22 Quinta-feira 3 de Dezembro de 2015 Jornal do Comércio - Porto Alegre Geral SAÚDE Iniciação à vida cristã Em 2016, a Arquidiocese de Porto Alegre vai inaugurar o projeto de renovação de suas comunidades a partir da Iniciação à Vida Cristã. Queremos dar um novo impulso à Pastoral do Batismo, à catequese de preparação para a Eucaristia, à Crisma e à Iniciação Cristã de Adultos. Desejamos, portanto, propor um itinerário catequético que leve ao encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo. Iniciar, iniciação, indica um processo, aponta um caminho. Iniciação à Vida Cristã diz de um modo de ser e de viver. Expressa um processo a ser cumprido ao longo de um caminho, qual itinerário de vida – e vida cristã. A qualificação “cristã” é referência ao modo de ser, crer, viver e agir de Jesus Cristo. A comunidade de fé não se constitui simplesmente de admiradores, simpatizantes ou adeptos, mas, essencialmente, de mulheres e de homens que se sabem discípulos e discípulas do homem que passou por entre nós fazendo o bem (At 10, 38), e que fazia bem todas as coisas (Mc 7,37). O discipulado pressupõe um caminho progressivo. Caminho este que ninguém pode realizar sozinho; requer alguém que conduza pela mão quem se dispõe a percorrê-lo. O caminho tem início com o primeiro anúncio, que apresenta o núcleo da fé e a comunidade cristã. Depois, se passa ao contato direto com a Boa-Nova de Jesus Cristo, através da qual o iniciado vai percebendo o que significa a vida nova e suas exigências, para, em seguida, responder pessoalmente ao convite do Senhor: Vem, e segue-me (Mt 19,21). Para tanto, se faz necessária uma pedagogia que introduza a pessoa passo a passo até chegar à plena apropriação do mistério, a fim de que se atinja um estado de maturidade, isto é, para que as pessoas sejam capazes de decisões verdadei- ramente livres e responsáveis (Papa Francisco, EG 171). A Iniciação Cristã é uma exigência da missão da Igreja: formar cristãos firmes e conscientes para os novos tempos em que a opção religiosa é uma escolha, e não simplesmente tradição e imersão cultural. Este é um dever que temos como servidores do Evangelho. Os Bispos da América Latina e Caribe, reunidos em Aparecida, em 2007, afirmaram que ser discípulo é dom destinado a crescer. A Iniciação Cristã dá a possibilidade de uma aprendizagem gradual no conhecimento, no amor e no seguimento de Cristo. Dessa forma, ela forja a identidade cristã com as convicções fundamentais e acompanha a busca do sentido da vida. É necessário assumir a dinâmica catequética da Iniciação Cristã. Uma comunidade que assume a Iniciação Cristã renova sua vida comunitária e desperta seu caráter missionário (nº 291) O Papa Francisco tem insistido na necessidade de sermos ousados e criativos. Ousados, pois os tempos mudaram, a visão antropológica se transformou, a compreensão e a prática da fé cristã precisam de novo ardor. Criativos, porque o fenômeno mesmo da globalização exige novos métodos e novas expressões. Cremos que somente uma comunidade de iniciados há de cooperar para a transformação do mundo para melhor, segundo os critérios do Evangelho. Para tanto, os primeiros a necessitarem de ousadia, criatividade e novo ardor talvez sejam os próprios agentes evangelizadores! Em 2016, estaremos inaugurando um caminho novo de catequese. Por isso, estamos revisando nossas práticas. Queremos, sobretudo, reacender a alegria e o ânimo de evangelizar. Uma nova catequese haverá de favorecer a vida de comunidades renovadas. > > FA Ç A A S C O N TA S . VO C Ê G A N H A MAIS ANUNCIANDO AQUI. C A D E R N O J C C O N TA B I L I DA D E . T O DA S A S Q UA R TA S - F E I R A S , NO SEU JC. Ligue e assine 0800.051.0133 ou acesse www.jornaldocomercio.com ‘Teremos uma geração com problemas neurológicos’ Secretário de Saúde do Estado mostra-se preocupado com zika vírus Isabella Sander [email protected] O secretário estadual de Saúde, João Gabbardo, se mostrou preocupado ontem com a aproximação do zika vírus do Rio Grande do Sul. Gaúchos e catarinenses são os únicos ainda não afetados pelo zika, causador da microcefalia em bebês. “Não há dúvida de que teremos uma geração de crianças com problemas neurológicos. Já são 1.248 casos, a maioria no Nordeste. Se a epidemia chegar a áreas mais densamente povoadas, como Rio de Janeiro e São Paulo, o resultado será catastrófico”, ressalta. A propagação da enfermidade, que gera deficiências como cegueira, surdez e retardo mental em recém-nascidos de gestantes picadas pelo mosquito, tem ocorrido rápido. Os primeiros casos no Brasil foram identificados há duas semanas. Na primeira semana, foram 399. O número subiu para 739 na segunda semana e, agora, está em 1.248. A maior concentração é no Nordeste, mas todos os estados, menos Rio Grande do Sul e Santa Catarina, possuem suspeitas. Gabbardo estima que, até o final de 2015, haja mais de 5 mil casos. A gravidade da situação aumenta com a chegada do verão, uma vez que o mosquito transmissor, o Aedes aegypti (o mesmo que transmite a dengue), costuma se proliferar em clima quente. “Todas as condições climáticas estão favoráveis para que tenhamos uma quantidade maior de dengue e Aedes, pois o que costumava proteger um pouco o Estado era o frio do inverno, mas a estação foi amena neste ano. Tivemos muita chuva e teremos um verão também chuvoso, condição ideal para haver mais mosquitos. Infelizmente, por mais que queiramos evitar, a expectativa é de que tenhamos os primeiros casos de microcefalia ainda neste verão”, lamenta. Ontem, Gabbardo se reuniu com prefeitos das 12 cidades onde se concentraram 98% dos 1.039 casos de dengue autóctones no último verão, a fim de criar uma força-tarefa preventiva. No Rio Grande do Sul, mais de 50% dos insetos e larvas são encontrados em focos de lixo, onde há, por exemplo, grande quantidade de pneus em áreas abertas, nos quais a água se mantém. Outros 35% se encontram em domicílios. Na pró- xima semana, a Secretaria Estadual de Saúde iniciará capacitação de agentes para intensificar as ações. Conforme o presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Luiz Carlos Folador, a entidade encaminhará um ofício as 497 prefeituras com um alerta sobre o zika vírus. “Comunicaremos os 27 presidentes das associações de municípios, para que todos se envolvam nessa campanha. Precisamos antecipar as ações”, afirma. O problema é tão grave, que Folador nem considera as dificuldades financeiras. “Nesse caso, não poderemos pensar na dificuldade financeira. Teremos que reorganizar as finanças, repassar de outras áreas, para que, com recurso próprio, as prefeituras, com seus agentes e equipes de Saúde da Família, consigam fazer um trabalho coordenado. Tenho certeza de que os prefeitos se sensibilizarão com a situação”, garante. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu na terça-feira um alerta para que seus mais de 140 países-membros reforcem a vigilância com o zika vírus. A OMS sugeriu, ainda, o isolamento dos pacientes. PATRIMÔNIO Prédio da Engenharia da Ufrgs reabre as portas ANTONIO PAZ/JC Suzy Scarton [email protected] Depois de 10 anos desocupado, o prédio centenário da Escola de Engenharia da Universidade Federal Rio Grande do Sul (Ufrgs), localizado na Praça Argentina, no Centro da Capital, reabriu ontem. As obras de restauro, que começaram em 2008, pararam em 2011, devido a problemas operacionais com a construtora responsável, e foram retomadas em 2013. Agora, o edifício abrigará salas da diretoria e da administração, além de salas para a incubadora tecnológica. É o oitavo prédio restaurado pelo Projeto Resgate do Patrimônio Histórico e Cultural da Ufrgs. A obra custou cerca de R$ 4,9 milhões – R$ 3,4 milhões foram adquiridos por meio da Lei Rounaet. O restante foi obtido por meio de investimentos de 204 pessoas físicas e quatro jurídicas. De acordo com a chefe do setor, Noemia Restauração iniciada em 2008, custou cerca de R$ 4,9 milhões Rodrigues, o projeto contempla 12 prédios históricos (11 no Campus Centro e um no Campus do Vale). “Agora, estamos juntamos verba para o restauro da Capelinha (a Capela de São Pedro, na Faculdade de Agronomia). O período de captação está no fim e começaremos as obras no início de 2016”, relata. As obras do antigo Instituto de Química começaram no mês passado e devem terminar em 2017. De acordo com o reitor Carlos Alexandre Netto, além dos projetos de restauro, a Ufrgs vêm investindo em manutenção preventiva. “No Campus do Vale, por exemplo, começamos algumas intervenções, principalmente no isolamento do forro para evitar infiltração.”