Celda Morgado Choupina e Ana Solange Semedo “Perspetiva comparativa da categoria género nos nomes: português europeu, tétum e cabo-verdiano” O género em Português Europeu (PE) é uma categoria morfossintática marcada por diversos processos. Todos os nomes, em PE, têm um género - o género sintático (Câmara 1970; Choupina, 2011) - que permite a concordância das palavras nos sintagmas e nas frases. É nosso objetivo mostrar que a marcação do género nos nomes é obrigatória e o seu tratamento se prende com três questões nucleares: (i) não correlação das noções de género e sexo; (ii) diversidade de processos para marcar o género, não sendo por flexão (Villalva, 2000; Costa e Choupina 2012); (iii) não sistematicidade de contrastação (Baptista et al., 2013). Em Tétum e em Cabo-verdiano de Santiago, o género parece não ser uma categoria morfossintática e mostra estar correlacionado estritamente com a noção de sexo, sendo que apenas existe no caso dos nomes de referentes animados. Nos restantes nomes, não há marcação de género (Costa, 2001; Barros, s/d; Veiga, 1996). Esta comunicação tem como objeto de reflexão a categoria género nos nomes, perspetivando comparativamente o PE, o Tétum e o Cabo-verdiano. Pretendemos cumprir dois objetivos: (i) evidenciar as marcas específicas da marcação de género nos nomes, nas três línguas, (ii) considerando que a didática de uma L2 deve ter em consideração as possíveis áreas de transferência (Frias, 1992), enunciar e justificar a necessidade de ter presente aquelas reflexões no quadro do PL2 em Timor-Leste e em Cabo Verde (Batoréo, 2008; Freire, 2010), seja na perspetiva da formação de docentes seja na perspectiva do ensino. Palavras-chave: género linguístico em PE, Tétum e Cabo-verdiano de Santiago; ensino-aprendizagem de Língua Segunda (PL2); didática específica. Bibliografia: Barros, Viriato de Barros (s/d).Interferências do crioulo na aprendizagem do português por falantes de crioulo como língua materna. Centro de estudos multiculturais. Disponível em: . Consultado em: 24 de junho de 2013. Batoréo, H. (2008). “A Língua Portuguesa em Timor: de que forma deve o ensino de Português adaptar-se às diferentes realidades nacionais?”. Encontro sobre o Português como Língua não Materna, Associação Portuguesa de Linguística, Lisboa: FLUL, 11 e 12 de Abril de 2008. Choupina, C.M. 2011. Reflexões sobre o género em Português Europeu e em Tétum. In Revista electrónica elingUP, nº 1, v. 3. Disponível em: . Costa, J. A. e Choupina, C.M. 2012. A história e as histórias do género nos nomes em português. Percursos diacrónicos, sincrónicos e pedagógicos. II Encontro Internacional do Ensino do Português, Coimbra | Fevereiro/2011. Costa, L. (2001). Guia de Conversação Português-Tétum, Lisboa: Edições Colibri. Câmara JR., J. M. (1970). Estrutura da Língua Portuguesa, Petrópolis: Vozes. Freire, Ana Maria Gonçalves de Pina (2010). Interferências do Crioulo no Português escrito em Alunos Cabo-verdianos do 1º Ciclo do Ensino Secundário: Implicações no Insucesso Escolar. Tese de mestrado apresentada à Universidade de Cabo Verde e à Escola Superior de Educação de Lisboa. Edição do autor: Praia – Cabo Verde. Veiga, M. (1996). O Crioulo de Cabo Verde: Introdução à gramática do Crioulo. (2ª ed.). Praia: ICL, Instituto Nacional de Cultura. Villalva, A. (2000). Estruturas Morfológicas. Unidades e Hierarquias nas Palavras do Português. Lisboa: FCG/FCT Frias, M. J. (1992). Língua Materna – Língua Estrangeira. Uma Relação Multidimensional. Porto: Porto Editora.