SUSTENTABILIDADE E TRANSIÇÃO PARADIGMÁTICA
Carlos Alberto Pereira Silva•
RESUMO
No complexo tempo presente, em que múltiplos e inter-relacionados problemas
evidenciam a existência de um estado de mal-estar gerado pela modernidade
ocidental,
surge o conceito de Desenvolvimento Sustentável. Oportunamente,
este conceito se apresenta como uma utopia realista, capaz de possibilitar a
introjeção de uma ética fundada na solidariedade entres as gerações presentes e
as futuras, que se concretiza no compromisso cotidiano com a preservação da
vida.
PALAVRAS–CHAVE: Meio Ambiente; Racionalidade Moderna; Sustentabilidade
A QUESTÃO ECOLÓGICA COMO QUESTÃO GLOBAL
O nascimento da consciência ecológica e a emergência dos movimentos em
defesa do meio ambiente foram precedidos por tristes episódios, ocorridos no
século XX. Um desses lamentáveis episódios foi a explosão das primeiras bombas
atômicas em Hiroshima e Nagasaki, patrocinada pelos EUA em 1945, que
causaram a morte de cerca de 180.000 pessoas e uma grande destruição do meio
ambiente. Este trágico acontecimento histórico terminou revelando a possibilidade
da destruição da espécie humana, com o uso de um conhecimento transformado
numa arma da insensatez, porque:
•
Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Mestre em Desenvolvimento Sustentável pela
Universidade de Brasília.. E-mail: [email protected]
1
Naquele instante, o século XX mostrou a força de seu
conhecimento e a vergonha de seu comportamento. Mostrou
que em nosso tempo o ser humano foi capaz de liberar a
energia dentro dos átomos e incapaz de controlar a maldade
dentro de seu coração; capaz de controlar a energia da
matéria e incapaz de evitar o uso desta energia contra seus
semelhantes (BUARQUE, 1999, p. 15).
Frutos daquelas circunstâncias, foram surgindo os movimentos antinucleares e
pacifistas que muito contribuíram para o advento e a propagação dos movimentos
ambientalistas. No entanto, a expansão das preocupações ecológicas ocorreria
nos meados da década de sessenta, época de intensa contestação ao modo de
vida existente nas sociedades materialmente desenvolvidas. A partir daquela
década, emergiram movimentos diversos que procuraram transcender a crítica
dirigida ao capitalismo que, até então, tinha priorizado o enfrentamento dos
problemas vinculados diretamente à ordem econômica. Um símbolo das novas
preocupações foi o livro "Primavera Silenciosa", da bióloga Rachel Carlson,
lançado em 1962, que visava comprovar a responsabilidade dos pesticidas,
usados na agricultura dos Estados Unidos,
no desaparecimento de inúmeras
espécies.
Naquele período, a crítica ao produtivismo e ao consumismo foi ampliada com o
surgimento do movimento hippie, que buscava revalorizar filosofias nas quais a
natureza era vista como sagrada, enaltecendo estilos de vida não-urbanos
derivados de índios, indianos, camponeses e ciganos. Nesse contexto surgiram,
também, os movimentos das mulheres, dos negros e o movimento ecológico, que
se ocuparia com
o desenvolvimento de lutas em torno de questões as mais
diversas: extinção de espécies, desmatamento, uso de
agrotóxicos,
urbanização
desenfreada,
explosão
2
demográfica, poluição do ar e da água, contaminação de
alimentos,
erosão
dos
solos,
diminuição
das
terras
agricultáveis pela construção de grandes barragens, ameaça
nuclear,
guerras
bacteriológica,
corrida
armamentista,
tecnologias que afirmam a concentração de poder, entre
outras (GONÇALVES, 1996, p. 12).
Com o crescimento dos problemas ambientais, derivados, sobretudo, dos modelos
de desenvolvimento baseados na busca do crescimento ilimitado e no
consumismo, a questão ecológica seria transformada também em um componente
importante das agendas governamentais. No ano de 1972, foi publicado o
"Relatório Meadows", a pedido dos empresários do Clube de Roma. Esse relatório
deu ênfase à demonstração da inviabilidade da continuidade da lógica do
crescimento industrial. Nele, constava a defesa do crescimento zero, como forma
de interromper as disparidades ambientais do padrão de desenvolvimento em
curso naquela época. No entanto, esse documento continha importantes lacunas
por não propor "uma mudança nas relações de produção, mas a estabilização do
atual nível produtivo" (PIRES, 1998, p.71). Esta proposta de crescimento zero,
apresentada na Conferência de Estocolmo na Suécia, foi rejeitada por alguns
países do Terceiro Mundo, especialmente pelo Brasil, que queriam experimentar o
mesmo patamar de desenvolvimento alcançado pelos países do Primeiro Mundo.
Naquele contexto foi trabalhado o conceito de ecodesenvolvimento, utilizado por
Maurice Strong, no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA).
A publicação do Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum), da Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), em 1987, significou
um avanço em relação aos documentos e conferências precedentes, por situar os
problemas ambientais, dando destaque às relações desiguais entre os países e à
necessidade de interação entre o meio ambiente e a estrutura sócio-econômica do
desenvolvimento. O “Nosso Futuro Comum” teve a virtude maior de definir o
3
conceito de Desenvolvimento Sustentável como sendo aquele que "atende as
necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das gerações
futuras atenderem as suas próprias" (CMMAD, 1988, p. 46).
A ampliação das preocupações com as múltiplas dimensões que envolvem as
relações do desenvolvimento com o meio ambiente culminou, no final do século
XX, com a realização da Conferência Rio 92, onde estiveram presentes mais de
uma
centena
de
chefes
de
estado,
representando
172
governos
e
aproximadamente 14 mil organizações não-governamentais. Nesse importante
evento, foi assinada pelos representantes dos diversos países a Agenda 21, que
aponta a necessidade de incorporar os direitos ao desenvolvimento à construção
de um meio ambiente saudável. Este documento, que não é um plano pronto e
acabado, constitui-se num marco conceitual abrangente, que visa a estimular a
imaginação social, colocando-se
como um poderoso instrumento para estimular, no Norte e
no Sul, ações concretas para traduzir o conceito geral de
transição
para
o
desenvolvimento
sustentável
em
estratégias locais e múltiplas, isto é agir localmente
enquanto se pensa globalmente (SACHS, 1993, p.64).
A CIÊNCIA MODERNA E SUAS “CERTEZAS”
O surgimento do conceito de sustentabilidade, que vislumbra, sobretudo, a
harmonização das relações entre desenvolvimento e meio ambiente, insere-se
portanto num contexto de profundas transformações históricas, indicadoras da
existência de um processo de transição paradigmática na esfera do conhecimento.
Concomitante ao esgotamento do modelo civilizatório projetado pela modernidade
ocidental, vêm ocorrendo nas últimas décadas decisivos questionamentos aos
pressupostos científicos engendrados no mundo moderno. Compreender os
fundamentos do modelo de ciência dominante nos últimos três séculos é algo
4
necessário nesse momento histórico, dada a exigência de novas concepções, que
sejam capazes de contribuir no enfrentamento dos grandes desafios existentes.
O pensamento científico moderno, que hoje experimenta um progressivo
esgotamento, surgiu a partir da revolução científica do século XVII e desenvolveuse nos séculos seguintes com a pretensão de ser a única forma de conhecimento
válido. A ciência moderna alicerçou-se em múltiplos fundamentos que buscaram
garantir sua coerência. A racionalidade foi o pilar fundamental em que erigiu a
ciência moderna. Os propagadores do racionalismo moderno elegeram a
racionalidade como dimensão privilegiada na organização da vida individual e
coletiva, preconizando a existência de concordância entre o racional e a realidade
do universo e negando, ao mesmo tempo, a validade das crenças e das
concepções que não estão baseadas em explicações científicas.
A racionalidade moderna, ao colocar-se como grande mito unificador do saber,
terminou por se transformar em racionalização, que nada mais é do que a
construção de uma visão coerente, totalizante do universo a partir de dados
parciais, de uma visão parcial ou de um princípio único (MORIN, 1996, p.157).
Como desdobramento do processo de racionalização empreendido pela ciência
moderna, as sociedades vivenciaram seus impactos, como elucida o mesmo
Edgar Morin:
A urbanização, a burocratização, a tecnologização, se
efetuaram segundo os princípios da racionalização, ou seja,
a manipulação social, a manipulação dos indivíduos tratados
como coisas em proveito dos princípios de ordem, de
economia, de eficácia (MORIN, 1996, p.162).
Historicamente, a experimentação da racionalidade moderna, transformada em
racionalização, nas suas variantes liberal, nazista, fascista e comunista, propôs
harmonia e bem-estar através do desenvolvimento da ciência, da técnica e do
domínio da natureza. No entanto, a herança dessas experiências, coerentes com
5
o projeto da modernidade, está estampada na expressão de um dos críticos das
promessas propagadas, e não realizadas, pela filosofia das luzes, que, já em l933,
afirmava:
Nunca a pobreza dos homens se viu num contraste mais
gritante com sua possível riqueza como nos dias de hoje,
nunca todas forças estiveram mais cruelmente algemadas
como nessas gerações onde as crianças passam fome e as
mãos do pai fabricam bombas (HORKHEIMER, 1990, p.77).
Alicerçado no princípio de ordem, o conhecimento científico moderno concebeu a
existência de uma completa ordenação do universo. De acordo com esse
pressuposto, seria possível conhecer os fenômenos físicos, naturais e sociais
através do uso da racionalidade. O princípio da separação aparece como um dos
grandes fundamentos da ciência moderna, tendo sido projetado por Descartes que
propôs como uma das regras do seu método "dividir cada uma das dificuldades
que examinasse em tantas parcelas quantas fosse possível e necessário para
melhor resolvê-las" (DESCARTES, 1999, p.23). Este princípio fundamentou a idéia
de que o progresso do conhecimento ocorreria na medida que os fenômenos
estudados fossem isolados e divididos em partes para que pudesse ser obtido o
verdadeiro conhecimento.
O princípio da separação, tão largamente difundida nos últimos séculos, trouxe
consigo diversos resultados. No século XIX, com o triunfo da ciência moderna,
houve a expansão considerável do conhecimento parcelar em distintas áreas,
gerado pelo desenvolvimento de inúmeras disciplinas. A proliferação de inúmeras
disciplinas, assentada na separação do ser humano/natureza, desdobrou-se na
divisão entre as ciências naturais e as ciências humanas. Segundo essa
perspectiva, hoje concebida como reducionista, as ciências naturais estudariam os
fenômenos físicos e biológicos e as ciências humanas estudariam os problemas
sociais e as questões culturais. Assim, através da compartimentação disciplinar
6
perseguidora do isolamento dos problemas, a ciência moderna tornou-se incapaz
de conceber a interdependência existente entre os diversos fatores relacionados
aos variados fenômenos. Diante dessa situação, o avanço do conhecimento
compartimentado tem sido alvo de questionamentos, visto que
o século XX produziu avanços gigantescos em todas as
áreas do conhecimento científico, assim como em todos os
campos da técnica. Ao mesmo tempo produziu nova
cegueira para os problemas globais, fundamentais e
complexos, e esta cegueira gerou inúmeros erros e ilusões,
a começar por parte dos cientistas, técnicos e especialistas
(MORIN, 2000, p. 45).
O conhecimento moderno, estruturado sob o princípio da separação, apresentou,
como verdadeira, a crença na separação total entre o indivíduo conhecedor e a
realidade observada, ao mesmo tempo em que afirmava ser necessário o
isolamento do objeto a ser estudado em relação ao ambiente. A realidade se
colocava, segundo os postulados da ciência clássica, como algo completamente
independente do observador. Como nos lembra Boaventura de Souza Santos, a
dualidade estabelecida entre sujeito e objeto surgiu com a negação da
interferência dos valores humanos ou religiosos no processo de construção do
conhecimento (SANTOS, 1993, p.50).
Outro princípio, não menos importante, projetado pela ciência moderna, se refere
à crença na existência de uma causalidade linear na explicação dos mais variados
fenômenos. Os fenômenos, segundo esta concepção, passaram a ser explicados
a partir do encadeamento contínuo de causa e efeito. Ciosa pelo estabelecimento
de leis universais e buscando a perfeita reprodução dos fatos através da
experimentação, a ciência moderna elegeu a matemática como instrumento
privilegiado na análise dos fenômenos. Desprezando o valor dos aspectos
qualitativos, o pensamento moderno pretendeu construir um conhecimento
7
objetivo através da divisão, da classificação e da quantificação, tornando
irrelevante para a ciência o que não é quantificável (SANTOS, 1993, p.15).
Partilhando da crítica aos pressupostos da ciência moderna, a filósofa Olgária
Matos destaca o reducionismo da razão cartesiana ao afirmar que ela prometeu
progresso e felicidade desconsiderando a importância da sensualidade, da
sensibilidade, do desejo e da paixão, erroneamente encarados como inimigos do
pensamento (MATOS, 1990, p. 284).
No que diz respeito à concepção acerca da natureza, a ciência moderna,
entusiasmada com a lógica mecanicista, concebia a natureza como uma máquina
que poderia ser desmontada peça por peça e conhecida por inteira. Ao eleger a
espécie humana como centro da evolução do universo, o pensamento científico
moderno afirmou a existência de uma completa separação entre o ser humano e
natureza. Identificando a espécie humana com o gênero masculino, essa ciência
configurou-se como uma ciência sexista, dado que
nas concepções dominantes das diferentes ciências, a
natureza é um mundo de homens organizado segundo
princípios socialmente construídos, ocidentais e masculinos,
como os da guerra, do individualismo, da concorrência, da
agressividade, da descontinuidade com o meio ambiente
(SANTOS, 2000, p.88).
No entanto hoje, momento em que são evidenciadas as insuficiências do
conhecimento moderno no enfrentamento dos graves problemas existentes,
progressivamente vão sendo geradas novas idéias que poderão possibilitar o
surgimento de novos caminhos civilizatórios para as diversas e multifacetadas
sociedades existentes em todo o planeta terra.
A EMERGÊNCIA DE UM NOVO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
8
A crise dos pressupostos da ciência moderna começou a se manifestar nas
primeiras décadas dos séculos XX. A teoria da relatividade e da simultaneidade,
proposta por Albert Einstein, configurou-se como primeiro grande questionamento
aos postulados vigentes até então. Max Planck, ao comprovar a existência da
descontinuidade no âmbito da física, revolucionaria o seu conhecimento,
contribuindo para uma profunda mudança da visão de mundo. Werner
Heinserberg e Niels Bohr explicitaram as fragilidades do conhecimento científico
ao demonstrar que não é possível observar um objeto sem interferir nele. A física
quântica, surgida neste contexto a partir dos estudos de cientistas como Einstein,
Planck, Heinsenberg e Bohr, viria demonstrar que não podemos decompor o
mundo em unidades que existem de maneira independente em razão de "que as
partículas subatômicas não têm significado enquanto entidades isoladas, mas
podem ser entendidas como interconexões e correlações, entre vários processos
de observação e medida” (CAPRA, 1996, p. 41).
Este processo de questionamento dos pressupostos da ciência clássica ampliouse com Kurt Gödel. Gödel demonstrou que os fundamentos da matemática não
podiam ser provados em termos de consistência, evidenciando desta maneira que
“o rigor da matemática, carece ele próprio de fundamento” (SANTOS, 1993, p.25).
O físico-químico Ilya Prigogine, com a teoria das estruturas dissipativas, concluiu
que em sistemas abertos a evolução é explicada por flutuações de energia que
nunca são inteiramente previsíveis. A importância da teoria de Prigogine para uma
nova concepção de ciência é destacada por Boaventura Santos, quando afirma
que a partir dela teríamos:
Em vez da eternidade, a história; em vez do determinismo a
imprevisibilidade,
em
vez
do
mecanicismo,
a
interpenetração, a espontaneidade e a auto-organização; em
vez da reversibilidade, a irreversibilidade e a evolução; em
vez da ordem a desordem; em vez da necessidade, a
criatividade e o acidente (SANTOS, 1993, p.29).
9
Com a expansão qualitativa dos questionamentos aos postulados da ciência
moderna, empreendida por inúmeros cientistas espalhados pelas diversas partes
do planeta, o conhecimento passa a vivenciar um momento de transição
paradigmática. Este processo de transição não traz consigo a lógica da negação
completa dos fundamentos do conhecimento científico clássico, ele traz,
sobretudo, a necessidade do estabelecimento do diálogo com essa e outras
formas de conhecimento, para que possa emergir um conhecimento prudente para
uma vida decente, conforme sugere Boaventura de Souza Santos (SANTOS,
1993, p.37).
Um novo conhecimento científico, com múltiplos fundamentos1, está sendo forjado
dada a incapacidade da ciência moderna em propor soluções aos imensos
desafios do mundo atual. Um primeiro fundamento presente nessa nova
concepção de ciência se vincula à existência da incerteza no âmbito do
conhecimento e na dimensão da vida vivida. Se antes a ciência se colocava como
ente capaz de explicar os variados fenômenos, nas várias dimensões, hoje são
evidenciadas as limitações do pensamento científico que não comporta em si
apenas a acumulação de verdades. O conhecimento científico, segundo essa
nova compreensão, é falível e, sendo falível, carrega permanentemente a
possibilidade de ilusão e de erro. Assim, o conhecimento liberto da arrogância em
que esteve aprisionado, ao acreditar na existência de eternas certezas, se abre
para conceber a existência do aleatório, do inesperado e do acaso que se
manifestam cotidianamente na vida do seres vivos e do universo.
Enquanto a ciência moderna julgou ser possível chegar ao conhecimento através
da compartimentação, o novo conhecimento enfatiza a necessidade de se buscar
um saber que seja sistêmico e multidimensional, sem negar a importância de um
profundo conhecimento das partes. Essa nova compreensão, ao negar a oposição
1
Partilhamos do entendimento esboçado por Boaventura de Souza Santos (2000, p.338) quando afirma que
“o paradigma emergente é, na verdade, um conjunto de paradigmas que, muito provavelmente, carecem da
coerência e da visão totalizante que caracteriza o paradigma da modernidade”.
10
entre o universal e o concreto, o geral e o particular, associa o que está separado
e compartimentado, buscando apreender as interdependências existentes entre as
várias dimensões que compõem uma realidade. A relação entre o local e global
proposto pelo novo pensamento está explicitada na afirmação do pensador Blaise
Pascal:
Sendo todas as coisas causadas e causadoras, ajudadas e
ajudantes mediatas e imediatas, e sustentando-se todas por
um elo natural e insensível que une as mais distantes e as
mais diferentes, considero ser impossível conhecer as
partes sem conhecer o todo, tampouco conhecer o todo sem
conhecer particularmente as partes (PASCAL, 1976, apud
MORIN, 2000, p.37).
A busca do conhecimento, nesta nova visão, ao considerar a existência de
relações de interdependência entre o objeto e o seu ambiente, considera também
a existência de relações entre o observador e o objeto observado. Para esta
concepção, as diversas motivações do sujeito terminam por influenciar no estudo
e na pesquisa acerca dos mais variados fenômenos. Com essa entendimento, a
lógica linear da existência de causa e efeito é superada pelo conceito de
causalidade complexa que comporta causas mútuas e inter-relacionadas,
interferências, desvios e reorientações. Ao romper com a lógica fragmentadora da
ciência moderna, fundada nos isolamento e na separação, essa nova concepção
procura
romper com a separação das ciências entre aquelas que
estudam as pedras, as plantas e os animais, de um lado e
as outras que estudam os homens e seus produtos, do
outro, criando-se uma lógica que permita entender, justificar
e intervir na transformação das partes de um lado no que
compõe o outro (BUARQUE, 1994, p.78).
11
Esta nova visão traz consigo a concepção dialógica por preconizar a união entre
aspectos considerados antagônicos pela ciência moderna, que fora alicerçada em
"pares de opostos, auto excludentes de hierarquizantes". O pensamento dialógico,
propagado por Edgar Morin, como nos informa Ana Sánchez, concebe a
existência de relações complementares, convergentes e antagônicas entre uno e
múltiplo, separação e inseparabilidade, essencial e secundário, ordem e desordem
e natureza e cultura (SÁNCHEZ, 1999, pp.166 -178). A perspectiva dialógica
contribui, dessa maneira, para o descortinamento de uma nova racionalidade,
capaz de reconhecer e dialogar como o irracional que se manifesta no acaso, na
imaginação, no afeto, no sonho e no mito.
Essa razão aberta, como propõe Morin, é receptiva à comunicação e ao encontro
entre dimensões que foram julgadas irreconciliáveis pela ciência clássica. Ao
superar a racionalidade fechada presente no conhecimento moderno, o ser
humano deixa de ser o homo sapiens, para ser ao mesmo tempo sábio e louco,
trabalhador e lúdico, empírico e imaginário, prosaico e poético. Como exemplifica
esse grande humanista, o homo sapiens/demens, que é o ser humano, não vive
só de racionalidade e de técnica; ele se desgasta, se entrega, se dedica a dança,
transes, mitos magias, ritos (MORIN, 2000, p.58).
O novo conhecimento científico, que está emergindo nesse momento, ao ser
concebido não como a única forma de conhecimento válido, busca comunicar-se
com a filosofia e com arte, visto que inexistem fronteiras intransponíveis entre os
seus saberes. Daí porque a perspectiva de construção inter e transdisciplinar do
conhecimento se coloca como uma dos desdobramentos desta nova concepção
que
está
sendo
descortinada
nos
meios
científicos.
A
inter
e
a
transdisciplinaridade aparecem não para decretar a morte das disciplinas, mas
para preencher as enormes lacunas geradas e reproduzidas pelo conhecimento
parcelar.Como destaca o humanista sem fronteiras, Edgar Morin, um dos
principais expoentes desse processo de transição paradigmática:
12
Conhecer é negociar, trabalhar, discutir, debater-se com o
desconhecido que se reconstitui incessantemente, porque
toda solução produz nova questão"( MORIN, 1996, p. 104).
SUSTENTABILIDADE: DESAFIO PARA UM MUNDO EM TRANSIÇÃO
As incertezas do tempo presente, refletidas tanto no plano epistemológico quanto
na realidade cotidiana, requerem a superação de duas grandes idéias conflitantes,
difundidas nas sociedades ocidentais. De um lado, a idéia pessimista projetada
por aqueles que acreditam que no curto espaço de tempo haverá uma
generalizada e irreversível destruição do planeta Terra. Do outro, o otimismo de
muitos que acreditam que os avanços tecnológicos e científicos serão capazes de
criar alternativas viáveis para garantia do equilíbrio ecológico, necessário à
sobrevivência da espécie humana.
Neste contexto de múltiplas incertezas e de transição paradigmática, vivenciada
na esfera do conhecimento, emerge o conceito de Desenvolvimento Sustentável
como crítica aos males derivados da sociedade industrial, cuja origem e evolução
ocorreram concomitantemente à propagação da ciência moderna. Para refletirmos
acerca
das
potencialidades
transformadoras
existentes
neste
conceito,
possibilitador do descortinamento de uma utopia realista2 , precisamos reconhecer
os múltiplos problemas que afetam diretamente a vida no planeta Terra. Estes
problemas não afetam um local ou uma sociedade específica, atingem toda a
2
Apreendemos o conceito esboçado por Boaventura de Sousa Santos que no final do século XX afirmou: “A
única utopia realista é a utopia ecológica e democrática”. Segundo ele, essa utopia “ é realista, porque
assenta num princípio de realidade que é crescentemente partilhado(...) Este princípio de realidade consiste
na contradição crescente entre o ecossistema do planeta terra, que é finito, e a acumulação de capital que é
tendencialmente infinita. Por outro lado, a utopia ecológica é utópica porque a sua realização pressupõe a
transformação global, não só dos modos de produção, mas também do conhecimento científico, dos quadros
da vida, das formas de sociabilidade e dos universos simbólicos e pressupõe, acima de tudo, uma nova
relação paradigmática com a natureza que substitua a relação paradigmática moderna. É democrática porque
a transformação que aspira pressupõe a repolitização da realidade e o exercício radical da cidadania
individual e coletiva, incluindo nela a carta dos direitos humanos e da natureza”. (SANTOS, 1999, p.p 43/44).
13
Terra,
com
maior
ou
menor
intensidade,
dada
a
sua
magnitude
e
interdependência.
A economia mundial mercantilizada é um dos grandes problemas do tempo
presente. A mercantilização, ainda que tenha trazido significativas melhorias
materiais, trouxe imensos problemas, em razão da inexistência de imperativos
éticos e de regulamentos que tivessem como meta subordinar a lógica do
mercado à necessidade da construção de uma convivência planetária capaz de
atender ao bem-estar de todos os seres humanos com o indispensável equilíbrio
ecológico.
Assim,
assentada
na
constante
perseguição
do
crescimento
econômico, que desde o século XIX tem sido o motor da economia mundial, a
mercantilização tem avançado. Resultante desse processo, temos um planeta
onde a riqueza material de poucos contrasta com a extrema pobreza de 2/3 da
população e com a agressiva destruição ambiental, visto que
25% da população do mundo consome 75% dos recursos
naturais do planeta e, no caso de alguns recursos como o
petróleo, a desigualdade é ainda maior: o consumo de um
norte americano em média é quinze vezes maior do que o
de um habitante da Índia (...) O patrimônio das 359 pessoas
mais ricas do mundo é igual à renda dos 2.4 bilhões das
pessoas mais pobres, que representam quase 40% da raça
humana (UNESCO, 1999, p.25).
Outro problema planetário é o desregramento demográfico mundial. Em 1800
havia 1 bilhão de humanos, hoje há 6 bilhões e prevê-se que em 2.050 haverá 10
bilhões. O vertiginoso crescimento populacional ocorrido nos últimos dois séculos
apresenta-se como um dos fatores de degradação do meio ambiente. A gravidade
da situação aumenta quando se constata que a explosão demográfica ocorreu
num ritmo acelerado justamente em regiões do mundo possuidoras de recursos
bastante limitados para o enfrentamento desse grande desafio. Como exemplifica
14
o documento da UNESCO, que reflete sobre a necessidade da construção de uma
educação para um futuro sustentável:
Calcula-se que, entre 1990 e 1995, 94% do crescimento
total
da
população
ocorreu
nas
regiões
menos
desenvolvidas, enquanto que nas zonas desenvolvidas
representou apenas 6%. Apesar das taxas de fecundidade
estarem diminuindo nas principais regiões do mundo como
resultado do maior acesso à educação, a serviços de saúde
e sociais - em particular, no caso das mulheres - prevê se
que o rápido crescimento da população continuará ainda em
boa parte do século XXI (UNESCO, 1999, p.24).
A crise ecológica aparece como um outro grande problema da humanidade nesse
início do terceiro milênio. No final do século XX, anos 80, como nos informa Edgar
Morin e Anne Brigitte Kern, ocorreram catástrofes locais com grandes
conseqüências: "Seveso, Bophal, Three Mile Island, Chernobyl, seca do mar de
Aral, poluição do lago Baikal, cidades no limite da asfixia”. Nos países
industrializados ocorreram contaminação das águas, envenenamento dos solos
pelo uso intensivo de pesticidas e fertilizantes, chuvas ácidas, dentre outros
problemas ambientais. No países não industrializados ocorreram desertificação,
deflorestação, erosão e salinização dos solos, inundações e intensa urbanização
de grandes cidades. Globalmente houve a ampliação de vários problemas, como o
aumento das emissões de CO2, que resultou na intensificação do efeito estufa, e
as agressões da camada de ozônio (MORIN & KERN, 1994, p. 56).
Num contexto marcado por inúmeros problemas que interagem mutuamente, as
soluções propostas por modelos de desenvolvimento que foram fundamentados
pelas análises teóricas advindas do conhecimento moderno são insatisfatórias,
porque:
15
Diante desse quadro, teríamos que demonstrar sensibilidade
para a noção de limites, iniciar ações adaptativas, dar início
a políticas de investimento específico, condutoras de
processo de desconcentração das cidades, mudar o nosso
estilo de vida, acelerar a pesquisa para a descoberta de
novas
formas
desorientado,
de
acima
energia,
de
alterar
tudo
o
o
estilo
consumismo
educativo
compactamente especializante, responsável pela falta de
compreensão da vida como um todo, da história, da
sociedade (MELLO E SOUZA, 1999, p. 230).
Os inter-relacionados problemas existentes no tempo presente requerem novas
abordagens que sejam capazes de transcender às idéias geradas no interior da
ciência moderna. Tanto as perspectivas apontadas pela concepção liberal, quanto
as perspectivas apontadas pela teoria marxista apresentam-se com insuficiências
na formulação de alternativas que possam superar com radicalidade os problemas
resultantes da lógica reducionista do mundo industrial.
O liberalismo e o marxismo, para além da suas diferenças, possuem
convergências por serem herdeiros legítimos dos pressupostos teóricos advindos
da ciência moderna. Ambos foram gestados e se desenvolveram no interior da
modernidade ocidental. Tanto marxistas quanto liberais dão ênfase à necessidade
da construção de um desenvolvimento fundado no aumento da riqueza material.
Ambos fazem apologia do industrialismo, preocupando-se muito pouco com as
deformações psicossociais e com os danos ecológicos causados.
A idéia de progresso como sinônimo de avanço tecnológico, expansão da ciência,
industrialização e domínio da natureza é propagada largamente tanto por
marxistas, quanto pelos liberais. Movidos por inúmeras certezas, o marxismo e o
liberalismo, cada um ao seu modo, apresentaram confiantes idéias utópicas de
futuro. O marxismo, ao assumir o determinismo enquanto perspectiva histórica,
16
amplamente propagado na experiência estalinista, apostou na possibilidade da
construção racionalizada de uma sociedade perfeita, que seria o comunismo,
através da ação de um sujeito histórico determinado, o proletariado. O liberalismo,
preconizando uma organização social fundada nos princípio da livre-concorrência,
acreditou que seria possível a construção de um futuro de abundância material e
bem-estar coletivo com a transformação do ser humano em um potencial
consumidor.
O enfrentamento dos enormes problemas ora existentes exige rupturas com
diversos pressupostos existentes no interior destas concepções teóricas, oriundas
de uma mesma vertente paradigmática. Hoje, num contexto de transição marcado
pelo fim das certezas, pode-se afirmar que "a utopia está livre para ser imaginada
livremente" (BUARQUE, 1994, p.67). Daí porque repensar a perspectiva de
desenvolvimento é uma tarefa urgente para a sociedade planetária, pois a
"renúncia ao melhor dos mundos não é de maneira alguma, a renúncia a um
mundo melhor" (MORIN, 2000, p. 92).
Inserido no contexto da transição paradigmática, o conceito de sustentabilidade
tanto pode potencializar a crítica ao conhecimento moderno e aos valores
predominantes nas sociedades que vivem sob a égide da modernidade ocidental,
quanto pode contribuir para que esse conhecimento e essa sociedade sobrevivam
sem que ocorram substantivas transformações. É preciso, pois, qualificar o
conceito de sustentabilidade, ampliando a perspectiva de superação do primado
da modernidade tecno-científica, tendo como referência primeira a compreensão
de que "o verdadeiro desenvolvimento é o desenvolvimento humano" (MORIN &
KERN, p.84).
O conceito de sustentabilidade sugere a necessidade de superação do
antropocentrismo presente na ciência moderna que terminou elegendo a espécie
humana como centro do universo. A visão cosmocêntrica aparece como um valor
mais apropriado ao tempo presente e à idéia de sustentabilidade, porque através
17
da sua introjeção o ser humano passa a ser concebido como parte do universo e o
universo como parte do ser humano. Se, no paradigma que hoje se encontra em
crise, a espécie humana era reduzida ao gênero masculino, o que resultou numa
grande dominação por parte do homem, o paradigma no qual a sustentabilidade
deve assentar-se projeta uma convivência estruturada a partir da dualidade
complementar dos gêneros masculino e feminino.
Um aspecto fundamental, expresso no conceito de sustentabilidade, se vincula à
necessidade de superação da ética imediatista, individualista e consumista,
privilegiadora do atendimento das necessidades das gerações atuais, sem que
seja pensado o das gerações futuras. A ética intra e intergeracional, contida no
conceito de sustentabilidade, se coloca como algo revolucionário por propor que o
usufruto dos bens materiais por parte das gerações atuais deva ser condicionado
à garantia do direito às gerações futuras.
O conceito de sustentabilidade indica a necessidade da aposta na prática
democrática e dialógica no mundo da política. Os regimes baseados na
representação política e os governos fortemente centralizados demonstraram, ao
longo dos últimos dois séculos, incapacidade no enfrentamento dos múltiplos
problemas, devido ao caráter fragmentado da ação política que tem causado
"apatia e abstencionismo", em amplos segmentos sociais nos diversos países,
como elucida Boaventura Santos ao refletir sobre as perplexidades do mundo
atual (SANTOS, 1999, p. 21).
A perspectiva da construção do Desenvolvimento Sustentável traz consigo a
busca da superação dessa realidade, em que a voz de técnicos e peritos tem
mais força do que a vontade coletiva. O caminho da sustentabilidade possibilita
pensar em múltiplas formas de democracia, capazes de combinar democracia
representativa com democracia direta no interior das diversas sociedades, cujos
fundamentos estejam alicerçados na efetiva democratização das micro-relações
pessoa/pessoa e na busca da edificação da democracia planetária.
18
Se o desenvolvimento ocorrido durante a modernidade assentou-se na projeção
do hegemonismo cultural etnocêntrico sufocador das singularidades culturais, o
conceito de sustentabilidade deve fundamentar-se numa perspectiva que respeite
a diversidade cultural de cada povo e que prime pela convivência solidária dentre
todos os povos, porque uma nova sociedade planetária não pode basear-se
no modelo de homem hegemônico de homem branco,
adulto, técnico, ocidental; deve, pelo contrário revelar e
despertar
fermentos
civilizacionais
femininos,
juvenis,
adultos multi-éticos, multiculturais (MORIN & KERN, 1994,
p.97).
Enfim, sendo o verdadeiro desenvolvimento o desenvolvimento humano, o
conceito de sustentabilidade deve conceber as inter-relações existentes entre as
dimensões sociais, éticas, políticas, econômicas e espirituais na busca da
construção de uma convivência planetária potencializadora da inteireza do ser.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUARQUE, Cristovam. O Pensamento em um Mundo Terceiro Mundo. In:
BURSZTIN, Marcel.(Org.). Para Pensar o Desenvolvimento Sustentável. 2. ed.
São Paulo: Brasiliense, 1994.
BUARQUE, Cristovam. Os Tigres Assustados – Uma Viagem pela Fronteira dos
Séculos. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1999.
CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida. Tradução de Newton Roberval Eichemberg. São
Paulo: Cultrix, 1996.
COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso
Futuro Comum. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1988.
DESCARTES, René. Discurso do Método. Tradução de Maria Ermantina Galvão.
São Paulo: Martins Fontes, 1999.GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (Des)
Caminhos do Meio Ambiente. 5. ed. São Paulo: Contexto, 1996.
19
HORKHEIMER, Max. Teoria Crítica I. São Paulo: Perspectiva/Edusp, 1990.
MATOS, Olgária Chain Féres. Desejo de Vidência. Desejo de Evidência:Walter
Benjamim. In: NOVAES, Adauto (Org.). O Desejo. São Paulo: CIA das Letras,
1990.
MORIN, Edgar. Ciência com Consciência. Tradução de Maria D. Alexandre e
Maria Alice Sampaio Dória. São Paulo: Bertrand Brasil, 1996.
_____ . Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. Tradução de Catarina
Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez; Brasília: Unesco, 2000.
MORIN, Edgar; KERN, Anne Brigitte. Terra Pátria. Lisboa, Portugal: Instituto
Piaget, 1994.
PIRES, Mauro de Oliveira. A Trajetória do Conceito de Desenvolvimento
Sustentável na Transição Paradigmática. In: BRAGA, Maria Lúcia de Santana;
DUARTE, Laura Maria Goulart (Org.). Tristes Cerrados - Sociedade e
Biodiversidade. Brasília, Paralelo 15, 1998.
SACHS, Ignacy. Estratégias de Transição para o Século XXI. Tradução de Magda
Lopes. São Paulo: Studio Nobel, 1993.
SÁNCHEZ, Ana. A Noção de Dialógica e os Meus Encontros com Edgar Morin. In:
PENA-VEGA, Alfredo & NASCIMENTO, Elimar Pinheiro do. (Org.). O Pensar
Complexo. Rio de Janeiro: Garamond, 1999.
SANTOS, Boaventura de Souza. Um Discurso Sobre as Ciências. 6. ed. Porto:
Afrontamento, 1993.
______ . Pela mão de Alice - O Social e o Político na Pós Modernidade 5. ed. São
Paulo: Cortez, 1999.
______ . A Crítica da Razão Indolente – Contra o Desperdício da Experiência. v.1.
São Paulo: Cortez, 2000.
SOUZA, Nelson Mello e. Modernidade: A Estratégia do Abismo. Campinas, SP:
Unicamp. 1999.
UNESCO. Educação para um Futuro Sustentável: Uma Visão Transdisciplinar
para uma Ação Compartilhada. Brasília: IBAMA, 1999.
20
ABSTRACT
In the complex present time, in which multiple and interrelated problems show the
existence of an ill-formed state created by Western Modernity, there emerges the
concept of sustainable development. This concept opportunely presents itself as a
realistic utopia that is able to make possible the interjection of a grounded ethic in
solidarity with present and future generations, which makes concrete the every day
commitment to life’s preservation.
21
Download

Sustentabilidade e Transição Paradigmática