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POL nº 5888 | Quinta, 11 de Maio de 2006
Mar avança nove metros por ano na praia do Furadouro
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Praias de Cortegaça e Esmoriz perdem anualmente uma média de 3,2 metros
O mais recente relatório do estado do Ambiente, elaborado pelo Instituto do
Ambiente, revela que é na praia do Furadouro que o mar mais avança por
ano em toda a costa portuguesa, tendo em conta os dados fornecidos pelo
Instituto da Água (Inag) referentes a 2003. Ao todo, nove metros. Segundo o
mesmo documento, as praias de Cortegaça e de Esmoriz, no litoral vareiro,
perdem uma média de 3,2 metros de areal por ano. Os autarcas daquelas
freguesias estão preocupados com o cenário e já bateram à porta da câmara
municipal, pedindo para pressionar as entidades com responsabilidades na
matéria.
O presidente da Junta de Freguesia de Ovar, Joaquim Barbosa, refere que as
marés vivas "danificaram o esporão central e único" da praia do Furadouro,
há cerca de um mês. "Esta seria a altura ideal não só para repor a situação
anterior, como para melhorar a estrutura do esporão numa das praias mais
frequentadas e procuradas de Ovar", defende. A junta já enviou um ofício à
câmara dando conta da situação. "O avanço do mar é um dado adquirido e,
se não forem tomadas medidas, avançará mais metros", refere,
acrescentando que a localidade do Furadouro "necessita de um reforço
urgente para a defesa da costa". Por outro lado, o autarca adianta que a
"população não se apercebe da verdadeira realidade, só se preocupa na altura
das marés vivas em que há uma aflição tremenda".
O presidente da Junta de Cortegaça, Sérgio Morais, está também apreensivo
com o panorama. "O areal quase desapareceu e há momentos em que o mar
bate nas rochas, que ficam a meia dúzia de metros das casas", aponta. O
autarca não tem dúvidas: "Se não forem tomadas medidas este Verão, o mar
entrará em algumas casas no próximo Inverno". Morais garante ainda que a
junta tem estado "em sintonia" com a câmara municipal relativamente a esta
matéria.
"A nossa costa necessita de uma intervenção urgente. O avanço do mar é
uma preocupação constante, há recuos dramáticos não só nas praias
urbanizadas, como em áreas em que não há construção", garante o vereador
do pelouro do Ambiente da Câmara de Ovar, José Américo. O responsável
reúne-se ainda esta semana com Veloso Gomes, o coordenador do relatório
da gestão integrada da costa portuguesa. "O professor Veloso Gomes tem
consciência perfeita do estado da costa em Ovar e iremos analisar as medidas
a tomar no curto, médio e longo prazos", revela. José Américo recorda que a
câmara tem feito chegar ao poder central "um conjunto de posições por
escrito", nomeadamente relatórios que regularmente são enviados para o
Inag e que dão conta da erosão que afecta a costa.
O PÚBLICO tentou, sem sucesso, obter uma posição da Comissão de
Coordenação Regional do Centro e do Ministério do Ambiente.
Na análise sumária à erosão costeira, o relatório do Instituto do Ambiente
destaca nas áreas de risco o litoral de Ovar, onde, sublinha o documento,
"foram construídos extensos campos de esporões e defesas frontais". "Os
troços de litoral sujeitos a erosão marinha mais intensa correspondem às
áreas de costa baixa arenosa, coincidindo muitas vezes com locais onde
existe uma elevada pressão urbana", lê-se. Como meta é apresentada a
concretização das acções e intervenções previstas nos Planos de
Ordenamento da Orla Costeira.
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