nº 40 julho 2015 notícias do Museu Municipal de Palmela A NÃO PERDER... MUSEUS PARA UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL PEÇA DO MÊS A NÃO PERDER 4 JULHO 10H00 | Visita guiada ao Castelo de Palmela (Ponto de encontro - Igreja de Santiago) 14H30 | Visita guiada ao Centro Histórico - vila de Palmela Ponto de encontro - Chafariz de D. Maria I Visitas orientadas por voluntário do Museu Municipal de Palmela Frequência gratuita. Duração: 1h30. Limite de inscs.: 15 (até às 12h de 2 julho) Inscs.: [email protected] | 212 336 640 Org.: Câmara Municipal de Palmela e Dr. António Lameira 6 A 10 JULHO (11-14 anos) E 20 A 24 JULHO (6-10 anos) Férias no Museu / Palmela, julho 2015 Profissões do Museu. Veste a camisola e… mãos à obra! Com este programa, propomos dar a conhecer, de forma lúdica e através da experiência, algumas das profissões essenciais nos Museus: Historiador de Arte; Arqueólogo; Antropólogo; Museólogo, Vigilante, Animador. Vem fazer parte desta equipa! Horário: 9h30-12h30 | dias 10 e 24 das 9h30-17h00. É necessário trazer lanche. Dias 10 e 24: trazer dois lanches e um almoço «piquenique». Residentes no concelho: 15€ | Residentes fora do concelho: 30€ Pré-inscrição para e-mail abaixo. Após confirmação, pagamento prévio no Posto de Turismo (Castelo) até 6 julho, para os participantes na semana de 6 a 10 julho e até 20 julho, para os participantes na semana de 20 a 24 julho Info./inscs.: [email protected] | 212 336 640 Org.: Câmara Municipal de Palmela 11 JULHO | 10H00-13H00 E 14H00-17H00 AUDITÓRIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL DE PALMELA Palmela Almenara - formação: A LEITURA EM VOZ ALTA Corpo e voz; técnicas de leitura; seleção de textos históricos e preparação de apresentações públicas; trabalho final. Público-alvo: animadores, professores, educadores, mediadores de leitura, técnicos de bibliotecas e museu | Formadores: Andante Associação Artística Limite de inscritos: 20 pessoas | Inscrição gratuita Inscs./info.: [email protected] (seleção por ordem de chegada de inscrição) 11 E 25 JULHO | 15H00 (ponto de encontro na Praça de Armas) À descoberta do Castelo (peddy-paper) e piquenique no Parque De forma lúdica, queremos dar a conhecer a história do Castelo de Palmela durante os períodos de ocupação medieval e moderno, e incentivar o usufruto do Castelo e do Parque Venâncio Ribeiro da Costa como espaços privilegiados e recreativos de atividades de família ao ar livre. No final da atividade sugerimos um piquenique livre no Parque Venâncio Ribeiro da Costa. Duração: 1h30 | Frequência gratuita Pré-inscrição até às 12h de 10 e 24 julho: [email protected] | 212 336 640 Org.: Câmara Municipal de Palmela nº 40 julho 2015 notícias do Museu Municipal de Palmela A NÃO PERDER... MUSEUS PARA UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL PEÇA DO MÊS O calendário agrícola entra, nesta fase, numa época de eclosão. As colheitas, que se avizinham, querem-se boas. Os trabalhadores rurais, rogando a Deus que os auxilie no proveito do seu trabalho, incorporaram manifestações que foram, ao longo dos séculos, coabitando com os desígnios sagrados das suas preces. A gaita-de-fole, instrumento tradicional popularmente utilizado no país, desde, pelo menos, a Idade Média, esteve sempre presente nestas festividades. Foi, durante muito tempo, o único instrumento a quem era permitida a entrada nas igrejas durante as procissões e romarias. Era tocado, sobretudo, por pastores que aproveitavam o seu tempo de vigília aos animais, para aprender a tocar músicas de ouvido e construir os seus próprios instrumentos. Começavam pelas palhetas e pelas flautas, fabricadas com recurso aos materiais que a natureza disponibiliza. Mais tarde, depois de se aperfeiçoarem musicalmente, aventuravam-se na complexa gaita-de-fole. Em Palmela, existem gaiteiros. São, aliás, parte fundamental dos Círios que se deslocam ao Santuário da Nossa Senhora da Atalaia (município do Montijo). No Festival Internacional de Gigantes (FIG), que decorre em Pinhal Novo, de 3 a 5 de julho, a gaita-de-fole está em destaque na programação. «Dali fui ser moço para o Poceirão, numa casa chamada Francisco Custódio. Tinha muito gado! Foi onde é que eu aprendi a tocar castanholas com dois cacos, atrás das ovelhas, a assobiar. (…) Depois comecei a fazer uns pifarozitos de cana, furado ao meio - tem uns buracos para soprar e tocar assim ao lado. (...) Entretido, não é!? (...) Aquilo era uma festa! (...) Depois foi indo, foi indo… A primeira gaita-de-foles que eu fiz (...) o fole era uma pele de um coelho. (...) Epá, eu tive aquilo muito tempo. (...) E ali é que eu aprendi a tocar gaita-de-foles naquilo. Mas eu tocava tudo naquilo! A malta fartava-se de rir. Depois, mais tarde, comprei então aquela que lá tenho. Aquela que lá tenho já tem muita idade. Já tem ali, se calhar, sei lá!, perto de quarenta anos ou cinquenta [anos]. Já comprei aquilo usado. O gajo também tinha aquilo estimado e vendeu-me. (...) Depois havia isto então dos círios. O primeiro gaiteiro cá na Carregueira, que é o Círio da Carregueira, era um chamado Zé da Gaita, que era lá do Norte, da Galiza ...» Porfírio Cardoso de Almeida, 68 anos (em 2005), gaiteiro. Carregueira, 2005 Painel de azulejos que retrata uma cena pastoril, na qual um pastor toca gaita-de-fole (pormenor). Azulejaria Barroca do jardim do Palácio Fronteira. Século XVII. Lisboa nº 40 julho 2015 notícias do Museu Municipal de Palmela A NÃO PERDER... MUSEUS PARA UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL PEÇA DO MÊS Designação: Insígnia da Ordem de Santiago Proveniência: Castelo de Palmela (sector 32 /C2 – sepultura 2) Inventário: C.PAL.97.11 (MATRIZ 1997.01.594) Matéria: Liga metálica de estanho e chumbo Cronologia: Finais do século XII – Inícios do século XIII Dimensões: Altura 47 mm; Largura 43 mm e Espessura: 6 mm A Insígnia da Ordem de Santiago, recolhida durante a escavação arqueológica da necrópole cristã da alcáçova do castelo de Palmela é uma peça notável da iconografia santiaguista, remetendo-nos para o início da sua presença em Portugal. Identificada no interior de uma sepultura antropomórfica – a sepultura 2 -, delimitada por cantarias irregulares em calcário, datada de finais do século XII e inícios do século XIII, encontrava-se depositada sobre as vértebras do lado esquerdo do indivíduo inumado. Os dados do estudo antropológico, permitiram identificar que se tratava de um indivíduo adulto, do sexo masculino que media 1,69 m de altura. Possuía idade avançada e seria um homem robusto, denunciando problemas de artrose e alguns indicadores patológicos, aparentemente relacionados com o Síndroma de Cavaleiro. Esta peça, composta por uma liga metálica de estanho e chumbo, combina a utilização excepcional e pouco comum neste tipo de suporte, de dois elementos que simbolizam a iconografia santiaguista, a vieira e a espada. A sua forma, reproduzindo uma vieira galega, alude às peregrinações a Santiago de Compostela e paralelamente, a aplicação decorativa da espada-cruz, representada em relevo ao centro da peça, remete-nos para a temática do Santiago guerreiro, evocando a morte do apóstolo e a sacralização do combate religioso protagonizado por esta ordem militar. As extremidades encontram-se perfuradas, permitindo muito provavelmente a sua fixação à indumentária do freire-cavaleiro (procedimento comum para a utilização de insígnias distintivas também noutras ordens religiosas e militares). O contorno da peça encontra-se moldurado por dupla cercadura de perolado, entre a qual, se aplicou uma inscrição. No interior, reconhece-se uma marca estilizada semelhante a um arco e flecha. Na inscrição da peça lê-se: S. ORDINIS : M . SCI : IACOBI / S(ignum). Ordinis : M(ilicie) S(an)c(t) i / Iacobi, uma mensagem que confirma claramente a sua relação com a Ordem de Santiago, prevalecendo a afirmação simbólica desta ordem militar que tem S. Tiago como patrono. Bibliografia FERNANDES, I. C. F. (2004) - O Castelo de Palmela: do Islâmico ao Cristão, Lisboa, Edições Colibri / Câmara Municipal de Palmela. FERNANDES, I. C. F. e ANTUNES, P. L. (1999) – «Contributo para o estudo da iconografia santiaguista: uma insígnia proveniente de contexto arqueológico do Castelo de Palmela in Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura, in Actas do III Encontro sobre Ordens Militares, Vol. 2, Lisboa: Edições Colibri / Câmara Municipal de Palmela, pp. 373-384. FERNANDES, I.C.F. (1999) – «Estudo das condições de exposição de uma insígnia da Ordem de Santiago no Museu de Palmela», in O Arqueólogo Português, Série IV, 17, pp. 399-411. FERNANDES, I. C. F. e SANTOS, M. T. (2008) - Palmela Arqueológica. Espaços. Vivências. Poderes. Roteiro de Exposição. Palmela: Câmara Municipal de Palmela / Museu Municipal, pp. 43-47. FERNANDES, I. C. F. (2012) – «Palmela Medieval e Moderna: a leitura arqueológica», in FERNANDES, I. C. F. e SANTOS, M. T. (coord.) – Palmela Arqueológica no contexto da região Interestuarina Sado – Tejo. Palmela: Município de Palmela, pp.111-134. Autoria: Bruno Damas, 2014.