de que uma nova frase precisa, assim, como a anterior também apresentou. Frente a isso, o segmento “com a vitória capitalista, ele se integrou” está iniciando novo período (frase) e necessita de um ponto antes do “com” e não vírgula. O mesmo fato de pontuação ocorre em “o excesso de lixo gerado, causa”. Quem causa? Re: o excesso de lixo causa. Então, temos a estrutura de sujeito e verbo, o que torna impossível a colocação da vírgula. Sendo assim, sempre procure o verbo flexionado e faça a seguinte pergunta (QUEM + VERBO?): QUEM DEVE? A resposta sempre será o sujeito, independente do tamanho que ele tem na frase. b) Concordância: é revisada com base no mesmo método anterior. Faça a pergunta: QUEM + verbo. Se a resposta tiver um núcleo singular, o verbo ficará no singular. Se a resposta tiver um núcleo plural, o verbo ficará também no plural. Vamos analisar este segmento: “está se esgotando os recursos naturais”. Já que a concordância verbal, em sua regra geral, também recebe a mesma regra de análise descrita na pontuação, estabelecida na pontuação do sujeito, apontada acima. Pense: QUEM está? Re: “os recursos naturais estão”. O núcleo do sujeito “recursos” concorda com o verbo e não com os elementos que o seguem. Vale lembrar que não podemos confundir essa regra geral com as chamadas expressões partitivas (“a maioria”, “a minoria”, “grande parte de”, “mais da metade”). Estas aceitam verbo no singular e no plural. Observe que se pode usar: “A maioria dos candidato pode/podem fazer a matrícula.” “Um pequena parte dos governantes aceita/aceitam a medida disciplinar” 8 c) Crase: para se verificar a crase, basta que você localize a palavra, em regra geral, a da esquerda e faça a pergunta “a quê?” ou “a quem?”. Se for possível fazer uma destas perguntas, então, tal palavra exige a preposição “a”, a qual é o 1º pré-requisito da crase. Depois, localize a palavra da direita e verifique se ela é feminina e recebe o artigo “a” na frente dela. Se estes dois testes forem possíveis, então, há crase. No segmento: “ele se integrou a cultura da maioria dos países, no ponto em que há a chance de se usar a crase, podemos pegar a palavra “se integrou” e fazer a pergunta “se integrou” a quê? Observe que é sim possível, então, significa que há a preposição “a”. Então, agora, olhe para a palavra “cultura”, é possível dizer: “a cultura”? A resposta é sim, não é? Isso quer dizer que a palavra é feminina e recebe artigo. Portanto, há crase, ficando assim: “integrou-se à cultura”. Deste modo, sempre aplique a regra geral, pois há uma reduzida chance de você errar. Se ficar com dúvida na palavra da direita, a feminina, use este raciocínio: A ___________ é inteligente. Poderíamos colocar naquele espaço a palavra “cultura”. Então, ela é feminina. Além destes 3 importantes pontos, destaco alguns aspectos de uso da língua, os quais interferem na qualidade e entendimento do texto: a) Tempo verbal (Futuro): evite verbos terminados em “ria”. Use-os quando você está afirmando sobre algo que não é importante ou que você não vai defender no texto. Procure usar algo, como: ‘poderemos, deveremos, indicamos/indicaremos, será importante que”, entre outras formas. b) Acentuação gráfica: habitue-se ao novo acordo ortográfico. Não acentue o ditongo aberto “eu” e oi” (de som aberto ‘é’ ‘ó’), quando ele está na posição paroxítona (ou seja, na sílaba 2, contando-se do fim para o início). Por exemplo, as palavras: ‘ideia, plateia, alcateia, apoia, androide, paranoia não são mais acentuadas graficamente. c) Hífen dos prefixos. Quando o prefixo termina na mesma letra que inicia a próxima palavra, mantém-se o hífen. Quando a palavra após o prefixo iniciar com “h”, mantém o hífen. Quando o prefixo termina em uma letra diferente daquela que inicia a próxima palavra, retira-se o hífen e une o prefixo com o radical. Quando a palavra após o prefixo iniciar com ‘R” ou “S”, dobra-se a letra e não usa hífen. Observe o esquema: -------------a a----------- = -----------a-a------------- Exemplo: contra-argumentação, micro-ondas (Letras iguais, separa com hífen(-)) -------------- h----------- = ----------- - h------------ Exemplo: super-herói, anti-higiênico -------------o e----------- = ------------oe------------ Exemplo: socioeconômico, infraestrutura (Letras diferentes, juntam-se) -------------- s----------- = -------------ss------------- Exemplo: antissocial, microssitema ------------- r----------- = -------------rr-------------- Exemplo: autorretrato, contrarregra 9 Competência de nº 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa. Eu gostaria de, antes de começar a cmpt dois, alertar que é preciso conhecer todos aqueles aspectos que citei anteriormente, no entanto, aplique-os, efetivamente, após a escrita do parágrafo, pois durante o ato de escrever, você precisa se concentrar nas IDEIAS, ok?! Agora, a partir desta competência 2, vamos trabalhar com os aspectos de conteúdo do texto, pois já tratamos das questões relacionadas à forma. Nesse sentido, vamos mergulhar no critério 2: compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa. Tudo começa com esse verbo que abre caminho para você se ambientar: “compreender”. É preciso ‘compreender a proposta de redação’. Como fazer isso? Para que fazer isso? A situação tem o seguinte procedimento: localize o comando da prova, onde está o tema. Depois leia os textos da prova de onde você vai tirar ideias que lhe permitem compreender melhor o rumo da proposta de escrita. Por exemplo, no tema de 2014, o tema “a propaganda infantil” precisava ser abordado da perspectiva da criança que é expectadora e não daquela que é colocada como personagem dessa propaganda. Isso ficava claro nos textos da prova. Após essa leitura, faça um planejamento, onde você precisa especificar o que é o tema e a tese; em face destes dois elementos claros a sua vista, procure aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento, relacionando o tema, por exemplo, com algum conteúdo de uma disciplina que você tenha estudado. Em síntese, esse é o procedimento para fazer a introdução. Vamos, então, detalhar melhor o que é o tema, como surge a tese e como tais conceitos das várias áreas entram... • O que é o tema? Re: O tema refere-se àquelas EXATAS palavras que vêm em letras maiúsculas ou em negrito nas primeiras linhas da prova de redação. Seguem alguns exemplos de fragmentos de provas do Enem, no exato lugar onde está o tema: • Exemplo 1: A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. (ENEM 2013) Exemplo 2: Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o tema O Trabalho na Construção da Dignidade Humana, apresentando experiência ou proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. (ENEM 2010) Observaram, no exemplo 1, as palavras “implantação Lei Seca” e, no exemplo 2, “trabalho, construção, dignidade, humana? Elas são chamadas de palavras-chave porque justamente são responsáveis por abrir o sentido do texto (tendo a ver com a coerência, ou seja, entendimento sobre do que o texto trata). Então se tais palavras são o tema, elas precisam ser colocadas em todo o texto ou, de alguma forma, ser tratado sobre elas. Na introdução, é indiscutível a necessidade delas, pois tais palavras-chave vão atender a uma parte da função do parágrafo 1, que é a apresentação do tema. Se você não encontrar, de imediato, sinônimos adequados, terá sim que usar, por exemplo, a palavra “trabalho” sempre que precisar se referir a ele no decorrer dos parágrafos. Ou, em uma outra opção, usar ideias que se refiram a “trabalho”, pois é sobre ele que o candidato deve se posicionar. Assim, elimina-se aqui essa dúvida sobre a repetição.A progressão temática é obrigatória. E como fazer isso senão usando o tema e, obviamente sua delimitação, que, no caso, é “...construção da dignidade humana”. Faz-se necessário reforçar que, em relação ao tema, este precisa estar recorrente em todo o texto, mas em se tratando de introdução, ele é fundamental porque é parte constitutiva dela. Ainda sobre a competência 2, vamos compreender o que é a tese (ponto de vista) que, embora seja mencionada só na competência 3, é importante que ela seja, ao menos, ‘pincelada no 1º parágrafo. * O que é a tese do na redação Enem? Em regra geral, e isso seria estendido às produções textuais de concur- 10 sos públicos e vestibulares, a tese, em síntese, seria uma resposta ao tema. Ou seja, a prova faz uma pergunta, o candidato responde e, assim, tem-se a configuração de uma tese. Ou, em um outro formato de prova, lança-se uma afirmação com a qual o candidato concorda, discorda, estabelece, causa/consequência (...). Entretanto, no ENEM, a apresentação da tese assume uma forma um pouco diferente. Considerando que a prova do Enem aborda um tema de cunho social, e por que não, ideológico, a tese será (atenção!) o RECONHECIMENTO acerca de um fato-problema existente sobre o tema. Raciocine assim: você não pode entrar a prova detonando tudo, ou seja, criticando e estabelecendo níveis críticos extremos. Diante disso, em nível de introdução, você precisa apresentar os seguintes elementos: contexto, tema e tese. É neste contexto que reside a qualidade da nota. Vincule o tema a alguma outra área do conhecimento. Sabendo do que o tema realmente trata, já que você leu uma coletânea de textos, então agregue, relacione áreas do conhecimento. Por exemplo, o contexto do tema da publicidade infantil poderia ser relacionado: ao contexto econômico brasileiro (geografia), ao processo histórico capitalista absorvido pelo Brasil (história), aos pensadores contratualistas (filosofia), e assim por diante. Tais informações poderiam entrar no parágrafo com o recurso das estratégias de introdução: apelo à autoridade, enumeração, omissão de dados, alusão histórica, contraposição. E no processo de apresentação da informação, com ou sem a estratégia, relaciona-se o tema e instala a tese. Essa sequência de organização da introdução é fundamental, considerando que é a tese que vai dar a essa parte do parágrafo uma perspectiva de orientação sobre o que virá no desenovlimento. Portanto, a tese é a colocação e definição de um aspecto-problema relacionado ao tema (CURRY, 2012). Na sequência, segue um exemplo que demonstra essa apresentação do tema e da tese, sendo estes dois elementos introduzidos com uma boa contextualização. O tema do exemplo refere-se ao último concurso do Enem em 2015, o qual apresentou como tema “Publicidade infantil em questão no Brasil”. Desde o final de 1991, com a extinção da antiga União Soviética, o capitalismo predomina como sistema econômico. Diante disso, os variados ramos industriais pesquisam e desenvolvem novas formas e produtos que atinjam os mais variados nichos de mercado. Esse alcance, contudo, preocupa as famílias e o Estado quando se analisa a publicidade voltada às crianças em contraponto à capacidade de absorção crítica das propagandas por parte desse público-alvo. (Autor: parágrafo introdutório de João Pedro Maciel Schlaepfer, RJ) (Publicação autorizada pelo Autor) Leia com atenção a análise abaixo: Observe a primeira frase: ela faz uma contextualização com uma ideia relacionada à história e à geografia. Tal afirmação entra no parágrafo através da estratégia da alusão histórica, o que qualifica muito a produção textual. Atente para o fato de que a informação colocada (contextual) funciona como uma base, uma forma de “início” a respeito do processo capitalista e mercadológico. A partir disso, na terceira frase, o autor já começou a entrar no campo semântico (campo de palavras) que se aproxima do tema. Ele usa o termo ‘famílias’ e joga sobre isso a ideia de preocupação o que vai culminar em crianças (infantil) absorção de propagandas (publicidade). Com isso, observe que há um fio condutor de raciocínio: Contexto (ideia geral) + tema tese, que se relacionam à parte anterior por meio do elemento coesivo “esse”, o qual demarca, no parágrafo, o reconhecimento de que tal estruturação de mercado traz consigo ampliação e preocupação, já que o alvo, neste caso, são as crianças. Assim, o tema está claramente definido e a tese se configura no reconhecimento de que a publicidade age em contraponto com a capacidade de absorção crítica do público-alvo (crianças).t 11 Um outro exemplo, com o tema “o jeitinho brasileiro”, é o que segue: O Filosofo Thomas Hobbes afirmava que os homens realizam um contrato social para permitir boa convivência, respeitando leis e normas do contrato. No entanto, algumas pessoas driblam regras da sociedade onde vivem para resolver problemas particulares. Esse ato, frequentemente realizado pelos brasileiros, passou a ser chamado de jeitinho brasileiro. Assim, aceitando atitudes que vão além das fronteiras de nosso “contrato social”, o jeitinho brasileiro permite que muitos infrinjam a lei e gerem consequências graves. (Autora: Anaí) Você consegue identificar as partes que eu apresentei anteriormente? Tente identificá-las e confira sua identificação com o gabarito que está no fim deste material. Competência de nº 3: selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista Esta competência avalia mais pontualmente o desenvolvimento. Você percebeu que, na cmpt 2, a questão da compreensão da proposta (...) está ligada ao seu entendimento sobre o que é o tema, o qual é ‘ajustado’ satisfatoriamente desde o primeiro parágrafo, porque você o compreende bem, pois lê com atenção os textos de apoio, bem como traz, para a introdução, alguma ideia relacionada a áreas do conhecimento. Então, sabendo que o tema é contextualizado, recorre no texto ou no parágrafo e que temos de ter a definição de um aspecto-problema/ tese (ou mais de um), precisamos, assim, em nível de desenvolvimento, estabelecer quase o mesmo processo (aplicar conceitos das áreas do conhecimento), mas agora apresentado em outras palavras: selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos EM DEFESA DE UM PONTO DE VISTA (tese). Para ilustrar, podemos rapidamente usar como exemplo o tema Enem 2010 : “O trabalho na construção da dignidade humana”. Não há como negar que o trabalho é fundamental nessa construção. ENTRETANTO existem entraves, empecilhos, pro-ble-mas que impedem isso de acontecer. Então, posso formular a seguinte colocação (tese): “O trabalho escravo moderno desconstrói a busca pela dignidade” OU “A dedicação e uso excessivo de tempo e de recursos impossibilitam o ser humano de viver com dignidade dos frutos de seu trabalho”. Posto isso, é preciso então “selecionar, relacionar, organizar, interpretar informações, fatos, argumentos que DEFENDAM a verdade de tais afirmações no desenvolvimento. Para termos essa capacidade de argumentar, precisamos, como eu já disse antes, de organização, a qual se materializa por meio do PLANEJAMENTO. Reflita assim: por que ou para quem ‘o trabalho escravo moderno desconstrói a dignidade’? É para toda a população brasileira? Certamente, não. Então, precisamos mostrar, no desenvolvimento, a identidade ou perfil do alvo dessa desconstrução. Para isso, “podemos relacionar esse fato com aqueles brasileiros (observe que não são todos) que saem de casa, saem de seus lugares de origem e vão buscar trabalho em centros urbanos, onde haja a absorção da mão de obra. No entanto, infelizmente, são explorados com salários que não compensam seus esforços. Consequentemente, não conseguem atingir seu objetivo inicial que era construir uma vida mais digna. A realidade que tomam para si é de frustração por não conseguirem construir uma vida de mais qualidade e ainda terem de executar trabalhos extremamente exaustivos, com carga horária excessiva”. Essa progressão argumentativa pode ser fortalecida com a informação que descreve quais são as regiões do país que mais absorvem esses trabalhadores? Ou qual é o perfil de renda destes trabalhadores? Tais informações podem aparecer na própria prova, de onde você pode retirar a informação desde que cite a fonte. Esse raciocínio está totalmente RELACIONADO com a disciplina de geografia. Entre no discurso desta área. Não tenha medo de usar a informação (sempre apresente a fonte quando a ideia usada em seu texto tiver um autor específico). Assim, você estará selecionando, relacionando informações para a defesa de seu ponto de vista. Observe o exemplo de um parágrafo de desenvolvimento que segue: 12 “O nível de criticidade em relação à propaganda é extremamente baixo. Isso se deve ao fato de estarem em fase de composição da personalidade, que é pautada nas experiências vividas e, geralmente, espelhada em um grupo de adultos-exemplo. Dessa forma, o jovem fica suscetível a aceitar como positivo quase tudo o que lhe é oferecido, sem necessariamente avaliar se é algo realmente imprescindível.” (Autor: João Pedro Maciel Schlaepfer) Atenção para o esquema: Tema: Propaganda infantil (Enem/2014) Tese: A publicidade voltada às crianças em contraponto à capacidade de absorção crítica (definida na introdução) Argumento: nível de criticidade extremamente baixo (...) jovem fica suscetível a aceitar como positivo quase tudo o que lhe é oferecido, sem necessariamente avaliar se é algo realmente imprescindível. Observe os passos: * a quem se refere? * por que essa propaganda faz mal? * como ocorre esse malefício? Você conseguirá identificar estes três aspectos no exemplo acima. Este parágrafo, caso ele tivesse mais espaço em linhas a serem escritas (e isso depende do número de parágrafos de desenvolvimento, o que eu sugiro em dois), ele poderia ser aprofundado à medida que se poderia apontar os efeitos futuros do “aceitar ... sem avaliar”. Como isso repercutiria na formação, nos valores da criança e por que não na postura dela em uma suposta idade adulta? Como recurso de qualificação argumentativa, o que ocorre depois já termos definido o argumento principal, podemos então fortalecer a ideia definida com: dados estatísticos, exemplos, citações, contra-argumentações. Estes recursos são denominados estratégias argumentativas que têm o efeito de sustentar as suas colocações argumentativas. Observe o exemplo abaixo, cujo tema é “o perfil da relação entre pais e filhos”. Neste exemplo, coloquei o primeiro parágrafo (introdução) e segundo parágrafo (o que equivale ao primeiro de desenvolvimento). Fortaleza inabalável? Questão de atitude! “Compreensão, respeito e amor. Estes sentimentos, os quais deveriam constituir a base da relação entre pais e filhos, infelizmente, encontram-se de modo inexpressivo e, até mesmo, escassos nas famílias atuais. Com isso, a relação entre pais e filhos está, cada vez mais, frágil e desestruturada. Nesse sentido, é imperiosa a necessidade de revermos alguns conceitos e tomarmos alguma atitude que vá ao encontro da harmonia desta relação. Percebemos que o fator preponderante que provoca o abalo da estrutura da relação pais x filhos está no pouco respeito dos pais em relação às escolhas pessoais dos adolescentes. Muitos não aceitam que o filho prefira ser músico a advogado. Conforme uma matéria do Jornal Zero Hora, em edição do segundo semestre de 2014, a falta de liberdade de escolha profissional dos filhos é uma das causas de depressão entre os jovens. Assim sendo, percebemos que essa postura paterna gera um dano inenarrável dentro do contexto familiar. (Autora: Fernanda D.) 13 Atente para as partes destacadas em azul: o argumento principal (pensado a partir do PLANEJAMENTO) e em verde: a qualificação argumentativa que foi organizada com base em um referencial de leitura da autora. Esta estratégia argumentativa é denominada citação indireta ou argumento por autoridade. O parágrafo pode sim ser construído apenas com a base argumentativa (parte em azul), pois dela podemos retirar outras colocações que são o efeito de ‘não se respeitar ao próximo’. No entanto, o parágrafo, compreendido naquele conceito de base que apresentei no início (parágrafo padrão), jamais pode ser desenvolvido somente com uma citação. Podemos fazer uma citação que tenha o objetivo de fortalecer a nossa voz no texto, já que somos o autor, não é?! Considerando que o texto é relativamente pequeno para abrir espaço para divagações, precisamos cumprir com a função do parágrafo, neste caso, o de desenvolvimento, que é a de fundamentar a tese, com ideias autorais. Pessoal, vocês que estão me lendo agora, a questão do argumento, a formação da base argumentativa é MUITO simples. Basta que vocês tenham planejamento/organização. Esta orientação é a chave para uma excelente argumentação. Desconheço quem não tenha conseguido com esses procedimentos. Discipline suas ideias. Siga exatamente o percurso descrito. É fácil, não demora e lhe dá todo o retorno em qualidade e progressão de que você precisa. Abaixo segue um outro exemplo, cujo tema é “o descarte do lixo eletrônico” (agora, refere-se a um terceiro parágrafo, sendo, então, o segundo do desenvolvimento, ok?!): “Ademais, o consumismo exacerbado do século XXI tem causado um aumento exponencial na quantidade do lixo eletrônico que recebe um descarte irregular de televisões, celulares, computadores e outros aparelhos que apresentam um ‘prazo de validade’ pré-estabelecido, mas destinos incertos após o fim de suas utilidades. Sendo assim, os indivíduos são incentivados pela indústria atual a simplesmente consumir cada vez mais produtos, sem antes reciclar, nem reaproveitar os usados, acumulando-os em lixões e aterros sanitários”. (Autor: Daniel M.) Faça a análise deste parágrafo anterior, com base no procedimento descrito acima e confira no gabarito final. Competência de nº 4: demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação Tudo bem com vocês?! Já estamos na competência 4. Esta trata sobre os mecanismos linguísticos que contribuem com a construção dos argumentos. Então, o que são ‘mecanismos linguísticos’? Os mecanismos linguísticos são as palavras que conseguem fazer o encadeamento das ideias, através da progressão do tema, através da relação da tese com os argumentos, bem como no desenvolvimento destes (argumentos) no texto. Essa ligação (COESÃO) entre as ideias pode aparecer sob a forma de elementos do léxico/ palavras (sinônimos), de conectivos, ou poderá ser deduzida da própria conexão interna do texto, em função da coerência que as ideias têm entre si. Sendo assim, tais mecanismos são representados a partir das seguintes situações, como: a) sinônimos do tema: isso pode ser observado com o tema do ano passado: “a publicidade infantil em questão no Brasil”; para que o candidato não precisasse repetir muito as palavras-chave do tema, ele poderia usar outras expressões vocabulares para se referir a este tema. Por exemplo, era possível usar “propaganda”, “marketing”, “veículos de mídia que fazem uma publicidade (...)”. Observe que tais formas de sinônimos são mecanismos que representam possibilidades de linguagem, as quais podem substituir a palavra-chave do tema, a fim dar mais progressão ao texto. b) Conetivos: preposições, sendo as principais: (a, após, até, com, contra, de desde, em, entre, por, para), advérbios e locuções adverbiais sendo as principais (de modo, de tempo, de lugar, de intensidade (sugiro dar uma lida em uma gramática, a qual pode relembrar para você alguns exemplos) ) E as conjunções. Sobre estas 14 peço especial atenção. As conjunções estão entre os principais mecanismo linguísticos que dão o encadeamento do texto. Inicialmente, vamos compreender o que são as conjunções. Elas são palavras que relacionam as ideias dentro da frase ou entre parágrafos. As conjunções estão normalmente ao redor de um verbo. Assim, estes mecanismos coesivos das conjunções ou locuções conjuntivas dão ao texto exatamente o que você quer, em relação ao parágrafo em que você se encontra. Então, se você quer dar: • Adicão (soma) às ideias: use “além disso, além do mais, um outro fato”... • Adversidade (adversativa, opositiva): use “entretanto, todavia, contudo, no entanto...” • Alternância (dupla possibilidade): use “ou...ou..., seja...seja..., ...” • Conclusão (encerramento de uma ideia dentro do parágrafo ou ao final do texto: use “portanto, logo, assim sendo, dessa forma”... • Explicativa: (esclarecimento de uma afirmação anterior): use pois, porque, no sentido de que, isso se explica porque” ... Há outros “tipos”, sobre os quais não nos importa, nesse momento, a exata compreensão teórica, mas que estabelecem uma excelente conexão no texto. Estes mecanismos linguísticos - que dão a progressão necessária - podem ser observados entre os exemplos que seguem: • Comparatividade: assim como, igualmente a. • Conformidade (referência à ideia de alguém): conforme, de acordo com, segundo. • Causalidade (muito semelhante à explicativa explanada mais acima): visto que, já que, porque, em função de que. • Condicionalidade: se, caso. • Consequência: como efeito disso, em consequência disso. • Concessão (semelhante à adversativa citada acima): embora, ainda que, apesar de que. • Finalidade: a fim de, para que. • Temporalidade: quando, sempre que, assim que. • Proporcionalidade: à medida que, à proporção que, ao passo que. Diante disso, é importante você saber quando usar de tais elementos. Tudo vai depender de que parte do texto nós estamos. Se estivermos na introdução, normalmente, usamos os elementos de fechamento/continuidade (conclusão), como: sendo assim, dessa fora, dessa maneira, diante disso, nesse contexto, nesse sentido. Usamos tais elementos quando queremos fazer o encerramento deste parágrafo. Também podemos usar, no início ou meio da introdução, os elementos de concessão (apesar de, embora, ainda que) ou de contraposição (no entanto, entretanto, todavia). Se estivermos no desenvolvimento, objetivamos justificar a tese, não é? Então, usamos os causais e explicativos (porque, já que, em função de que, no sentido de que, pois, visto que). Também usamos, como já o fizemos no 1º parágrafo, os elementos de fechamento/continuidade. Podemos fazer isso com a mesma finalidade: fazer o encerramento de um raciocínio. Se estivermos na conclusão, podemos fazer este mesmo uso recentemente descrito dos conclusivos; também, como trabalharemos com a solução, podemos adicionar uma solução, então, usamos os aditivos: além do mais, além disso, ainda, não só..., mas também. Observe o exemplo que segue. Ele é continuidade, pois é o 3º parágrafo do texto que está na competência 3 acima, com o titulo “Fortaleza inabalável? Questão de atitude”. Isso significa que coloquei a introdução e o segundo parágrafo deste texto lá na competência anterior. E nesta competência 4, apresento o terceiro parágrafo deste mesmo texto, compreendeu? Segue, então, o exemplo do parágrafo (3º), para analisarmos a existência do mecanismo linguístico. "Outra atitude não menos destrutiva para a relação consiste na falta de disciplina e envolvimento dos jovens de hoje, Segundo o site G1, os jovens brasileiros ficam cenectados à internet, em média, 8 horas por dia. Observamos que essa postura de falta de limites gera pouca concivência familiar e consequente distanciamento entre eles. Essa postura dos jovens, lamentavelmente, está formando pais e filhos que não reconhecem, um no outro, os laços e sentimentos tão imprescindíveis para a vida familiar saudável” (Autora: Fernanda D.) 15 Dentro deste exemplo encontramos dois mecanismos linguísticos mais evidentes: ‘outra atitude”, que demarca uma soma, ou seja, uma progressão argumentativa que se inicia no terceiro parágrafo. O uso deste aditivo marca evolução e permite que você evolua em termos de novas ideias. Há também o mecanismo ‘segundo’. Esse elemento conformativo é importante para marcar uma segunda voz no texto. Quando queremos citar uma fonte que possui um conhecimento, o qual queremos trazer para a nossa produção textual, usamos esse tipo de marcador. Na lista dos elementos, você encontrará outros excelentes sinônimos Competência de nº 5: elaboração de uma proposta de intervenção social para o problema abordado, respeitando os direitos humanos Agora então vamos para competência de número 5 da grade de correção do Enem, sendo, então, o último item de avaliação da prova. Esta competência diz respeito à “ Elaboração de uma proposta de intervenção social para o problema abordado, respeitando os direitos humanos”. Esta competência começa a ser pensada desde a introdução, porque a chamada ‘intervenção social’ ou solução vai depender dos problemas relacionados ao tema, os quais foram apresentados e explicados. Caso o aluno não apresente a situação-problema, ele terá não uma ‘intervenção social’, mas sim uma breve sugestão, o que corre o risco de ter uma nota bem inferior. Sendo assim, vamos fazer uma breve retomada do raciocínio: já sabemos que, em relação ao tema apresentado, precisamos formular um ponto de vista, que, sob a perspectiva de gênero do Enem, concretiza-se por uma situação-problema. A partir disso, selecionamos os argumentos, que podem ser organizados com base nas perguntas: Por quê? Para quem? Como acorre? Um exemplo disso pode ser observado da seguinte maneira: vamos considerar como exemplo o tema do ano passado “publicidade infantil em questão no Brasil”. Vou definir como tese (situação-problema) o fato de que essa publicidade “distorce a noção de valores durante a formação da criança”. Então, a partir disso, preciso argumentar tal afirmação. Para isso, uso as perguntas citadas anteriormente e obtenho como argumento o fato de que a criança tem a possibilidade de formar a ideia de que sempre ter o brinquedo ou produto da moda, aquele que está passando nos comerciais de televisão, é a condição necessária para que ela atraia amigos e seja ‘feliz’. No entanto, essa percepção leva à formação de um futuro adulto materialista, consumista e pré-disposto a relacionar-se, normalmente, por interesse. Ainda seria possível fortalecer essa base argumentativa com algum dado. Dessa forma, considere que esse fragmento seja parte da argumentação em um dos parágrafos de desenvolvimento. A partir dele, você precisa apresentar uma proposta de intervenção (solução). Posto que foi desenvolvido um problema, para ele deve ser dada a solução. Como fazer isso? Faça as seguintes perguntas: “Quem agirá? Para quem será feito? O que pode ser feito? Quais os benefícios da ação proposta”? Este é o caminho para formular a intervenção. Quando disponibilizarmos o e-book, você irá entender ainda mais sobre esse método. Uma dica antecipada: nunca ‘ataque o governo’. Não faça acusações de mau tom... não é preciso fazer isso. Outro ponto importante: como saber se sua solução será aceita? Pense assim: é possível, é viável, a longo, médio ou curto prazo, colocá-la em prática? Se a resposta é ‘sim’, então, ela está valendo. Portanto, passo esse exercício para você: Planejamento da solução: a) b) c) d) Quem pode intervir para reduzir esse problema? Quem será beneficiado? O que efetivamente se pode fazer? Quais os benefícios da ação proposta? Observe exemplo. Este agora é final daquele exemplo iniciado lá nas competências 3 e 4, cujo título, como você já verificou, é “Fortaleza inabalável? Questão de atitude”. Portanto, a falta de estrutura que presenciamos nas relações pais e filhos está intimamente ligada às posturas individualistas de ambos. Dessa forma, é necessário que os pais se coloquem no lugar dos filhos para compreender e, com isso, permitir a livre-escolha. Não menos importante que isso, penso que os jovens devem procurar estar efetivamente presentes no convívio familiar, pois somente com atitudes de amor é que a relação tornar-se-á uma fortaleza inabalável. Observe que as 4 perguntinhas apontadas como o processo de construção da solução foram utilizadas. Nesse sentido, é importante apontar algumas efetivas considerações sobre a construção da medida de intervenção (solução): 16 Algumas observações se fazem necessárias ao se abordar a solução: a) A solução é uma ideia sugerida; ela ainda não ocorreu. Por isso, é comum projetá-la para o futuro, mostrando medidas a serem postas em prática; b) A solução é uma possibilidade e não uma certeza, então, você não precisa ficar se questionando acerca da ocorrência real ou imediata daquilo que ele sugere. Reflita: é possível de se colocar em prática o que é sugerido? Se a resposta é sim, então, é uma possível solução. a) A solução, quando é solicitada, possui partes que precisam ser definidas para que ela tenha o mínimo de sustentação: quem realiza o que você propõe, a quem é dirigida a medida colocada, o que efetivamente pode ser feito, por que e como deve ser realizada a ação? Não é necessário ser nessa ordem, mas é interessante que se tente responder a essas “perguntinhas”, pois elas dão uma concretude maior ao discurso da solução. Para se organizar a solução anterior, foi considerado: quem tem força/forma/possibilidade/competência para agir nessa questão? O que pode ser feito? Como pode ser feito? Disso resultou o que você leu acima, que, em contexto de prova, não precisa ser a oitava maravilha, mas que tem fundamento, lógica e consistência, ok?! Considerações finais Pessoal, que outra forma eu poderia encerrar esse trabalho senão dizendo para vocês que esse trabalho vai mudar e resolver a vida de muita gente! A ideia aqui apresentada não é algo inventado, criado. Ela está relacionada aos critérios de correção. São colocações óbvias, que, sob a óptica do aluno, muitas vezes, podem não ser tão simples assim. Então, eu trouxe de uma maneira, creio eu, mais prática. Meu mais sincero desejo é que vocês consigam compreender e trilhem esse processo que é a construção de uma redação SATISFATÓRIA, preferencialmente, nota 1000. Lute por isso, porque é a Redação que vai lhe colocar na vaga que você quer. Desejo um bom trabalho, um bom estudo a todos. Em um próximo momento, avançaremos com a apresentação e produção dos textos, o que você receberá em arquivo diferenciado. Um sincero abraço a todos! Se você acredita que, de alguma forma, a entrada para o curso que você deseja vai MUDAR SUA VIDA, então, lute por isso, porque você está certo! Se você deseja aprender mais dicas para escrever uma ótima redação, assista um importante vídeo que gravei, para assistir clique aqui Pati Curri Gabarito competência de número 2. Tema: “o jeitinho brasileiro”, é o que segue: O Filosofo Thomas Hobbes afirmava que os homens realizam um contrato social para permitir boa convivência, respeitando leis e normas do contrato. No entanto, algumas pessoas driblam regras da sociedade onde vivem para resolver problemas particulares. Esse ato, frequentemente realizado pelos brasileiros, passou a ser chamado de jeitinho brasileiro. Assim, aceitando atitudes que vão além das fronteiras de nosso “contrato social”, o jeitinho brasileiro permite que muitos infrinjam a lei e gerem consequências graves. (Autora: Anaí) * Em verde: está o contexto com a estratégia do apelo à autoridade. * Em rosa: está o marcador da estratégia da contraposição. * Em azul: está o tema. * Sublinhado: está a tese. Gabarito competência de número 3 “Ademais, o consumismo exacerbado do século XXI tem causado um aumento exponencial na quantidade do lixo eletrônico que recebe um descarte irregular de televisões, celulares, computadores e outros aparelhos que apresentam um ‘prazo de validade’ pré-estabelecido, mas destinos incertos após o fim de suas utilidades. Sendo assim, os indivíduos são incentivados pela indústria atual a simplesmente consumir cada vez mais produtos, sem antes reciclar, nem reaproveitar os usados, acumulando-os em lixões e aterros sanitários”. (Autor: Daniel M.) Em azul: o tema Sublinhado: a tese: descarte irregular dificilmente recebe destino adequado (Tese definida na introdução) Em verde: argumentos 17 Clique aqui e assista um importante vídeo que gravei para te ajudar a escrever ótimas redações. Compartilhe esse e-book com seus amigos e amigas para ajudá-los, pois em breve esse e-book será vendido. Referências AUGUSTINI, Carmem Lúcia Hernandes. A estilística no discurso da gramática. Campinas, SP: Pontes, SP: FAPESP, 2004. FERREIRA, Aurélio. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira S.A., 1988. AUROUX, Sylvain. A revolução tecnológica da gramatização. Campinas, SP: Unicamp, 1992. BALDINI, L. A NGB e a autoria no discurso gramatical. In Línguas e Instrumentos Lingüísticos. Campinas, SP: Pontes, 1998. p. 98,100. GUIMARÃES, Eduardo. Semântica do Acontecimento. 2. Ed. Campinas, SP: Pontes, 2005. ______________ . Política de línguas na lingüística brasileira. In ORLANDI, E. [org.]. Política lingüística no Brasil. Campinas, SP: Pontes, 2007. NUNES, José Horta. A gramática de Anchieta e as partes do discurso. In: Guimarães, Eduardo e Orlandi, Eni Puccinelli. Língua e cidadania; o português no Brasil. São Paulo, Campinas: Pontes, 1996. INDURSKY, Freda. O sujeito e as feridas narcísicas dos lingüistas. Gragoatá, Niterói, n. 01, p. 111-120, semestral.1998. MARIANI, Bethânia. Ideologia e inconsciente na constituição do sujeito. Gragoatá, Niterói, n. 01, p. 87-95, semestral.1998. ORLANDI, Eni. Sujeito e Texto. São Paulo: Educ, 2001. ORLANDI, E., GUIMARÃES, E. Formação de um espaço de produção lingüística: a gramática no Brasil. In. ORLANDI, E. [org.]. História das idéias lingüísticas. Cáceres, MG: Unemat editora, 2001. _____________. Interpretação. Autoria, leitura efeitos do trabalho simbólico. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. _____________ . As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. Campinas, SP: Ed. da Unicamp, 1999, 2007. _____________ . A formação do país e a construção da identidade nacional. In. Eni P. Orlandi (Org.) Discurso fundador.. 2ª. Ed. Campinas, SP: Pontes, 2001. _____________ . Língua e conhecimento lingüístico: para uma história das idéias no Brasil. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2002. _____________. Análise de discurso princípios e procedimentos. 5.ed. Campinas: Pontes, 2003. _____________ . Política lingüística no Brasil. Org. Eni P. Orlandi. 1. ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2007. PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso uma crítica à afirmação do óbvio. 2. ed. Campinas: Unicamp 1995. ______________. Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 3. ed. Campinas: Unicamp 1997. ______________ . O papel da memória. in: ACHARD, P. [et al.] O papel da memória. Trad. José Horta Nunes. Campinas, SP: Pontes, 1999. RASIA, Gesualda. Os discursos sobre língua e ensino no Brasil da 1ª e da 2ª República: o duplo lugar da determinação e da contradição, 2005. RASIA, Gesualda dos Santos. As Línguas dos Brasileiros e as Línguas dos Estrangeiros na 2ª República: A Memória que Teceu o Duplo Lugar dos Barbarismos . In: II Seminário de Estudos em Análise do Discurso, 2005, Porto Alegre/RS. Artigos do II Seminário de Estudos em Análise do Discurso. Porto Alegre/RS : UFRGS, 2005. v. único. Endereço: http://buscatextual.cnpq.br/ buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4700051D9&tipo=simples. (acessado em: junho de 2008) SERRANI, Silvana M. Ressonâncias fundadoras e imaginário de língua. Discurso Fundador. In. Eni Puccinelli (Org.) Orlandi. A formação do país e a construção da identidade nacional.. 2.ed. Campinas, SP: Pontes, 2001. SILVA, Mariza V. da. A escolarização da língua nacional. In ORLANDI, E. [org.]. Política lingüística no Brasil. Campinas, SP: Pontes, 2007. • Formação acadêmica: Licenciada em Língua Portuguesa e Respectivas Literaturas pela Universidade Federal de Santa Maria. Mestre em Estudos Linguísticos, com área de concentração em Análise do Discurso de Linha Francesa.