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Imóveis
CORREIO
Salvador, domingo, 28 de agosto de 2011
Planejamento
Salvador sustentável
Especialistas
definem ações
para cidade
rumo ao futuro
Rachel Vita e Jorge Gauthier
[email protected]
[email protected]
Da concepção do projeto
até a entrega dos apartamentos, prédios novos são erguidos com atributos sustentáveis. Calçadas deixam de ser
estacionamento de carros e
viram área para circulação de
pedestres. Com sistema integrado de transporte, cidadãos
deixam carros na garagem.
A água da chuva é direcionada para os rios sem causar
enchentes. Nos prédios, essa
água acumulada é tratada e
reutilizada em outras atividades. O esgoto é bem tratado e a
iluminação usa pouca fonte de
energia.
Ficção? Não. Já é realidade
em diversas cidades do mun-
do, como Paris. Em Salvador,
essa ainda é uma perspectiva
distante. Mas, segundo especialistas, esses são alguns dos
pontos em que a capital baiana
precisa avançar para se tornar
sustentável no futuro. O planejamento tem que começar
agora. Um planejamento que
pense a cidade como um todo,
mas respeite particularidades
de cada região.
A Construção Civil tem papel fundamental nesse processo, segundo Fabio Rocha,
sócio da Damicos, empresa
contratada para dar consultoria em sustentabilidade para a
Ademi-BA, que lança este
ano, segundo o presidente da
entidade, Nilson Sarti, guias
nessa área - para construtores
e para consumidores.
Para Ana Rocha Melhado,
pós-doutora em Gestão Ambiental de Bairros pela Universidade de São Paulo, Salvador tem potencial para ser
sustentável. “É necessário ter
um planejamento a longo prazo pensando em 2050. Outras
Sustentabilidade
é uma utopia
que precisa
virar realidade
ASHER KIPERSTOK, professor
da Ufba
cidades do mundo se tornaram mais sustentáveis quando
poder público e iniciativa privada, através das construtoras, decidiram a sustentabilidade como meta”, explica
Melhado, sócia-diretora da
Proactive, empresa de consultoria em sustentabilidade.
O professor e engenheiro
civil Asher Kiperstok, que coordena o departamento de
Tecnologias Limpas e Minimização de Resíduos da Universidade Federal da Bahia, avalia
que a sustentabilidade deve
ser pensada como um processo contínuo de reeducação.
“As mudanças têm que
acontecer desde a extração de
materiais para a construção de
novas edificações até o planejamento do poder público em
investir na reestruturação da
cidade projetando para os
anos futuros”, explica.
Kiperstok defende que um
modelo de transporte eficiente é um dos principais avanços
para que Salvador saia da atual
situação. “Novos empreendimentos imobiliários estão
sendo erguidos e consequentemente mais gente com carro
vai circular nas ruas. Se houvesse um sistema útil e integrado de transporte seriam
emitidos menos poluentes.
Hoje, Salvador caminha para a
insustentabilidade”, afirma.
PARIS O arquiteto Chico
Senna defende intervenções
em Salvador semelhantes as
feitas em Paris. “Lá, os canais
fluviais foram tratados. Aqui
estão sendo cobertos e virando esgotos. Culpa-se muito o
mercado imobiliário, mas eles
só fazem qualquer coisa com
autorização do poder público.
Em Paris, o governo investiu e
tornou a cidade sustentável”,
afirma Senna.
Assim como na capital da
França, o desafio é que as novas construções já sejam erguidas seguindo esse padrão.
Salvador já tem empreendimentos sustentáveis, como
os da Ecomundo. O primeiro a
ganhar selo foi construído como anexo na sede da Odebrecht. “Ainda há dificuldade de
se vender uma construção
sustentável. Há um aumento
de custo inicial, mas depois se
economiza com a redução de
consumo, como de
água”, assegura a
engenheira da Ode- PÁG.8
brecht Leila Barros.
AÇÕES PARA TRANSFORMAR A CIDADE
Investir em políticas públicas para
captação e reaproveitamento da
água das chuvas para evitar
enchentes e tragédias
A iluminação pública
deve favorecer o uso
de lâmpadas frias
Os resíduos devem ser tratados de
forma adequada. O lixo tem que ser
processado e reaproveitado ao máximo
Prioridade para o pedestre
com calçadas, espaços
urbanos coletivos, como
praças
Sistema de transporte
integrado desestimula o uso
de carro próprio. Economiza
combustível e emite menos
poluentes.
Implantação de ciclovias na
cidade
Política de saneamento para
reduzir a quantidade de
esgoto descartado no meio
ambiente
Boa circulação do ar pelos ambientes,
análise constante dos dutos
de ar-condicionado e a redução de gases
poluentes pela melhoria na qualidade do ar.
Sistemas de coleta de água de chuva para
que o líquido seja reaproveitado em outras
atividades com limpeza
Fontes alternativas de energia, como
a solar, e ainda controle de consumo.
Em caso de préidos comerciais,
preocupação com a segurança e
conforto do trabalhador
Construções devem seguir
critérios de forma sustentável
tanto na economia de água,
planejamento urbano e conforto
para o usuário
Uso de esgotamento sanitário a vácuo para
restringir o uso de água. E de descarga com
água com dois volumes para descarte.
Janelas amplas voltadas para o nascente
contribuem com a ventilação e luminosidade
Escolha de materiais menos poluentes, que sejam
duráveis e menos invasivos ao meio ambiente.
Redução de resíduos.
Prioridade para comprar os materiais com no máximo
200 quilômetros de distância da obra
EDITORIA DE ARTE/CORREIO
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Sustentabilidade é uma utopia que precisa virar realidade