Tecnologias da Comunicação como instrumentos de emancipação humana: uma utopia pós-moderna Rômulo André Lima1∗ Toda emancipação constitui uma restituição do mundo humano e das relações humanas ao próprio homem. K. Marx Introdução Autores de filiação pós-moderna apresentam o advento das novas tecnologias como formas de mediação social que potencializam as possibilidades de emancipação humana. Jesús Martín-Barbero, filósofo influente nos estudos de Comunicação, trabalha, por exemplo, com a noção de que os meios e tecnologias da comunicação possuem um caráter híbrido. Sua “impureza” reside na mescla entre os desígnios e imperativos do mercado e a capacidade de promover a cidadania, democracia e inclusão social. Barbero sugere que essa ambigüidade não anula o caráter construtivo das técnicas. Pretendemos mostrar que não é possível abstrair o lado virtuoso das tecnologias do caráter que as constitui no mundo, a saber, a lógica capitalista. Se, por um lado, novas tecnologias trazem novas possibilidades de atuação contra-hegemônica, por outro, não podem deixar de responder aos imperativos dominantes da sociedade que a criou. Só da transformação desses imperativos pode resultar uma nova sociabilidade e tecnologias efetivamente concebidas em prol da emancipação humana. A afirmação das identidades locais aparece na ordem do dia para autores pósmodernos, para os quais a realização das múltiplas culturas representa a efetivação da cidadania e o surgimento de novos espaços e formas de fazer política. Nesse artigo, indagamos se a essa nova sociabilidade “descentralizadora” dos discursos é efetivamente mais libertadora e questionamos qual o tipo de emancipação que está implícita nesse discurso libertário. 1 Mestrando em Economia na Universidade Federal Fluminense (UFF). O presente artigo não existiria sem a valiosa contribuição de Carla Marques, mestranda em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Já que sua modéstia lhe impediu de assinar como co-autora, deixo registrado meu agradecimento. Todas as falhas do artigo, certamente, são de minha inteira responsabilidade. ∗ Para conduzir a linha argumentativa desse trabalho, foi escolhido como contraponto crítico o filósofo Jesus Martín-Barbero. A eleição desse interlocutor se deve não apenas à temática explorada em seus textos, mas principalmente à forma como ele estrutura seu pensamento. Sem incorrer no mais leviano descrédito aos projetos de emancipação, típicos do pós-modernismo, o autor orienta suas reflexões para formas de combater a desintegração das identidades e dos costumes frente à lógica impetuosa do capital. Assume-se abertamente em sua obra uma postura crítica que não se limita ao banal jogo lógico dos signos e de busca pela linguagem perfeita, capaz de expressar os diferentes e fragmentados sujeitos pós-modernos. Barbero se posiciona a favor de uma resistência que garanta a legitimidade do espaço público (nas suas novas e diferentes formas) e permita uma leitura crítica da sociedade. Falando dos acontecimentos do Fórum Social Mundial, por exemplo, o autor escreve: É óbvio que se trata de embriões de uma nova cidadania e de um novo espaço público, configurados por uma enorme pluralidade de atores e de leituras críticas que convergem para um compromisso emancipador e uma cultura política na qual a resistência é ao mesmo tempo formadora de alternativas (Barbero, 2006). A escolha de Barbero como interlocutor desse trabalho se deve, no entanto, às limitações de sua concepção sobre a emancipação humana e à grande lacuna deixada em seus textos por não serem abordadas questões estruturais da sociabilidade atual. As respostas dadas pelo autor à crise das identidades e mesmo as brechas identificadas na hegemonia preponderante do sistema não são suficientes para superar os problemas que ele mesmo apresenta. Em outras palavras, as próprias perguntas suscitadas pelo autor são incapazes de conduzir ao questionamento capaz de superar a “fragmentação do sujeito”. Apesar de crítico dos processos de globalização, Barbero tende a reconhecer neles uma outra face, através da qual seria possível resistir e construir novas formas de cidadania democráticas e libertadoras. Com a frase “No perigo também cresce a salvação2” (2005: 5), o autor sintetiza a fórmula capaz de dar conta da complexidade de determinações que atravessam não apenas as questões econômicas e políticas, mas também tecnológicas e culturais, sendo essas duas últimas as principais áreas de atenção desse pensador. A seguir 2 “En el peligro crece también la salvación”. serão expostos alguns fundamentos de seu pensamento para que, em seguida, possamos construir o argumento que entendemos como mais completo e capaz de melhor dar conta dessas determinações. Liberdade técnica e emancipação política Barbero tem como preocupação central o fato por ele constatado de que as novas tecnologias e redes informáticas são responsáveis por reconfigurar os próprios conceitos de público e privado: na internet, o contato privado entre interlocutores ocorre, simultaneamente, num lugar público, que é a rede (idem). Como defende o autor, essa hibridização entre público e privado promove uma explosão do discurso público, ao mobilizar a mais heterogênea quantidade de comunidades, associações e grupos – liberando as narrativas do político, desde as múltiplas lógicas dos mundos da vida (leia-se: desde os múltiplos sujeitos), do centralismo burocrático da maioria das instituições. Suas análises, entretanto, esquivam-se da celebração mercadológica da inovação e da tecnologia, expondo freqüentemente as contradições e ambigüidades que cruzam a “sociedade do conhecimento” e da informação. Barbero trabalha com a consciência do caráter impuro ou híbrido dos meios e tecnologias da comunicação, o que lhe permite manter uma constante tensão entre os perigos e as possibilidades das novas ferramentas de interação social. Sua impureza (ou hibridismo) reside justamente na mescla entre os desígnios e imperativos do mercado e a capacidade de promover a cidadania, a democracia e a inclusão social. A tecnologia, que serve para manter os monopólios da informação, responsáveis pelo controle da opinião pública mundial e pela imposição de moldes estéticos, pode também responder pela descentralização dos saberes e das falas, construindo novos espaços de discussão e de autonomia. Barbero procura abrir caminhos entre duas polarizações que, segundo ele, geralmente, marcam a discussão do problema: o pessimismo cultural e o determinismo tecnológico. A posição assumida é a de discutir as relações contraditórias dessa tensão e buscar formas de convivência crítica com as “impurezas fecundas” da mídia, cujas deformações, para ele, estão relacionadas à sua estrutura comercial (Barbero, 2000: 9). Barbero pondera que essa ambigüidade não anula seu caráter construtivo (idem). Embora atravessados por uma lógica de mercado, os meios e as tecnologias de comunicação são espaços decisivos de visibilidade e reconhecimento social e, segundo o autor, devem ser compreendidos como palco fundamental da vida pública atual. A mídia comporta não apenas uma trama de discursos, como a própria ação política. A tecnologia é compreendida como uma instância do saber e da interação humana que erige novas condições em que se faz cidadania, Se não são neutras, como defende Barbero3, constituem novos espaços de fazer a política, “pois, se tanto a ciência como a técnica exercem em nossa sociedade funções fortemente ideológicas, isso não pode significar que seu sentido se esgote no ideológico”4 (Barbero, 2005: 6). Para o autor, a tecnologia não carrega capacidades intrínsecas de fazer o bem ou o mal, uma vez que suas funções sociais são estabelecidas por indivíduos, grupos, organizações e sociedades. É a partir das interações humanas que a tecnologia ganha função social, apesar de ter nascido – em grande parte dos casos – sob o signo do capital, do poder e do lucro. [Nas críticas da Escola de Frankfurt] a técnica aparece definida por sua relação ao domínio do capital. Mas uma coisa é que o desenvolvimento da técnica se ache ligado ao capital e outra é que ela não seja mais que um instrumento de sua acumulação e domínio5. (Barbero 2005: 6). O autor entende que a tecnologia e a comunicação não devem ser consideradas apenas objetos de manipulação política, mas também um campo fundamental para a batalha de idéias na atualidade, considerando-se sua dimensão simbólica, sua capacidade de convocar e de construir cidadãos. O autor enxerga com otimismo os usos que muitas minorias e comunidades marginalizadas fazem das tecnologias, “introduzindo ruídos nas redes e distorções no discurso global, através das quais emerge a palavra de outros, de muitos outros” (idem). A centralidade do uso da técnica na sociabilidade advém do que Barbero chama de relação dialética entre os corpos e os meios, que rompe com a concepção puramente instrumental e passiva da técnica. Assim, para explicitar o caráter estruturador da tecnologia na sociedade, Barbero usa a expressão tecnicidade. Essa expressão, segundo o autor, coloca a interação humana mediada pelos instrumentos técnicos como momento 3 Cf. Barbero (2006). “Pues si tanto la ciencia como la técnica ejercen en nuestra sociedad funciones fortemente ideológicas ello no puede significar que su sentido y su valor se agoten en lo ideológico.” 5 “La técnica aparece definida por su relación al dominio mismo del capital. Pero una cosa es que el desarrollo de la técnica se halle ligado al capital y otra que no sea más que instrumento de su acumulación y dominio”. 4 constitutivo da sociabilidade. O termo tecnicidade deixa essa relação no mesmo patamar fonético de racionalidade, sociabilidade ou identidade (Barbero, 2005: 1-2). Sua intenção, contudo, se bem compreendida, é mais que associar foneticamente os termos, mas também logicamente e, possivelmente, ontologicamente. Barbero conduz uma crítica à perda de importância das questões políticas e propõe formas de reconstrução do espaço público que superem o enfraquecimento das tradicionais formas de fazer política. Na celebração do imediatismo e da transparência das redes cibernéticas o que está sendo minado são os próprios fundamentos do “público”, isto é, os processos de deliberação e de crítica. Ao mesmo tempo em que se cria a ilusão de um processo sem interpretação nem hierarquia, é fortalecida a crença de que o indivíduo pode se comunicar prescindindo de toda mediação social6. (Barbero 2004: 4). Qual emancipação? Da nossa parte, assumimos a perspectiva marxista tanto para qualificar o que se deve entender por emancipação humana quanto para avaliar o conteúdo e a limitação das propostas de Barbero. Fundamentalmente, pode-se esclarecer desde já que a questão das tecnologias da comunicação e emancipação humana, tomada sob a ótica de Marx, implica utilizar a técnica como facilitador do combate à causa essencial da desagregação dos seres humanos. As novas formas de interação inauguradas pelos novos meios de comunicação são instrumentos para consecução da emancipação, missão que só pode ser assumida pelo sujeito histórico universalmente oprimido. Para Barbero, por outro lado, a tecnologia (ainda que reconhecida sua capacidade de articular resistência) não é empregada pelo sujeito capaz de utilizá-la no enfrentamento das condições universais de opressão. Ao mesmo tempo, além de não ser utilizada pelo sujeito universalmente oprimido, a tecnologia, em Barbero, não é voltada contra as causas reais da opressão. A explicação para a limitação dupla de Barbero é única. Uma teoria que pretenda encaminhar a emancipação humana deve tratar da emancipação universal, pois a forma de opressão a que estamos submetidos é, mais do que nunca, universal. A causa da opressão é 6 “En [la] celebración de la inmediatez y la transparencia de las redes cibernéticas lo que se está minando son los fundamentos mismo de “lo público”, esto es los procesos de deliberación y de crítica. Al mismo tiempo que se crea la ilusión de un proceso sin interpretación ni jerarquía, se fortalece la creencia en que el individuo puede comunicarse prescindiendo de toda mediación social”. o capital e o sujeito oprimido é o indivíduo estranhado, incapaz de reconhecer essa sociedade como fruto das ações humanas, como fruto da determinação ontológica do homem capaz de, pelo trabalho, produzir riquezas e gerar toda ordem de objetividades e subjetividades que compõem o mundo em que vive. Não reconhecer o caráter universal da opressão (ou, antes, naturalizá-lo) impede Barbero de reconhecer o sujeito capaz de assumir a consciência da dominação e superá-la, tornando-se consciente da sua condição histórica. Esta é, portanto, a emancipação de que se deve tratar: emancipação da subordinação dos sujeitos à lógica do seu objeto deles próprios autonomizado (Duayer & Medeiros, 2007: 4). Marx e Engels, já no Manifesto do Partido Comunista, dizem que a união dos proletários “é facilitada pelo crescimento dos meios de comunicação criados pela grande indústria e que permitem o contato entre operários de localidades diferentes” (Marx & Engels [1848]: 28). Para esses autores, portanto, a tecnologia, além de transformar a sociabilidade humana, permite a união e a criação de um espaço contra a razão da desagregação coletiva dos seres humanos. A luta de classes está tratada explicitamente porque é entendida como a única capaz de superar a dominação que as engendra e que submete toda a sociabilidade humana sob o capital. Barbero, ao contrário, entende que a tecnologia e os recursos da tecnicidade devem ser apropriados pelas identidades a fim de lutarem contra a sua desagregação e contra a imposição de um padrão cultural global, ditado pelas necessidades comerciais. A relação do homem com as novas tecnologias permite a criação de novas arenas de disputa política em que, para o autor, pode-se travar uma luta pela cidadania e pelo reconhecimento das especificidades locais. A tecnologia é, assim, incorporada pela luta das identidades, que, por sua vez, é eminentemente local e particularizada. O problema está em não reconhecer o caráter essencial que explica e reforça constantemente a exclusão dessas identidades. Sem compreender que o metabolismo do capital subordina toda a vida, não se pode enfrentar efetivamente o motivo da exclusão como seres humanos. A fragmentação, própria do diagnóstico e do remédio prescrito, advém da compreensão pós-modernista de que tanto os problemas quanto as respostas a eles não podem ser somados em uma causa comum, universal. Segundo Barbero, dois processos transformam radicalmente o lugar da cultura em nossas sociedades: “a revitalização das identidades e a revolução das tecnicidades”. Esses processos são responsáveis pelas principais formas de enfrentamento das lutas contrahegemônicas. Ele observa que grande parte da sociedade consegue assimilar com certa facilidade as imagens da modernização que as mudanças tecnológicas propõem, “mas é em outro ritmo, bem mais lento e doloroso, que podem recompor seus sistemas de valores, de normas éticas e virtudes cívicas” (2006 p. 54). Dessa tensão, surgem elementos restauradores da autenticidade dos valores, normas e virtudes, e esses elementos reconfiguram o político, abrindo novos espaços de luta pela cidadania e pela democracia. Barbero, ciente do poder econômico e subjetivo das grandes corporações, enxerga, todavia, nas brechas do sistema, espaço através do qual setores da sociedade podem e devem resistir à subordinação das identidades aos padrões culturais impostos pelas corporações midiáticas transnacionais. A integração das “maiorias populares” ou das “minorias indígenas ou regionais” (Barbero, 2006) nos mapas da sociedade é o que pretende o autor uma vez que esses fragmentos da sociedade possam desfrutar da liberdade expressiva que merecem. A questão que se coloca, em primeiro lugar, não é tanto sobre a possibilidade ou o caráter quantitativo e qualitativo dessa inserção (ainda que sejam questões relevantes), mas pergunta-se o que garantiria a essas identidades serem reconhecidas e passarem a figurar no “mapa da sociedade”, como deseja Barbero? A qual sociedade advoga-se que devem fazer parte, com igualdade de direitos e de autonomia, a essas identidades? A resposta é simples. Uma vez que sua visibilidade e autonomia relativas sejam reconhecidas, estarão aptas a figurar plenamente não no mapa de uma sociedade, mas no mapa da sociedade capitalista. Parafraseando Marx, a questão da relação entre a emancipação política e identidade (pedra angular no argumento de Barbero) se torna, para nós, o problema da relação entre emancipação política e emancipação humana7. O tema remete ao que é discutido em por Marx em A questão judaica (1844). A relação, todavia, se dá de forma invertida. Bauer (contraponto crítico de Marx) trata da emancipação do Estado em relação ao particularismo religioso como condição da emancipação política e do livre gozo dos direitos universais do cidadão. Barbero coloca a emancipação das identidades frente à homogeneizante e desfragmentadora cultura mercadológica global como condição para a emancipação política 7 “A questão da relação entre a emancipação política e religião torna-se para nós o problema da relação entre emancipação política e emancipação humana” (Marx, [1844] 1991: 22). e para a construção de novos espaços e formas de cidadania. Bauer, em nome da liberdade política, deseja suprimir a identidade religiosa. Barbero, defendendo a mesma causa, reivindica a afirmação do particularismo identitário. No fundo, ambos incorrem na mesma miopia. Consideram a emancipação política como forma última e essencial de libertação humana quando, na verdade, segundo Marx, apesar de necessária, a emancipação política é apenas a “derradeira etapa da emancipação humana dentro do contexto do mundo atual” ([1844] 1991: 28). Em outras palavras, a emancipação política das identidades não significa a emancipação humana, completa, dessas identidades. Defender esse tipo de luta parcial, além das conseqüências práticas desmobilizadoras frente à necessidade de luta coletiva contra o capital, naturaliza o sistema vigente através do não questionamento de sua lógica. Não explicitar que a emancipação política é apenas parcial dentro do “mundo atual” significa não reconhecer sua existência como sistema ou, o que resulta no mesmo, naturalizá-lo. A reivindicação de Barbero engloba um duplo movimento que o autor parece não perceber completamente. De um lado, a superação dos particularismos ontológicos de cada formação social, incluído nisso as identidades locais, é mais uma forma de emancipação do capital frente aos obstáculos subjetivos que impedem sua livre e completa expansão. Os imperativos internos do sistema lhe impõem a tarefa de ocupar-se de todos os níveis de sociabilidade, moldando-os à sua lógica. Essa conformação do social ao capital é responsável pela avassaladora perda das “identidades clássicas” de pertencimento (nacionalidade, cultura local etc.). Por outro lado, a emancipação das identidades contra o fluxo global de informações e a conseqüente afirmação cultural das manifestações locais (por meio da nova tecnicidade) não garante a essas expressões locais outro lugar que dentro do sistema capitalista. Mesmo autônomas culturais e politicamente, as identidades continuam submetidas logicamente ao capital e sujeitas a toda forma de apropriação espúria de seus valores, como é o caso dos programas de auditório que consagram a cada dias novos ídolos pop das periferias, assimilando a miséria na cultura dominante, sem jamais discutir as causas da pobreza. Barbero não questiona em nenhum momento o estranhamento que impera sobre o indivíduo e para o qual o único remédio eficaz é a superação do capitalismo. A liberdade como cidadão, antes de ser contrária ao capitalismo, é condição necessária para seu funcionamento lógico e histórico. Apenas os cidadãos livres podem ser os proprietários privados que trocam mercadorias no capitalismo. Libertar-se como identidade, afirmar-se politicamente livre, é permanecer aprisionado como ser humano genérico, apartado da comunidade concreta. Como proprietários livres e expropriados, os trabalhadores, não antes de serem submetidos a uma série de violências ao longo do processo histórico, acabam por aceitar as relações capitalistas como “naturais”. O almejado reconhecimento político das identidades, puro e simples, configura o entendimento do caráter genérico do ser humano através da mediação política. Esse anseio é a outra face da expressão de universalidade do capital. O reconhecimento da liberdade política, dissociada das questões relativas às relações sociais de reprodução postas em funcionamento pela humanidade, é a expressão política do mercado como mediador dessas relações, não a superação desse estranhamento. Sem questionar o desígnio do capital não será possível enfrentar as reais causas da separação do homem de seus costumes e tradições, de sua organização de vida e de trabalho e de sua inserção como membro de uma verdadeira comunidade, sem exploração de classes e, portanto, sem as separações que estão na origem da sociabilidade atual. Essa seria a base de uma verdadeira emancipação humana, um processo pelo qual a sociedade estaria consciente de suas determinações econômicas, políticas e culturais e seria capaz de autogestão, superando as mediações mistificadoras que as distancia da compreensão real dos processos históricos e sociais. A emancipação defendida por Barbero não é capaz de superar a dupla existência assinalada por Marx em A questão judaica. O sistema de dominação sob o qual vivemos coloca o indivíduo, de um lado, como ser comunitário, partícipe da comunidade política, e de outro, na sociedade burguesa, onde age como indivíduo privado. Nessa dupla existência, o indivíduo é expropriado de seu mais essencial caráter coletivo em nome de uma universalidade política abstrata, estranhada. Essa cisão é funcional na medida em que “expressa na esfera política a pretensão de universalidade de uma classe particular, a burguesia” (Iasi, 2007: 52). Na esfera das necessidades, como Hegel denomina o que Marx chama de sociedade civil, são construídas relações de troca através das quais os indivíduos assumem posições diferenciadas em paralelo à igualdade política abstrata. Na reprodução social, os indivíduos são proprietários dos meios de produção que compram força de trabalho ou expropriados dos meios de produção que vendem força de trabalho. “Nesse sentido, a identidade como cidadão é um campo possível daquilo que na existência real do intercâmbio material é base de conflito” (idem). Essa cisão faz com que os indivíduos transfiram seu caráter coletivo e genérico para algo além deles, esperando no reconhecimento político o reconhecimento de seu caráter genérico. O caráter do político que, em Marx, deve ser reconhecido é o da socialização da produção e reprodução, tornando os indivíduos conscientes de suas determinações e da origem humana dos poderes que pairam sobre eles. A separação entre o público e o privado como obra do capital Um dos aspectos fundamentais da reflexão de Barbero é a cisão entre o público e o privado e sua interação diferenciada sob o pano de fundo da sociedade em rede. Nas palavras do autor, “a sociedade-rede não é um puro fenômeno de conexões tecnológicas, mas, sim, a separação sistêmica do global e do local, do público-formal e do privado-real” (Barbero, 2006, p. 56). O que ele não investiga é que a cisão entre o “público-formal” e o “privado-real” tem uma base real que consiste em uma das originalidades históricas do capitalismo. O caráter exclusivamente econômico da exploração capitalista (que, na aparência, repudia os meios extra-econômicos de exploração) precisou de uma estrutura política que permitisse separar os produtores diretos dos meios de produção e fazer do mercado o principal mediador da reprodução social. O capitalismo se diferencia dos sistemas anteriores porque eles se caracterizavam por meios extra-econômicos de apropriação do excedente. No capitalismo, a necessidade puramente econômica oferece a compulsão que força o trabalhador a transferir a mais-valia para o capitalista a fim de ter acesso aos meios de produção e às condições de sua própria subsistência. Esse é o significado da divisão do trabalho em que os dois momentos da exploração capitalista – apropriação e coação – são alocados separadamente à classe apropriadora privada e a uma instituição coercitiva pública, o Estado: de um lado o Estado ‘relativamente autônomo’ tem o monopólio da força coercitiva; do outro, essa força sustenta o poder ‘econômico’ (Wood, 2003: 36). Wood sugere ainda que o capitalismo engendra uma privatização do poder político, no sentido de que as decisões de produção, que antes eram tomadas pela esfera pública, sob a determinação do político, agora são realizadas na esfera privada, com base em fatores puramente econômicos. “O Estado tomou das classes apropriadoras o poder político direto (...), deixando-as com poderes privados de exploração depurados de funções públicas e sociais” (Wood, 2003, p. 43). A privatização dessas determinações sociais é a base real da separação entre o Estado e a sociedade civil, apontada por Marx. Que a influência do Estado sobre os processos de reprodução material e subjetiva tenha minguado ao extremo nos últimos tempos também não deve surpreender, sob o ponto de vista das estratégicas ideológicas e materiais de sobrevivência e ampliação do capital. Ao lado disso, opera o que Marx identificou como a separação entre o citoyen e o bourgois, entre o cidadão e o burguês, em esferas jurídicas e sociais distintas. O cidadão é o indivíduo na esfera pública e política, onde dispõe de igualdade de direitos e compõe com os demais uma comunidade abstrata. O burguês é o homem da sociedade civil, indivíduo privado e egoísta, dono dos recursos materiais necessários à reprodução social. O resultado dessa lógica e a exacerbação da separação entre o privado e o público, bem como as formas concretas assumidas por essa separação em nível cultural, incentivadas ou não pelos novos recursos tecnológicos, é atestado pela crise de individualismo que fomenta a crise de identidades tão bem constatada por Barbero. O que se percebe agora é que essa separação entre a esfera privada e a pública, na qual os indivíduos parecem prescindir de qualquer mediação social para porem em contato dois “nós” dessa “rede” é sustentada pela tecnologia e, por que não, pela relação da tecnologia com o imaginário simbólico dos indivíduos e com sua forma particular de apropriação da técnica (o que Barbero chama de tecnicidade). O acesso à informação modifica a sociabilidade, mas, caso não se trabalhe a consciência do caráter universal da dominação, esse acesso modifica-a dentro da sociabilidade determinada pelo capital. Sob esse aspecto, vale lembrar a compreensão de Lukács de que o pensamento é ao mesmo tempo cognitivo e criativo: é no ato de compreender suas condições reais que um grupo ou classe oprimida começa, nesse exato momento, a moldar as formas de consciência para modificá-las. (apud Eagleton, 1997: 90). Barbero incorre numa subestimação ideológica ao conceber que as ruidosas revoluções sociais podem ser substituídas pelas práticas civilizadas da tecnologia, distorcendo, ao mesmo tempo, o próprio significado de uma ação política transformadora. Uma observação crítica mais consistente, no entanto, poderá mostrar que a mudança acelerada e em alguns casos espetacular dos hábitos e experiências do dia-a-dia não alterou substancialmente a estrutura das sociedades. No novo quadro se reconhece o mesmo modo de produção capitalista, apenas com novos e mais poderosos instrumentos, com mecanismos mais ágeis, tirando proveito de novas motivações (Konder, 2002: 244). A informação que circula de forma hegemônica é aquela determinada pelas possibilidades fornecidas pela ontologia do capital. A ideologia do fim das ideologias, que promove as identidades ao único lugar possível e autêntico de construção do conhecimento, delimita inconscientemente o que pode e o que não pode ser dito, situando o discurso por cidadania e democracia “dentro dos limites analíticos do próprio pensamento capitalista” (Marques, 2009). Nesse sentido, comentando História e consciência de classe, de Lukács, Eagleton afirma: “existem certas formas de conhecimento que, embora rigorosamente históricas, são capazes de desnudar os limites de outras ideologias e, desse modo, desempenhar o papel de uma força emancipatória” (idem: 91). Pois é onde a totalidade exerce influência urgente sobre as condições sociais imediata do próprio sujeito que a interseção entre parte e todo pode ser mais completamente estabelecida. De modo que os grupos e classes oprimidos precisam, antes, de uma visão do sistema social como um todo e de seu lugar dentro dele, simplesmente para serem capazes de reconhecer seus próprios interesses parciais e particulares em comunhão com os interesses coletivos. “Mas sem passar em algum ponto, por assim dizer, do particular para o geral, é provável que esses interesses fracassem” (idem: 92). O que se percebe hoje (e é atestado pela moda pós-modernista) é que surge um consenso e uma unidade dos fins econômicos e políticos com as idéias, não no sentido de superar os interesses econômicos e corporativos vigentes, mas de modo a fortalecer (ainda que involuntariamente) a hegemonia de um grupo social e mistificar ainda mais as razões para os males sociais. A universalização desse consenso dá às classes dominantes o poder de legitimar sua ideologia, convertendo o capitalismo na organização objetiva e subjetiva final da história. “Procede-se, assim, a uma verdadeira ‘reforma intelectual e moral’, sob a direção da burguesia, que, em nome da crise internacional do capital, consegue socializar uma ‘cultura da crise’, transformada em base material do consenso e, portanto, da hegemonia” (Simionatto, 2003: 280). A cultura do medo e da crise econômica sempre à espreita, caso os governos não sejam pragmáticos o suficiente para adotar as políticas “corretas”, transforma-se na desculpa ideológica para o progressivo esvaziamento e fragmentação das formas de lutas anti-sistêmicas. Essa nova hegemonia fragmenta os sujeitos coletivos, quer do ponto de vista material, quer do ponto de vista políticocultural, através de valores particulares e individuais que desorganizam as classes em relação a si mesmas e as articulam organicamente ao ideário do capital. O pertencimento de classe cede lugar ao individualismo, ao desencantamento utópico, à proliferação de teorias do fragmentário, da heterogeneidade, do aleatório, reforçando a alienação e reificação do presente e provocando um estilhaçamento dos nossos modelos de representação (Simionatto, 2003: 283). Barbero, por sua vez, parece atestar o mesmo: “a fábricas se descentralizam, as profissões de diversificam e se tornam híbridas, os lugares e as ocasiões de interação se reduzem, ao mesmo tempo em que a trama de interesses e objetivos políticos se desagrega8”. (2005: 8) A conseqüência de tal ordem social é a pluralidade e a fragmentação das lutas ao mesmo tempo em que gera a privação social. Essas mudanças flexibilizam as fronteiras tradicionais das diversas formas de vida, jogando-as todas em uma reivindicação de idiomas, origens étnicas, estilos de vida, culturas nacionais e identidades distintas. Ao lado disso, surge o discurso que remete à sociedade civil a responsabilidade pelo encaminhamento de projetos que cuidem dos cada vez mais complexos problemas sociais. Essa sociedade civil é fortalecida pela racionalidade de mercado e mais uma vez nega a existência de projetos de classe contra-hegemônicos. Nesse processo, os interesses sociais e de classe são substituídos por interesses específicos e a política torna-se um assunto localizado, relativo às “identidades locais”, esvaziada da perspectiva de universalização das lutas contra o sistema universal do capital. Conforme escreveu Gramsci, “os elementos cada vez mais numerosos” da sociedade civil não têm significado o fim da alienação, mas antes o estabelecimento de novos conformismos. (apud Simionatto, idem: 285). A 8 “Las fábricas se descentralizan, las profesiones se diversifican y se hibridan, los lugares y las ocasiones de interacción se reducen, al mismo tiempo que la trama de intereses y objectivos políticos se desagraga.” dissolução das lutas universais contra o capital em favor de lutas locais, torna a sociedade cada vez mais incapaz de dominar a situação que a oprime e de romper com o imediatismo das lutas fragmentadas, incentivadas em grande parte pela ideologia das identidades. Nesse sentido, a esfera da cultura, mesmo quando concebida como espaço de resistência (como faz Barbero) apresenta-se, caso não considere criticamente as bases concretas de dominação e estranhamento existentes, “como espaço de incorporação de valores, ideologias e práticas sociais que permitem sustentar e avalizar a lógica do capital, criando-se um senso comum que fortalece o conformismo e a passividade” (Simionatto, 2003: 276). Considerações finais Autores como o sociólogo Ulrich Beck colocam assim a questão: “será possível que, mais cedo ou mais tarde, ao capital orientado e organizado globalmente, contraponha-se um movimento operário também orientado e organizado globalmente? É óbvio que a resposta é negativa” (apud Santucci, 2003: 252). Ainda que compartilhe de algumas posições desse autor, Barbero não é tão enfático e positivo a esse respeito, mas a linha de argumentação adotada por ela não se afasta tanto da posição de Beck. Discorrendo sobre as possibilidades de resistência das diversidades contra os fluxos culturais globalizantes, Barbero afirma: “é a partir daí que se projetam buscas e alternativas, comunitárias e libertárias, capazes, inclusive, de reverter o sentido majoritariamente excludente que as redes tecnológicas têm para as maiorias, transformando-as em potencial de enriquecimento social e pessoal” (2006: 58). Nota-se que o autor não esquece o proveito pessoal que as alternativas comunitárias (poderia dizer locais) oferecem como oportunidade a partir da organização da resistência cultural em posse da nova tecnicidade. Outra observação que pode ser feita a partir da citação anterior diz respeito ao idealismo presente na visão de que a tomada de consciência cultural e a reafirmação das diferenças diante do processo de globalização pode mesmo “reverter o sentido majoritariamente excludente que as redes tecnológicas têm para as maiorias”. É preciso dizer que Barbero, em outros pontos de sua análise, não é indiferente aos processos de obsolescência acelerada (e programada), tantos dos bens materiais quanto imateriais. Mas a idéia de que a resistência cultural organizada por meio das novas formas de interação proporcionadas pela técnica pode alterar o metabolismo próprio da acumulação capitalista parece-nos de pouca credibilidade. Não seria preciso discorrer sobre o fato de que os ciclos de expansão dos avanços tecnológicos, seguramente, estão nas mãos dos grandes conglomerados industriais transnacionais e que a reafirmação das diferenças pouco ou nada pode fazer com relação a isso. A conquista dos espaços alternativos de atuação contrahegemônica não advém da resistência contra os imperativos expansivos da indústria (cultural ou não), mas do próprio processo de expansão dos bens estrategicamente e comercialmente programada. Não é uma liberdade dos indivíduos apropriar-se dos modernos meios de comunicação (ainda que fazer usos alternativos deles o seja), mas um imperativo do capital enquanto sistema de produção ampliada que depende da realização cada vez mais ampla dos bens produzidos. O fato de se multiplicarem as lan houses nas favelas não elimina as favelas. Supor a técnica como instrumento de libertação humana por meio das identidades, como faz Barbero, conduz a outra observação. Entender as possibilidades de mudança e de atuação contra-hegemônica a partir do caráter tecnológico é supor que uma tecnologia é mais libertadora que outra. Como se apenas agora, de posse das novas tecnologias da comunicação, o homem fosse capaz de construir uma sociedade mais democrática. Esperar dessa nova convivência “homem-técnica” a superação dos problemas sociais é incorrer num determinismo tecnológico e deixar de compreender que as transformações apenas serão possíveis a partir da tomada de consciência da opressão pela identidade universal da classe proletária contra a dominação universal do capitalismo. Tomada de consciência que transforme materialmente a realidade e possa, enfim, se apropriar de tecnologias concebidas efetivamente em prol da liberdade humana. Também não é possível, como espera Barbero, separar o lado virtuoso das tecnologias em massa difundidas pela lógica capitalista de sua lógica comercial. Não fosse a necessidade pelo lucro essas novas mercadorias tecnológicas não existiriam da forma que existem. Os avanços tecnológicos estão ontologicamente ligados às necessidades do capitalismo e, mesmo que se possa fazer um uso contra-hegemônico deles, uma tecnologia realmente concebida em prol da liberdade humana apenas será possível dentro de outra lógica social. De resto, para Barbero, a questão fica sempre ligada, ainda que disfarçadamente (pois ele fala explicitamente em organização pela emancipação), aos particularismos e lutas individuais ou de grupos locais. Enquanto isso, o motivo fundamental da desagregação social e cultural permanece sem ser abordado. A superestrutura da sociedade, responsável pela reprodução subjetiva das relações de produção capitalistas não é identificada por sua determinação sistêmica de acumulação do capital. Sua base material permanece um nãoproblema e, de uma forma um pouco mais sofisticada que no pós-modernismo mais elementar, as lutas fragmentárias são postas como a chave para a conquista da liberdade. A pergunta que não pode ser evitada é: conseguida a suposta liberdade expressiva e identirária/cultural que garantiria a cidadania aos grupos subalternos, o que o sistema reserva para esse novo nível de sociabilidade, supostamente mais democrático? Garantiria, pela lógica atual, o irromper de uma série de novas lutas por identidades cada vez mais fragmentadas até o limite do indivíduo. Quanto mais identidades reconhecidas, mais identidades estarão por reconhecer e as lutas abstratas, desvinculadas das causas reais da desagregação social, seriam multiplicadas sem fim e sem resultado concreto, pois a divisão básica da sociedade, a divisão em classes, continuaria a operar. Claro, não se trata de negar a importância de combater o imperialismo ideológico e cultural que distorce e reprime a multiplicidade de culturas e tradições humanas desprezando os valores dos grupos subalternos, num mundo dominado pela publicidade, pelos símbolos e pela comunicação de massa. Mas, para que possam de fato ser agregadas em uma luta capaz de superar o atual estado de coisas, as questões de identidade, cultura e língua devem ser trabalhadas dentro de um contexto histórico. Sobre esse aspecto, Gramsci escreveu que a consciência crítica não pode nascer sem algum grau de florescimento da individualidade. A “luta contra o individualismo é luta contra um determinado individualismo, com um determinado conteúdo social, e precisamente contra o individualismo econômico” (Gramsci apud Santucci, idem: 258). E o individualismo das identidades não parece muito melhor (nem muito diferente) em relação ao individualismo burguês. Abandonar inteiramente a idéia de progresso e de emancipação humana significa submeter-se ao sistema opressor constituído. Uma compreensão materialista é fundamental para superar a dominação cultural que converte tudo em mercadoria. A emancipação humana, tal como preconizada por Marx, exige a superação dos particularismos e a união coletiva frente à causa comum de opressão. Referências bibliográficas DUAYER, Mário. & MEDEIROS, João Leonardo. Marx, estranhamento e emancipação: o caráter subordinado da categoria da exploração na análise marxiana da sociedade do capital. Texto preparado para o I Encontro Nacional de Economistas Marxistas: Seminário Comemorativo dos 140 anos de O Capital, Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Econômico – UFPR, Curitiba, Outubro/2007. EAGLETON, Terry. Ideologia. São Paulo: Boitempo: Unesp, 1997. IASI, Mauro Luis. Ensaios sobre consciência e emancipação. São Paulo: Expressão Popular, 2007. KONDER, Leandro. A Questão da Ideologia. 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