UNINGÁ – UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ
FACULDADE INGÁ
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÓTESE DENTÁRIA
DANIEL BECKER NUNES
ANÁLISE DA RETENÇÃO DE PINOS METÁLICOS PRÉFABRICADOS CIMENTADOS COM DIFERENTES CIMENTOS
RESINOSOS
PASSO FUNDO
2008
DANIEL BECKER NUNES
ANÁLISE DA RETENÇÃO DE PINOS METÁLICOS PRÉFABRICADOS CIMENTADOS COM DIFERENTES CIMENTOS
RESINOSOS
Monografia apresentada à unidade de Pósgraduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ –
Passo Fundo-RS como requisito parcial
para obtenção do título de Especialista em
Prótese Dentária.
Orientador: Prof. Dr. Cezar Augusto Garbin.
PASSO FUNDO
2008
DANIEL BECKER NUNES
ANÁLISE DA RETENÇÃO DE PINOS METÁLICOS PRÉFABRICADOS CIMENTADOS COM DIFERENTES CIMENTOS
RESINOSOS
Monografia apresentada à comissão
julgadora da Unidade de Pós-graduação da
Faculdade Ingá – UNINGÁ – Passo FundoRS como requisito parcial para obtenção do
título de Especialista em Prótese Dentária.
Aprovada em ___/___/______.
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________________
Prof. Dr. Cezar Augusto Garbin - Orientador
________________________________________________
Prof.
________________________________________________
Prof.
DEDICATÓRIA
À minha família que sempre esteve ao meu lado tanto nos momentos felizes
quanto nos tristes. Meu pai, Adilson, minha mãe, Maria Inês, meu irmão, Douglas e
meu cusco Taz, que sempre faz festa quando eu chego da aula.
À minha amada, minha companheira, minha amiga, minha alma gêmea, Josie,
pelo carinho e compreensão da minha ausência.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Cezar, pelo apoio, amizade, competência e dedicação na
realização deste trabalho. Por toda a sabedoria e pelos ensinamentos transmitidos
durante o curso.
Ao Prof. Genaro Marcial Mamani Gilapa, pelo auxílio e participação neste
trabalho.
À Bruning Tecnometal S.A., pela disponibilidade proporcionada para a
realização dos testes de tração.
À Vanessa e ao André Lohmann, pela disposição e orientação na realização
dos ensaios.
À Prof. Lílian, pela assistência constante e pela atenção desprendida neste
trabalho.
Aos colegas, pelos momentos especiais proporcionados, pela amizade, pelo
companheirismo.
RESUMO
Os cimentos resinosos vêm sendo amplamente utilizados na cimentação de
coroas e pinos, principalmente devido a suas propriedades mecânicas e adesivas. O
presente estudo experimental teve como objetivo analisar a resistência à remoção
por tração de pinos pré-fabricados de aço inoxidável cimentados com um cimento
quimicamente ativado e dois de dupla ativação. Trinta dentes pré-molares inferiores
humanos unirradiculares extraídos tiveram seus canais radiculares tratados
endodonticamente e suas coroas removidas. As raízes foram divididas em três
grupos: grupo 1 – RelyX U100®, grupo 2 - Multilink®, grupo 3 - Panavia F®. Após
serem incluídas em tubos de PVC, as raízes tiveram seus canais preparados para os
pinos Reforpost II nº 4. Os pinos foram cimentados de acordo com as instruções do
fabricante de cada cimento e os ensaios de tração realizados em uma máquina de
ensaios universal na velocidade de 0,5 mm/min. Os valores da força máxima de
tração para a descimentação dos pinos foram registrados e analisados
estatisticamente (ANOVA). As médias da retenção proporcionada pelos cimentos
(Kgf) e os respectivos desvios padrão foram: grupo 1: 15,25±4,45; grupo 2:
14,36±2,31; grupo 3: 12,92±5,85. Os três cimentos analisados não apresentaram
diferenças significativas na retenção dos pinos pré-fabricados (p>0,05). Com base
nos resultados obtidos foi possível concluir que os três cimentos testados foram
efetivos para a cimentação de pinos metálicos de aço inoxidável.
Palavras-chave: Cimentos de resina. Pinos dentários. Resistência à tração.
ABSTRACT
Resin cements have been widely used on crowns and posts cementation,
mainly because of their mechanical and adhesive properties. This study analysed the
tensile strength resistance of prefabricated stainless steel posts luted with one selfcure and two dual-cure resin cements. Thirty mandibular human premolar singlerooted extracted teeth were endodontically treated and had their crowns removed.
The roots were divided into three groups: group 1 – RelyX U100®, group 2 Multilink®, group 3 - Panavia F®. After being included into plastic tubes, roots had
their canals prepared for Reforpost II nº 4 posts. Posts were luted according to the
luting materials manufacturer´s instructions and subjected to tensile strength tests in
a universal testing machine at a cross-head speed of 0,5 mm/min. Tensile strength
values were recorded and analysed using ANOVA. Cements retention means (Kgf)
and standard deviations were: group 1: 15,25±4,45; group 2: 14,36±2,31; group 3:
12,92±5,85. No significant differences were observed among the three luting
materials (p>0,05). It was concluded that the three tested cements were effective for
stainless steel posts cementation.
Keywords: Resin cements. Posts. Tensile strength.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Brocas Gates-Glidden nº 1, 2 e 3.…………………………...
29
Figura 2 - Ranhuras superficiais...........................................................
30
Figura 3 - Raiz e tubo de PVC em posição no delineador....................
31
Figura 4 - Posicionamento da raiz e do tubo.........................................
31
Figura 5 - Inclusão das raízes...............................................................
32
Figura 6 - Imagem radiográfica ilustrando a raiz
incluída no tubo de PVC........................................................
32
Figura 7 – Corpo-de-prova após inclusão............................................... 33
Figura 8 - Canal preparado....................................................................
34
Figura 9 - Fresadora 1000N................................................................... 35
Figura 10 - Preparo dos canais.............................................................. 35
Figura 11 - Brocas Largo 3, Exacto 1 e 2............................................... 35
Figura 12 - Pino Reforpost II nº 4........................................................... 36
Figura 13 - Dimensões do pino..............................................................
36
Figura 14 - Grupo 1 (RelyX U100®)........................................................ 36
Figura 15 - Grupo 2 (Multilink®).............................................................. 36
Figura 16 - Grupo 3 (Panavia F®)........................................................... 36
Figura 17 - Pino jateado......................................................................... 38
Figura 18 - Metal/Zirconia Primer®......................................................... 40
Figura 19 - Alloy Primer®........................................................................ 40
Figura 20 - Primer A/B®.......................................................................... 41
Figura 21 - ED Primer®........................................................................... 41
Figura 22 - Aplicação de 5 kg................................................................. 41
Figura 23 - Máquina de ensaios Universal Emic DL 20000.................... 42
Figura 24 – Corpo-de-prova adaptado..................................................... 43
Figura 25 - Destorcedor acoplado........................................................... 43
Figura 26 - Ensaio de Tração.................................................................. 44
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
mm/min – Milímetro por minuto
mm – Milímetro
mm2 – Milímetro quadrado
nº - Número
m – Micrômetro
N – Newton
ISO – International Organization for Standardization
CRT – Comprimento real de trabalho
ml – Mililitro
PVC – Poli cloreto de vinila
seg – Segundo
Kg – Quilograma
Kgf – Quilograma-força
LISTA DE SÍMBOLOS
% - Percentagem
º - Grau
®
- Marca registrada
” - Polegada
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO..................................................................................
13
2
REVISÃO DE LITERATURA.............................................................
15
3
OBJETIVO.........................................................................................
25
4
METODOLOGIA................................................................................
26
4.1
OBTENÇÃO E PREPARO INICIAL DOS DENTES...........................
26
4.2
TRATAMENTO ENDODÔNTICO......................................................
26
4.3
PADRONIZAÇÃO DO COMPRIMENTO DAS RAÍZES.....................
27
4.4
DIVISÃO DOS GRUPOS E ACONDICIONAMENTO........................
28
4.5
INCLUSÃO DAS RAÍZES EM TUBOS DE PVC................................
28
4.5.1
Preparo dos tubos para a inclusão das raízes.............................
28
4.5.2
Preparo das raízes para inclusão...................................................
28
4.5.3
Inclusão das raízes..........................................................................
30
4.6
PREPARO DOS CANAIS..................................................................
33
4.7
CIMENTAÇÃO DOS PINOS..............................................................
35
4.7.1
Preparo dos pinos para cimentação..............................................
37
4.7.2
Preparo dos canais para a cimentação.........................................
38
4.7.3
Cimentação dos pinos....................................................................
38
4.8
TESTES DE TRAÇÃO.......................................................................
42
4.8.1
Adaptação dos corpos-de-prova à máquina de ensaios.............
42
4.8.2
Ensaios de tração e análise estatística.........................................
43
5
RESULTADOS..................................................................................
45
6
DISCUSSÃO.....................................................................................
46
7
CONCLUSÃO....................................................................................
49
REFERÊNCIAS...............................................................................................
50
APÊNDICES....................................................................................................
55
13
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, durante a reabilitação oral de um paciente, a utilização de pinos
intra-radiculares é muito comum, sobretudo em dentes com grande perda de
estrutura.
Diversos são os tipos, formatos e comprimentos de pinos que podem ser
utilizados. Entretanto, vários são os fatores que podem influenciar na durabilidade
destes pinos e dos dentes que os suportam (BALKENHOL et al., 2007). Fatores
estes que, muitas vezes, acabam por acarretar fraturas dentárias ou estruturais do
próprio pino (AKKAYAN; GÜLMEZ, 2002; NEWMAN et al., 2003; FOKKINGA et al.,
2004; TAN et al., 2005; GONÇALVES et al., 2006) e descimentações (VARELA et
al., 2003; SOUZA FILHO et al., 2004; BALBOSH; LUDWIG; KERN, 2005;
AKGUNGOR; AKKAYAN, 2006; BITTER et al., 2006).
Dentre os diferentes fatores que determinam o grau de retenção de pinos, a
seleção do agente de cimentação tem sido amplamente pesquisada.
Apesar de, assim como outros cimentos, não possuir todas as características
de um cimento ideal, os cimentos resinosos vêm apresentando resultados muito
positivos com relação a suas propriedades mecânicas e adesivas.
A adesão proporcionada pelos cimentos resinosos às estruturas dentárias e
aos diferentes materiais restauradores, através dos sistemas adesivos e dos
diferentes tratamentos de superfície existentes, determina uma maior retenção de
restaurações e pinos e uma melhor distribuição de cargas, fazendo com que o
remanescente dental seja menos suscetível a fraturas. Por outro lado, estes
cimentos possuem uma técnica complexa e bastante sensível (GARBIN;
MEZZOMO; SILVA, 2005).
Existem, hoje, diversas marcas comerciais de cimentos resinosos, os quais
podem apresentar uma reação de polimerização química, dual ou fotopolimerizável.
Apesar de apresentarem características semelhantes, estes cimentos possuem
propriedades mecânicas e adesivas diferentes, devido, principalmente, a diferenças
em suas formulações, e, dependendo do sistema adesivo e do tipo de
condicionamento prévio do material restaurador, indicados por cada agente
cimentante (BOUILLAGUET et al., 2003; COSTA et al., 2004; JARDIM, 2004;
FREITAS, 2005; MENEZES; ARRAIS; GIANNINI, 2006; CEBALLOS et al., 2007;
HIKITA et al., 2007).
14
Outro fator que influencia as propriedades mecânicas e adesivas de um
cimento resinoso é o grau de polimerização, já que a ocorrência de uma menor taxa
de conversão de polimerização faz com que essas propriedades fiquem reduzidas
(PEDREIRA, 2007). Portanto, em determinadas condições clínicas, quando existe a
dificuldade ou a impossibilidade da passagem de luz pelo material que está sendo
cimentado, não são indicados os cimentos resinosos fotopolimerizáveis e, sim,
cimentos de ativação química ou dual.
Entretanto, embora os fabricantes de cimentos resinosos de dupla ativação
defendam que mesmo na ausência da fotoativação, ou em casos onde esta fica
prejudicada, estes cimentos atingem níveis aceitáveis de polimerização sem que
haja redução de suas propriedades mecânicas e adesivas, ainda restam dúvidas
quanto a esta afirmação. Alguns estudos têm, inclusive, questionado esta condição,
afirmando que estes cimentos não apresentam as mesmas características
mecânicas e adesivas quando não são fotoativados ou quando existe alguma
dificuldade na fotoativação (CAUGHMAN; CHAN; RUEGGEBERG, 2001; ATTAR;
TAM; McCOMB, 2003; BOUILLAGUET et al., 2003; WITZEL et al., 2003; FONSECA;
SANTOS; ADABO, 2005; PIWOWARCZYK et al., 2007; PEDREIRA, 2007).
Em conseqüência, este estudo experimental pretende realizar uma análise
comparativa in vitro da retenção proporcionada pelos cimentos de dupla ativação
RelyX U100 e Panavia F, em comparação ao cimento de ativação química Multilink,
na cimentação de pinos pré-fabricados metálicos de aço inoxidável.
15
2 REVISÃO DE LITERATURA
O conceito de reabilitação oral vem sendo modificado ao longo dos anos. Isso
ocorre devido aos constantes trabalhos e estudos experimentais, os quais têm
buscado um aprimoramento de técnicas já existentes e o desenvolvimento de novas
tecnologias e técnicas para a resolução de problemas clínicos. Um exemplo disso é
a evolução da adesividade, que oportunizou o surgimento de inúmeros sistemas
adesivos e materiais resinosos, como os cimentos a base de resinas.
As propriedades mecânicas e adesivas dos cimentos resinosos têm permitido
que estes sejam amplamente utilizados em diversas situações clínicas. Suas
características adesivas proporcionam uma maior retenção e uma melhor
distribuição de cargas (GARBIN; MEZZOMO; SILVA, 2005). Desse modo, estes
cimentos possuem diversas indicações clínicas, como cimentação de coroas,
próteses parciais fixas, inlays, onlays, próteses adesivas, facetas e pinos.
Dentro da ampla variedade desses cimentos, diversas pesquisas têm sido
realizadas no intuito de avaliar seu comportamento, tanto no que diz respeito a suas
propriedades físicas e mecânicas, quanto em relação a suas propriedades adesivas.
Al-harbi e Nathanson (2003) analisaram a adesão proporcionada por
diferentes cimentos na cimentação de pinos de resina, cerâmicos e metálicos. Foram
utilizadas 84 raízes de caninos superiores humanos extraídos, os quais tiveram seus
canais tratados endodonticamente e preparados de acordo com o sistema de cada
pino. As raízes foram divididas em 7 grupos de 12 raízes. Em seis destes grupos,
foram cimentados os pinos, Fibrekor, Luscent, Twin Luscent, Cerapost, Cosmopost e
ParaPost XH, com o cimento C & B Cement. No grupo restante, os pinos ParaPost
XH foram cimentados com fosfato de zinco. As raízes foram posicionadas em uma
máquina de ensaios universal, onde foram realizados testes de tração até a remoção
dos pinos. Os resultados mostraram que pinos de resina apresentaram valores de
retenção significativamente maiores que os pinos de cerâmica, entretanto, não
apresentaram valores significativamente maiores que os pinos de titânio cimentados
tanto com C & B, quanto com fosfato de zinco.
Attar, Tam e McComb (2003) realizaram testes físicos e mecânicos com
cimentos odontológicos buscando comparar a resistência flexural, o módulo de
elasticidade, a radiopacidade e o pH. Utilizaram os seguintes materiais: cimento de
fosfato de zinco Flecks, cimento de ionômero de vidro Fuji I, cimento RelyX Vitremer
16
Luting, cimentos resinosos de ativação dupla Calibra e RelyX ARC quando
fotoativados ou não, e cimento resinoso químico Crown & Bridge. Em relação à
resistência flexural, os resultados mostraram que todos os cimentos resinosos
apresentaram valores maiores que os outros, quando testados após 24 horas e após
3 meses de armazenamento. Os cimentos de dupla ativação, quando não
fotoativados, apresentaram valores menores estatisticamente do que quando
fotoativados, após 24 horas e 3 meses. Não houve diferenças significativas em
relação ao tempo de armazenamento para todos os cimentos. Já os resultados dos
testes de módulo de elasticidade, após armazenamentos de 24 horas e 3 meses,
não apresentaram diferenças estatísticas entre o cimento de fosfato de zinco e os
cimentos resinosos. O cimento resinoso de dupla ativação RelyX ARC mostrou
valores menores quando não foi fotoativado, em ambos os períodos de
armazenamento, entretanto, o mesmo não ocorreu com o cimento de dupla ativação
Calibra, que não apresentou diferenças dependendo do modo de polimerização. Em
relação à radiopacidade, o cimento de fosfato de zinco apresentou os maiores
valores. Os cimentos resinosos de ativação dupla e o cimento de ionômero de vidro
apresentaram radiopacidade semelhante ao esmalte dentário. Já o cimento resinoso
químico apresentou a menor radiopacidade, com valores semelhantes à dentina. A
média dos valores de pH apresentados pelos cimentos resinosos foram
estatisticamente maiores que os apresentados pelos cimentos de ionômero de vidro
e pelo fosfato de zinco.
Varela et al. (2003) analisaram o efeito do hipoclorito de sódio na retenção de
pinos Unimetric cimentados com Panavia 21 Ex e Dual Cement. Para tal, utilizaram
120 dentes unirradiculares humanos extraídos. Os dentes foram divididos em dois
grupos: grupo 1, não tratados e grupo 2, tratados com hipoclorito de sódio a 10%.
Após a remoção das coroas dos dentes e da realização de tratamentos
endodônticos, os canais foram preparados com brocas Gates-Glidden nº 2 e 3 e com
as brocas recomendadas pelo fabricante dos pinos. Os canais foram tratados com
ácido fosfórico a 37% e a metade destes canais foi irrigada com 10 ml de hipoclorito
de sódio a 10%. Nos dois grupos foram realizados quatro protocolos de cimentação:
ED Primer associado ao Panavia 21 Ex, ED Primer associado ao Dual Cement,
somente Panavia 21 Ex e somente Dual Cement. Os espécimes, após a cimentação
e armazenamento de cinco semanas em condições controladas, foram submetidos a
testes de tração em uma máquina universal de ensaios. Nos resultados obtidos o
17
cimento Panavia 21 Ex promoveu maior retenção aos pinos no grupo 1, entretanto,
no grupo 2, foi o que apresentou menores valores de retenção. Já o cimento Dual
Cement associado ao adesivo, obteve os maiores valores de retenção no grupo 2. O
cimento Panavia 21 Ex apresentou menores valores no grupo 2, em relação ao
grupo 1, contudo, a associação deste cimento ao adesivo aumentou estes valores. O
tratamento dos canais com hipoclorito de sódio a 10% não alterou a retenção
proporcionada pelos cimentos, porém, a associação dos cimentos com o adesivo
aumentou significativamente a retenção dos pinos.
A adesividade proporcionada pelos cimentos RelyX ARC, Panavia F, C & B
Metabond e Fuji Plus na cimentação de pinos feitos com resina Z 100, foi analisada
por Bouillaguet et al. (2003). Os canais de quarenta e oito caninos e pré-molares
humanos extraídos tiveram suas coroas removidas e seus canais tratados
endodonticamente. Após a realização dos preparos para os pinos, as raízes foram
divididas em dois grupos. Em um dos grupos os pinos foram cimentados nos canais
intactos,
de
maneira
convencional;
no
outro,
as
raízes
foram
divididas
longitudinalmente ao meio e os pinos foram cimentados nos sulcos dos canais
expostos.
Após
a
cimentação
dos
pinos,
as
raízes
foram
seccionadas
perpendicularmente ao longo eixo em peças de 0,6 mm de espessura. Nas raízes
intactas, os discos formados foram, também, desgastados linearmente no sentido
mésio-distal até a superfície do pino. Foram realizados testes de tração nestas
peças com uma máquina de ensaios à velocidade de 1 mm/min. Todos os cimentos
apresentaram valores menores de retenção quando cimentados convencionalmente
nos canais fechados em relação às raízes seccionadas. Nos canais em que os pinos
foram cimentados convencionalmente, não houve diferenças estatísticas entre o
cimento RelyX ARC e Panavia F, entretanto, estes apresentaram valores de
retenção menores estatisticamente que os resultados obtidos pelos cimentos C & B
Metabond e Fuji Plus. Os cimentos RelyX ARC e Fuji Plus mostraram uma
diminuição significativa nos valores de retenção na porção mais apical das raízes
dos canais convencionais, o que não ocorreu com os espécimes cimentados com
Panavia F e C & B Metabond.
A influência do modo de polimerização e da aplicação de cargas cíclicas na
adesividade de cones de cerâmica cimentados com cimentos de dupla ativação em
dentina bovina, foi avaliada por Witzel et al. (2003). Para a realização desta
pesquisa, os autores seccionaram, perpendicularmente, as raízes de incisivos
18
bovinos em 120 discos de 2,5 mm de espessura e prepararam os canais destes
discos radiculares com uma broca tronco-cônica com 8º de angulação. Após o
preparo dos canais, foram confeccionados cones de cerâmica Noritake Super
Porcelain EX-3. A cimentação dos cones foi realizada com os cimentos RelyX ARC
associado ao adesivo Single Bond e, Choice, associado ao adesivo One-Step. Os
grupos foram divididos conforme o cimento, o modo de polimerização e a aplicação
de cargas cíclicas, de maneira que cada cimento apresentasse um subgrupo com os
corpos-de-prova fotoativados e outro, com os corpos-de-prova não fotoativados.
Estes subgrupos foram novamente divididos em: grupos com aplicação de cargas
cíclicas imediatas ou sem aplicação de cargas cíclicas. Os resultados dos testes de
tração, procedidos em uma máquina de ensaios universal à velocidade de 0,8
mm/min, mostraram que não houve diferenças estatísticas entre os grupos que
foram submetidos à aplicação de cargas e os grupos que não foram submetidos a
esta condição. Os dois cimentos não apresentaram diferenças significativas quando
comparados entre si, entretanto, valores maiores foram observados nos grupos onde
foi realizada a fotoativação dos cimentos de dupla ativação em relação aos grupos
onde esta não foi executada.
Com a finalidade de avaliar a capacidade adesiva do cimento resinoso RelyX
Unicem ao esmalte e dentina, Munck et al. (2004) utilizaram dezoito terceiros
molares humanos extraídos livres de cárie. Após o preparo das superfícies de
esmalte e dentina dos dentes, foram cimentados blocos de resina pré-polimerizada
nestas superfícies, com os cimentos RelyX Unicem, RelyX Unicem associado à
ataque ácido prévio e Panavia F. Os dentes com os blocos cimentados foram, então,
seccionados perpendicularmente à superfície de cimentação, obtendo-se palitos
retangulares de 1,8 x 1,8 mm de largura por 8 a 9 mm de comprimento, compostos
por uma parte dentária e uma porção do bloco de resina, interpostos pela película de
cimento. Estes palitos foram acoplados a uma máquina de ensaios e submetidos a
testes de tração a uma velocidade de 1 mm/min até a separação das superfícies. Os
resultados mostraram que o cimento RelyX Unicem apresentou valores de adesão
ao esmalte significativamente menores que o cimento Panavia F e menores que o
próprio cimento RelyX Unicem quando associado ao ataque ácido prévio com ácido
fosfórico. Os grupos formados pelo cimento Panavia F e RelyX Unicem associado ao
condicionamento com ácido fosfórico não apresentaram diferenças entre si na
adesão ao esmalte. Entretanto, os resultados não apresentaram diferenças entre o
19
cimento RelyX Unicem e o cimento Panavia F quando utilizados em dentina. Já o
cimento RelyX Unicem, quando associado ao ataque ácido, apresentou valores de
adesão significativamente menores que os outros grupos na adesão à dentina.
Sahafi, Peutzfeldt e Asmussen (2004) avaliaram a retenção proporcionada
pelos cimentos Panavia F, fosfato de zinco (DeTrey Zinc) e Parapost Cement na
cimentação de pinos pré-fabricados metálicos de titânio (ParaPost XH), de pinos de
resina composta reforçados por fibras de vidro (ParaPost Fiber White) e de pinos de
zircônia (Cerapost). Os autores utilizaram 290 incisivos e caninos superiores
humanos extraídos neste estudo, os quais foram divididos em 29 grupos de 10
dentes. Estes dentes foram seccionados, deixando 13 mm de comprimento radicular,
e tiveram seus canais preparados para os respectivos pinos em um comprimento de
5 mm. Os pinos foram submetidos a diferentes tratamentos de superfície
previamente a cimentação. Cada um dos grupos dos pinos ParaPost XH recebeu um
dos seguintes tratamentos de superfície: sem tratamento, jateamento com óxido de
alumínio, Cojet e tratamento com Metalprimer II. Do mesmo modo, cada um dos
grupos dos pinos ParaPost Fiber White e Cerapost recebeu um dos seguintes
tratamentos: sem tratamento, jateamento com óxido de alumínio, Cojet e jateamento
associado ao silano Pulpdent. Após a cimentação, os pinos foram estocados em
água a uma temperatura de 37º, por 7 dias e submetidos ao teste de tração. Os
resultados mostraram que não houve diferenças estatísticas na retenção
proporcionada por ambos os cimentos resinosos nos grupos dos pinos ParaPost XH.
Nenhum tipo de tratamento de superfície aumentou significativamente a retenção
dos pinos ParaPost XH. Nos grupos em que o cimento ParaPost Cement foi utilizado
para a cimentação dos pinos ParaPost Fiber White, a retenção foi menor
estatisticamente quando algum tratamento de superfície foi utilizado. Já com o
cimento Panavia F, estes pinos apresentaram uma maior retenção no grupo em que
foi utilizado jateamento com óxido de alumínio, em relação ao grupo sem tratamento.
Não houve diferenças estatísticas entre os grupos dos pinos ParaPost Fiber White
que receberam tratamento de superfície quando cimentados com Panavia F. A
retenção dos pinos ParaPost Fiber White foi maior estatisticamente nos grupos sem
tratamento de superfície quando foi utilizado o cimento ParaPost Cement, em
relação ao cimento Panavia F. Já o cimento Panavia F associado ao jateamento
determinou uma maior retenção para estes pinos quando comparado ao grupo
cimentado com ParaPost Cement associado ao jateamento. Os tratamentos de
20
superfície realizados nos pinos Cerapost aumentaram significativamente a retenção
destes, quando cimentados com o cimento ParaPost Cement. O mesmo não
aconteceu quando estes pinos foram cimentados com o cimento Panavia F, onde
nenhum tratamento de superfície mostrou diferenças significativas com relação ao
grupo não tratado. Nos grupos em que os pinos Cerapost sofreram jateamento,
jateamento associado ao silano e não sofreram tratamento, o cimento Panavia F
proporcionou uma retenção significativamente maior que o ParaPost Cement.
O teste push-out foi utilizado por Bolhuis et al. (2004) para avaliar a
retentividade proporcionada pelo cimento Panavia 21 e pelo cimento PhosphaCem/C
na cimentação de pinos metálicos fundidos. Para a realização deste estudo, os
autores trataram endodonticamente as raízes de 16 pré-molares superiores e
prepararam seus canais para a confecção de pinos metálicos fundidos. As raízes
foram separadas em dois grupos e tiveram seus pinos cimentados com Panavia 21 e
PhosphaCem/C. Metade das raízes de cada grupo recebeu, então, um tratamento
de fadiga cíclico de cargas vestíbulo-linguais. As raízes foram seccionadas em três
terços, os quais foram acoplados em uma máquina de ensaios para a realização dos
testes push-out. O tratamento de fadiga não ocasionou diferenças estatísticas, entre
os três terços, nos grupos cimentados com o mesmo cimento. Entretanto, os pinos
cimentados com Panavia 21 demonstraram valores de retenção significativamente
maiores, em todos os terços, em relação aos cimentados com PhosphaCem/C.
Souza Filho et al. (2004) avaliaram a resistência à remoção por tração de
núcleos metálicos fundidos de cobre-alumínio de diferentes diâmetros, cimentados
com cimento de fosfato de zinco em canais de 36 caninos superiores humanos
extraídos. Os testes de tração foram realizados em uma máquina universal de
ensaios a uma velocidade de 1 mm/min e os resultados demonstraram não haver
diferenças estatísticas entre os três grupos de diâmetros diferentes.
A retenção de pinos metálicos fundidos cimentados com fosfato de zinco,
Panavia F e Panavia F associado ao silano Siloc, foi determinada por Ertugrul e
Ismail (2005). Para a realização deste estudo os autores seccionaram 60 prémolares inferiores 1 mm abaixo da junção cemento-esmalte e realizaram o preparo
dos canais em um comprimento de 11 mm. A partir dos padrões de resina obtidos,
foram confeccionados pinos fundidos de níquel-cromo para os 60 canais. As raízes
foram divididas em 3 grupos e incluídas em blocos de resina. Os pinos, após terem
21
sido provados aos canais, foram jateados com partículas de 250
m e cimentados.
Os corpos-de-prova foram, então, acoplados em uma máquina universal de ensaios,
onde foram realizados testes de tração a uma velocidade de 0,5 mm/min, até a
remoção dos pinos. Os resultados não mostraram diferenças estatísticas entre os
grupos cimentados com Panavia F, entretanto, o grupo cimentado com fosfato de
zinco obteve valores de retenção significativamente maiores que os outros dois
grupos.
Balbosh, Ludwig e Kern (2005) analisaram o efeito da asperização das
paredes dentinárias de canais na retenção de pinos pré-fabricados de titânio,
cimentados com cimento de fosfato de zinco (Harvard cement), Ketac Cem EasyMix,
Panavia 21 associado ao ED Primer e RelyX Unicem. Para tal, separaram as raízes
de 128 dentes unirradiculares extraídos em quatro grupos, os quais foram
subdivididos em asperizados e não asperizados, e subdivididos novamente em
relação à condição de armazenamento e ciclagem térmica. Os testes de tração
foram realizados em uma máquina universal de testes, à velocidade de 2 mm/min.
Os grupos de canais não asperizados não mostraram diferenças estatísticas entre si,
entretanto, a asperização das paredes dentinárias aumentou significantemente a
retenção em todos os grupos, a qual foi maior estatisticamente nos grupos de
cimentos resinosos. A ciclagem térmica e o maior tempo de armazenamento
reduziram a retenção.
Buscando avaliar o efeito da utilização do cimento endodôntico à base de
óxido de zinco e eugenol, Endofill, na adesão de pinos metálicos fundidos,
cimentados com Enforce e fosfato de zinco, Alfredo et al. (2006), utilizaram 24 raízes
de caninos superiores humanos extraídos, as quais foram separadas em dois
grupos. Um dos grupos foi obturado com Endofill e cones de guta-percha, o outro,
somente com cones de guta-percha. Metade dos espécimes de cada grupo foi
cimentado com Enforce e a outra metade com fosfato de zinco. Os pinos foram,
então, submetidos a ensaios de tração a uma velocidade de 0,5 mm/min até sua
descimentação. Os resultados obtidos mostraram que os pinos cimentados com
fosfato de zinco apresentaram retenção maior que os cimentados com Enforce.
Mostraram, também, que, nos pinos cimentados com Enforce a retenção foi menor
no grupo obturado com Endofill. Os autores chegaram à conclusão de que a
22
presença de eugenol no cimento endodôntico interferiu nas propriedades adesivas
do cimento resinoso Enforce.
A força requerida para remover pinos metálicos fundidos e pinos de fibra de
vidro de diferentes comprimentos foi analisada por Braga et al. (2006). Os pinos
foram cimentados com Panavia F nos canais de 60 caninos superiores humanos
extraídos, previamente tratados endodonticamente. Os dentes foram separados em
três grupos com os comprimentos dos pinos em 6, 8 e 10 mm, os quais foram
subdivididos dependendo do tipo de pino utilizado (pinos de fibra de vidro ou pinos
metálicos fundidos de cobre-alumínio). Os resultados, após os ensaios de tração à
velocidade de 1 mm/min, demonstraram que o tipo de pino não influenciou na
retenção, entretanto, os pinos com 10 mm necessitaram de uma maior quantidade
de força para sua remoção.
Akgungor e Akkayan (2006) utilizaram as raízes de 40 caninos superiores
humanos extraídos para analisar quatro sistemas adesivos, empregados em
conjunto com o cimento resinoso Panavia F na cimentação de pinos de fibra de
vidro. Os sistemas adesivos testados foram: Excite (sistema fotoativado de frasco
único), Excite DSC (sistema dual de frasco único) e Clearfil Liner Bond 2V (sistema
com primer autocondicionante, e adesivo fotoativado – Bond A e dual – Bond A + B).
Após a cimentação dos pinos, as raízes foram seccionadas perpendicularmente ao
longo eixo em três partes (cervical, média e apical), ambas com 3 mm de espessura.
As secções radiculares obtidas foram acopladas em uma máquina de ensaios
universal e foram realizados testes push-out em todos os segmentos radiculares, a
uma velocidade de 0,5 mm/min. Após a análise estatística dos resultados, os autores
chegaram à conclusão que o adesivo Clearfil fotoativado apresentou os maiores
valores de retenção, por outro lado, não houve diferenças estatísticas entre os
outros grupos. Em relação às secções radiculares, somente os sistemas de frasco
único Excite e Excite DSC apresentaram diferenças estatísticas entre os terços. Os
terços cervical e médio não apresentaram diferenças entre si, entretanto,
apresentaram valores de retenção superiores ao terço apical.
Um estudo realizado por Bitter et al. (2006) avaliou a capacidade adesiva de
diferentes cimentos aos pinos CosmoPost e FCR Postec, com diferentes
tratamentos de superfície. Os autores, inicialmente, utilizaram 200 pinos de óxido de
zircônia CosmoPost, os quais foram divididos em 10 grupos de 20 pinos. Os pinos
foram cimentados em canais artificiais, construídos em cilindros, com a parede
23
interna composta por resina composta. Em três destes grupos, os pinos foram
cimentados com o cimento Panavia F, após receberem, por grupo, tratamento com
jateamento de óxido de alumínio, triboquímico associado ao Rocatec, e CoJet. Em
um dos grupos, os pinos não receberam nenhum tipo de tratamento e foram
cimentados com Panavia F. Os seis grupos restantes receberam o tratamento de
superfície do sistema CoJet, foram silanizados e cimentados com Multilink, Variolink,
PermaFlo DC, RelyX Unicem, Clearfil Core e Ketac Cem. Posteriormente, os autores
trataram 60 pinos de fibra de vidro FCR Postec com o sistema Cojet, realizaram uma
silanização destes pinos e os cimentaram com os cimentos Multilink, Panavia F,
Variolink, PermaFlo DC, RelyX Unicem e Clearfil Core. Os cilindros contendo os
canais e os pinos foram seccionados e acoplados em uma máquina de ensaios,
sendo submentidos a testes push-out. Os resultados mostraram diferenças
significativas em relação aos diferentes tratamentos de superfície realizados nos
pinos de zircônia cimentados com Panavia F. O grupo controle obteve os menores
valores de retenção seguido pelo grupo CoJet, que apresentou valores
significativamente intermediários, e pelos grupos de tratamento com óxido de
alumínio e com tratamento triboquímico e Rocatec, os quais não apresentaram
diferenças significativas entre si. Os autores também obtiveram diferenças
significativas ao analisarem os resultados apresentados pelos diferentes pinos e
cimentos utilizados. O cimento Multilink não apresentou diferenças nos valores de
retenção na cimentação dos pinos de zircônia e fibra de vidro. O mesmo não ocorreu
com o cimento PermaFlo, que mostrou valores significativamente maiores na
cimentação dos pinos de zircônia. Todos os outros grupos apresentaram valores de
retenção maiores na cimentação dos pinos de fibra de vidro. Nos grupos de pinos de
zircônia tratados com CoJet e cimentados com diferentes cimentos, o cimento Ketac
Cem obteve os menores valores de adesão em relação aos outros cimentos. Já o
cimento Variolink apresentou valores maiores que o Ketac Cem, entretanto, menores
que os demais cimentos resinosos. Os cimentos Multilink, RelyX Unicem, Panavia F
e Clearfil Core obtiveram valores maiores que o Variolink, porém, não significativos
entre si na cimentação dos pinos de zircônia. O cimento PermaFlo mostrou os
maiores valores de adesão aos pinos de zircônia, entretanto, não significativos em
relação ao cimentos Panavia F e RelyX Unicem. Na cimentação dos pinos de fibra
de vidro tratados com CoJet, valores de adesão mais altos foram obtidos pelos
24
cimentos RelyX Unicem, Panavia F e Clearfil Core, que foram significativamente
maiores que os apresentados pelos cimentos Multilink, Variolink e PermaFlo.
Bonfante et al. (2007) avaliaram a retenção de pinos de fibra de vidro
utilizando diferentes cimentos. Para esta pesquisa, os autores utilizaram raízes de
40 pré-molares inferiores, que foram tratadas endodonticamente e preparadas para
os pinos de fibra de vidro Reforpost nº 2. As raízes foram separadas em 4 grupos,
cimentados com os cimentos Enforce, RelyX ARC, RelyX Luting e Fuji Plus. Após a
cimentação dos pinos nas raízes, foram realizados testes de tração até a
descimentação dos pinos em uma máquina de ensaios universal, na velocidade de
0,5 mm/min. Os resultados obtidos no estudo não mostraram diferenças
significativas entre os cimentos resinosos Enforce e RelyX ARC, contudo, estes
proporcionaram maior retenção quando comparados ao cimento RelyX Luting e ao
cimento Fuji Plus.
25
3 OBJETIVO
Avaliar a retenção de pinos pré-fabricados metálicos de aço inoxidável
proporcionada pelos seguintes cimentos resinosos:
A) Cimento de dupla ativação RelyX U100
B) Cimento de ativação química Multilink
C) Cimento de dupla ativação Panavia F
26
4 METODOLOGIA
4.1 OBTENÇÃO E PREPARO INICIAL DOS DENTES
Para a realização deste estudo experimental, foram disponibilizados 30
dentes pré-molares inferiores unirradiculares humanos extraídos com ápices
completos e raízes retas, obtidos no Banco de Dentes da Universidade de Joinville
(UNIVILLE) (Anexo A). Os depósitos de cálculo e as lesões de cárie presentes nos
elementos dentários foram removidos, respectivamente, com uma cureta Gracey 7/8
(SSWhite/Duflex – Rio de Janeiro – Brasil) e com uma broca 1016 (KG Sorensen –
São Paulo – Brasil) acoplada a uma caneta de alta rotação Extra Torque 605 C
(Kavo do Brasil S.A. – Joinville – Brasil), sob refrigeração. As raízes foram
examinadas, a fim de eliminar dentes que possuíssem defeitos estruturais que
pudessem alterar os resultados da pesquisa. Este trabalho foi aprovado pelo parecer
nº 0088/08 do Comitê de Ética em Pesquisa – Faculdade Ingá/Uningá.
4.2 TRATAMENTO ENDODÔNTICO
Efetivado o preparo inicial, foram realizados tratamentos endodônticos em
todos os dentes. O acesso aos canais foi executado com uma broca 1014 HL (KG
Sorensen – São Paulo – Brasil), utilizando-se a caneta de alta rotação previamente
mencionada, sob refrigeração. Para estabelecer o comprimento de trabalho (CRT)
foi empregada uma lima K-File nº 10 (Dentsply-Maillefer – Ballaigues – Suíça), a qual
foi introduzida em cada canal, até atingir o forame apical. Neste momento, foi
tomada a medida do cursor da lima até sua ponta. Do comprimento obtido, subtraiuse 1 mm, estabelecendo-se o CRT para o respectivo elemento dentário.
A modelagem de todos os canais foi executada pelo mesmo profissional,
utilizando a técnica escalonada. O instrumento apical de memória, para todos os
canais, foi a lima K-File nº 40 (Dentsply-Maillefer – Ballaigues – Suíça). Desta
maneira, o preparo no CRT foi realizado até a lima K-File nº 40, e, em seguida,
procedido o escalonamento com as limas K-File nº 45, K-File nº 50, K-File nº 55 e KFile nº 60 (Dentsply-Maillefer – Ballaigues – Suíça), recuando-se 1 mm a cada lima.
Durante o preparo endodôntico, empregou-se 1 ml de solução de hipoclorito de
27
sódio a 1% (Biodinâmica – Londrina – Brasil) para a irrigação dos canais, a cada
troca de instrumento.
Concluído o preparo biomecânico, os canais foram irrigados com uma solução
de EDTA trissódico a 17% (Biodinâmica – Londrina – Brasil), a qual permaneceu nos
canais durante 5 minutos a fim de remover a smear layer formada, e, novamente
irrigados com 1 ml da solução de hipoclorito de sódio a 1%. Os canais foram, então,
secos com pontas de papel absorvente nº 40 (Tanari – Tanariman Industrial Ltda. –
Manacapuru – Brasil) e obturados com o cimento endodôntico a base de hidróxido
de cálcio Sealer 26® (Dentsply – Petrópolis – Brasil), associado a um cone de gutapercha principal nº 40 (Tanari – Tanariman Industrial LTDA. – Manacapuru – Brasil)
e cones de guta-percha acessórios finos B7 (Tanari – Tanariman Industrial LTDA. –
Manacapuru – Brasil). A obturação foi procedida pela técnica da condensação
lateral, com o auxílio de espaçadores digitais (Dentsply-Maillefer – Ballaigues –
Suíça).
Depois de finalizada a condensação lateral, foi efetuado o corte dos cones na
altura da junção cemento-esmalte, com um calcador de Paiva nº 2 (SSWhite/Duflex
– Rio de Janeiro – Brasil) aquecido por uma lamparina (Jon – São Paulo – Brasil).
Neste momento, foi executada a condensação vertical com o calcador selecionado,
complementando a compactação do material obturador.
Previamente ao selamento dos dentes com Cimpat Branco® (Septodont –
Saint-Maur des Fosses – França), o excesso do material obturador e cimento foram
eliminados com uma bolinha de algodão (Cremer – Porto Alegre – Brasil) embebida
em álcool etílico hidratado 96º (Brazmo – São Paulo – Brasil) e o canal, seco, com
outra bolinha de algodão.
As raízes permaneceram estocadas em soro fisiológico (Áster – Sorocaba –
Brasil) à temperatura ambiente e em umidade relativa de 100% por 60 horas, a fim
de que a reação de presa do cimento endodôntico fosse totalmente concluída.
4.3 PADRONIZAÇÃO DO COMPRIMENTO DAS RAÍZES
Após a conclusão dos tratamentos endodônticos, os dentes tiveram suas
coroas seccionadas e excluídas, através da utilização, respectivamente, de brocas
2214 (KG Sorensen – São Paulo – Brasil) e 2214 F (KG Sorensen – São Paulo –
Brasil) em alta rotação, sob refrigeração. Para a execução dos cortes, os dentes
28
foram medidos com uma régua milimetrada (Jon – São Paulo – Brasil) e assinalados
a 16 mm do ápice radicular, com uma lapiseira (Faber-Castell – Stein – Alemanha).
A remoção da coroa e, quando necessário, parte da raiz, fez com que todas as
raízes apresentassem um comprimento padronizado em 16 mm e com que a
superfície dentária correspondente à entrada dos canais ficasse plana e
perpendicular ao longo eixo do dente (Fig. 2).
4.4 DIVISÃO DOS GRUPOS E ACONDICIONAMENTO
Neste momento, as raízes foram divididas aleatoriamente em três grupos de
dez e foram acondicionadas em potes de plástico vedados (Plasútil – Bauru –
Brasil), sendo mantidas em uma solução de soro fisiológico à temperatura ambiente
e em 100% de umidade relativa, entre todos os procedimentos deste trabalho.
4.5 INCLUSÃO DAS RAÍZES EM TUBOS DE PVC
Após a secção das raízes, estas foram incluídas em tubos de PVC de 20 mm
de diâmetro (Tigre S.A. - São Paulo - Brasil) utilizando resina acrílica quimicamente
ativada incolor (Jet – Clássico – Campo Limpo Paulista – Brasil) para a sua fixação.
4.5.1 Preparo dos tubos para a inclusão das raízes
Os tubos foram previamente cortados, a fim de apresentar um diâmetro
interno de 20 mm e uma altura de 25 mm. Já suas superfícies internas, foram
tornadas ásperas, para auxiliar na retenção da resina acrílica.
4.5.2 Preparo das raízes para inclusão
Já as raízes, tiveram seus canais desobturados, para que pudessem ser
acopladas em um delineador B2 (Bio Art – São Carlos – Brasil) no momento da
inclusão. A remoção do material obturador foi procedida com as raízes nas mãos do
operador, em baixa rotação, com a utilização em seqüência, de uma broca GatesGlidden nº 1 (Dentsply-Maillefer – Ballaigues – Suíça), seguida de uma broca GatesGlidden nº 2 e nº 3 , até a profundidade de 11 mm do bordo cervical das raízes (Fig.
29
1). Logo após a desobturação, os canais foram vedados com Cimpat Branco® e as
raízes acondicionadas. As brocas Gates-Glidden foram utilizadas em um contraângulo Intra (Kavo do Brasil S.A. – Joinville – Brasil) acoplado a um micromotor
Intramatic 181 (Kavo do Brasil S.A. – Joinville – Brasil). A medida de 11 mm foi
ajustada nas brocas, com o auxílio de uma régua endodôntica e stops de silicone
(Ângelus – Londrina – Brasil).
Figura 1 – Brocas Gates-Glidden nº 1, 2 e 3
Após a desobturação dos canais, foram feitas ranhuras superficiais em forma
de canaleta nas raízes, com um disco de carborundum Dentorium® 221 (Labordental
– São Paulo – Brasil). O disco foi montado em uma peça de mão reta 10 ABN (Kavo
do Brasil S.A. – Joinville – Brasil) e utilizado em baixa rotação.
As canaletas superficiais foram confeccionadas em plano inclinado com
relação ao longo eixo das raízes, do sentido cervical para apical, de modo a impedir
que durante os testes de tração alguma raiz se desprendesse da resina acrílica (Fig.
2).
30
Figura 2 – Ranhuras superficiais
4.5.3 Inclusão das raízes
A inclusão das raízes nos tubos de PVC foi executada com um delineador
(Fig. 3). Desse modo, as raízes ficaram posicionadas perpendicularmente à base
dos tubos, em um ângulo de 90º (Fig. 5 e 6).
Previamente à inclusão, foi confeccionada uma base de madeira para adaptar
os tubos na mesa porta-modelos do delineador. Na porção superior deste bloco de
madeira quadrangular foi escavado um cilindro para o encaixe exato dos tubos de
PVC, mantendo a base dos tubos perpendicular à haste móvel do delineador.
Esta base de madeira foi posicionada na mesa do delineador e a mesa foi
regulada e fixada com cera utilidade, de modo que a haste móvel, quando abaixada,
penetrasse exatamente no centro dos tubos de PVC (Fig. 3 e 4).
A inclusão das raízes nos tubos foi executada em duas partes. Em um
primeiro momento, todas as raízes foram marcadas com uma lapiseira a uma
distância de três milímetros do bordo cervical, para que fossem incluídas até este
limite. As raízes, individualmente, foram acopladas em uma broca Largo nº 2
(Dentsply-Maillefer – Ballaigues – Suíça), a qual se encontrava conectada à haste
móvel do delineador. Foi utilizada uma broca Largo nº 2 por possuir o mesmo
diâmetro da broca Gates-Glidden nº 3, última broca utilizada na desobturação.
Após o posicionamento de uma das raízes na haste móvel e de um dos tubos
de
PVC
na
base,
uma
pequena
quantidade
de
resina
acrílica
incolor
autopolimerizável foi manipulada em um pote dappen (Jon – São Paulo – Brasil) e
31
dispensada no interior do tubo com a parte côncava de uma espátula 7
(SSWhite/Duflex – Rio de Janeiro – Brasil).
3
1
2
Figura 3 – Raiz e tubo de PVC em posição no delineador
1. base de madeira; 2. mesa porta-modelos; 3. haste móvel
Figura 4 – Posicionamento da raiz e do tubo
O tubo posicionado, previamente preenchido com resina acrílica em 10 mm,
recebeu uma quantia de resina que fosse suficiente apenas para cobrir a porção
apical da raiz a ser incluída, visando somente manter a raiz em posição após a
32
polimerização, minimizando o aquecimento provocado pela resina acrílica. A haste
móvel do delineador foi, então, abaixada até que a raiz penetrasse na resina,
deixando 3 mm de sua porção cervical para fora do tubo, e, mantida em posição, até
a polimerização da resina (Fig. 5).
Figura 5 – Inclusão das raízes
Figura 6 – Imagem radiográfica ilustrando
a raiz incluída no tubo de PVC
Em uma segunda etapa, depois da polimerização da resina acrílica, o corpode-prova foi removido da base do delineador. A raiz teve seu canal vedado com
Cimpat Branco® e o espaço restante no interior do tubo foi preenchido com resina
acrílica (Fig. 7). O corpo-de-prova foi, então, colocado em um gral de borracha
contendo água fria, para minimizar o aquecimento durante a presa da resina.
Após a polimerização da resina acrílica que preencheu o restante dos tubos,
estes foram perfurados em seu terço inferior, abaixo das raízes incluídas, para que
33
pudessem ser acoplados à máquina de ensaios. Para a perfuração dos tubos foi
utilizada uma broca de aço nº 5 acoplada em uma furadeira de bancada (Black &
Decker – Uberaba – Brasil).
Figura 7 – Corpo-de-prova após inclusão
4.6 PREPARO DOS CANAIS
Os preparos dos canais foram realizados com o auxílio de uma fresadora
1000N (Bio Art – São Carlos – Brasil) (Fig. 9). Desse modo, foram obtidos preparos
com as paredes planas e com o eixo de inserção do pino paralelo ao longo eixo do
canal, evitando assim a ocorrência de forças laterais durante os testes de tração
(Fig. 8).
Os corpos-de-prova foram adaptados na mesa porta-modelos da fresadora da
mesma maneira que no delineador, com a base de madeira previamente utilizada. Já
as brocas para executar os preparos foram posicionadas em uma peça de mão reta
Kavo® 10 ABN, a qual se encontrava acoplada em um micromotor Intramatic 181. O
conjunto formado pela peça de mão reta e pelo micromotor foi conectado no braço
articulado da fresadora, o qual foi ajustado para cada corpo-de-prova, de modo que
as brocas pudessem realizar apenas movimentos controlados para cima e para
baixo exatamente no longo eixo do canal radicular do respectivo corpo-de-prova
(Fig. 10).
34
Após o correto posicionamento dos corpos-de-prova e do conjunto formado
pela peça de mão e pelo micromotor, foram utilizadas respectivamente, em baixa
rotação, uma broca Largo nº 3 (Dentsply-Maillefer – Ballaigues – Suíça) e as brocas
do Kit Exacto nº 1 e 2 (Ângelus – Londrina – Brasil) até a profundidade de 11 mm do
bordo cervical da raiz (Fig. 11). Uma régua milimetrada endodôntica e stops de
silicone foram utilizados para determinar a profundidade do preparo nas brocas
empregadas.
Figura 8 – Canal preparado
Antes da utilização de cada broca os canais foram preenchidos com uma
solução de hipoclorito de sódio a 1%, a fim de evitar o aquecimento da dentina
intracanal. Entre a utilização de uma broca e outra, 1 ml da mesma solução foi usada
para irrigar os canais.
Terminado o preparo dos canais, estes foram limpos, com uma lima K-File nº
40 associada à irrigação com 1 ml de hipoclorito de sódio a 1%. Os canais foram,
então, secos com pontas de papel, selados com Cimpat Branco® e acondicionados.
A mesma lima empregada na limpeza dos canais foi usada na confirmação da
profundidade dos preparos. Os pinos foram provados nos canais logo após a
finalização de cada preparo, a fim de confirmar o correto assentamento dos
mesmos.
35
Figura 9 – Fresadora 1000N
Figura 10 – Preparo dos canais
Figura 11 – Brocas Largo 3, Exacto 1 e 2
4.7 CIMENTAÇÃO DOS PINOS
Os pinos utilizados neste trabalho foram os pinos metálicos serrilhados préfabricados de aço inoxidável Reforpost® II nº 4 (Ângelus – Londrina – Brasil) (Lotes:
7713 e 4556) (Fig. 12).
36
Figura 12 – Pino Reforpost II nº 4
Figura 13 – Dimensões do pino
Para a cimentação dos pinos no grupo 1 foi empregado o cimento RelyX
U100® (3M ESPE – Seefeld – Alemanha) (Fig. 14). Já os pinos do grupo 2, foram
cimentados com Multilink® (Ivoclar Vivadent – Schaan - Principado de Liechtenstein),
enquanto que, os pinos do grupo 3, foram cimentados com Panavia F ® (Kurakay
Medical Inc. – Osaka – Japão) (Fig. 15 e 16).
®
Figura 14 – Grupo 1 (RelyX U100 )
®
Figura 15 – Grupo 2 (Multilink )
®
Figura 16 – Grupo 3 (Panavia F )
37
Fabricante
Composição Química
Lote nº
RelyX U100
3M Espe
Alemanha
Pó: Partículas de vidro, iniciadores, sílica,
pirimidina substituída, hidróxido de cálcio,
composto de peróxido e pigmento
Líquido: Éster de ácido fosfórico metacrilato,
dimetacrilato, acetato, estabilizador,
estabilizador e iniciador auto-polimerizável.
318258
Panavia F
Kurakay Medical
Inc.
Japão
Base: 10-MDP, 5-NMSA, sílica, dimetacrilatos,
iniciador
Catalisador: vidro de bário, fluoreto de sódio,
dimetacrilatos, BPO
51201
ED Primer
Kurakay Medical
Inc.
Japão
ED Primer A:HEMA, 10-MDP, 5-NMSA, água,
acelerador
ED Primer B: 5-NMSA, água, benzeno de sódio
Alloy Primer
Kurakay Medical
Inc.
Japão
10-MDP, VBATDT, acetona
Multilink
Ivoclar Vivadent
Principado de
Liechtenstein
Bis-EMA etoxilado, UDMA, Bis-GMA, HEMA,
vidro de bário,
trifluoreto de itérbio, óxidos esferoidais mistos
Primer A/B
Ivoclar Vivadent
Principado de
Liechtenstein
Primer A: solução aquosa de iniciadores
Primer B: HEMA, monômeros de ácido
fosfônico, ácido acrílico
Cimento
H28541
Ivoclar Vivadent
acrilato do ácido fosfônico, agentes metacrilatos
Principado de
de ligação cruzada
Liechtenstein
Quadro 1 – Composição química dos cimentos e primers utilizados
Metal/Zirconia
Primer
4.7.1 Preparo dos pinos para cimentação
A necessidade de acoplar os pinos na máquina de ensaios, fez com que cada
um destes tivesse, previamente à cimentação, a parte superior de sua porção
coronária unida a uma porca sextavada de aço inox 3/16”, por meio de uma
soldagem. Os pinos foram jateados com partículas de óxido de alumínio de 50
m,
com uma pressão de ar entre 60 e 80 libras, utilizando o Microjato Removedor (Bio
Art – São Carlos – Brasil) (Fig. 17). O jateamento foi realizado nos pinos a uma
distância de 5 a 10 mm da ponta do aparelho. A finalidade da execução do
38
jateamento foi tanto para aumentar a retenção dos pinos, quanto para eliminar a
oxidação deixada pelo processo de soldagem.
Figura 17 – Pino jateado
4.7.2 Preparo dos canais para a cimentação
Previamente à cimentação dos pinos, os canais foram limpos com o auxílio de
uma lima K-File nº 40 envolvida por algodão umedecido com hipoclorito de sódio a
1% e foram irrigados com 1 ml de hipoclorito de sódio a 1%. Logo após, os canais
foram irrigados novamente com 1 ml de água destilada (HW Products – Campo
Magro – Brasil) e secos com pontas de papel absorvente.
4.7.3 Cimentação dos pinos
Os pinos metálicos foram cimentados de acordo com as instruções do
fabricante de cada cimento para a cimentação de pinos intra-radiculares, conforme o
Quadro 2.
39
Procedimentos
Preparo do
pino
Preparo dos
canais
Grupo 1
RelyX U100®
Limpeza do pino com
álcool e secagem com
jatos de ar.
Grupo 2
Multilink®
Grupo 3
Panavia F®
Limpeza do pino com
álcool e secagem com
jatos de ar.
Limpeza do pino com
álcool e secagem com
jatos de ar.
Aplicação do
Metal/Zirconia Primer®
(Ivoclar Vivadent –
Schaan - Principado de
Liechtenstein) com um
microbrush fino (KGS –
São Paulo – Brasil)
(Fig. 18).
Deixar reagir por 180
seg.
Secagem do pino.
Aplicação do Alloy
Primer® (Kurakay
Medical Inc. – Osaka –
Japão) com um
microbrush fino (KGS –
São Paulo – Brasil)
(Fig. 19).
Deixar secar.
Mistura do Primer A/B®
(Ivoclar Vivadent –
Schaan - Principado de
Liechtenstein) (1:1) e
aplicação da mistura
com leve pressão no
interior do canal com
microbrush fino (KGS –
São Paulo – Brasil)
(Fig. 20).
Esperar reagir por 15
seg.
Remoção dos excessos
do Primer com cones
de papel.
Mistura de uma gota do
líquido A e uma gota do
líquido B do ED Primer®
(Kurakay Medical Inc. –
Osaka – Japão).
Aplicação do Primer no
interior do canal
utilizando um
microbrush fino (KGS –
São Paulo – Brasil)
(Fig. 21).
Esperar 60 seg.
Remoção dos excessos
do Primer com cones
de papel.
Secagem do Primer no
canal com leve jato de
ar.
40
Procedimentos
Mistura e
aplicação do
cimento
Grupo 1
RelyX U100®
Grupo 2
Multilink®
Grupo 3
Panavia F®
Dispensa das pastas
base e catalisadora
(1:1) pressionando o
Clicker uma vez.
Mistura das pastas com
uma espátula em um
bloco de manipulação
por 20 seg.
Aplicação do cimento
no pino.
Assentamento do pino
no canal com leve
vibração para evitar
inclusão de ar.
Posicionamento e
manutenção do pino
em posição sob peso
de 5 kg por 5 min
(tempo de presa).
Fotoativação por 2 seg.
e remoção dos
excessos com uma
sonda exploradora.
Dispensa das pastas
(1:1) e mistura em um
bloco de manipulação
por 20 seg.
Recobrimento do pino
com o cimento sem
aplicar no interior do
canal.
Assentamento do pino
no canal.
Posicionamento e
manutenção do pino
em posição sob peso
de 5kg por 8 min e 20
seg. (tempo de presa).
Remoção dos excessos
com um microbrush e
uma sonda
exploradora.
Dispensa das pastas A
e B (1:1), girando a
chave da seringa meia
volta.
Mistura das pastas em
um bloco de
manipulação por 20
seg.
Aplicação do cimento
no pino.
Assentamento do pino
no canal com leve
vibração para evitar
inclusão de ar.
Posicionamento e
manutenção do pino
em posição sob peso
de 5 kg por 5 min
(tempo de presa).
Fotoativação por 2 seg.
para facilitar a remoção
dos excessos
(ERTUGRUL; ISMAIL,
2005).
Remoção dos excessos
com uma sonda
exploradora. Aplicação
de Oxyguard II na linha
de cimento exposta, até
a completa
polimerização.
Quadro 2 - Protocolo de cimentação
Figura 18 – Metal/Zirconia Primer®
Figura 19 – Alloy Primer®
41
Figura 20 – Primer A/B®
Figura 21 – ED Primer®
Um aparelho foi desenvolvido para a manutenção dos pinos em posição logo
após o assentamento, sob um peso constante de 5 Kg na direção do longo eixo do
pino, até a presa do cimento (Fig. 22). Os canais do grupo cimentado com o cimento
RelyX U100® não receberam nenhum tipo de condicionamento prévio à cimentação.
Sessenta
minutos
após
a
cimentação,
os
corpos-de-prova
foram
acondicionados novamente em uma solução de soro fisiológico à temperatura
ambiente, em 100% de umidade relativa.
Figura 22 – Aplicação de 5 kg
42
4.8 TESTES DE TRAÇÃO
Depois de acondicionados por um período de uma semana, os corpos-deprova foram acoplados, um a um, em uma máquina universal de ensaios EMIC DL
20000 (EMIC – São José dos Pinhais – Brasil) para a realização dos testes de tração
(Fig. 23). Foi utilizada uma célula de carga de 500 kg, devido à sensibilidade dos
testes.
Figura 23 – Máquina de ensaios Universal Emic
DL 20000
4.8.1 Adaptação dos corpos-de-prova à máquina de ensaios
Os corpos-de-prova foram acoplados na parte inferior da máquina de ensaios,
diretamente no cilindro oco utilizado para adaptar os mordentes da máquina.
Após serem posicionados no interior deste cilindro, foi transfixada uma broca
de furadeira de aço nº 3,5 passando tanto pelos furos do cilindro da máquina, quanto
pelos furos confeccionados previamente nos tubos de PVC (Fig. 24).
43
Figura 24 – Corpo-de-prova adaptado
Já no cilindro superior, parte constituinte da célula de carga, foi adaptado um
destorcedor, do mesmo modo que os corpos-de-prova.
Na parte inferior deste destorcedor foi conectado um gancho de aço
confeccionado previamente (Fig. 25). Dessa maneira, os pinos puderam ser
encaixados neste gancho para a realização dos testes (Fig. 26).
Figura 25 – Destorcedor acoplado
4.8.2 Ensaios de tração e análise estatística
Os corpos-de-prova foram, então, submetidos a uma força mecânica de
tração, no sentido do longo eixo dos pinos, a uma velocidade de 0,5 mm/min, até o
desalojamento de cada pino (Fig. 26).
44
Os valores da força máxima de tração (Kgf) requerida para o desalojamento
dos pinos foram determinados e analisados estatisticamente por ANOVA (p.0,05).
Figura 26 – Ensaio de Tração
45
5 RESULTADOS
Inicialmente, foi realizado o teste de Lavene constatando homogeneidade das
variâncias, bem como o teste Kolmogorov-Smirnov que verificou a distribuição dos
dados como sendo normal (p>0,05).
Posteriormente, foi utilizado o teste paramétrico de análise de variância
(ANOVA) para comparação das médias. Os resultados do teste mostraram não
haver diferença significativa na retenção proporcionada pelos 3 cimentos avaliados
(p>0,05). Durante a pesquisa ocorreu a perda de um corpo-de-prova no grupo 1
(RelyX U100).
Tabela 1 – Valores médios e desvio padrão da retenção
apresentada pelos cimentos (Kgf).
CIMENTOS
N
MÉDIAS
DESVIO PADRÃO
RelyX U100
9
15,2 a
4,4
Multilink
10
14,3 a
2,3
Panavia F
10
12,9 a
5,8
Médias seguidas por letras iguais não apresentam diferenças
estatisticamente significativas (p>0,05).
46
6 DISCUSSÃO
A descimentação de pinos intra-radiculares tem sido descrita como uma das
possíveis causas de falha em restaurações protéticas (CAGIDIACO et al., 2007;
FOKKINGA et al., 2007; JUNG et al., 2007; FOKKINGA et al., 2008). Balkenhol et al.
(2007), ao realizarem um estudo longitudinal clínico retrospectivo de 10 anos,
encontraram a descimentação como a causa mais comum de falha em dentes
reabilitados portadores de pinos e núcleos. Desse modo, a retenção intracanal de
pinos pode ser considerada um fator importante para a longevidade de próteses
fixas construídas sobre raízes detentoras de pinos.
Diversos são os fatores que determinam a retenção de pinos intra-radiculares,
entre estes, o tipo de cimento utilizado.
A avaliação da retenção proporcionada por diferentes cimentos tem sido
testada por diferentes métodos. Os testes de tração realizados em pinos, apesar de
necessitarem de uma maior quantidade de dentes para sua realização, possuem
uma maior semelhança com a situação clínica quando comparados a outros
métodos, como testes push-out, que analisam segmentos dos canais, e testes de
microtração, que avaliam basicamente a adesividade entre a dentina e a superfície
do pino.
Metodologias semelhantes à utilizada neste trabalho vêm sendo aplicadas em
vários estudos visando analisar a retenção proporcionada por diferentes cimentos e
tratamentos de superfície na cimentação de pinos (AL-HARBI; NATHANSON, 2003;
VARELA et al., 2003; GIACHETTI et al., 2004; SAHAFI et al., 2004; ERTUGRUL;
ISMAIL, 2005; MARCHAN et al., 2005; BALBOSH; KERN, 2006; BRAGA et al.,
2006; BONFANTE et al., 2007; D`ARCANGELO et al., 2007; GOMES et al., 2007).
Este estudo avaliou a retenção de pinos pré-fabricados de aço inoxidável
proporcionada pelos cimentos de dupla ativação, RelyX U100 e Panavia F, em
relação ao cimento químico Multilink. Os resultados obtidos não apresentaram
diferenças estatísticas entre os cimentos.
Do mesmo modo, utilizando metodologia semelhante, Balbosh, Ludwig e Kern
(2005) não encontraram diferenças significativas na retenção proporcionada pelo
cimento resinoso químico Panavia 21 EX (349,1N±87,1; 309,2N±44,7) e pelo
cimento resinoso dual RelyX Unicem (320,7N±59,4; 257,9N±43,4) na cimentação de
47
pinos de titânio, mesmo com diferentes períodos de estocagem e com tratamento
térmico e mecânico dos corpos-de-prova.
Comportamento semelhante foi obtido por Sahafi et al. (2004). No estudo,
eles não encontraram diferenças estatísticas na retenção de pinos de titânio
cimentados com o cimento químico ParaPost Cement e o cimento dual Panavia F,
independente do tipo de tratamento de superfície empregado nos pinos. Para o
cimento Panavia F, os valores ficaram entre 17,14 a 24,38 Kgf e para o cimento
ParaPost, de 19,08 a 27,65 Kgf.
Schmage et al. (2006) também não encontraram diferenças estatísticas na
retenção de pinos de titânio jateados com óxido de alumínio cimentados com os
cimentos resinosos de dupla ativação, Compolute e Twinlook cement, com os
cimentos resinosos químicos Flexi-Flow cem e Panavia 21 EX e com o cimento de
fosfato de zinco Tenet.
Ao analisar a retenção de coroas de zircônia Procera cimentadas com
Panavia F, RelyX Unicem e RelyX Luting, Palacios et al. (2006) também não
encontraram diferenças estatísticas entre os cimentos.
Em contrapartida, diferenças estatísticas também vêm sendo obtidas na
retenção de pinos cimentados com cimentos resinosos de ativação dual e química.
Wrbas et al. (2007) encontraram diferenças na retenção de pinos de fibra de vidro
cimentados com os cimentos de dupla ativação, Calibra e RelyX Unicem, e com o
cimento químico Panavia 21 EX. Os valores de retenção obtidos pelo cimento
Panavia 21 EX foram superiores ao cimento RelyX Unicem, entretanto, menores que
o cimento Calibra.
No estudo de Sahafi et al. (2004) foram realizados testes de tração em pinos
de fibra de vidro e de zircônia cimentados com Panavia F e ParaPost Cement. Os
autores encontraram valores superiores de retenção com a utilização do cimento
Panavia F quando os pinos foram submetidos a jateamento da superfície.
Outras metodologias empregadas para avaliação da retenção de pinos intraradiculares também auxiliam na compilação de dados sobre os diversos cimentos
resinosos.
Wang et al. (2008), ao realizarem testes push-out, obtiveram valores maiores
de adesão utilizando o cimento químico C & B Cement em relação ao cimento RelyX
Unicem na cimentação de dois tipos de pinos de fibra.
48
Utilizando testes de microtração Yang et al. (2006) avaliaram a adesão de
blocos de resina a diferentes profundidades de dentina coronária utilizando o
cimento químico Super Bond C & B e os cimentos de dupla ativação Panavia F e
RelyX Unicem. Os resultados mostraram que independente da profundidade da
dentina, o cimento Super Bond C & B obteve os maiores valores seguido pelos
cimentos Panavia F e RelyX Unicem, com exceção da dentina superficial, onde não
houve diferenças estatísticas entre os cimentos Panavia F e Super Bond C&B.
Diferentes estudos têm indicado que existe uma diminuição das propriedades
mecânicas dos cimentos de dupla ativação quando estes não são fotoativados
(CAUGHMAN; CHAN; RUEGGEBERG, 2001; ATTAR; TAM; McCOMB, 2003;
BOUILLAGUET et al., 2003; WITZEL et al., 2003; PIWOWARCZYK et al., 2007).
Entretanto, os cimentos de dupla ativação utilizados neste estudo não apresentaram
diferenças estatísticas nos valores de retenção quando comparados com o cimento
químico, mesmo na ausência de fotoativação.
A literatura tem mostrado uma grande variedade de resultados com relação à
retenção proporcionada por cimentos resinosos de ativação química e dual na
cimentação de pinos. Esta divergência de resultados se deve, provavelmente, a
pequenas diferenças entre as metodologias aplicadas, como a fotoativação ou não
dos cimentos de dupla ativação durante o estudo, diferenças entre tipos e formatos
dos pinos, comprimento e largura dos pinos, espessura da película de cimento,
tratamentos de superfície aplicados nos pinos e na dentina. Por outro lado, os
resultados obtidos nessas pesquisas auxiliam a busca por cimentos com
propriedades mecânicas, adesivas e biológicas melhores.
Apesar de, assim como os outros tipos de cimento, não apresentar todas as
características de um cimento ideal, e de ser dependente de outros fatores para
proporcionar uma retenção adequada, os cimentos resinosos vêm sendo
amplamente analisados. Os resultados alcançados com a utilização destes cimentos
vêm demonstrando que estes possuem excelentes características mecânicas e
adesivas.
Entretanto, os diversos cimentos existentes devem continuar sendo estudados
com a finalidade de se reconhecer os limites para a sua utilização a fim de melhorar
as propriedades mecânicas e adesivas destes, bem como para auxiliar no
desenvolvimento de novos materiais, buscando alcançar as qualidades de um
cimento ideal.
49
7 CONCLUSÃO
Dentro das limitações deste estudo e com base na metodologia empregada e
nos resultados obtidos foi possível concluir que não houve diferença na retenção
proporcionada pelos cimentos de dupla ativação RelyX U100 e Panavia F, e pelo
cimento de ativação química Multilink na cimentação de pinos metálicos de aço
inoxidável.
50
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55
APÊNDICES
APÊNDICE A – Declaração do Banco de Dentes da Universidade de Joinville
56
APÊNDICE B – Ensaio de tração do grupo 1
57
APÊNDICE C – Ensaio de tração do grupo 2
58
APÊNDICE D – Ensaio de tração do grupo 3
59
APÊNDICE E – Solicitação para a realização dos testes de tração
Passo Fundo, 16 de Junho de 2008.
Solicitação de Autorização
Eu, Daniel Becker Nunes, cirurgião-dentista, aluno do curso de especialização em Prótese
Dentária da Unidade de Pós-graduação da Faculdade Ingá-Uningá de Passo Fundo, solicito à
Empresa Bruning Tecnometal autorização para realização de testes de tração de corpos-de-prova.
Tais testes fazem parte da realização de uma pesquisa experimental intitulada “Análise comparativa
in vitro da resistência à remoção por tração de pinos metálicos pré-fabricados cimentados com RelyX
U100, Multilink e Panavia F”, sob orientação do Professor Dr. Cezar Augusto Garbin, coordenador do
curso. O objetivo desta pesquisa é avaliar três tipos de cimentos (materiais) utilizados na prática
odontológica. Para isso os corpos-de-prova necessitam passar por testes de tração em uma máquina
universal de ensaios.
A realização dos testes nessa empresa se deve ao fato do equipamento atender as normas e
especificações de controle de qualidade e possuir célula de carga para a realização do teste.
Atenciosamente
_____________________
Daniel Becker Nunes
____________________
Cezar Augusto Garbin
60
APÊNDICE F – Aprovação do Comitê de Ética
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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO