Viver em Cristo
Os benefícios de uma vida centrada no Evangelho de Jesus
“Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A
vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou
por mim.” Gl.2:20
Introdução:
Em geral os cristãos não conhecem o Evangelho ou pelo menos as
implicações dele na nossa vida como um todo.
Há uma tendência de se reduzir o
evangelho à porta de entrada da vida cristã, ou seja, como algo que abriu para mim a
possiblidade da vida eterna.
Entretanto, muito mais do que uma porta de entrada, o
Evangelho é o caminho que temos que trilhar todos os dias da nossa vida. Além disso,
deve ser um caminho que vai transformando a nossa vida na medida que o vamos
trilhando.
Agora, tão sério quanto reduzir o Evangelho apenas à porta de entrada na vida cristã é
querer adequar o caminho (o Evangelho) ao meu estilo de vida.
Aliás, esta é uma
tendência da grande maioria dos cristãos.
Eu diria que isto acontece por dois motivos:
Primeiro por causa da nossa
tendência idolátrica, ou seja, nós temos a tendência de criarmos ídolos. Um ídolo é uma
tentativa de reduzir o Ser de Deus. é a tentativa de criarmos um deus a nossa imagem e
semelhança tendo como fim último alimentar o nosso ego.
Tim Keller em Deuses falsos: “O que é um ídolo? É qualquer coisa que seja mais
importante que Deus para você, qualquer coisa que absorva seu coração e imaginação
mais que Deus, qualquer coisa que só Deus pode dar. Um falso deus é qualquer coisa
que seja tão central e essencial em sua vida que, caso você o perca, achará difícil
continuar vivendo. Um ídolo tem uma posição de controle tão grande em seu coração
que você é capaz de gastar com ele a maior parte de sua paixão e energia, seu recursos
financeiro e emocionais, sem penar duas vezes.
Podem ser a família e os filhos, a
carreira e o dinheiro, conquistas e aclamação da crítica, respeito e reconhecimento social.
Pode ser um relacionamento amoroso, aprovação dos colegas, competição e habilidade,
circunstâncias seguras e confortáveis, beleza ou inteligência, uma grande causa política
ou social, moralidade ou virtude, ou até mesmo o sucesso no ministério cristão...Um ídolo
é qualquer coisa que você olhe e diga no fundo de seu coração: ‘Se eu tiver isso, sentirei
que minha vida tem um sentido, e então saberei que tenho valor, estarei seguro e em
posição de importância.’ Existem muitas formas de descrever esse tipo de relação com
algo, mas talvez a melhor descrição seja a palavra adoração.”
Em outras palavras, um ídolo é algo que eu crio para que o meu “eu” seja exaltado. Esta
é a maior prova da tentativa humana de moldar o caminho ao seu gosto. Vivemos numa
sociedade narcisista, egoísta e consumista que relativizou tudo ( a moral, a ética, o “assim
diz o Senhor”) e o problema é que desde o primeiro século da era cristã a igreja ao invés
de influenciar, se deixou influenciar por este estilo de vida.
Então, o que tem acontecido com muitos cristãos é que eles têm deixado o
Evangelho de lado e vivido um estilo de vida bem diferente daquele idealizado por
Jesus para os seus discípulos.
Segundo, por causa do custo do Evangelho. Com o custo é alto, muitas vezes nós
não damos a devida importância ao Evangelho, transformando-o em algo automático.
O Evangelho deve ser um caminho de transformação diária na nossa vida.
O
evangelho é o que nos põe em dia com Deus num processo de santificação diário.
Deus revelou nas escrituras o seu plano de redimir o mundo, reconciliando-o consigo.
Esta mensagem está descrita de forma sucinta, mas profunda em Jo. 3:16 que diz:
A mensagem do Evangelho se resume assim: Jesus viveu, morreu e ressuscitou dos
mortos e subiu as céus. Só por causa disso somos aceitos por Deus, não existindo mais
barreiras entre o homem pecador e o Deus Santo.
Há três maneiras de reagir a esta revelação que Deus faz de si mesmo e do seu
plano para o mundo:
1- Religião (moralismo) – Tem a ver com a nossa performance espiritual. Eu confio
na minha capacidade de obedecer a Deus e assim posso ser aceito por ele.
2- Irreligião (relativismo) – Eu decido o rumo que vou seguir sem levar Deus em
conta.
3- Evangelho ( Cristianismo) – Sou plenamente aceito por Jesus e por isso o
obedeço.
Quando nos tornamos cristãos a tendência é saltar da irreligião (descaso total em relação
a Deus) para a religião (realização de obras com o objetivo de ser aceito por Deus).
Entretanto,
não conhecemos Jesus indo para a religião, mas sim
dentro de um
relacionamento profundo com ele em torno do Evangelho.
O que geralmente acontece é uma “conversão” por meio da coação onde uma carga de
culpa e medo são lançadas sobre o descrente, sendo-lhe apresentado um código moral,
um código de conduta que ele tem que observar para agradar a Deus e ser aceito por ele.
Formação espiritual tradicional
Perdido (irreligioso)
Conversão
“Aprofundando-se”(religioso)
Graça santificadora pela fé
Perdido
(irreligioso)
O propósito de Deus é fazer com que tenhamos uma vida onde a cruz esteja sempre em
nossa mente. Jesus estreitou o abismo que existia entre a santidade de Deus e a minha
pecaminosidade. Jesus recebeu a ira de Deus sobre si para que eu pudesse
experimentar a sua misericórdia.
No momento da nossa conversão ainda temos uma visão muito limitada da santidade de
Deus e de meu pecado. Na medida que vamos crescendo na vida cristã, mais vamos
tendo consciência da santidade de Deus e consequentemente da nossa pecaminosidade.
Na medida que vamos tendo contato com a Bíblia, orando e tendo comunhão com a igreja
de Jesus, vamos sendo persuadidos pelo Espírito Santo e a nossa percepção das
realidades espirituais vão aumentando dentro de nós.
Esta comunhão nos faz enxergar Deus como de fato ele é ( Is.55:8,9) e a mim mesmo
como realmente sou (Jr. 17:9,10).
Percepção da santidade de Deus e da nossa
pecaminosidade faz com que haja um crescimento do nosso amor e da nossa gratidão a
Jesus.
Consequência de uma vida vivida aos pés da cruz:
1Progredimos na nossa santificação – Talvez num primeiro momento alguns
possam entender esta expressão “santificação” de forma pejorativa. Entretanto, a
santificação a que me refiro é muito maior do que simplesmente não fuma, não beber e
não ter relação sexual antes ou fora do casamento ( O moralismo reduz a santidade a
estes três itens). A santificação de quem vive aos pés da cruz inclui a forma como lidamos
com o nosso dinheiro, como tratamos o nosso vizinho, tema a ver com o tipo de maridos
ou esposas que somos, o nosso compromisso com horários, a nossa ética, enfim, uma
pessoa cotidianamente influenciada pela cruz descobre a beleza de fazer alguns
sacrifícios, de pagar um preço, não para ser aceito por Deus, mas por pura gratidão a
Deus. Quando vivemos assim vamos descobrindo que não há nada que eu possa
fazer para ser aceito por Deus, mas posso fazer como atitude de gratidão por tudo o
que ele já fez por mim.
2Não nos distanciamos daqueles que estão perdidos, sem Deus – Uma
consequência quase que imediata da conversão tradicional é a transformação de um
irreligioso em um religioso. Um dos problemas é que há necessariamente um
afastamento desta pessoa do seu circulo de amizades. O que nem precisaria acontecer
pois o sujeito religioso acaba se tornado alguém que poucas pessoas querem estar perto
dele. Guarde isso: Uma pessoa oprimida pela religião se torna alguém egoísta,
crítico, soberbo, sem espírito ensinável, sem misericórdia.
3Nos abalamos menos com os sobressaltos da vida – Lembrar-nos
constantemente do sacrifício de Jesus nos faz ter uma outra visão do sofrimento. Quando
lembramos do quanto Jesus sofreu por nós, da intensidade das suas dores, da sua
angústia, mesmo os mais intensos sofrimentos, as nossas maiores dores, não podem ser
comparadas ao sofrimento de Jesus.
Além disso, desenvolvemos um senso
coparticipação, de identificação com os sofrimentos de Cristo. Pedro deixa isso claro em
1 Pe. 4:13: “Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que
também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria”. Não se
trata de masoquismo, mas a convicção de que a nossa identificação com Cristo deve ser
completa e se Deus se o sofrimento vier, ele pode ser encarado na perspectiva da
identificação com o sofrimento de Cristo.
“Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo, alegrem-se” Fl.4:4
Conclusão: O Evangelho de Jesus é radical. A proposta de Jesus é clara, é objetiva.
Deu desejo passa pela renúncia total de tudo o que tem o poder de prender o nosso
coração.
“Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A
vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou
por mim.”Gl.2:20
Agora, este estilo de vida só é possível ao pé da cruz, quando vivemos na dependência
do Espírito de Deus e em processo de santificação.
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