DENGUE: ATENÇÃO AO PACIENTE Dr. André Ricardo Ribas Freitas Médico Sanitarista – Mestre em Clínica Médica Coordenador do Programa Municipal de Controle da Dengue de Campinas Histórico: uma doença “nova” MUNDO: 1000 d.C. China primeiras descrições de doença semelhante à dengue 1ª descrição “oficial” da dengue 1870 (Filadélfia, USA) Até década de 1950: grandes epidemias de em várias regiões do mundo, inclusive Brasil (doença debilitante “benigna”) Década de 1950: 1ª descrição de FHD (Filipinas) BRASIL Década de 1950: erradicado A. aegypti (febre amarela urbana) Década de 1970: início da expansão da dengue nas Américas Hoje: Brasil país com maior número de casos de dengue nas Américas Vírus, vetor e hospedeiro vertebrado uma relação sofisticada Há 10.000 anos início da dispersão genética dos flavivirus para chegar ao ancestral do DENV Há 2.000 anos início da diferenciação do DENV a partir de vírus ancestral na Malásia (ciclo silvestre: primatas não humanos e Aedes sp.) Há 1.000 anos primeiras linhagens de DENV capazes de infectar A. albopictus (início do ciclo humano) Há cerca de 300 anos ciclos humanos sustentáveis sem outros primatas Últimos 200 anos grande dispersão genética dos DENV e adaptação de várias linhagens ao A. aegypti. Árvore filogenética dos flavivirus Dispersão intensa e concentrada nos últimos 200 anos (mosquito emergente) Origem do DENV há ~ 2000 ou 3000 anos ZANOTTO, PAM et al. Proc. Natl. Acad. Sci. USA . 93, pp. 548-553, 1996. Population dynamics of flaviviruses revealed by molecular phylogenies Dispersão progressiva ao longo de milênios (carrapatos) Dispersão genética dos vários sorotipos Twiddy SS, et al. Inferring the Rate and Time-Scale of Dengue Virus Evolution. Mol. Biol. Evol. 20(1):122–129. 2003 Relação entre número de linhagens de DENV e população mundial PAOLO M. DE A. ZANOTTO, et al. Proc. Natl. Acad. Sci. USA . 93, pp. 548-553, 1996. Population dynamics of flaviviruses revealed by molecular phylogenies Estrutura do Vírus da Dengue v RNAss C E M 10 genes: 3 estruturais C, E, M 7 não estruturais: NS-1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B, NS5 Virus da Dengue Vírus RNA, gênero flavivírus; família flaviviradae 4 Sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 Todos sorotipos podem causar doença grave Imunidade permanente ao sorotipo que causador da doença (temporária e parcial a outros sorotipos) Ciclo do vírus Homem incubação: 3-15 dias (média 6 dias) transmissibilidade: 1 dia antes até 5 dias depois da febre Mosquito incubação: 8-10 dias transmissibilidade: vida do mosquito (40 dias) Dengue no mundo -1999 Áreas infestadas por Aedes aegypti Áreas com transmissão de dengue Dengue no mundo -2008 WHO, 2009. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control- New edition, November 2009. Países que relatam casos de dengue para OMS e total de casos WHO, 2009. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control -- New edition, November 2009. Estabilidade da dengue no Sudeste Asiático e Pacífico Emergência do Dengue: causas Urbanização Descontrolada Em 1954, 42% da população da América Latina vivia em zonas urbanas; em 1999, já alcançava 75%. Ocupações irregulares sem infra-estrutura Carência de serviços básicos: água canalizada, esgoto, remoção de lixo. Pobreza. Alta densidade populacional. Uso intensivo de descartáveis Fontes: Gubler, 1998; OPS, 1997. Tendências atuais no Brasil: mudança do padrão etário Idade (anos) Casos de Febre Hemorrágica da Dengue, de acordo com a idade, Brasil, 2000 a 2008* Fonte: Sinan/SVS/MS *Dados até a s.e 26, sujeitos à alteração Tendências atuais no Brasil: aumento formas graves Casos de dengue grave, Brasil, 2001 a 2008** Ano Casos notificados 2001 516.604 Casos Graves* n % 1.551 0,30 2002 893.989 7.303 0,82 2003 436.585 3.596 0,82 2004 140.245 736 0,52 2005 271.173 1.972 0,73 2006 426.756 3.073 0,72 2007 710.075 5.055 0,71 2008** 560.836 10.327 1,84 •Dengue com Complicação e FHD; **Dados até s.e. 26 Fonte: Sinan/SVS/MS Alternância dos sorotipos Monitoramento viral, Brasil, 2002 a 2008* % sorotipos Ano Isolamentos realizados Positividade % DENV1 DENV2 DENV3 2002 19765 18,2 45,6 10,2 31,3 2003 10530 11,8 25,5 4,5 75,0 2004 4690 11,2 2,3 5,7 91,6 2005 7280 11,7 3,0 3,6 93,2 2006 12757 9,2 2,9 6,3 90,6 2007 17255 13,3 4,1 15,5 80,4 2008 9248 9,7 5,6 45,5 48,9 * Dados até s.e. 26 Fonte: SVS/SES Situação regional e local Invernos pouco rigorosos Verões quentes e chuvosos Epidemias na baixada santista, noroeste paulista e região metropolitana de Campinas Circulação dos 3 sorotipos no Estado de São Paulo com re-circulação do sorotipo 1 Conseqüências: Aumento do número de casos Risco maior de casos graves Fisiopatologia I Fisiopatologia II Complexo AgAc-NS1 Macrófago Anti-NS1 (reação cruzada) Célula endotelial Ativação da cascata do complemento IL-6 e IL-8 Apoptose Vírus (infecção direta) Depressão medular Anti-corpos anti-plaquetas Fragilidade capilar Aumento na permeabilidade capilar (hemoconcentração,, hipoproteinemia, efusões serosas, hipovolemia e choque) Hemorragias* Plaquetopenia *em casos graves pode haver consumo de fatores de coagulação Espectro Clínico da Dengue* Infecção pelo vírus DEN 10.000 Assintomática Sintomática 9.000 Indiferenciada 500 1.000 Febre do Dengue Febre Hemorrágica do Dengue 400 100 sem hemorragia com hemorragia sem choque com choque 1-2 *Classificação modificada por: Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control. WHO, 2009. New edition, nov/2009 Espectro Clínico da Dengue Febre indiferenciada É a apresentação mais comum Estudos prospectivos mostram que cerca de 87% dos casos são oligossintomáticos DS Burke, et al. A prospective study of dengue infections in Bangkok. Am J Trop Med Hyg 1988; 38:172-80. Dengue clássica Febre Cefaléia Mialgia e artralgia Prostração Alteração no paladar Dor retrorbitária Anorexia Náuseas e vômitos Rash (20 a 30%, tardio) Manifestações hemorrágicas Apresentações atípicas (Dengue com Complicações) Encefalite Meningoencefalite Mielite Miocardite Hepatite Outras Febre Hemorrágica da Dengue* Manifestações hemorrágicas e Contagem de plaquetas (<100,000/mm3) e Aumento na permeabilidade capilar e aumento de hematócrito (20% ou mais) ou hipoalbuminemia ou hipoproteinemia ou derrame pleural ou ascite *Classificação antiga: Dengue haemorrhagic fever: diagnosis, treatment, prevention and control, 2nd ed. WHO, 1997, Geneva. Modificada por: Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control. WHO, 2009. New edition, November 2009 Risco para casos graves Re-infecções subseqüentes Cepa do vírus Doença crônicas prévias Características individuais ainda desconhecidas SÍNDROME DENGUE DO CHOQUE: (diag diferencial) TODAS OUTRAS CAUSAS DE CHOQUE SÍNDROME FEBRE SÍNDROME FEBRIL EXANTEMÁTICA HEMORRÁGICA MALÁRIA RUBÉOLA ROTAVIROSE SARAMPO G.E.C.A. ESCARLATINA INFLUENZA MONONUCLEOSE LEPTOSPIROSE EXANTEMA SÚBITO MENINGITE ENTEROVIROSES MENINGOCOCCEMIA FEBRE MACULOSA SEPTICEMIA FEBRE AMARELA MALÁRIA GRAVE LEPTOSPIROSE Dengue Petéquias Exantema Sarampo Definição de caso: exantema maculo-papular febril agudo acompanhado de: tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite (independente de idade ou estado vacinal) Rubéola Definição de caso: exantema maculopapular febril com linfoadenopatia. (independente de idade ou estado vacinal) Rubéola congênita Rubéola Congênita RN: crescimento intra-uterino retardado (CIR), hepatoesplenomegalia e púrpura (trombopenia) Catarata Doença meningocócica Febre Maculosa Exame clínico objetivo: (diagnóstico diferencial e sinais de gravidade) Anamnese buscando ativamente Dados vitais: Local de sangramento (gengivorragia, epistaxe, metrorragia, melena) Sinais de alerta P. A.* (deitado ou sentado e em pé) Pulso Temperatura Estado geral Hidratação Perfusão Prova do laço *hipotensão, hipotensão postural ou estreitamento da pressão de pulso são sinais de gravidade Prova do laço Insuflar o manguito entre a PA sistólica e a diastólica, deixando: 5 minutos adultos 3 minutos em crianças Contar o número de petéquias em um quadrado de 2,5 cm de lado: positivo se: > 20 em adultos >10 em crianças Exames complementares I: hemograma Recomendado para todo paciente com suspeita (obrigatório em todos pacientes com fator de risco ou com prova do laço positivo) Reforça suspeita de dengue (podendo ter uso como instrumento de vigilância) Classifica risco do paciente e monitora evolução Aumenta a segurança do profissional Campinas: chegando até às 14h00 no Laboratorio Municipal: resultado no mesmo dia por fax Alteração no hemograma de pacientes com dengue não complicada Leucocytes count versus Platelets count (Fitted Line Plot) Platelets counts versus Days of symptoms (Interval Plot) LEUCmin_1 = 1934 + 10,93 PQTmin_1 260 12000 240 10000 Leucocytes x 10³/mm³ Platelets x 10**9/L 95% CI for the Mean 220 200 180 160 150 140 120 3 4 5 6 7 Days of symptoms 6000 8 9 4000 2000 Pearson correlation=0,43 P-Value<0,001 0 10 0 100 5500 Leucocytes x 10**6/L 2 1472,35 18,5% 18,2% 6000 95% CI for the Mean 1 S R-Sq R-Sq(adj) 8000 Leucocytes counts versus Days of symptoms (Interval Plot) 100 Regression 95% C I 95% PI 200 300 Platelets x 10³/mm³ 400 5000 4500 4000 Hematocrit versus Days of symptoms (Interval Plot) 3500 95% CI for the Mean 3500 46 3000 2500 2 3 4 5 6 7 Days of symptoms 8 9 Hematological and clinical evaluation of a cohort of 345 acute Dengue-3 infection patients during 2002 outbreak in Campinas - SP - Brazil Freitas ARR, et al. First Pan-American Dengue Research Network Meeting, 22-25 July 2008. 44 10 Hematocrit (%) 1 42 40 38 36 1 2 3 4 5 6 7 Days of symptoms 8 9 10 Exames complementares II: a critério clínico Dosagem de albumina e proteínas totais: Coagulograma US abdominal (ascite e derrame pleural) Perfil hepático (pode haver discreta alteração e AST/ALT com bilirrubinas normais) Perfil renal Marcadores de gravidade Hemograma: Hemoconcentração Leucocitose com desvio à esquerda Leucopenia menor que 2.000 Plaquetopenia menor que 50.000 Alterações no coagulograma (RNI e R) Hipoalbuminemia ou hipoproteinemia Derrame pleural ou ascite Alterações na função renal Lembrar de outras doenças! Hemograma: Leucocitose com desvio à esquerda Desvio à esquerda sem leucocitose Pancitopenia Fenômenos hemorrágicos sem plaquetopenia AST/ALT > 500 Alterações significativas de bilirrubinas História natural da dengue WHO, 2009. Adaptado de: Yip WCL. Dengue haemorrhagic fever: current approaches to management. Medical Progress, October 1980. MARCADORES ESPECÍFICOS DA INFECÇÃO POR DENGUE NS-1, PCR e isolamento IgG infec secund IgM infec prim IgG infec prim IgM infec secund Viremia 0 4 6 14-21 >50 Dias Exames específicos e rotina da vigilância Notificar todo suspeito de dengue Exames específicos: Até 3º dia Isolamento viral Teste rápido para NS-1 Após 6º dia: Sorologia ELISA: IgM (se NS-1 negativo ou não colhido) Teste rápido IgG/IgM (resultado em 15 minutos) Estes exames não devem nortear a conduta clínica Exames específicos: situações especiais Imunohistoquímica: material de necropsia Macrófago alveolar com antígenos de DENV Isolamento viral: identificação de sorotipo Antígenos de DENV em cultura de células C6/36 Princípios do Tratamento Hidratação (iniciar sempre o mais rápido possível, independentemente do local) Orientação para pacientes e familiares Monitoramento dos sinais de agravamento (em casa ou internado) Sintomáticos Analgésicos e anti-térmicos (paracetamol) Somente se necessário: anti-eméticos e anti-histamínicos Perguntas Básicas para Classificação Inicial É suspeita de dengue? => A Há tendência a sangramento? => B Há sinais de alerta? => C Há sinais de choque? => D DENGUE AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE SINAIS/SINTOMAS CLÁSSICOS GRUPO A Azul MANIFESTAÇÕES HEMORRÁGICAS GRUPO B Verde SINAIS DE ALERTA GRUPO C Amarelo SINAIS DE CHOQUE GRUPO D Vermelho Classificação: Grupo A (azul) Identificação: Febre há menos de 7 dias sem foco definido SINTOMAS ASSOCIADOS À DENGUE mialgia, protração cefaléia e dor retroorbitária, alteração do paladar, diminuição do apetite, exantema escassez de sintomas respiratórios Ausência de FENÔMENOS HEMORRÁGICOS (prova do laço negativa) Ausência de SINAIS DE ALERTA Ausência de SINAIS DE CHOQUE Colher hemograma* com retorno em 24 horas em pacientes do GRUPO A Recomendado para todos suspeitos de dengue Obrigatório para pacientes com fatores de risco *Hemograma pode ser simplificado: Hb, Ht, leucocitos totais e plaquetas. Classificação: Grupo A - azul Suspeita de dengue, sem sangramento, sem sinais de alerta e sem alterações hemodinâmicas, prova do laço negativa. FATORES DE RISCO Idosos > 65 anos Crianças < 2 anos Gestantes Classificação: Grupo A - azul Suspeita de dengue, sem sangramento, sem sinais de alerta e sem alterações hemodinâmicas. FATORES DE RISCO Hipertensão arterial Diabetes Outras doenças crônicas Resultado do hemograma Hemograma normal: plaquetas >100.000 sem sinais de hemoconcentração: Criança Ht > 42% Mulher Ht > 44% Homem Ht > 50% Hemograma alterado GRUPO B Conduta terapêutica (GRUPO A) Hidratação oral (60-80ml/kg/dia, pelo menos 1/3 com soro de reidratação oral) Sintomáticos (paracetamol) Orientação sobre Sinais de Alerta para paciente e seus familiares Casa + reavaliação no primeiro dia sem febre Alteração do hemograma ou tendência hemorrágica: Grupo B Classificação: Grupo B (verde) Idem GRUPO A (febre sem foco) Presença de qualquer FENÔMENO HEMORRÁGICO (inclusive prova do laço positiva) FENÔMENOS HEMORRÁGICOS MAIS COMUNS Prova do laço positiva petéquias epistaxe gengivorragia metrorragia Ausência de SINAIS DE ALERTA Ausência de SINAIS DE CHOQUE Grupo B (verde): conduta Hemograma simplificado de urgência (resultado no mesmo dia) Obs: se inviável ter resultado na UBS no mesmo dia, encaminhar para Pronto Atendimento. Tratamento: Hidratação oral ou venosa enquanto aguarda hemograma (3-5ml/kg/h) Grupo B (verde): conduta com resultado do hemograma Com hemoconcentração ou plaquetas <100.000: encaminhar a uma Unidade de Saúde com possibilidade para observação e repetir hemograma após hidratação Sem hemoconcentração e plaquetas >100.000: retorno em 24 horas para reavaliação clínicalaboratorial e orientação quanto à hidratação e SINAIS DE ALERTA Grupo C (amarelo) Paciente sem alteração hemodinâmica com qualquer SINAL DE ALERTA SINAIS DE ALERTA dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, hipotensão postural ou lipotímia, sonolência ou irritabilidade, melena ou hematêmese ou enterorragia, diminuição da diurese, diminuição repentina da temperatura, aumento do hematócrito, queda abrupta de plaquetas, desconforto respiratório. Grupo C - amarelo SINAIS DE ALERTA EM DESTAQUE Lipotímia / Hipotensão postural (variação da PA sentado/deitado em pé ≥ 20mmHg) Grupo C - amarelo SINAIS DE ALERTA EM DESTAQUE Dor abdominal intensa e contínua Vômitos persistentes Conduta: Grupo C (amarelo) Leito de observação ou hospitalar Hidratação EV imediata inicial* (SF ou Ringer): Adulto 25ml/kg em 4 horas, repetir até 3x Criança 20ml/kg/h repetir até 3x Reavaliação Clínica c/ 2h criança, c/ 4h adulto HMG cada 4h * Iniciar antes da transferência Conduta: Grupo C (amarelo) Melhora: hidratação EV manutenção Adulto: 80ml/kg/dia (no primeiro dia) diminuindo na seqüência, monitorar sobrecarga. Criança: TRH + perda capilar estimada 20-40ml/Kg/dia Sem melhora clínica/laboratorial Sem melhora GRUPO D (VERMELHO) Classificação: Grupo D (vermelho) Paciente com SINAIS DE CHOQUE: Hipotensão arterial Pressão arterial convergente (PA sist - PA diast < 20mmHg) Extremidades frias e cianóticas Pulso rápido e fino Enchimento capilar lento (> 2 segundos) Conduta: Grupo D (vermelho) Hidratação EV imediata inicial*: SF 0,9% 20 mL/Kg em até 20 min repetir até 3 vezes se necessário * Iniciar antes da transferência Conduta: Grupo D (vermelho) Com melhora hemodinâmica (PA em 2 posições, débito urinário, pulso e freqüência respiratória): adequar volume infundido para reposição de perdas (cuidado com hiperhidratação). Internação hospitalar: reavaliação clínica a cada 15 a 30 minutos, hematócrito cada 2h até estabilização Sem melhora hemodinâmica: Hematócrito aumentando: infundir colóide sintético (10ml/kg/h) ou plasma Drogas vasoativas Hematócrito diminuindo: investigar sangramento Pensar em transfundir concentrado de plasma Tratamento do Choque Hidratação 1. 2. Soro fisiológico Colóide sintético ou plasma Sem melhora hemodinâmica: Hematócrito aumentando: infundir colóide sintético (10ml/kg/h) ou plasma Hematócrito diminuindo: investigar sangramento, sangramento, coagulopatia, hiperhidratação (sinais de ICC). ______ __ ______ __ ______ 100% 0.5 % (48-72 h) 12.0 % (24-47 h) 87.5 % (0-23 h) Torres EM, 2005 Considerações importantes Deve-se cuidar para não hiperhidratar após a recuperação Com a resolução do choque, há reabsorção do plasma extravasado, com queda adicional do hematócrito, mesmo com suspensão da hidratação parenteral. Essa reabsorção poderá causar hipervolemia, edema pulmonar ou insuficiência cardíaca, requerendo vigilância clínica redobrada. Necessidade de hidratação para paciente GRUPO B e C (adulto médio) 250 200 Volume em ml/hr 150 max min 100 50 0 6 18 Horas de infusão 30 Adaptado de: Kalayanarooj e Nimmannitya, 2007 36 Necessidade de hidratação para paciente em choque, GRUPO D (adulto médio) 600 500 500 Volume em ml/hr 400 300 min 300 max 200 120 100 100 100 80 80 40 0 6 12 18 Horas de infusão Adaptado de: Kalayanarooj e Nimmannitya, 2007 24 Pacientes que necessitam cuidados especiais na hidratação Gestantes Insuficiência Cardíaca Insuficiência Renal Crônica Hemoderivados Não há indicação de transfusão profilática de plaquetas, nem baseado na contagem isolada Indicação de transfusão de plaquetas: Suspeita sangramento SNC + plaquetas < 50 000 Sangramento importante + plaquetas < 20 000 Dose = 1 U / 7 a 10 Kg cada 8 a 12h até parar sangramento (e não normalizar a contagem de plaquetas) Pode induzir ou piorar CIVD se choque associado Plasma fresco congelado: Sangramento importante + RNI > 1,25 Dose: 10 mL/Kg cada 8 ou 12h + vitamina K Indicações de internação independentes da classificação Recusa na ingesta de alimentos e líquidos Impossibilidade de retorno à unidade Alterações laboratoriais sugerindo gravidade Co-morbidades descompensadas (DM, HAS, DPOC...) Comprometimento respiratório Outras situações a critério médico Critérios de alta Ausência de febre por 24h sem anti-térmico Melhora visível do quadro clínico Ht normal e estável por 24h Plaquetas em elevação e > 50.000 / mm³ Estabilidade hemodinâmica por 24h Derrames cavitários Em regressão Sem repercussão clínica Erros comuns sobre dengue (informar paciente) Dengue não tem tratamento O tratamento da dengue é a hidratação e monitoramento. O que mata na Dengue é hemorragia Em geral o paciente morre de choque hipovolêmico por perda de plasma ou outras complicações Dengue grave acontece sempre na segunda infecção por dengue a chance de dengue hemorrágica na primeira infecção é cerca de 0,3% já nas reinfecções chegam a 3% Pontos-chave no tratamento Toda consulta incluir: monitoramento da pressão arterial (2 posições), estado geral, consciência, sangramentos, sinais de alerta, hidratação e perfusão orientação ao pacientes e familiares Todo paciente deve ser reavaliado no primeiro dia após o final da febre Reavaliar os pacientes até diariamente se necessário CARTÃO DENGUE MANUAIS DE DENGUE: Manejo Clínico e Organização da Assistência http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ diretrizes_epidemias_dengue_11_02_10.pdf http://whqlibdoc.who.int/publications /2009/9789241547871_eng.pdf CLASSIFICAÇÃO DE PACIENTES SEGUNDO LOCAL DE ATENDIMENTO (CSSD/CAMPINASSP, 2002) Classificação final do caso Febre Dengue com Total geral Hemorrágica Descartado** Total geral complicações* (%) da Dengue* Unidade de atendimento Dengue Clássico Centro de Saúde Hospitais Pronto Atendimento Total geral 462 9 5 981 1457 92% 25 2 3 29 59 4% 16 0 3 30 49 3% 503 11 11 1044 1576 100% *Nenhum óbito **Houve muitos casos falsos negativos, pois o Instituto Adolfo Lutz não incluía naquela ocasião o DENV3 (causador daquela epidemia) no pool de antígenos. OBRIGADO! [email protected]