Trem de Alta Velocidade desacelera mais uma vez
Obras só deverão começar no segundo semestre de 2012 e dificilmente ficarão prontas para os Jogos
Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
O projeto do trem-bala ligando o Rio de Janeiro a São Paulo e Campinas sofreu mais uma desaceleração e
até mesmo seus defensores mais entusiasmados já duvidam que as obras fiquem prontas a tempo de servir
como opção de transporte para os Jogos Olímpicos de 2016. Inicialmente, a licitação ocorreria em 16 de
dezembro passado, mas foi remarcada para 29 de abril, sendo que a entrega dos envelopes com as
propostas ocorreria em 11 de abril. Agora, sob a pressão de fornecedores internacionais de tecnologia,
construtoras e possíveis investidores, o leilão sofreu novo adiamento. Para Bernardo Figueiredo, diretorgeral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), prorrogar o prazo de entrega dos documentos
por até 90 dias é uma concessão “razoável”.
Ele também acena com a possibilidade de flexibilização de alguns itens previstos no edital do Trem de Alta
Velocidade (TAV), com o intuito de tornar o empreendimento mais atraente para os eventuais investidores.
Mas adverte: “Não vemos espaço para grandes mudanças no modelo nem na forma de execução do
projeto. O espaço é muito estreito para a alteração das regras já definidas. Os pedidos que envolvem uma
revisão mais profunda do modelo que foi definido têm poucas chances de serem atendidos.”
Segundo Figueiredo, os pedidos são motivados principalmente pela necessidade de fechamento de acordos
comerciais entre os interessados. A ANTT entregou, no dia 8 de abril, ao Ministério dos Transportes, uma
análise sobre os pedidos apresentados pelas empresas. A decisão final sobre a nova data do leilão deverá
ser tomada após reunião da presidente Dilma Rousseff, entusiasta do trem-bala, com representantes do
Ministério dos Transportes, da Casa Civil e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES).
Figueiredo estima que mesmo com um novo atraso, as obras sejam iniciadas no segundo semestre de
2012. Com custo estimado em R$ 33,1 bilhões, o empreendimento será financiado em parte pelo BNDES,
por meio de linha de crédito de R$ 19,9 bilhões com juros, prazos e amortização diferenciados. A medida
provisória que permite a concessão desse crédito foi aprovada pela Câmara, mas ainda terá de passar pelo
Senado. O governo deverá participar do projeto do TAV com mais R$ 3,4 bilhões a título de compensação
ambiental, para financiar as desapropriações previstas. E o restante será custeado pela Empresa de
Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S.A. (Etav), criada pela medida provisória e vinculada ao
Ministério dos Transportes.
O projeto prevê a construção de uma linha com 500 km de extensão, promovendo a interligação dos
aeroportos de Viracopos (Campinas), Guarulhos (São Paulo) e Galeão (Rio de Janeiro), com pelo menos
oito estações. Somente o tempo do percurso do trecho entre as capitais paulista e carioca deve ser de 1
hora e 33 minutos, com o trem circulando a uma velocidade média de 350 km/hora. De acordo com o
relatório da ANTT, aprovado pelo TCU, a receita operacional bruta do empreendimento será de R$ 192,7
bilhões durante os 40 anos de vigência da concessão. Por ano, estima-se que 18 milhões de pessoas
poderão circular nessa ferrovia.
Fonte: Revista Grandes Construções
Em, 16-05-2011.
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