NÚCLEO DE INVESTIGAÇÃO DA ÁREA DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM Novembro 2012 Diagnóstico por Imagem Volume 1, Edição 5 Uma Equipa Uma área de inovação ►Director da ADPI : Dr. João Reis TR Cristina Almeida ►Administradora da ADPI: Dra. Ana Andrade ►Coordenação Editorial: TR Joana Fialho TR Sérgio Alves Nesta Edição: Pioneiros da Neurorradiologia Egas Moniz Angio-TC dos Membros Inferiores Citando Goodet (1993), “para saber onde se quer ir há que saber onde se está” Foi este o espírito que nos norteou. De forma inovadora, organizar as lªs Jornadas da ADPI alusivas a temáticas específicas à área do diagnóstico e terapêutica por imagem, com enfoque em conteúdos emergentes em saúde, que passam pela gestão, qualidade, investigação, ensino e inovação, tendo em vista o conhecimento e renovação no sector da saúde em geral e na área de diagnóstico por imagem em particular, foi um desafio que envolveu toda a equipa. Não existe uma fórmula mágica para o sucesso…. O caminho faz-se caminhando, mas há que cuidar do percurso ao detalhe. Queremos, desta forma transmitir os resultados da avaliação, dos que connosco partilharam a sua experiência profissional e ou institucional. Com duzentos participantes, entre palestrantes, moderadores, convidados e empresas, avaliámos numa escala de 1 a 10 e obtivémos: 76% de respostas no intervalo de 8 – 10 21% de respostas positivas médias 3% de respostas no intervalo negativo. Rubrica “Homemade”: Dose Total Absorvida no Tórax de um doente Intransportável. 2013 ►Coordenadora da ADPI : O Que Pretendemos para 2013 A média de classificação de cada pergunta foi de 8,4. É necessário olhar para o presente com uma atitude positiva, o que não significa ignorar problemas, mas pelo contrário olhá-los com confiança e determinação para ultrapassar dificuldades inerentes aos tempos complicados que vivemos e, que implicam capacidade de mudança, a nível pessoal e profissional. Coordenadora da ADPI - Cristina Almeida Aqui ficam algumas das imagens das 1as Jornadas da ADPI do CHLC, EPE—Saúde. Um Novo Paradigma, decorridas nos dias 12 e 13 de Outubro de 2012, no Página 2 Dose total absorvida no Tórax de um Doente “Intransportável” Através do método Monte Carlo foi possível realizar um trabalho com o objectivo de perceber o valor de dose absorvida num tórax de um indivíduo quando este é “intransportável” (aquele que está acamado sem possibilidade de se deslocar e que necessita de um radiograma, sendo executado no leito com um equipamento portátil de emissão de radiação-X). As condições deste exame não são as melhores e, por isso, é importante que o técnico de radiologia tenha a noção do valor de dose de radiação a que estes doentes estão sujeitos, para que possa reflectir sobre os parâmetros técnicos de exposição mais apropriados. Criou-se no programa computacional a estrutura anatómica do tórax com esterno, costelas, coração e pele. A cada um foi atribuído um material que se assemelha aos tecidos humanos (ao esterno e às costelas atribuímos osso cortical, ao coração, músculo estriado, à caixa torácica, ar, e à superfície, pele). A um metro de distância foi criada uma fonte de emissão de raios-X standard de tungsténio, feixe cónico e polienergético. Os parâmetros de exposição do radiograma do tórax foram 100 kV e 1 mAs. Depois foi simulado o mesmo exame mas com um novo elemento, uma placa de alumínio com 2 mm de espessura colocada à saída da fonte, que pretende simular um filtro adicional para apurar se existe alteração no valor de dose absorvida no tórax. Gráfico das Doses Absorvidas por Estrutura Anatómica. act bstr Gráfico das Doses Absorvidas por Estrutura Anatómica com a presença do Filtro de Alumínio. Através dos resultados, verifica-se que as costelas e o esterno são as estruturas com maior valor de dose, o que se interpreta pela sua maior densidade que absorve mais radiação (maior nas costelas pelo seu maior volume no total das 6 costelas). Em oposto, a estrutura com menor absorção de radiação são os pulmões (pela presença de ar que facilita o percurso das partículas). A dose absorvida total de um radiograma de tórax a um doente “intransportável” com um equipamento simples é de 2,65 mGy. Como era de esperar, na presença do filtro, o valor de dose de todas as estruturas anatómicas diminuiu, pois o filtro tem um efeito absorvedor da radiação secundária. No total a dose absorvida do tórax de um doente “intransportável” com a utilização do filtro de 2 mm de alumínio é de 2,28 mGy. Podemos concluir que a dose absorvida provém da radiação secundária existente no feixe, que não contribui para a formação da imagem radiológica, mas sim para o valor de dose no doente. Assim, é possível propor a adição de um filtro de alumínio nos equipamentos portáteis, para proteger os doentes “intransportáveis”, que normalmente, durante o seu internamento, realizam vários radiogramas. Este trabalho foi realizado com a colega Sílvia Simões (Leiria) no âmbito da unidade curricular de Introdução ao Monte Carlo do DFA Segurança e Protecção Radiológica. TR Joana Coimbra (CHLC– HDE) Leitura Recomendada... Less iodine injected for the same diagnostic performances: comparison of two low-osmolar contrast agents (iobitridol 350 and iopamidol 370) in coronary angiography and ventriculography: a randomized double-blind clinical study. A Velázquez MT, Albarrán A, Hernández F, García Tejada J, Zueco J, Andreu J, De la Torre JM, Figueroa A, Sainz F, Tascón J. Hospital Universitario Doce de Octubre, Madrid, Spain. [email protected] Objective: Mild reductions in iodine concentration could reduce acute side effects after intraarterial contrast media administration without affecting the quality of coronary artery images. This study was designed to show the equivalence in terms of image quality of two nonionic low-osmolar monomers, iobitridol 350 and iopamidol 370, and to compare their clinical safety in coronary angiography and ventriculography. Conclusions: This study showed that, with regard to image quality and diagnostic efficacy and using a lower iodine concentration, iobitridol 350 was comparable to iopamidol 370 in adult patients requiring coronary angiography and ventriculography for diagnostic indications. Acta Cardiol. 2010 Aug;65(4):387-94 . Volume 1, Edição 3 Página 3 PIONEIROS NA HISTÓRIA DA NEURORRADIOLOGIA Egas Moniz (1874- 1955 ) (António Caetano de Abreu Freire) Egas Moniz é uma figura incontornável da cultura portuguesa. Nasceu em Avanca, distrito de Aveiro, a 29 de Novembro de 1874. Formou-se em medicina na Universidade de Coimbra em 1899. Em 1910 tornou-se professor catedrático e em 1911 transferiu-se para a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa onde ficou responsável pela cadeira de clínica neurológica. Em 1902 casou com Elvira de Macedo Dias. Desde os seus tempos de estudante que mantinha uma actividade política intensa. Em 1917 foi nomeado ministro de Portugal em Madrid e em 1918 foi ministro dos negócios estrangeiros do governo de Sidónio Pais. No desempenho deste último cargo presidiu a delegação portuguesa na conferência de paz de Versalhes em 1918. Em 1919, após o assassinato de Sidónio Pais, decidiu abandonar a política activa e dedicar-se à sua carreira científica, deslocando-se várias vezes a França onde se encontrava com Babinski, Sicard e Forestier. Em 1922 foi nomeado director do Hospital Escolar de Lisboa. As suas descobertas mais importantes foram a angiografia cerebral em 1927, tendo realizado a primeira no Hospital de Santa Marta e a leucotomia pré - frontal concretizada em 1935, método mais tarde desenvolvido na unidade de psicocirurgia instalada no Hospital Júlio de Matos. Para a realização desta técnica, Egas Moniz criou um instrumento específico a que chamou leucótomo. Em 1945 foi premiado com o Prémio de Neurologia da Faculdade de Medicina de Oslo, pela angiografia cerebral e em 1945, recebeu o Prémio Nobel de Medicina pela leucotomia. A bibliografia de Egas Moniz é extensa e retrata a sua vasta cultura: Alterações anatomo patológicas na difteria, Coimbra, 1900; A neurologia na guerra, Lisboa, 1917; Um ano de política, Lisboa 1920; Júlio Diniz e a sua obra, Lisboa 1924; Angiografia cerebral, aplicações e resultados em anatomia, fisiologia e clínica, Paris, 1934. Eis alguns dos exemplos de cerca de 300 obras da sua autoria. Foi agraciado com várias condecorações em Portugal, Espanha, Itália e França e membro de várias Academias de Medicina. Nos últimos anos de vida dedicou-se à arte, música e escrita e converteu a sua casa de Avanca num museu, considerado imóvel de interesse público desde 1997, Faleceu em Lisboa a 13 de Dezembro de 1955 com 81 anos de idade. TR Margarida Monteiro (CHLC-HSJ) Angio– TC dos Membros Inferiores — Resumo Durante anos a investigação imagiológica da patologia que afecta o sistema vascular dos membros inferiores, nomeadamente a patologia aterosclerótica, estava confinada à Angiografia, considerada o método goldstandard até à actualidade. Na última década, ou até antes, os novos métodos de imagem como a Ressonância Magnética, a Tomografia Computorizada (TC) e a Eco-Doppler vieram assumir particular relevo na ajuda aos doentes que sofrem de Doença Arterial Periférica (DAP). A introdução da TC Multidetetor (TCMD), com os subsequentes avanços na sua tecnologia ao nível da resolução temporal, alcance de varrimento e particularmente da resolução espacial, tiveram repercussão na rapidez e no detalhe com que a árvore vascular do membro inferior é avaliada. Com efeito, a isotropia alcançada pela TCMD veio incrementar o poder diagnóstico deste método de imagem, não só na aquisição nativa axial, mas também em outras projecções multiplanares, curvas e volumétricas, bem como na avaliação tridimensional. A opacificação arterial em tempo oportuno requer uma criteriosa selecção dos parâmetros técnicos nos equipamentos utilizados, com vista à qualidade global, informativa e padronizada do exame. A estreita relação existente entre tempo de exame, pitch, tempo de rotação, resolução espacial e dose de radiação é essencial na elaboração do protocolo de aquisição que, dentro do limite padronizado, deve ser adequado a cada doente. De igual modo, o correcto manuseamento dos injectores automáticos, com uso de técnicas de injecção bifásicas de produto de contraste de alta concentração e soro fisiológico, ajuda na optimização da opacificação obtida, permitindo rentabilizar recursos, melhorar a qualidade final do exame obtido e reduzir o efeito nefrotóxico dos produtos de contraste nos doentes. Reduzir a dose de radiação não só deste, mas de todos os exames de TC ao mínimo possível deve assumir-se como tarefa integrante em cada exame realizado, Para tal, a elaboração de protocolos de Angio-TC de baixa dose, com a aplicação de técnicas dosesaving disponíveis nos equipamentos atuais, como a utilização de baixa quilovoltagem (100kV), uso adequado de filtros do feixe (bowtie filters) e modelação de dose automática (angular e longitudinal), deve assumir uma rotina que tem como finalidade a aquisição de informação diagnóstica com a menor dose possível. TR João Martins (CHLC– HDE) Página 4 13 0 2 20 / 12 Novembro 2012 8 a 10 5th Annual European Public Health Conference 2012 9 e 10 II Congresso Internacional de Radiologia — Coimbra 25 a 30 98th Scientific Assembly & Annual Meeting of the Radiological Society of North America —- Chicago Dezembro 2012 15 Sessão Científica da ADPI CHLC— Hospital de São José Março de 2013 7 a 11 Congresso Europeu de Radiologia— Viena de Áustria TE I V ON C No próximo dia 8 de Novembro comemora-se os 117 anos da descoberta dos Raios x. A Área de Diagnóstico por Imagem do CHLC, vai assinalar o dia da Radiologia com uma exposição de posters nos Claustros do HSJ. Fica nesta edição uma pequena amostra, convidando-se, desde já, todos profissionais a visitar a exposição. Envie informações, dúvidas ou sugestões para: [email protected]