RELIGIÃO IMPLÍCITA COMO RESERVA DE SENTIDO À UTOPIA
TECNOLÓGICA DO TRANSHUMANISMO.
Dionísio Oliveira da Silva.1
I-Introdução.
A intenção deste texto é colocar de forma bem restrita o que a utopia
tecnológica construída a partir da entrada da ciência moderna no cenário da
experiência humana coloca para o pensamento religioso convencional, e como acaba
produzindo outra forma de religião, pelas possibilidades de resposta e soluções
convincentes para desejos latentes no ser humano com relação à vida e o futuro.
II- Religião e Ciência: implicações mútuas.
A história da humanidade em todo o seu curso tem mostrado que há uma
busca constante de superação de limites por parte do ser humano, sempre tendo
como foco o aperfeiçoamento dos meios que favorecem uma melhor qualidade de
vida incluindo a aperfeiçoamento do própria corpo físico. Observando os últimos anos
de história a evolução é vertiginosa. As pesquisas da ciência, principalmente das
ciências naturais evoluem e questionam o saber anteriormente estabelecido
principalmente, o saber religioso ( teológico/filosófico). Houve o surgimento de novas
possibilidades e novas compreensões que para o ser humano é sinal de esperanças,
mas que também coloca alguns desafios.
Ao longo dos últimos 300 anos, pode-se perceber
marcos históricos bem
definidos, que mostram esse processo de evolução e como ele estabelece uma nova
relação entre ciência e religião, ou ciência e teologia. Segundo McGrath,
para se
entender a interação da ciência com a religião é preciso examinar três marcos
principais (McGRATH, 2005,p.11- 40 ), ou seja, (1) os debates astronômicos dos
séculos XVI e XVII; (2) a visão newtoniana de mundo do final do século XVII e início
do XVIII; e (3) a controvérsia darwinista do século XIX”.
É fato comprovado a
influencia da revolução cientifica presente nestas etapas do conhecimento em toda a
visão de mundo existente, e que ainda continua afetando a relação ciência/religião e
teologia
1
pelos seus desdobramentos. Exemplo atual do alcance deste tipo de
-Doutorando em Ciências da Religião e Mestre em Ciências da Religião pela PUC-SP. Diretor da Faculdade de
Teologia Metodista Livre de São Paulo.
2
influência são os estudos da física quântica e as forte especulações que o
acompanha, aparecendo como critério para resposta à compreensão de todos os
fenômenos. Hoje tem-se procurado responder tudo a partir de princípios da física
quântica, indo desde os próprios estudos que mais compete à mesma, até problemas
de ordem metafísica e mística.2
Retomando a influência do conhecimento neste marcos históricos podemos
dizer que ele afeta
“primeiramente a criação do contexto intelectual no qual as ciências naturais
puderam
se
desenvolver...,
oferecendo-lhes
idéias
e
métodos
para
seu
desenvolvimento, especificamente, na volta aos textos da tradição grega e árabe,
contribuindo para o retorno ao conhecimento anterior; pela fundação da grandes
universidades na Europa ocidental, e pelo surgimento de nova classe de filósofosteólogos naturais no contexto universitário” (McGRATH,2005, p.14).
Este primeiro marco teve grande responsabilidade
na forma de leitura e
interpretação de textos históricos das Escrituras de um modo bem mais crítico. Para
Mcgrath, estabelecia-se, no ápice da Idade Média, certa metodologia sofisticada de
interpretação bíblica que permitia a algumas passagens a interpretação literal e a
outras, espiritual. Este processo hermenêutico abre-se para a utilização
das
conclusões científicas nos trabalhos exegéticos, ao tratar o texto por meio de critérios
técnicos, resgatando uma postura que vem desde Agostinho de Hipona 3 (McGRATH,
2005,p.18). A segunda influência se deu no campo da cosmologia com a nova
astronomia de Copérnico e Galileu e do modelo de universo mecanicista de Newton e
seu conseqüente deísmo. Estes descobrimentos na astronomia exigem da religião
uma revisão em seus conceitos teológicos em especial na cosmologia. A afirmação
da terra não ser mais o centro do sistema solar, tratou-se “ na verdade, uma das mais
importantes mudanças na percepção humana da realidade, acontecida no ultimo
milênio”(McGRATH, 2005, p.19-35).
Passar do geocentrismo ao heliocentrismo, deixa sua marca na cosmovisão
religiosa existente não apenas conceitualmente, mas empiricamente, porque a ciência
tem instrumentos viáveis e capazes de uma observação empírica, questionado o ponto
2
- Um exemplo do uso da física quântica em situações inusitadas é o filme, “Quem somos nós? Uma nova evolução”, produzido
pela PlayArte. No próprio encarte do filme o tema é: física quântica no cotidiano. Isso já mostra o nível de influencia do
conhecimento em todas as experiências da vida das pessoas, incluindo o religioso.
3
- De acordo com McGrath, Agostinho “ insistia que a interpretação bíblica levasse em consideração o que pudesse ser aceito
como fato estabelecido. De certa forma, tal tipo de interpretação bíblica permitiu que teologia cristã não caísse na armadilha da
visão pré-científica do mundo.”
3
de vista conceitual existente até então. O caso de Galileu testemunha este fato e as
conseqüências imediatas devido à reação da religião.
Mesmo assim a reflexão
teológica e a hermenêutica bíblica tiveram posteriormente, que ser revistas.
A seu modo, o modelo mecanicista de Newton influenciou na não necessidade
da intervenção de uma divindade na experiência cotidiana. As leis e os princípios que
governam tudo o que há, incluindo o movimento planetário são mais que suficientes
para a manutenção da ordem existente, “ O sucesso da explicação newtoniana da
mecânica terrestre e celestial favoreceu o surgimento da idéia de que o universo
poderia ser pensado como uma grande máquina que funcionava segundo leis fixas,
sem a intervenção direta de Deus (McGRATH, 2005, p.30).
A conseqüência direta dessa nova proposta se dá não só na compreensão de
Deus como também do seu papel na manutenção da ordem criada, o que de certa
forma também afeta a necessidade de sua intervenção na sustentabilidade da vida,
abrindo espaço para uma teologia natural, uma forma de compreensão de Deus por
meio de analogias com a natureza. Natureza esta, que era não apenas suficiente para
o sentido e manutenção da vida, como também podia ser melhorada para se adaptar
às necessidades humanas e responder a questão religiosa. Nesta explicação e
justificação natural da existência, o ser humano também está incluído, pela proposta
de aprofundamento e construção de um conhecimento cientifico sobre o mesmo, com
o propósito de conhecer quais leis e mecanismos regem a sua natureza (humana),
tendo em vista o aperfeiçoamento do mesmo para superar problemas com
enfermidades, longevidade e conseqüente morte. Essa busca e conhecimentos atuais
chegaram ao ponto de propor meios para seu aperfeiçoamento e correção da natureza
por meio do uso de novas tecnologias de exploração e aperfeiçoamento, assim como
ocorre com outros partes da natureza em geral.
No estágio atual das pesquisas e por conta dessas possibilidades vislumbradas
e aperfeiçoamento da natureza, principalmente da natureza humana, surgem
implicações sobre a necessidade de Deus, de uma nova idéia sobre Ele, ou seja, a de
alguém que existe, mas que não é necessário para os desafios humanos cotidianos,
que serão solucionados pela capacidade e conhecimentos do próprio ser humano
obtido por meio de suas pesquisas e descobrimentos científicos. Este pensamento é
reforçado também pela influência darwinista, propondo que não apenas as espécies
da natureza, mas também o ser humano havia surgido por meio de um processo
evolutivo, sem a intervenção de alguma ação externa; pensamento fortalecido pela
descoberta científica principalmente no campo da biologia, que se desponta com
4
intensidade. Segundo Darwin, por meio da seleção natural espécies mais bem
adaptadas para a sobrevivência superavam as outras menos capazes, que eram
extintas. Nesse processo evolutivo uma espécie adquiria gradualmente capacidade de
sobreviver ao meio no qual existia e as alterações sofridas passavam a fazer parte de
sua genética e tudo o que existe é resultado deste processo ( evolução e seleção
natural). O darwinismo desafiou o pensamento teológico tradicional que afirmava a
origem de tudo num ato pontual e específico criativo de Deus, criticando inclusive a
concepção bíblica da criação do ser humano, como privilegiado em relação às demais
criações e visto como o ápice da criação divina(McGRATH, 2005, p.40).
A gradual afirmação deste modelo de explicação geral do surgimento da
natureza, cosmo e ser humano, que marca a evolução do pensamento científico
permite a construção de uma mentalidade que afirma existir no ser humano a
possibilidade de autonomia em relação à religião e todas as suas previsões, inclusive
do seu destino final. As afirmações teológicas em geral são afetadas pelas afirmações
científicas e suas descobertas. A ciência sinaliza que é possível ser e viver melhor ao
compreender cientificamente os processos da natureza e do ser humano ( HUGUES,
2008, p.4)4. O mais necessário era substituir a fundamentação na fé na providencia de
Deus, pela
compreensão
por meio de leis naturais descobertas e constatadas
empiricamente e, portanto, circunscrita ao domínio do conhecimento e autonomia da
racionalidade da ciência. A fé não parece ser mais necessária, pelo menos nos limites
da existência das coisas naturais, que é o objeto concreto da ciência. O novo estatuto
do conhecimento passa a ser estabelecido por outras instancias, e este novo modo
abre caminho para a liberdade da observação criativa do ser humano em todos os
âmbitos. O domínio de tudo parecer estar na mão do ser humano e do seu
conhecimento que parece não ter limites.
É esta possibilidade de conhecimento e realizações sem limites, podemos
dizer, esta utopia da ciência
que sinaliza para
a possibilidade de uma nova
humanidade sem as limitações às quais está sujeita, que questiona a religião
tradicional que tem a perspectiva da fé em Deus e da morte como salto para uma
vida sem limites. Para o pensamento religioso a nova vida tem que ser antecedida de
uma vida limitada com sofrimentos. A ciência propõe diferentemente uma nova
possibilidade, que não passa pela necessidade da morte, nem da dependência
4
- Hugues, chama esta visão do progresso científico de “ tecno-milenarismo”, que está ligado diretamente ao que Kurzweil
intitulou “ singularidade”, que por sua vez é a perspectiva de que pelo processo verificado da aceleração do aperfeiçoamento da
capacidade do chips de computadores de realizarem enorme quantidade de operações por segundo, essa tendência também
poderá ser aplicada a genética, nanotecnologia e a informação, possibilitando a unificação destes conhecimentos gerando novos
possibilidades para a vida.
5
exclusiva de um milagre vindo de algo transcendente. Sua proposta é uma vida sem a
interrupção pela morte, que progride indefinidamente, ou seja, o conhecimento
científico tornará possível a existência de estruturas e mecanismos que prolongarão a
vida humana na terra com qualidades surpreendentes e sem a necessidade de
intervenção divina. Contudo, isso seja o alvo e os avanços obtidos favorecem parte
desta utopia, mesmo nesta condição, o projeto cientifico subjacente a esta nova
existência tem que se defrontar com a velha natureza humana que resiste e não quer
sair, e com isso, a persistência pela busca de sentido por meio da religião que agora
não está muito clara e nem se encaixa nas formas e conteúdos do conhecimento que
o pensamento cientifico está tentando definir como final. A tendência diante deste
impasse entre sentido e conhecimento aponta para o surgimento de um novo modo de
encarar a religião anterior e sua metafísica que parece indispensável.
III- A Utopia tecnológica da ciência e seus aspectos religiosos.
Como foi colocado, a proposta do projeto científico moderno questiona os
postulados da teologia cristã tradicional e inevitavelmente, isso exige dela alguma
reação. Algo que por milhares de anos ditou a regra em termos de respostas vitais
para a compreensão da vida e de todos as outras coisas, não poderia simplesmente
se acomodar à critica sob a qual está sendo submetida. Aliás, nem sempre a resposta
puramente científica consegue ser convincente. Há sempre uma demanda de sentido
em muitas respostas da ciência ao ser humano e seus questionamentos, embora,
cada vez mais a ciência procure ser relevante neste aspecto, assumindo postura e
argumentação antes exclusivas da religião e mais especificamente, da teologia.
Diante deste cenário, foi necessário que a religião e a teologia entrassem nas
discussões e não deixassem que a ciência fosse portadora de suas respostas (
McGRATH,2005,p.62-73), (CAMPBELL & WALKER, 2005, internet)5 Ao fazer isso,
perceberam que nem tudo era como parecia. Havia espaço para o diálogo, e que a
incursão da ciência no campo religioso poderia ser explorada a favor da religião e
teologia.6 A religião percebe que o discurso no campo cientifico estava configurado de
uma forma que
exigia da linguagem do discurso religioso
certos critérios. Por
exemplo, na questão cosmológica a linguagem teológica literal precisa ser adequada à
5
-Este diálogo entre ciência e religião trás desafios, mas além do modelo de confronto, há modelos de diálogo possíveis. Há
possibilidades de interação entre ciência e religião. Entre aqueles que do ponto de vista cristão tem procurado este diálogo estão
Ian Barbour, John Polkinghorne, Arthur Peacocke. Entre as publicações dirigidas a estes temas temos, BARBOUR, Ian G. Quando a
ciência encontra a religião. São Paulo: Cultrix, 2004; POLKINGHORNE, J. Além da ciência. São Paulo: Edusc, 2001. PETERS, T &
BENNETTT, G. Construindo pontes entre a ciência e a religião. São Paulo: Unesp/Loyola, 2003.
6
-Queiruga, Andres, T. aponta para este fato quando afirma que é “ necessária teologia deve ser mais a serio ciência”
6
elementos novos das descobertas científicas, por exemplo, no caso das descoberta
feito por Copérnico e Galileu, com já visto anteriormente. Sobre a natureza, muitos de
seus fenômenos não são mais compreendidos pela linguagem religiosa teológica, que
afirma apenas uma providência espontânea. Há leis conhecidas por detrás destes
fenômenos
que
podem
ser
compreendidas
e
até
reproduzidas
7
empiricamente (SCHROEDER,1997).
Com relação ao humano, as coisas estavam sofrendo transformações
complexas, por causa das descobertas da biologia e principalmente da pesquisas
cognitivas das neurociências8 e exigiam atenção do pensamento religioso. Exemplos
destas descobertas envolvem o conhecimento das causas de muitas das disfunções
da mente, do cérebro, das emoções, que contribuíram eficientemente nos tratamento
de pessoas com doenças neuropsiquiátricas9, entre outras descobertas, por exemplo,
no uso de estruturas nanotecnológicas para o aperfeiçoamento físico, biológico e
cognitivo do ser humano.10
Mas, o que mais justifica o interesse e também a necessidade do diálogo entre
ciência e religião/teologia, é o fato de que a religião permanecerá, pelo menos para os
futuro próximo, mesmo que numa forma implícita, porque o que a tecnologia tem em
perspectiva é um humano aperfeiçoado por meio da tecnologias mais emergentes tais
como a nanotecnologia, biotecnologia,a cibernética(informação) e ciências cognitivas,
que apesar dos seus avanços e pretensões
ainda assim não terá sido possível
eliminar totalmente características do humano como ele é hoje. Isso garante que ele
continue humano, e que em termos cognitivos, mentais
e afetivos manterá sua
carência de sentido religioso. Sobre o que se pode conhecer das propostas deste novo
humano, é que o desenvolvimento tecnológico atual sinaliza para um de constituição t
aperfeiçoada, propostas pelos estudos e pesquisas de fuma área influente da ciência
conhecida como “transhumanismo”11(CORDEIRO & OCHOA, 2004) que aponta para
um ser humano modificado por outros humanos
( ciborg, robô, ou virtual),
que
poderão no clímax de seu desenvolvimento passar de um ser criado a criador de
outros seres humanos, ou transhumanos. O que mais gera polêmicas e criticas da
religião e teologia cristãs é a pretensão da tecnologia utilizada pelos humanos, ou
7
- O Genesis e o Big Bang, texto de um cientista judeu Gerald L. Schoroeder, procura demonstrar cientificamente a completa
coerência entre os seis dias da criação bíblica e dos quinze bilhões de anos do universo.
8
- VALLE, Edênio. Novos mapas da mente. O estudo psicológico da religião à luz do avanço das neurociências. Programa de
Doutorado em Ciências da Religião, PUC-SP, 2009.
9
- Para mais informações ver: http://mentalhelp.com/doenca_psiquiatrica.htm
10
- Ver informações em: http://www.cienciaviva.org.br/arquivo/cdebate/012nano/Nanotecnologia_e_Nanobiotecnologia.pdf
11
- Cordeiro e Ochoa, apresentam as características tanto da religião que possivelmente haverá no futuro, como também das
características previstas para o ser humano e a vida proposta pela ciencia.Para mais informações sobre “transhumanismo”
acessar site da WTA “World Transhumanism Association” http://www.transhumanism.org/index.php/th/ ;
http://www.nickbostrom.com/ethics/values.html.
7
transhumanos, quem
sabe, conforme dizem
alguns dos representantes do
transhumanismo, é assumir um lugar que a religião reconhece como exclusivamente
delegado a Deus. A confiança é que isso seja possível com a fusão ou integração do
conhecimento cientifico envolvendo a nanotecnologia, biotecnologia, informática e
ciências
cognitivas
(NBIC),
fusão
que
12
singularidade”,(KURZWEIL,2005, p.96-110)
Kurzweil
definiu
como
“
previsto para ser operacional em 2025.
Tal acontecimento dará ao ser humano a possibilidade de atingir este clímax, e por
conta disso
aperfeiçoar-se e até criar novos seres,(humanos/pós-humanos) cuja
principal característica seria ter uma existência não mais sujeita a morte. O problema
da humanidade passa a ter outro tratamento, totalmente sob o controle da ciência.
Para afirmar a viabilidade desta proposta, além da capacidade da tecnologia, Bostrom
e os transhumanistas vêm a “ natureza humana como uma obra em progresso, um
inicio
moldável
que
podemos
remodelar
desejado”(BOSTROM,2001, Transhumanist Values).
de
acordo
com
modo
Rudiger em seu texto: “Breve
História do pós-humanismo: Elementos de genealogia e criticismo”13 cita Moore outro
defensor das possibilidades do transhumanismo cujo pensamento é que,
“Nos próximos 50 anos, a inteligência artificial, a nanotecnologia, a
engenharia genética e outras tecnologias permitirão aos seres humanos
transcender as limitações do corpo. O ciclo da vida ultrapassará um século.
Nossos sentidos e cognição serão ampliados. Ganharemos maior controle
sobre nossas emoções e memória. Nossos corpos e cérebro serão
envolvidos e se fundirão com o poderio computacional. Usaremos essas
tecnologias para redesenhar a nós e nossos filhos em diversas formas de
póshumanidade (MOORE, 1994, Internet).
Essa extrema confiança no progresso da pesquisa cientifica e de suas
aplicações tecnológicas, segundo Moore, reafirma a idéia do poder humano de “
transcender as limitações do corpo”, o que de algum modo introduz aspecto próprios
da perspectiva religiosa, mas fincada agora no potencial do conhecimento tecnológico.
Uma nova possibilidade que por sua distancia do real exige fé para dar conta da
perspectiva utópica da ciência. Uma fé e uma espécie de religião que não tem
necessidade do divino, mas talvez com espaço para algo sagrado. Para Palladino14
12
- KURZWEIL, R. The Singularity is near: when humans transcend biology. New York, Viking, 2005.
-www.compos.com.br/e-compos Abril de 2007, p.17)
14
- Palladino, Juan P. La leyenda de una sociedad sin religiones. Revista Teína, Valencia, Espanha, n° 07, 2005.
13
8
este é o problema da ciência: assume o “sagrado”15, mas de fato não isso não é
suficiente e portanto, deve respeitar seus limites.
Embora, haja sinalizações para a necessidade de se determinar limites para
pretensão da ciência, na afirmação de Moore a tendência parece ser outra. Um
aspecto dessa tendência é a critica dos cientistas do transhumanismo aos valores que
determinam a perspectiva religiosa sobre o humano, sobre a vida e a morte. Nick
Bostrom, tem argumentado de que é “moralmente irrelevante se um entidade que é
funcional ou consciente, funcione com neurônios de silício ou biológico(BOSTROM,
2001, “ Ethics for Intelligent Machines: A proposal”). Ou seja, os valores religiosos
principalmente, da tradição cristã não são relevantes, mesmo se o está em jogo são os
valores
próprios
e
inerentes
à constituição
da
natureza
humana de
sua
espiritualidade,sem os quais não haveria humano. Mas, segundo Bostrom não
interessa se são humanos ou não , o que vale é a sua funcionalidade. Se eles são
dados pela experiência religiosa entre o humano e o divino ou tem sua origem numa
nanotecnologia isso não é significante, o que vale e serem funcionais dentro dos
parâmetros esperados pela tecnologia aplicada e para o fim desejado. Valores
pessoais, vindo de uma experiência religiosa
que orienta a vida do ser
humano,embora não sejam aparentemente descartados de vez, perdem muito da sua
relevância para vida . O pragmatismo aparece como critério de autenticação da vida e
a sua forma de expressão e regulação. A racionalidade pragmática tecno-científica
assume a dianteira. A promessa de respostas para as contingências da vida, em
termos de durabilidade e qualidade estendidos sem limitações, geram uma fé,
entendida como “fé na ciência”, ou em suas promessas (PALLADINO, 2005, internet).
O que dizer dessa fé, tendo em vista que a velha natureza (com suas
ambigüidades) ainda participa no novo humano proposto (transhumano)? Que tipo de
religião pode se estabelecer e dar conta de um desafio tão complexo, ainda mais
quando baseada na racionalidade científica?
IV- A religião implícita na utopia tecnológica.
Apesar do consenso de uma grande maioria de pensadores sobre a limitação
do utopismo científico,16 que desde Bacon tem sido vista como a possibilidade
15
- O conceito de Sagrado pode ser generalizado em termos de algo que se manifesta de fora a nós e nos interpela com o poder de
determinar sentido e eixo para nossa vida. Segundo Otto, o Sagrado é tanto tremendo como também fascinante.
16
-Cruz, Eduardo R. A Dupla Face: Paul Tillich e a ciência moderna. São Paulo: Edições Loyola, 2008, p.147-193. Neste aspecto Cruz
apresenta o fato da ciência compartilhar da própria ambivalência presente no utopianismo, que no meu modo de ver pode ser
9
empírica e pragmática para se alcançar uma sociedade perfeita, ainda persiste como
bem observou Wertheim, “estamos testemunhando a idéia que o homem, através de
seu próprio esforço, pode criar a Nova Jerusalém aqui na terra... A tecnologia pode se
tornar um meio de salvação. Repetidamente na era da ciência, a tecnologia tem sido
vista como uma força salvífica, uma chave para um mundo melhor mais brilhante e
mais justo(VERTHEIM, 1999, p.286).”17 Este otimismo também pode ser percebido na
confiança que Ray Kurzweil18 um dos mais árduo defensores da tecnologia aplicada
ao ser humano, deposita no desenvolvimento da tecnologia dos computadores. Em
seu livro “A era das máquinas espirituais” ele chega a falar em termos propriamente
religiosos, quando “ele apresenta uma utopia que, embora retratada como
extrapolação científica, é sustentada com uma nostalgia mágica e religiosa”, segundo
afirma Stahl.19 Sobre o mesmo tema Stahl, reafirma que o aspecto religioso presente
na utopia tecnológica repete-se em outra fala de Kurzweil quando expressa a certeza
de que, até o ano 2020 o avanço nos chips neurais de computadores permitirão, aos
mesmos apresentarem a mesma velocidade de conexão de cálculos por segundo que
o cérebro humano é capaz de fazer. Colocando sua própria opinião Kurzweil afirma
que por volta do ano 2060 será possível escanear nossos cérebros em máquinas
avançadas e ter nossa personalidade baixadas em computadores.
Com isso ele
pensa, será possível “às pessoas superarem os limites biológicos do corpo humano...
Não haverá mortalidade já no final do século XXI. Não do modo que conhecemos hoje.
Nós seremos como Deus.”20.
Nessa afirmação fica muito claro que o otimismo
apresentado por Kurzweil, apresenta claramente aspecto de esperança e fé na
tecnologia, clara permanência do religioso na ciência. Este é o lado otimista da fé na
tecnologia, que não consegue se livrar do que a ciência mais pretendeu: sua
autonomia com relação a necessidade de Deus.
Mas, nem tudo é como Kurzweil sinaliza. No lado oposto da esperança no
avanço da tecnologia, principalmente na computação, existe o temor do futuro ser
sombrio e destruidor para a raça humana. Bill Joy,21 fundador da Sun Microsystems,
embora não negue o avanço da tecnologia, tem perspectivas diferentes da de
Kurzweil. Para ele, “a partir do momento que esta enorme força computacional for
combinada com os avanços manipulativos das ciências físicas e do novo e mais
interpretado como elemento restritivo aos seus projetos como definitivos que colocam a necessidade de uma reserva de sentido
vindo da religião convencional.
17
- WERTHLEIM, Margareth. The Pearly Gates of Cyberspace. New York: W.W.Norton &Company, 1999, p.286. “
18
-Raymond Kurzweil tem publicado muitos livros dentre eles: The Sigularity is near(2005), The age of Spiritual Machines(1999)
com tradução para o português, The Age of Inteligent machines(1990) dentre outros.
19
- STAHL, William. Technology and Myth:Implicit religion in technological narratives. Implicit Religion, Vol.5 November 2002.
20
- STAHL, ibid, p.6
21
- STAHL, ibid, p.7
10
profundo conhecimento da genética, as coisas podem se tornar perigosas. Esta
combinação abre a oportunidade para uma completa reconfiguração do mundo, para
melhor ou pior”(STHAL, 2002, p.7-9)22. Ele teme que seja muito pior. Ou seja, se ao
seu modo “Kurzweil
fala de um desejo latente, Bill Joy fala de um medo(temor)
latente, contudo, ambas as visões fluem de uma mesma fonte”, a esperança e
potencial tecnológico, que ao mesmo tempo apresentam “utopias” e “distopias”,
milenarismo
e
apocalipsismo.23
Esta
ambivalência
presente
na
perspectiva
desenvolvimentista da ciência e suas tecnologias coloca ainda mais a pertinência de
uma perspectiva religiosa no projeto cientifico, mesmo que em moldes modernos, ou
seja, numa religião implícita como reserva de sentido.
V- Conclusão.
Embora,
o
dialogo
entre
ciência
e
religião
apresente
naturalmente
antagonismos inevitáveis, não é possível descartá-lo devido às implicações que estes
dois campos do conhecimento colocam para a pessoa humana. A tecnologia
empregada na reconstrução do humano trás consigo elementos transcendentes, por
exemplo, a proposta de uma possibilidade de vida que supera a morte. A existência
de seres humanos aperfeiçoados pela tecnologia ( trans ou póshumanos)
reproduzirem isso em outros e virem a ser co-criadores, fazendo de alguma forma o
papel de Deus. Do lado da teologia ou religião há necessidades de assumir de alguma
forma o compromisso da re-interpretação do novo ser humano proposto pela
tecnologia cientifica em termos de natureza e espiritualidade, pois, a tecnologia não
descarta que haverá um demanda de espiritualidade, mesmo que de outra categoria,
pois, se pensa como foi dito anteriormente, que poderá haver máquinas com
espiritualidade24 pelo fato de a mente humana permanecer como elemento
constitutivos destas máquinas, sejam elas, ciborgs, robôs ou virtuais. Por outro lado a
própria esperança de vida eterna proposta pela religião e a proposta de uma vida sem
morte pela tecnologia tem elementos comuns, pelo menos em termos de expectativas,
e ambas necessariamente são nutridas por um tipo de fé, e, portanto, trazem consigo
a esperança em algo transcendente. Além disso, tanto a religião como o progresso
tecnológico aplicado ao ser humano inclui a questão da ética e da moral, dos valores,
de novo introduzindo a preocupação com o outro e pela qualidade da vida que é o
centro dos interesses propostos pela tecnologia.
22
- STAHL, ibid, p7.
- Ver também, HUGUES, J. Millennial Tendencies in Responses to Apocalyptic Threats: in Global Catastrophic Risk. USA: Oxford
Universty Press, chapter 4, p.72-89.
24
- Kurzweil, R. A Era das Máquinas Espirituais. São Paulo: Editora Aleph, 2008.
23
11
Se de um lado a religião não vê possibilidade de manter o humano na sua
integralidade e integridade sem a dimensão metafísica, ou seja, sem a sua relação
com o divino e transcendente, a ciência e sua tecnologia por mais que tente ser
autônoma em relação à perspectiva religiosa, não consegue substituir as categorias da
religião no seu projeto de um novo ser humano, ou seja, a sua utopia continua sendo
afirmada sobre elementos religiosos para a legitimação de sua proposta para uma
nova realidade, um novo ser, uma nova vida.
Há então de fato uma religião que mesmo não completamente desvelada
permeia a racionalidade cientifica e sua tecnologia. Embora, não seja a religião
tradicional cristã, ela assume e utiliza os mais importantes elementos práticos e
conceituais presentes na mesma. Como religião implícita ela está ligada à tecnologia,
tem a ver com toda a humanidade que por conta de suas contingências reconhecem
que ela trás esperança e merece confiança. Uma religião que não descarta elementos
da religião tradicional, mas faz a sua crítica sobre ela. De fato a sua maior expressão
se dá nas propostas transhumanas e sua utopia, porque corresponde ao desejo
latente de resposta e sentido do ser humano diante das contingências desta vida e a
promessa de superação. Se há elementos conflitantes principalmente, na relação
entre o novo ser humano e Deus, há muitos elementos da fé e esperança na
tecnologia que servem como afirmativos de sua exclusividade e soberania.
Se há, como pensam Kurzweil, Bill Joy e outros, utopias e distopias,
milenarismos e apocalipsismo no futuro humano, tal ambivalência insere a
necessidade de uma esperança confortadora a todos nós; uma história que ao ser
contada nós faça bem, seja ela contada pela religião ou pela ciência, mas fará muito
mais sentido se for um trabalho à duas mãos. O transhumanismo como proposta
científica ao colocar as possibilidades de uma vida melhor como expectativa futura
desperta uma fé e esperança tal como a religião convencional também postula.
Funciona como religião, mas, religião implícita.
Este cenário com vimos, é sinal de um tempo em que a reflexão teológica cristã
e a prática da igreja devem se preocupar não somente com o que diz a partir do seu
campo de conhecimento mas, também, criticar e responde se necessário o que está
sendo dito sobre a relevância da fé e conhecimento advindos da experiência religiosa
de Deus dentro dessa nova possibilidade de compreensão da realidade propostas
pelo desenvolvimento do conhecimento científico, incluindo a questão que a ciência
coloca sobre necessidade de Deus neste novo cenário.
12
VI- Bibliografia:
BAILEY, Edward. Implicit Religion: An Introduction. Middlesex: Middlesex University
Press, 2008.
BAILEY, Edward – “Implicit Religion: A Bibliographical Introduction”. Social Compass.
37 (4) 1990, 499-509.
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RELIGIÃO IMPLÍCITA COMO RESERVA DE SENTIDO À UTOPIA