PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA OBJECTIVO O objectivo deste documento é definir a visão e o rumo a ser seguido pela UNICEF 20142017 na Sede, Escritórios Regionais e Nacionais em apoio aos programas dos países para Alcançar uma Geração Livre do SIDA. Entre 2014-2017, a UNICEF irá elaborar diversos documentos de orientação programática para apoiar a operacionalização da visão a nível dos países. AUDIÊNCIA ALVO A principal audiência alvo deste documento é o pessoal da UNICEF. Também se pretende que o presente documento seja partilhado com os parceiros de desenvolvimento globais e nacionais interessados em saber mais sobre a visão e o Programa de Acção do UNICEF. CRÉDITOS DE FOTOS Capa © UNICEF/NYHQ2012-0898/Brian Sokol Page 3 © UNICEF/RWAA2011-00631/Shehzad Noorani Page 4 © UNICEF/AFGA2007-00899/Shehzad Noorani Page 8 © UNICEF/NYHQ2011-2363/Giacomo Pirozzi Page 13 © UNICEF/SRLA2011-0516/Olivier Asselin Page 16 © UNICEF/Olivier Asselin Page 25 © UNICEF/NYHQ2011-1324/Marco Dormino Page 27 © UNICEF/NYHQ2010-1482/Shehzad Noorani Page 32 © UNICEF/NYHQ2010-2928/Christine Nesbitt Contracapa © UNICEF/INDA2011-00435/Prashanth Vishwanathan Para mais informação, entre em contato com Ken Legins por email [email protected] October, 2013 Conceito e Design: Green Communication Design inc: www.greencom.ca ÍNDICE 02 05 06 SUMÁRIO EXECUTIVO INTRODUÇÃO PRINCIPAIS RESULTADOS E DESAFIOS A ULTRAPASSAR 09 COMPROMISSOS E RESPONSABILIDADES GLOBAIS DA UNICEF 10 UMA NOVA ABORDAGEM DE PROGRAMAÇÃO PARA ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA 16 OPERACIONALIZAÇÃO DA VISÃO DA UNICEF 18 PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA UNICEF PARA A PROGRAMAÇÃO E PRINCIPAIS INDICADORES DE DESEMPENHO 20 27 PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS PARA MELHORES RESULTADOS NOSSA PROMESSA – E NOSSO DESAFIO 28 ANEXO 1: SUMÁRIO DOS COMPROMISSOS GLOBAIS E PLANOS ESTRATÉGICOS 2014-2017 33 NOTAS FINAIS ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA COMEÇA COM AS CRIANÇAS SUMÁRIO EXECUTIVO A próxima etapa da resposta da UNICEF ao HIV para as crianças deve garantir que nem a idade, a pobreza e a desigualdade de género, e nem a exclusão social determinem o acesso à prevenção, tratamento e cuidados essenciais do HIV. A resposta da UNICEF e dos nossos parceiros devem garantir que todas as crianças nasçam livres do HIV e se mantenham livres do HIV durante as primeiras duas décadas de vida, desde o nascimento até à adolescência. Significa que todas as crianças que vivem com o HIV têm acesso ao tratamento, cuidados e apoio de que necessitam para se manterem vivas e saudáveis. Esta é a visão da UNICEF para uma Geração Livre do SIDA, que começa com as crianças. os 3 zeros 0 0 0 zero NOVAS INFECÇÕES 02-03 zero MORTES zero DISCRIMINAÇÃO Este é o novo compromisso importante para com as mulheres, crianças e famílias – um compromisso que assenta num alicerce de direitos humanos reformulado pela inovação científica e programática e redefinido pela determinação e paixão da UNICEF, líderes nacionais, assim como das próprias mulheres e crianças em alcançar os “Três Zeros” – zero novas infecções, zero mortes e zero discriminação. Durante mais de duas décadas, a UNICEF tem desempenhado um papel de vanguarda na galvanização do compromisso global, acção e recursos para desenvolver uma resposta abrangente ao HIV em crianças. Actualmente, a UNICEF está a trabalhar com os parceiros de todo o mundo com o objectivo de ajudar os países de baixa e média renda a incrementar programas eficazes e eficientes destinados a eliminar novas infecções em crianças; providenciar medicamentos essenciais a crianças e suas famílias que vivem com o HIV; prevenir e tratar novas infecções em adolescentes; e oferecer protecção, cuidados e apoio às famílias afectadas pelo SIDA. Embora se tenham registado avanços significativos na resposta global em relação às crianças e o SIDA, tem sido cada vez mais claro que as abordagens verticais de programação do HIV já não são justificáveis. As necessidades das crianças e da resposta ao HIV deve ser preocupação de todos na UNICEF – sendo definidas responsabilidades PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 específicas no Plano Estratégico 2014-2017. O Programa do HIV da UNICEF irá adoptar uma abordagem mais integrada de programação, organizada em torno da Primeira e Segunda Décadas de Vida e assente em princípios de equidade, igualdade de género e direitos humanos. Na Primeira Década, os esforços de programação da UNICEF centrar-se-ão em bebés e crianças menores de cinco anos, mulheres grávidas e mães e irão contribuir para se atingirem as metas globais articuladas no Plano Global de Eliminação de Novas Infecções pelo HIV em Crianças até 2015, Mantendo as Mães Vivas e em Uma Promessa Renovada. O fortalecimento da saúde materna e infantil estará na vanguarda dos esforços tendentes a eliminar a transmissão vertical de mãe para filho do HIV (ETV), com ênfase na expansão do acesso ao tratamento para mulheres grávidas e lactantes que vivem com o HIV e na melhoria do acesso ao diagnóstico precoce infantil e tratamento pediátrico. Na Segunda Década, a programação da UNICEF irá mudar rumo a um enfoque direccionado aos adolescentes (10-19 anos), com ênfase naqueles em maior risco de exposição ao HIV – raparigas adolescentes em epidemias generalizadas, adolescentes que vivem com o HIV e populações chave de adolescentes (rapazes adolescentes que praticam sexo com outros indivíduos de sexo masculino, adolescentes toxicodependentes e crianças exploradas na indústria do sexo, bem como adolescentes mais velhos envolvidos no trabalho sexual). Será colocada ênfase no apoio aos países para que possam incrementar intervenções de grande impacto destinadas a reduzir a transmissão do HIV, a morbilidade e a mortalidade no seio dos adolescentes, assim como o trabalho inter-sectorial com vista a reduzir a vulnera- bilidade ao HIV nos adolescentes através da programação em educação, igualdade de género, direitos humanos e protecção da criança. Sustentando este esforço, a UNICEF está empenhada em trabalhar com os países com o objectivo de fortalecer a recolha e desagregação de dados sobre os adolescentes (10-19 anos) para informar a planificação dos programas e monitorar as respostas nacionais. O envolvimento dos jovens, incluindo as pessoas que vivem com o HIV, na planificação de programas, oferta de serviços, criação de demanda e monitoria e avaliação constituirão um elemento central para o alcance de melhores resultados. Como parte dos esforços mais amplos destinados a fortalecer os sistemas nacionais de protecção social, a UNICEF trabalhará com os governos e parceiros de desenvolvimento nacionais com vista a expandir a protecção social sensível ao HIV, o apoio económico e os cuidados familiares para fortalecer a resiliência das crianças e da família e promover um acesso sustentado à prevenção, tratamento e cuidados do HIV. A Crianças correm para casa depois de participar numa discussão sobre o HIV, numa aldeia do norte de Ruanda ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA aplicação da nova visão da UNICEF à sua programação para o HIV/SIDA, a situações frágeis e humanitárias será uma medida particularmente importante para garantir que as populações em risco e afectadas por emergências não sejam excluídas na programação em momentos de maior necessidade. Pôr termo à violência baseada no género e promover a igualdade de género são aspectos cruciais para prevenir a propagação do HIV e mitigar os impactos sociais e económicos da epidemia. Para o avanço do programa do HIV da UNICEF com base no novo Plano Estratégico, a UNICEF irá utilizar o quadro de Monitoria de Resultados para a Equidade (Monitoring Results for Equity System – MoRES) para apoiar os países na planificação e monitoria impulsionados pelos dados e as ferramentas de Abordagem de Investimento da ONUSIDA. A Abordagem de Investimento prioriza investimentos em intervenções de grande impacto específicas ao HIV que comprovadamente reduzem o risco, a transmissão e a morbimortalidade causadas pelo HIV; factores críticos, tais como leis e políticas de protecção e envolvimento comunitário; e sinergias num trabalho de desenvolvimento mais amplo que tenha impacto na vulnerabilidade ao HIV. A nível dos países, todos os Escritórios da UNICEF são responsáveis por conhecer a epidemia do HIV a nível nacional e subnacional e moldar a sua resposta a mulheres e crianças, incluindo os adolescentes. Tal inclui a necessidade de garantir que a programação do HIV para as duas décadas da infância esteja devidamente integrada nos Documentos do Programa Nacional da UNICEF, assim como noutros documentos de planeamento estratégico das Nações Unidas (NU) e dos principais parceiros. Os Escritórios Regionais e a Sede deverão apoiar este processo disponibilizando apoio técnico, orientação, advocacia, mobilização de recursos e criação de parcerias necessárias para alavancar as acções. A nova visão e orientação da UNICEF para o HIV/SIDA serão materializados através da aplicação do Plano Estratégico da UNICEF 2014-17. Isto implica aplicar os princípios normativos de igualdade de género e direitos humanos como elementos fulcrais da equidade e na prossecução de seis estratégias |de implementação: 1) Monitoria dos resultados de equidade: Monitorar os resultados de equidade com enfoque na avaliação e resposta às disparidades no acesso, cobertura e qualidade das intervenções do HIV de grande impacto. 2) Integração e prestação de serviços em 6 ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO Serviços de HIV níveis descentralizados: Criar competências a nível nacional e sub-nacional para a integração do HIV e outros serviços de saúde, educação e protecção da criança e social, bem como implementar uma gestão e prestação de serviços descentralizadas. 3) Inovação para uma prestação de serviços simplificada e optimizada: 04-05 PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 Acelerar os resultados através de inovações tecnológicas e programáticas que simplificam as abordagens destinadas a aumentar a cobertura, o acesso e a qualidade de intervenções de tratamento e prevenção de grande impacto. 4) Parcerias estratégicas e envolvimento comunitário: Estabelecer parcerias eficazes para capitalizar os recursos e as acções e reforçar o envolvimento das comunidades no desenho programático, prestação de serviços, criação de demanda e monitoria e avaliação. 5) Utilização de evidências e promoção da cooperação Sul-Sul: Apoiar a criação, disseminação e utilização do conhecimento pelo pessoal e parceiros, posicionando a UNICEF e os parceiros do Sul como líderes do conhecimento sobre a criança e o SIDA. 6) Diálogo político, advocacia e comu- nicação: Melhorar os resultados dos programas e das políticas para as crianças através da comunicação estratégica e de esforços de advocacia eficazes. A UNICEF é a principal voz para as crianças na resposta global ao SIDA. A visão de um mundo em que todas as crianças e famílias sejam protegidas da infecção pelo HIV e vivam livres do SIDA pode ser ambiciosa, mas é exequível. Podemos fazê-lo. Tudo depende da nossa determinação colectiva e da capacidade de inovar, colaborar e perseverar no nosso esforço de realizar o trabalho – pelas crianças e com as crianças. INTRODUÇÃO Durante mais de duas décadas, a UNICEF tem desempenhado um papel crucial em galvanizar o compromisso, recursos e acção na abordagem do HIV nas crianças. Através de uma liderança apaixonada e dinâmica, e em parceria com os governos e principais intervenientes nacionais, a UNICEF colocou as necessidades, os direitos e o bem-estar das crianças na vanguarda dos esforços globais com A VISÃO DE vista a travar e reverter UMA GERAÇÃO LIVRE a propagação do HIV DO SIDA É DE QUE TODAS e SIDA. Alicerçado AS CRIANÇASi E SUAS FAMÍLIAS num quadro sólido de ESTEJAM PROTEGIDAS DA direitos humanos e na INFECÇÃO PELO HIV E busca de igualdade e equidade de género, o VIVAM LIVRES DO SIDA. compromisso da UNICEF de abordar a questão do HIV em crianças tem sido forte e inabalável. Uma oportunidade e desafio histórico ímpares estão agora diante de nós. Os avanços científicos e sua implementação marcaram a nível global um ponto de viragem na luta contra o SIDA. Sabemos o que produz resultados na redução do risco, transmissão, morbilidade e mortalidade causados pelo HIV. A prevenção da transmissão vertical de mãe para filho (PTV) do HIV, tratamento, promoção e distribuição do preservativo, circuncisão médica masculina voluntária, programas de mudança de i Definição de criança: Ao abrigo do Artigo 1º da Convenção sobre os Direitos da Criança, uma ‘criança’ é definida como uma pessoa menor de 18 anos, a menos que as leis de um determinado país estabeleçam uma idade legal inferior de maioridade. O Comité dos Direitos da Criança, que é o órgão de monitoria da Convenção, incentivou os Estados a rever a idade de maioridade se for inferior a 18 anos e a aumentar o nível de protecção a todas as crianças menores de 18 anos. ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA comportamento adaptados ao contexto e abordagens direccionadas às populações chave são comprovadamente de grande eficácia1. Além dos avanços científicos significativos, as capacidades nacionais melhoradas, os custos de produtos reduzidos e tecnologias inovadoras alteraram dramáticamente a paisagem global do HIV, tornando possível uma ‘geração livre do SIDA’. Fazer investimentos inteligentes com base em evidências sólidas sobre o que produz resultados, numa boa análise dos dados dos programas para identificar lacunas e oportunidades críticas e um sentido de responsabilidade comum de proteger os direitos de todas as crianças, pode salvar milhões de vidas e alcançar uma geração livre do SIDA. Este é um objectivo ambicioso mas exequível e um resultado de alto nível do Plano Estratégico do UNICEF para 2014-2017. Este documento da Visão reflecte as lições tiradas ao longo de mais de duas décadas de experiência em programação relacionada ao SIDA, assim como o compromisso antigo e contínuo da UNICEF de apoiar os países na criação de sistemas sustentáveis de saúde, educação e protecção da criança a longo prazo e promover os seus direitos humanos. Transmite uma mensagem inequívoca de que o compromisso da UNICEF em relação à resposta global ao SIDA manter-se-á forte, abrangente e orientada pela ciência. PRINCIPAIS RESULTADOS E DESAFIOS A ULTRAPASSAR Na qualidade de Organização Co-Patrocinadora Fundadora da ONUSIDA, a UNICEF desempenhou um papel preponde- 06-07 rante na colocação da criança no centro da resposta ao SIDA. Desde 2005, a campanha da UNICEF “Juntos pelas Crianças, Juntos Contra o SIDA” ajudou a galvanizar o compromisso e acção globais. Em colaboração com as agências das NU e os parceiros da Equipa de Intervenção Interagências (IATT), a UNICEF defendeu quatro áreas prioritárias do programa: prevenção da transmissão vertical do HIV de mãe para filho (PTV); cuidados e tratamento do HIV pediátrico; prevenção do HIV nos adolescentes e jovens; protecção, cuidados e apoio às crianças afectadas pelo HIV e SIDA. Prevenção da Transmissão Vertical do HIV de Mãe para Filho e TARV Pediátrico Está a registar-se um avanço significativo na testagem das mulheres grávidas e no uso de regimes de ARV eficazes pelas pessoas que vivem com o HIV para a PTV nos países de baixa e média renda. Em 2012, 62 por cento das mulheres grávidas que vivem com o HIV receberam ARV eficazes para a PTV e entre 2001 e 2012, o número de novas infecções em crianças (0-14 anos) reduziu em mais de 52 por cento (vide a Figura 1).2 O acesso ao diagnóstico precoce infantil nas primeiras semanas de vida em bebés nascidos de mulheres que vivem com o HIV aumentou ligeiramente de 34%3 em 2011 para 39% em 2012 e a cobertura do tratamento pediátrico aumentou para 34 por cento em 2012 – embora ainda muito abaixo da cobertura em 64 por cento registada nos adultos.4 Isto é inaceitável e esta lacuna deve ser sanada. Embora quase 90 por cento das mulheres grávidas do mundo que vivem com o HIV PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 Apesar do avanço significativo na melhoria do acesso aos serviços de PTV, o SIDA continua a ser a principal causa de morte nas mulheres em idade reprodutiva (15-49 anos) a nível mundial5 e nas regiões muito afectadas pelo HIV, este é um factor importante que contribui para a mortalidade em menores de cinco anos.6 No entanto, apenas 58 por cento das mulheres grávidas seropositivas que necessitam de tratamento para a sua própria saúde beneficiaram dele em 2012, comparativamente a 64 por cento de todos os adultos.7 Além disso, até à data, os programas não focalizaram na prestação de serviços à população crescente de crianças seronegativas nascidas de mulheres que vivem com o HIV. Embora estas crianças tenham escapado à infecção, continuam em grande risco de morbilidade e mortalidade.8 Se quisermos atingir as metas do Plano Global e acelerar os esforços com vista a reduzir o número de mortes em menores de Figura 1 Número de novas infecções pediátricas em países de baixa e média renda, 2001- 2012 600,000 550,000 Número de novas infecções pediátricas residam em 22 países,ii todas as regiões deram passos importantes na expansão dos programas de PTV. Um factor importante que contribuiu para a obtenção de melhores resultados de PTV foi a melhor capacidade institucional e humana a nível nacional. Porém, dois desafios que subsistem são como aumentar o acesso e a adesão aos serviços através da transferência desta capacidade nacional para níveis descentralizados (incluindo as comunidades) e a capacitação e criação de sistemas com vista a desenvolver uma programação mais informada do ponto de vista de riscos de modo a melhorar o acesso e a prevenir a descontinuação de serviços na sequência de uma crise, em especial a nível descentralizado. 500,000 400,000 300,000 260,000 200,000 100,000 Meta 2015: Redução em 90% 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Fonte: Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV / SIDA, Relatório Global. ONUSIDA Relatório sobre a Epidemia Global de SIDA 2013. ONUSIDA, Genebra, 2013. cinco anos e maternas a nível mundial (Uma Promessa Renovada), é crucial sanar estas lacunas.9 Prevenção, Tratamento e Cuidados do Adolescente Em 2012, um número estimado em 2,1 milhões de adolescentes dos 10 – 19 anos vivia com o HIV e cerca de 82 por cento (1,7 milhões) destes residia na África Subsaariana (ONUSIDA 2012). A nível mundial, as raparigas adolescentes continuam em maior risco de infecção pelo HIV. Cerca de 60 por cento de todos os adolescentes que vivem com o HIV são raparigas. Além disso, a meta da Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o HIV e SIDA (UNGASS) de reduzir a prevalência do HIV em jovens (15-24 anos) ii Os vinte e dois países prioritários do programa eliminar a transmissão vertical do HIV de mãe para filho (eTV) são a África do Sul, Angola, Botswana, Burundi, Camarões, Chade, Costa do Marfim, Etiópia, Gana, Índia, Lesoto, Malawi, Moçambique, Namíbia, Nigéria, Quénia, República Democrática do Congo, República Unida da Tanzania, Suazilândia, Uganda, Zâmbia e Zimbabwe. ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA risco. Além disso, dados relativos ao HIV em jovens dos 10-19 anos são inadequados em muitos países, dificultando a planificação e a monitoria eficaz da programação. Garantir a continuação da programação e de serviços para os adolescentes em momentos de emergências humanitárias também tem sido uma questão problemática. Joshua, 14 anos, faz biscates para o seu sustento nas Filipinas, onde um número estimado em 250.000 crianças vivia e trabalhava nas ruas em 2011. Estas crianças estão em maior risco de serem traficadas, abusadas e exploradas sexualmente, criando dependência de drogas ilícitas e outras substâncias nocivas e entrando em conflito com a lei. em 25 por cento a nível mundial até finais de 2010 não foi atingida.10 Entre as populações chave de adolescentes em maior risco de exposição ao HIV11 (rapazes adolescentes que praticam sexo com outros indivíduos do sexo masculino, adolescentes toxicodependentes e crianças exploradas na indústria do sexo, bem como adolescentes mais velhos envolvidos no trabalho sexual), a existência de legislação e políticas discriminatórias e proibitivas, continua a colocar barreiras significativas ao acesso a serviços e à prevenção de novas infecções. Contudo, devido à inexistência de esforços de prevenção do HIV específicos ao adolescente e à falta de vontade de abordar comportamentos de alto risco, que são muitas vezes estigmatizados e/ou ilegais, os actuais esforços de prevenção do HIV não respondem às expectativas de muitos adolescentes, em especial os que estão em maior 08-09 A programação do HIV do adolescente continua inadequada em termos de satisfação das suas necessidades de forma abrangente garantindo a disponibilidade de intervenções de eficácia comprovada no nível adequado para os adolescentes em maior risco de infecção, de contrair doenças relacionadas com o SIDA ou de morte. A nível global, as respostas de tratamento e cuidados para os adolescentes tem ficado muito atrás dos programas de tratamento pediátrico e do adulto e o acesso insuficiente à testagem e aconselhamento do HIV e a ligação aos cuidados e tratamento tem contribuído para o aumento contínuo do número de mortes relacionadas com o SIDA nos adolescentes, um padrão característico deste grupo etário.12 Também se verifica uma necessidade considerável de uma integração mais sólida das respostas de prevenção e tratamento nos serviços de modo a gerar melhores resultados para os adolescentes. Os esforços no sentido de dar seguimento às recomendações relacionadas com o HIV emanadas do Comité dos Direitos da Criança (CRC)13 têm constituído um desafio. Os esforços melhor sucedidos em ultrapassar barreiras legais em populações chave de adolescentes tem sido largamente atribuídos a parcerias sólidas entre as comunidades do HIV e dos direitos da criança. A promoção da participação dos jovens que vivem com o HIV na prestação de serviços tem estimulado o desenvolvimento de associações PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 nacionais fortes de jovens que vivem com o HIV que se mantem cruciais em termos de resolver barreiras legais, mas também em edificar respostas nacionais ao HIV que sejam sustentáveis. Contudo, as necessidades específicas e as aspirações dos adolescentes dentro destas associações e redes de jovens continuam desarticuladas em grande medida, especialmente as de adolescentes mais jovens. COMPROMISSOS E RESPONSABILIDADES GLOBAIS DA UNICEF Apesar dos avanços significativos registados em algumas áreas, subsistem “tarefas inacabadas” no cumprimento dos compromissos colectivos globais em relação ao HIV: Protecção Social, Cuidados e Apoio às Crianças Afectadas pelo HIV e SIDA Ao longo da última década, aumentaram consideravelmente as evidências sobre o que permite prever maus resultados em crianças,15 assim como as abordagens que resultam na protecção, cuidados e apoio às crianças e famílias afectadas pelo SIDA. O apoio económico e os cuidados sociais são importantes para a redução dos impactos do HIV sobre as crianças e famílias, novas infecções em raparigas adolescentes, assim como no apoio à adesão e retenção nos serviços.16 As redes de segurança económica, as quais incluem famílias vulneráveis afectadas pelo HIV, aumentaram significativamente, catalisando respostas mais amplas de protecção social, tais como transferências de dinheiro para crianças vulneráveis, o que contribui para a mitigação do impacto do SIDA. Além disso, o mundo está prestes a conseguir a paridade na educação entre órfãos e não órfãos. Na África Subsaariana, o rácio de frequência escolar dos órfãos por não órfãos é de 0,93.17 os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), a Declaração Política das Nações Unidas sobre o HIV/SIDA: Intensificar os Nossos Esforços para Eliminar o HIV e SIDA (2011) e o Plano Global de Eliminação de Novas Infecções pelo HIV nas Crianças até 2015 Mantendo as Mães Vivas. O Plano Estratégico do UNICEF 2014-2017 definiu com clareza o HIV como uma prioridade corporativa e, em virtude disso, todos os escritórios têm uma responsabilização que reflecte o estado da “EM 2000, epidemia e da resposta HAVIA APENAS 25 nos seus países PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA e regiões. Cada DE DINHEIRO EM TODA A ÁFRICA resultado do Plano SUBSAARIANA. EM 2011, O NÚMERO Estratégico reflecte o DE PROGRAMAS AUMENTOU QUASE resultado combinado DEZ VEZES (245 PROGRAMAS) das intervenções EM 41 PAÍSES DA REGIÃO.14 de desenvolvimento e humanitárias. O Resultado 2 diz respeito especificamente ao HIV e SIDA. Os produtos e indicadores de produtos alinhados com o Resultado 2 estão incluídos no Anexo 1. Um aspecto que se reveste de importância é que o sucesso e o alcance geral dos resultados definidos no Plano Estratégico ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA dependerão da capacidade da UNICEF e seus parceiros de reduzir a vulnerabilidade das crianças aos efeitos combinados das mudanças climáticas, calamidades, conflito e crises. Daí a importância de incorporar um grande enfoque na resiliência e em formas inovadoras de execução de programas em ambientes frágeis, quer nos programas de desenvolvimento, quer nas respostas humanitárias da UNICEF. UMA NOVA ABORDAGEM DA PROGRAMAÇÃO PARA ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA Embora ainda existam desafios por ultrapassar, uma geração livre do SIDA está ao nosso alcance, conforme reconhecido e defendido pelos líderes de todo o mundo. Para que a UNICEF optimize a sua contribuição para se alcançar uma geração livre do SIDA, devemos avançar mais decisivamente rumo a um programa integrado do HIV centrado no fortalecimento da implementação de intervenções de grande impacto especí- QUADRO 1: Importância da Testagem e Aconselhamento do HIV para a Abordagem de Investimento da ONUSIDA + MAIOR ACESSO e adesão à testagem e aconselhamento do HIV (ATH) são uma componente fundamental da Abordagem de Investimento da ONUSIDA. Por se tratar de uma porta de entrada fundamental para o acesso a intervenções do HIV de grande impacto, tais como PTV, circuncisão médica masculina e tratamento, o ATH é essencial para se materializar uma resposta equitativa ao HIV e para expandir o acesso aos serviços do HIV. Pelo contrário, a falta de acesso ao ATH pode criar obstáculos nos serviços, inibindo a adesão às intervenções de grande impacto. As duas grandes categorias de ACONSELHAMENTO E TESTAGEM DO HIV são a testagem e aconselhamento iniciados pelo utente (ATIU) e o aconselhamento e testagem iniciados pelo provedor de saúde (ATIP). No ATIU, as pessoas procuram voluntariamente os serviços de aconselhamento e testagem, enquanto no ATIP, os provedores iniciam a oferta do aconselhamento e testagem do HIV como parte da rotina do atendimento. Em ambos os casos, é essencial que o aconselhamento e testagem estejam firmemente ancorados num quadro de direitos humanos e que sejam implementados com confidencialidade, aconselhamento e consentimento informado. Neste contexto, é essencial garantir a disponibilidade de SERVIÇOS DE ACONSELHAMENTO PÓS-TESTE DE QUALIDADE e serviços de apoio para pessoas seronegativas e seropositivas e devem incluir ligações fortes aos CUIDADOS e TRATAMENTO para aqueles cujo teste é positivo e a programas de PREVENÇÃO para os que apresentam testes negativos. PRINCIPAIS REFERÊNCIAS: UNAIDS and WHO. UNAIDS /WHO Policy Statement on HIV testing, 2004; Fonner VA et al. HIV voluntary counseling and testing (VCT) is changing risk behaviors related to HIV, Cochrane Review Group on HIV/ AIDS, 12 de Setembro de 2012. 10-11 PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 ficas ao HIV, trabalhando igualmente nos diversos sectores para integrar as respostas do HIV e obter sinergias com uma programação mais ampla de desenvolvimento que tenha impacto na vulnerabilidade ao HIV. Um aspecto importante é que algumas representações da UNICEF já iniciaram esta transição fundamental. Abordagem de Investimento da ONUSIDA Na qualidade de Co-Patrocinador da ONUSIDA, a UNICEF está empenhada em apoiar os países a planificar e a prover respostas nacionais ao HIV que sejam eficazes e eficientes utilizando a “Abordagem de Investimento” (vide Figura 2). Os Componentes essenciais da Abordagem de Investimento da ONUSIDA, os facilitadores críticos referem-se às actividades e programas necessários para permitir a eficácia, a equidade e a expansão das actividades programáticas básicas. Os facilitadores críticos são importantes para o sucesso dos programas do HIV em todos os contextos de epidemia e incluem leis e políticas de protecção, assim como o envolvimento das comunidades e a realização Figura 2 Desenvolvimento de uma abordagem de investimento para o HIV específico de cada país com base no Quadro de Investimento QUADRO DE INVESTIMENTO do HIV La démarche d’investissement d’ONUSIDA met l’accent sur trois éléments : REDUZIR 1) SEIS ACTIVIDADES BÁSICAS DE GRANDE IMPACTO DO PROGRAMA ESPECÍFICAS AO HIV que comprovadamente reduzem o risco, a transmissão e a morbilidade / mortalidade causadas pelo HIV (PTV, tratamento incluindo o aconselhamento e testagem do HIV, abordagens direccionadas às populações chave, promoção e distribuição do preservativo, circuncisão médica masculina voluntária e programas para a mudança do comportamento); 2) FACILITADORES SOCIAIS E RISCO a probabilidade de transmissão MORTALIDADE e MORBILIDADE 1. PTV | 2. Tratamento | 3. Abordagens direccionadas para populações-chave 4. Promoção e distribuição de preservativos | 5. Circuncisão masculina 6. Mudança de comportamento adaptado para epidemia Factores críticos PROGRAMÁTICOS para optimizar os resultados das actividades básicas do programa; Sinergias: 3) ACTIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO Protecção Social, Educação, Reforma Legal, Género, Pobreza, Violência, Saúde e Sistemas comunitários e outros SINÉRGICO, adaptadas ao contexto específico da epidemia com impacto sobre a vulnerabilidade ao HIV. Fonte: Schwartländer B, et al. The Lancet, 377 (9782), 2011 ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA de outras actividades que abordam as principais barreiras à adesão aos serviços (ex. exclusão social e marginalização, criminalização, estigma e discriminação e desigualdade). O desenvolvimento de sinergias refere-se a investimentos em sectores complementares (ex. protecção social, protecção da criança, educação, nutrição, etc.), que podem contribuir para uma vasta gama de resultados positivos de saúde e desenvolvimento, incluindo o HIV/SIDA.18 A análise epidemiológica que nos ajuda a entender o local de ocorrência de novas infecções (geográfica e demograficamente), assim como a análise subjacente da vulnerabilidade, devem orientar a aplicação da Abordagem de Investimento nos países. Os programas nacionais do HIV contribuem, por sua vez, para determinar a combinação certa das seis áreas de grande impacto, facilitadores críticos e sinergias para reflectir o contexto do país. Uma Abordagem Integrada Nas Primeiras Duas Décadas de Vida Como forma de acelerar os resultados para mulheres grávidas, crianças e adolescentes, a UNICEF apoiará os países a aplicar a Abordagem de Investimento para fazer face ao HIV em crianças durante a Primeira e Segunda Décadas de vida (vide a Figura 3). 1a DÉCADA Figura 3 Resposta da UNICEF para o HIV e SIDA nas duas primeiras décadas de vida Uma GERAÇÃO LIVRE do SIDA COMEÇA COM as CRIANÇAS HIV nas primeiras 0 1 PRIMEIRA DÉCADA Prevenção do HIV, tratamento, cuidados e apoio 2 SEGUNDA DÉCADA Protecção Social, Nutrição, Saúde, Água e Saneamento, Educação, Protecção Infantil, Emergências, Igualdade de Género e Direitos Humanos 1) Testagem e tratamento do HIV através dos serviços pré-natais para as mulheres grávidas que vivem com o HIV com o intuito de proteger a sua própria saúde e prevenir a transmissão aos seus filhos e parceiros sexuais; 2 décadas de vida 10 A ênfase do apoio da UNICEF durante a Primeira Década incidirá em bebés e menores de cinco anos, mulheres grávidas e mães. A UNICEF colocará a saúde das mulheres grávidas na vanguarda dos esforços da PTV, com ênfase na expansão do acesso a: 2) Diagnóstico precoce infantil através de 20 vários pontos de entrada, incluindo os serviços de vacinação, centros de reabilitação nutricional, consultas para crianças doentes, desenvolvimento da primeira infância, programas comunitários de sobrevivência da criança e hospitais; 3) Tratamento e Cuidados Pediátricos. Considerando que as crianças expostas ao HIV também se encontram em alto risco de 12-13 PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 morbilidade e mortalidade, optimizar sua identificação através de diversas plataformas de saúde da criança também constitui um aspecto crítico. Todos estes esforços estarão associados a iniciativas mais vastas destinadas a melhorar a sobrevivência da criança, o seu crescimento e desenvolvimento. Os esforços destinados a eliminar novas infecções pelo HIV em crianças assentarão na melhoria de abordagens de prestação de serviços através da plataforma de Saúde Materna, Neonatal e Infantil (SMNI), que inclui a expansão da utilização de tecnologias inovadoras e abordagens para simplificar e melhorar a prestação de serviços (ex., diagnóstico clínico, plataformas de SMS) monitoria e avaliação descentralizadas, incluindo a melhor utilização de dados para a planificação e monitoria do desempenho. A prevenção primária da infecção pelo HIV nas mulheres grávidas seronegativas, incluindo as que se encontram em maior risco de infecção (ex. parceiras de homens toxicodependentes), assim como a prevenção de gravidezes indesejadas em mulheres que vivem com o HIV através da integração do planeamento familiar na SMNI são aspectos que serão também cruciais para a realização dos objectivos de ETV. Em resultado da recente pesquisa que indica que o TARV reduz o risco de transmissão do HIV em casais serodiscordantes em 96 por cento,19 identificar formas inovadoras de envolver parceiros das mulheres grávidas por intermédio da plataforma de SMNI, através do aconselhamento e testagem de casais, por exemplo, e aliar estes parceiros à prevenção, tratamento e cuidados (conforme indicado) será uma estratégia importante para prevenir novas infecções.20 Os serviços de PTV podem também servir como plataforma útil para identificar as necessidades de protecção, cuidados e apoio de crianças que nasceram em famílias afectadas pelo HIV e para ligar crianças e famílias a serviços adequados. Do mesmo modo, programas mais alargados de protecção, cuidados e apoio, tais como transferências sociais e cuidados sociais, podem contribuir para identificar as crianças e famílias que necessitam de serviços do HIV e apoiar a utilização de serviços e a retenção no tratamento e atendimento. Além disso, uma vez que está a ocorrer um número cada vez menor de novas infecções em crianças devido ao sucesso de programas de PTV, é necessário que se encontrem formas inovadoras de identificar bebés e crianças que vivem com o HIV e garantir que os que vivem com o HIV recebam tratamento e cuidados ao longo da vida. 2a DÉCADA Para se obter melhores resultados para os adolescentes na Segunda Década, a ênfase James, de 11 anos, viveu com a tia durante 4 anos depois que os seus pais morreram do HIV em Freetown, Serra Leoa. Ela expulsou-o depois de descobrir que ele também estava infectado. Ele agora vive na rua. ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA geral da programação da UNICEF deve deixar de incidir nos “jovens” (15-24 anos) para passar a um enfoque mais direccionado aos adolescentes (10-19 anos). A UNICEF apoiará os países em fortalecer abordagens abrangentes em relação à prevenção, tratamento e cuidados do HIV e prestação de serviços integrados para adolescentes, com ênfase no incremento das intervenções de grande impacto e de eficácia comprovada e adaptadas ao contexto. A UNICEF irá ainda fazer advocacia de mais instrumentos focalizados em facilitadores críticos e sinergias de desenvolvimento para fazer face às desigualdades estruturais e condições que exacerbam a vulnerabilidade do adolescente ao HIV, como por exemplo os comportamentos de risco de contrair o HIV associados à violência baseada no género e pobreza crónica. Os investimentos ligados ao HIV em sinergias de desenvolvimento com impacto na QUADRO 2: Planificação Com Base em Dados A aplicação da PLANIFICAÇÃO COM BASE EM DADOS, utilizando o Quadro do SISTEMA DE MONITORIA DE RESULTADOS PARA A EQUIDADE (MoRES) do UNICEF e a Abordagem de Investimento da ONUSIDA, constituirá a espinha dorsal da acção a nível do país. As ferramentas do MoRES foram desenvolvidas com o objectivo de fortalecer os programas e alcançar melhores resultados para as CRIANÇAS MAIS DESFAVORECIDAS E EXCLUÍDAS. Com base num quadro determinante para identificar barreiras, nós de estrangulamento e factores que limitam ou contribuem para a realização dos resultados pretendidos, o MoRES preenche a lacuna existente entre a monitoria de rotina dos CONTRIBUTOS/PRODUTOS e a monitoria dos RESULTADOS DE ALTO NÍVEL ao fim de três a cinco anos através do fortalecimento e de uma maior frequência da MONITORIA INTERMÉDIA DOS RESULTADOS. vulnerabilidade ao HIV deverão ser alinhados ao contexto epidemiológico de cada país. Trabalhar em conjunto com sectores como a protecção da criança, protecção social e educação será fundamental para implementar intervenções destinadas a fazer face e ultrapassar as barreiras ao acesso ao tratamento e à retenção nos cuidados em adolescentes. Trabalhar com os países com vista a fortalecer a recolha e desagregação de dados sobre os adolescentes (10-19 anos) para informar a planificação dos programas e monitorar respostas nacionais são aspectos fulcrais que permitem ajudar os países a melhor adaptarem as suas respostas ao HIV em adolescentes. Será dada prioridade a três grandes grupos de adolescentes em maior risco de exposição ao HIV, nomeadamente as raparigas adolescentes em epidemias generalizadas, assim como adolescentes que vivem com o HIV e populações chave de adolescentes em todas as tipologias de epidemias. Os adolescentes que vivem com o HIV constituem uma nova área prioritária importante para a UNICEF e incluem os adolescentes que foram infectados através da transmissão vertical e os infectados durante a adolescência devido à prática de sexo não seguro ou partilha de material de injecção contaminado. Será dada uma ênfase especial à necessidade de apoiar os países a avaliar os actuais programas para os adolescentes e a reprogramar a utilização da Abordagem de Investimento da ONUSIDA e o Sistema de Monitoria de Resultados para a Equidade (MoRES), que são ferramentas de planificação baseados em dados (vide Quadro 2). nas Duas DÉCADAS Durante as primeiras duas décadas de vida, é necessária uma resposta multissecto- 14-15 PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 rial sólida, com resultados para crianças afectadas e infectadas pelo HIV integrada na programação da UNICEF – protecção da criança, educação, nutrição, protecção social, água e saneamento, questões de saúde mais gerais e situações de emergência. Será crucial a definição de papéis e responsabilidades com clareza a todos os níveis (Sede, Regional e Nacional). O equilíbrio das intervenções específicas e sensíveis ao HIV21 e a alocação concomitante de recursos aos vários sectores irá variar, dependendo da tipologia da epidemia, capacidade, défice de recursos e respostas ao HIV em curso. Em países com epidemias mistas22 em que as populações chave em maior risco de exposição ao HIV são as mais afectadas, os investimentos estratégicos em facilitadores críticos para abordar os factores determinantes estruturais que restringem o acesso e a cobertura de serviços de qualidade às populações marginalizadas (ex. leis punitivas e discriminatórias) serão particularmente importantes, assim como será fundamental o fortalecimento de outros sectores e sistemas de desenvolvimento para responderem com eficácia ao HIV (ex. saúde, educação, protecção da crianças, protecção social). Apesar do maior nível de acesso ao tratamento, o peso elevado da mortalidade relacionada ao HIV continua a ter um impacto devastador nas famílias, criando dificuldades financeiras, exclusão social e desgaste emocional nas crianças.23 os números absolutos de crianças órfãs devido ao SIDA mostram apenas uma ligeira redução de 17 milhões para 15 milhões a nível mundial até 2020. Como uma extensão da Abordagem de Investimento da ONUSIDA, será essencial ter uma concepção de investimento ao priorizar intervenções destinadas a mitigar o impacto do HIV e a fortalecer a resiliência das famílias e crianças vulneráveis. Deste modo, o trabalho da UNICEF de apoio aos países para que expandam programas de protecção social e da criança sensíveis ao HIV continuará a ser crucial e abarcará a programação referente às duas décadas da infância. A expansão do apoio económico e dos cuidados sociais familiares continuarão a ser uma prioridade para fortalecer a resiliência (sinergia de desenvolvimento) e garantir o acesso equitativo de crianças, adolescentes e famílias à prevenção, tratamento e cuidados do HIV (facilitador crítico). Um aspecto central para a obtenção de impactos específicos ao HIV será o conhecimento aprofundado dos factores determinantes sociais de risco e vulnerabilidade ao HIV, incluindo a pobreza, desigualdade, exclusão social e normas de género com impacto no risco e transmissão do HIV. Também será dado um grande destaque à ligação do trabalho da UNICEF com o objectivo de mitigar os impactos do HIV em crianças e famílias visando assegurar que as crianças que nascem de mães que vivem com o HIV sejam identificadas, encaminhadas e retidas nos cuidados e que todas as crianças e famílias que vivem com o HIV recebam tratamento permanente. Um aspecto importante é que a nova Visão da UNICEF em relação à sua programação para o HIV/SIDA terá que ser aplicada ao nosso trabalho na área do HIV em situações frágeis e humanitárias para que as populações em risco e afectadas por situações de emergência não sejam excluídas da programação e não desistam do tratamento e cuidados. Uma prioridade do trabalho da UNICEF em situações de emergência será testar e fornecer ARVs, sempre que se justifique, a mulheres grávidas e crianças e garantir um tratamento contínuo para mulheres e crianças necessitadas. Todavia, ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA a resposta deverá ser contextualizada de modo a responder às necessidades únicas da crise particular. O nosso trabalho de apoiar a expansão dos programas do HIV nos países deverá também prestar uma maior atenção à necessidade de garantir que a programação seja resiliente ao número cada vez maior de emergências, particularmente as resultantes da instabilidade ambiental. OPERACIONALIZAÇÃO DA VISÃO DA UNICEF Embora a resposta nacional varie de acordo com o tipo de epidemia, trajectória e Parteira Marie-Colombe desloca-se na sua motorizada pelas zonas rurais da Costa do Marfim para fazer consultas pré-natais às mulheres grávidas e administrar-lhes o teste do HIV. contexto do país, é imperioso que todas as representações da UNICEF nos diferentes países apliquem o seu trabalho às duas décadas de infância através de uma combinação de seis estratégias: 1) Monitoria de resultados para a equidade; 2) Integração e prestação de serviços a níveis descentralizados; 3) Inovação para uma prestação de serviços simplificada e optimizada; 4) Parcerias estratégicas e envolvimento comunitário; 5) Utilização e evidências e promoção da cooperação Sul-Sul; 6) Diálogo político, advocacia e comunicação. A visão de uma geração livre do SIDA será realizada em todos os escritórios de representação através de mecanismos de gestão que delegam responsabilidades aos sectores do programa para a Primeira e Segunda Décadas de Vida com o objectivo de alcançar os resultados do Plano Estratégico do HIV. Quer os países de elevada prevalência/mais afectados como os países com epidemias mistas necessitarão de pessoal dedicado à programação específica ao HIV com o objectivo de reduzir novas infecções e a morbilidade e mortalidade relacionadas com o HIV e uma programação sensível ao HIV para apoiar os esforços de mitigação. Embora nem todos os países tenham uma secção dedicada ao HIV em si, é necessária uma liderança do HIV com responsabilidades específicas ao HIV em todos os escritórios de representação para se entender a situação da Criança e SIDA e orientar devidamente a resposta da UNICEF, e também orientar os esforços dos parceiros nacionais para alcançar uma geração livre do SIDA. Caso não exista uma secção do HIV, será fundamental que haja pessoal com o conjunto certo de competências e habilidades na área do HIV para orientar e se responsabilizar pelos resultados do HIV da UNICEF e pelos compromissos para com as crianças (vide a Tabela 1 em baixo). O Sistema de Monitoria de Resultados para a Equidade (MoRES), incluindo a análise das barreiras, será aplicado para apoiar os países a nível nacional e descentralizado a informar a planificação do programa para intervenções de grande impacto e a monitorar sistematicamente os resultados de oferta, procura, qualidade e ambiente favorável como forma de tirar proveito dos orçamentos e das parcerias nos diferentes sectores dentro e fora da UNICEF. Os esforços regionais e nacionais definirão os melhores mecanismos para garantir que os dados colectados a partir dos processos MoRES informem e fortaleçam as Abordagens de Investimento nacionais. Para se poder operacionalizar a visão de 16-17 PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 uma geração livre do SIDA a nível nacional, a UNICEF irá trabalhar em colaboração com os intervenientes nacionais e os principais parceiros para melhor entender o contexto epidémico e as respostas com o objectivo de optimizar a realização de intervenções de grande impacto, baseadas em evidências e informadas sobre o risco nas áreas de prevenção, tratamento e protecção social e da criança, cuidados e apoio. A nível regional, a UNICEF irá orientar os parceiros na identificação de desafios e oportunidades regionais específicos relacionados com uma “geração livre do SIDA”; apoiar os países através de assistência técnica e controle de qualidade para planificar, monitorar e reportar o progresso e o impacto; documentar cientificamente as boas práticas; orientar e liderar as parcerias regionais com o objectivo de operacionalizar uma resposta à “geração livre do SIDA” através do aproveitamento de recursos, vontade política e compromisso sólido das comunidades em relação às crianças e adolescentes. A Sede é responsável por definir as estratégias globais do HIV da UNICEF, alinhar as estratégias com os esforços dos parceiros; apoiar a definição de padrões e orientações normativos; contribuir para moldar os mercados de medicamentos e equipa- TABELA 1: Uma Resposta ‘Crianças e SIDA’ na Primeira e Segunda Décadas de Vida 1a DÉCADA 2 a DÉCADA Chefiado por (sugestão): Chefiado por (sugestão): Representante Adjunto (nos casos em que o HIV está integrado) ou Chefe do HIV Chefe do HIV ou Saúde Sectores que Contribuem (consoante os casos): ECD, Educação, Política Social, Protecção da Criança, Divisão de Abastecimento, Género / Deficiência e Direitos, Comunicação para o Desenvolvimento, Emergências, Água e Saneamento Foco Principal da População: Mulheres grávidas, mães e crianças (<5 anos) Foco Geográfico: • Global, com apoio intensificado para 22 países mais afectados do Plano Global de eTV • Listas de prioridades dos Escritórios Regionais para: TACRO, MENA, CEE/CIS, ROSA EAPRO para efeitos de validação e certificação Sectores que Contribuem (consoante os casos): Protecção da Criança, Educação, Saúde, ADAP, Género/Deficiência e Direitos, Política Social, Divisão de Abastecimento, C4D, Emergências, Nutrição e Água e Saneamento Foco Principal da População: Raparigas Adolescentes em epidemias generalizadas e populações chave de adolescentes em todos os tipos de epidemias (essencialmente adolescentes do sexo masculino que praticam sexo com outros indivíduos do sexo masculino, adolescentes toxicodependentes, crianças exploradas na indústria do sexo e adolescentes mais velhos envolvidos no trabalho sexual) Foco Geográfico: • Global, com maior ênfase nos 38 países prioritários da ONUSIDA • Perfis epidemiológicos dos Escritórios Regionais para adolescentes dos 10-19 anos determinam as prioridades anuais, dada a prevalência, incidência e/ou exclusão social das populações chave de adolescentes afectadas pelo HIV. As Parcerias para uma Geração Livre do SIDA para financiamento, apoio técnico e implementação de programas para crianças nas duas décadas da infância devem ser entendidas e devidamente incentivadas e fortalecidas nos escritórios de representação. Isto inclui o aproveitamento dos recursos do Fundo Global para o SIDA, Tuberculose e Malária, UNITAID, de fundações privadas e outras para o programa Criança e SIDA; envolvimento na elaboração de Planos Operacionais Nacionais do PEPFAR (COP) e outras estratégias bilaterais do HIV, tais como AUSAID, ACDI, União Europeia, ASDI e DFID; envolvimento para garantir o financiamento nacional à resposta ao SIDA. ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA mentos do HIV; monitoriar o progresso da UNICEF em relação ao Plano Estratégico 2014-1017 e responsabilização global; prestar apoio técnico às intervenções / políticas inovadoras e oportunas; apoiar os esforços para o aproveitamento de recursos, acção; e expor a UNICEF como líder de conhecimento sobre “Crianças e SIDA”. PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA VISÃO AS CRIANÇAS E AS SUAS FAMÍLIAS ESTÃO PROTEGIDAS DA INFECÇÃO PELO HIV E VIVEM LIVRES DO SIDA UNICEF PARA A PROGRAMAÇÃO E PRINCIPAIS INDICADORES DE DESEMPENHO Igualdade de género e direitos humanos como elementos centrais de equidade A UNICEF adopta uma abordagem abrangente e integrada das necessidades e direitos da criança em diferentes etapas do ciclo de vida num contexto mais vasto de promoção dos direitos humanos, igualdade e equidade de género. Isto implica o fortalecimento de sistemas e a criação de ligações fortes entre serviços (ex. nutrição, serviços de saúde materna e infantil, educação, protecção da criança e protecção social) com vista a aumentar a probabilidade de as crianças nascerem livres do HIV, manterem-se livres do HIV e serem protegidas das consequências negativas da epidemia. Trabalhar rumo à realização progressiva dos direitos humanos para todas as crianças, através de investimentos focalizados e direccionados que produzam impactos de base ampla sobre as populações constitui um princípio orientador da programação da UNICEF. Indicadores Chave de Desempenho O Plano Estratégico 2014-2017 apresenta sete resultados ao longo do espectro do bem-estar da criança para o qual a UNICEF irá contribuir em parceria com os governos e outros parceiros. Em relação ao HIV, o resultado principal é o maior acesso equitativo e utilização de intervenções do HIV comprovadas de modo a proteger as crianças da infecção e garantir que as mesmas se mantenham livres do SIDA. O impacto do trabalho e da programação global da UNICEF será medido com base no seu desempenho em relação aos principais indicadores relacionados com o HIV e SIDA, que contribuem para este resultado. Os indicadores chave de desempenho da UNICEF em relação aos quais haverá um acompanhamento como parte do Plano Estratégico 2014-2017 são os seguintes: • Percentagem de países com pelo menos 80% de cobertura do tratamento antiretroviral (TARV) em raparigas e rapazes elegíveis dos 0-14 anos e raparigas e rapazes adolescentes dos 10-19 anos • Percentagem de países que oferecem pelo menos 80% de cobertura de regimes triplos de medicamentos para todas as mulheres grávidas que vivem com o HIV • Percentagem de países em que pelo menos 50% do orçamento geral para o HIV/ SIDA é financiado por recursos internos • Percentagem de países com um aumento de pelo menos 25% no uso do preservativo pelas populações adolescentes • Número e percentagem de pessoas em situações humanitárias que têm acesso à prevenção e tratamento do HIV. Um aspecto importante é que estes indica- PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 dores reflectem as responsabilidades da UNICEF e contribuem para a realização das metas globais associadas aos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), o Plano Global de Eliminação de Novas Infecções pelo HIV em Crianças até 2015 e Mantendo as Mães Vivas e a Declaração Política das Nações Unidas sobre o HIV: Intensificar os nossos Esforços para Eliminar o HIV/SIDA (2011). As metas globais e os indicadores do Plano Estratégico são discutidos em maior pormenor no Anexo 1. QUADRO 3: Importância da abordagem baseada em direitos humanos para a resposta à Criança e SIDA A UNICEF possui o mandato da Assembleia Geral das Nações Unidas e é instruído pela Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança (CRC) para defender a protecção total dos DIREITOS DA CRIANÇA. Estes incluem direitos civis, políticos, sociais, económicos e culturais, assim como o DIREITO À SAÚDE. Os DIREITOS HUMANOS e o HIV são indissociáveis. A falta de respeito aos direitos humanos estimula a propagação do HIV e exacerba o IMPACTO DA EPIDEMIA nas crianças e famílias. A DESIGUALDADE DE GÉNERO, por exemplo, aumenta a vulnerabilidade das mulheres e das raparigas à infecção pelo HIV, em particular nos casos em que a informação sobre o HIV adequada à idade e os SERVIÇOS DE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA necessários à prevenção da infecção pelo HIV são inexistentes ou inacessíveis. Além disso, o estigma e a discriminação contra as pessoas que VIVEM OU SÃO AFECTADAS PELO HIV muitas vezes impedem o acesso a serviços essenciais de prevenção, tratamento, cuidados e apoio ao HIV, afectando igualmente outros direitos, tais como a não discriminação no emprego, o direito à educação, direitos de propriedade e o acesso à justiça quando os direitos são violados. O ESTIGMA E A DISCRIMINAÇÃO são muitas vezes particularmente pronunciados nas populações socialmente excluídas (ex. trabalhadores sexuais, pessoas, transsexuais, homens que praticam sexo com outros homens ou toxicodependentes) e suas famílias, bem como adolescentes em maior risco de exposição ao HIV. Por isso, promover a realização plena de todos os direitos humanos e ELIMINAR O ESTIGMA e a discriminação contra as pessoas que vivem com o HIV, afectadas e vulneráveis ao HIV, incluindo crianças e adolescentes, é crucial para PREVENIR A PROPAGAÇÃO DO HIV, mitigar os IMPACTOS sociais e económicos DA EPIDEMIA e alcançar uma geração livre do SIDA. Isto implica (entre outros aspectos) trabalhar no sentido de FORTALECER as leis, políticas e estratégias ANTI-DISCRIMINAÇÃO para proteger as crianças e famílias infectadas e afectadas pelo HIV e REJEITAR LEIS E DISPOSIÇÕES PUNITIVAS que prejudicam as populações socialmente excluídas e as colocam em maior risco de infecção. PRINCIPAIS REFERÊNCIAS: Convention on the Rights of the Child. General Comment no. 3 HIV/AIDS and the Rights of the Child (2003); United Nations Political Declaration on HIV/AIDS: Intensifying our Efforts to Eliminate HIV and AIDS (2011); Global Commission on HIV and the Law. Risks, Rights, and Health (2012). 18-19 ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS para MELHORES RESULTADOS ESTRATÉGIA 1: MONITORIA DOS RESULTADOS PARA A EQUIDADE Monitorar os resultados em termos de equidade com enfoque na avaliação e resposta às disparidades no acesso, cobertura e qualidade das intervenções do HIV de grande impacto, em especial para as populações socialmente excluídas. ESTRATÉGIA 2: INTEGRAÇÃO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A NÍVEIS DESCENTRALIZADOS Serviços de HIV Capacitação a nível nacional e sub-nacional com o objectivo de integrar o HIV e outros serviços de saúde, educação, protecção da criança e social, bem como implementar uma gestão e prestação de serviços descentralizadas. ESTRATÉGIA 3: INOVAÇÃO PARA UMA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS SIMPLIFICADA E OPTIMIZADA Acelerar os resultados através de inovações tecnológicas e programáticas que simplificam as abordagens de aumento da cobertura, acesso e qualidade das intervenções de tratamento e prevenção de grande impacto. ESTRATÉGIA 4: PARCEIROS ESTRATÉGICOS E ENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO Criar parcerias efectivas para capitalizar os recursos e acções e lutar pela participação das comunidades no desenho programático, prestação de serviços, criação da procura e monitoria e avaliação. ESTRATÉGIA 5: UTILIZAÇÃO DE EVIDÊNCIAS E PROMOÇÃO DA COOPERAÇÃO SUL-SUL Apoiar a produção, disseminação e utilização de conhecimento pelo pessoal e parceiros, posicionando a UNICEF e os parceiros do Sul como líderes de conhecimento sobre a criança e o SIDA. ESTRATÉGIA 6: DIÁLOGO POLÍTICO, ADVOCACIA E COMUNICAÇÃO Melhorar a programação e os resultados das políticas para as crianças através de uma comunicação estratégica e esforços de advocacia eficazes. A aplicação e implementação destas seis estratégias e da Abordagem de Investimento da ONUSIDA deverão variar de acordo com a região e o país, tipologia da epidemia, planos e prioridades nacionais, análise da situação nacional, vantagem comparativa da UNICEF em relação aos seus parceiros e à disponibilidade de recursos humanos e financeiros. PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 ESTRATÉGIA 1: MONITORIA DOS RESULTADOS PARA A EQUIDADE Monitorar os resultados em termos de equidade com enfoque na avaliação e resposta às disparidades no acesso, cobertura e qualidade das intervenções do HIV de grande impacto, em especial para as populações socialmente excluídas. Promover a equidade no acesso e utilização dos serviços para obter resultados para as crianças, as famílias e as comunidades mais desfavorecidas e excluídas constitui o fulcro do trabalho da UNICEF. No entanto, factores de vária ordem (ex. localização geográfica, emergências, desigualdade de género, situação económica, exclusão social, etnicidade e normas culturais e sociais) tem contribuído para a existência de disparidades persistentes na resposta ao SIDA. A UNICEF deverá orientar e fortalecer os sistemas e análises dos dados a nível nacional e descentralizado com o objectivo de entender a situação, identificar lacunas na resposta e atender aos factores determinantes sociais do HIV nas duas décadas da infância que afectam a implementação de intervenções de grande impacto. A planificação e gestão com base em dados a nível nacional e descentralizado deverão incluir um forte envolvimento das comunidades e a participação de organizações da sociedade civil, incluindo mulheres e adolescentes que vivem com o HIV. 20-21 ESTRATÉGIA 2: INTEGRAÇÃO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A NÍVEIS DESCENTRALIZADOS Capacitação a nível nacional e sub-nacional com o objectivo de integrar o HIV e outros serviços de saúde, educação, protecção da criança e social, bem como implementar uma gestão e prestação de serviços descentralizadas. Uma geração livre do SIDA não será alcançada através de uma programação para o HIV em “silos”. Como forma de optimizar a eficácia e a eficiência, a UNICEF irá trabalhar nos sectores para melhor alinhar e integrar os serviços do HIV onde for necessário. A UNICEF irá trabalhar a nível nacional e sub-nacional para criar um impacto na integração dos serviços e melhorar as ligações de referência na plataforma de Saúde Materna, Neonatal e Infantil (SMNI) e outros pontos de prestação de serviços, tais como a nutrição, serviços de saúde infantil nas comunidades, planeamento familiar, HIV e programas de toxicodependência. Simultaneamente, serão identificadas e fortalecidas sinergias entre os sectores do HIV, Saúde, Nutrição, Protecção da Criança, Política Social e Educação para se tirar proveito de resultados melhores e mais equitativos para as crianças e adolescentes no contexto do HIV e SIDA. Um aspecto crucial será a melhoria dos sistemas de capacitação para desenvolver uma programação mais informada sobre risco nos sectores de modo a melhorar o acesso e a prevenir a descontinuação de serviços na sequência de crises. A UNICEF deverá ainda garantir que Serviços de HIV ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA as intervenções de cuidados e apoio para crianças afectadas pelo SIDA sejam melhor integradas nos sistemas de protecção da criança e de protecção social e garantir que estes programas sejam sensíveis ao género. Para se obter resultados de prevenção e tratamento para raparigas e rapazes adolescentes, serão estabelecidas parcerias efectivas nos sectores para o aproveitamento dos recursos e apoio para um maior impacto. ESTRATÉGIA 3: INOVAÇÃO PARA UMA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS SIMPLIFICADA E OPTIMIZADA Acelerar os resultados através de inovações tecnológicas e programáticas que simplificam as abordagens de aumento da cobertura, acesso e qualidade das intervenções de tratamento e prevenção de grande impacto. A inovação é uma estratégia fundamental para acelerar o progresso. Para se conseguir melhores resultados, especialmente nos mais desfavorecidos e excluídos, a UNICEF apoiará a adaptação e imple- mentação local de inovações tecnológicas e programáticas com vista a simplificar e optimizar a cobertura, o acesso e a qualidade das intervenções de grande impacto. Isto inclui promover o desenvolvimento e a implementação de Casos de Investimento no HIV com base na Abordagem de Investimento no HIV da ONUSIDA. A simplificação é um catalisador essencial de uma maior cobertura de intervenções de grande impacto que reduzem o risco, a transmissão, a morbilidade e a mortalidade causados pelo HIV. Por exemplo, prover um regime de tratamento padrão a todas as mulheres grávidas HIV positivas tem o potencial de simplificar a planificação e gestão de programas, assim como a prestação de serviços. Para tal fim, a UNICEF apoiará os países na adopção de um comprimido único diário, como regime de tratamento de primeira linha em dose fixa para todos os adultos e adolescentes que vivem com o HIV, incluindo mulheres grávidas e raparigas e trabalhará igualmente com os parceiros com o objectivo de simplificar, padronizar e reduzir o preço de formulações antiretrovirais para crianças mais pequenas. A UNICEF trabalhará com os governos para introduzir o diagnóstico no local de atendimento e facilitar a descentralização do uso INOVAÇÃO COM VISTA À SIMPLIFICAÇÃO PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 destas tecnologias ao nível de atendimento mais baixo. Ao mesmo tempo, irá envolver activamente as comunidades para determinar as melhores formas de aumentar o acesso, a cobertura e a retenção nos serviços. Sempre que for possível, serão apoiados os serviços que facilitam a cobertura de grupos e comunidades marginalizados. A UNICEF promoverá igualmente a utilização e o incremento de inovações tecnológicas e programáticas, tais como as tecnologias de SMS e redes sociais para ultrapassar as barreiras de acesso ao tratamento e cuidados; smart cards e outras inovações destinadas a rastrear melhor as mulheres, crianças e adolescentes ao longo dos cuidados continuados de saúde e melhorar a prestação de serviços; incentivos, incluindo transferências em dinheiro, destinados a promover o acesso aos cuidados por parte das crianças, adolescentes e suas famílias. ESTRATÉGIA 4: PARCEIROS ESTRATÉGICOS E ENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO Criar parcerias efectivas para capitalizar os recursos e acções e lutar pela participação das comunidades no desenho programático, prestação de serviços, criação de demanda e monitoria e avaliação. Para alcançar uma geração livre do SIDA, as parcerias estratégicas e o envolvimento comunitário para uma visão comum e responsabilização são mais críticos do que nunca. 22-23 Embora o volume de investimentos internacionais em resposta ao SIDA tenha aumentado ligeiramente em 2012, um défice de recursos continua a ameaçar o progresso conseguido e a prevenção de novas infecções.24 Isto constitui um desafio para fazermos mais com menos, sermos mais inteligentes com os nossos investimentos e sermos mais estratégicos com as nossas parcerias. Na qualidade de Co-patrocinador da ONUSIDA, a UNICEF tem desempenhado um papel de vanguarda na resposta global ao HIV e SIDA para as crianças, adolescentes e mulheres, conforme o estabelecido em Divisão do Trabalho e Quadro Orçamental de Resultados e de Responsabilização da ONUSIDA (Division of Labour and Budget, Results and Accountability Framework UBRAF). A UNICEF convoca a Equipa Interagências alargada para a Prevenção da Infecção pelo HIV nas Mulheres Grávidas, Mães e seus Filhos (em conjunto com a OMS); a Equipa Interagências para o HIV e Jovens (em conjunto com o FNUAP) e a Equipa Interagências para as Crianças Afectadas pelo HIV e SIDA, incluindo o Grupo de Trabalho de Protecção Social, Cuidados e Apoio (em conjunto com o Banco Mundial). Dentro de cada área chave do seu mandato, a UNICEF co-lidera a formulação de orientações normativas com base em evidências, a prestação de apoio técnico a nível regional e nacional, assim como o acompanhamento e disseminação de resultados. Um aspecto crucial para se alcançar a visão da UNICEF será o envolvimento e a participação significativa de pessoas que vivem com o HIV, incluindo os adolescentes e jovens, na planificação, programação ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA e implementação da resposta em determinados contextos nacionais e sub-nacionais. A UNICEF irá fortalecer as parcerias com as organizações baseadas na comunidade em apoio a um envolvimento mais activo nos processos de planificação descentralizada, gestão e monitoria; prestação de serviços e criação de demanda; esforços de advocacia globais regionais e nacionais; esforços para lidar com a problemática do estigma e discriminação e promover os direitos humanos. A nível global, a UNICEF continuará a mobilizar e a capitalizar dos resultados das três Equipas Interagências (Inter-Agency Task Team - IATT), Fundo Global, Secretariado da ONUSIDA, Co-patrocinadores da ONUSIDA, UNITAID, PEPFAR e outros doadores bilaterais, ONG e o sector privado. A nível regional, a UNICEF irá liderar os parceiros nos desafios e oportunidades regionais específicos relacionados com uma “geração livre do SIDA”; produzir evidências sobre disparidades a nível dos países e programas adequados para atender a estas disparidades; apoiar os países para que possam planificar, monitorar e reportar o progresso e o impacto; orientar parcerias regionais para a operacionalização de uma resposta à “geração livre do SIDA” a nível interno e externo. A nível dos países, a UNICEF deverá analisar dados nacionais e sub-nacionais para alavancar os governos nacionais, parceiros de implementação e iniciativas existentes, tais como “Uma Promessa Renovada”, com a finalidade de colectivamente apoiar programas nacionais para que possam alcançar e monitorar melhores resultados específicos ao HIV ligados às crianças. STRATÉGIA 5: UTILIZAÇÃO DE E EVIDÊNCIAS E PROMOÇÃO DA COOPERAÇÃO SUL-SUL Apoiar a produção, disseminação e utilização do conhecimento pelo pessoal e parceiros, posicionando a UNICEF e os parceiros do Sul como líderes de conhecimento sobre a criança e o SIDA. A UNICEF é uma fonte fidedigna de evidências e abordagens mais recentes da programação baseada em direitos para crianças e famílias. Na qualidade de líder do conhecimento sobre as crianças e o SIDA, a UNICEF continuará a apoiar a tradução TRADUZIR EVIDÊNCIAS EM POLÍTICAS E ACÇÃO PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 das evidências em políticas e programação e continuará também a testar, avaliar e incrementar novas ideias. O enfoque da UNICEF incidirá em três áreas: 1) Produção de conhecimento; 2) Síntese e disseminação do conhecimento; 3) Utilização do conhecimento, com enfoque na cooperação Sul-Sul. A geração de conhecimento incluirá o fortalecimento da recolha e gestão de dados a níveis descentralizados e a advocacia a favor da desagregação de dados existentes (em particular referentes aos adolescentes dos 10-19 anos), que podem ser utilizados para monitorar os resultados em termos de equidade. Também implicará trabalho em colaboração com o Centro de Pesquisa Innocenti da UNICEF para apoiar os países e as regiões no desenvolvimento e implementação da pesquisa operacional, tendo em vista melhorar a programação e a prestação de serviços. A UNICEF criará igualmente oportunidades para a partilha de conhecimento experimental e tácito através de mecanismos como webinars e comunidades virtuais de prática. As áreas de síntese e disseminação de conhecimentos implicarão sintetizar, traduzir e disseminar as evidências e inovações científicas e programáticas mais recentes por várias audiências através de diversas plataformas, nomeadamente ferramentas virtuais interactivas (webinars, comunidades de prática, órgãos de comunicação social, etc.). Os mecanismos virtuais serão particularmente importantes para comunicar, envolver e conhecer as regiões, países e parceiros de uma forma mais eficiente em termos de custos, com enfoque no intercâmbio Sul-Sul. Além disso, será priorizado o fortalecimento da forma como a UNICEF rastreia e monitora a disseminação do conhecimento e a avaliação do seu impacto nas 24-25 Uma rapariga de 16 anos olha para a paisagem de tendas no campo de deslocados onde vive em Port-au-Prince, Haiti. Ela está grávida de seis meses e vive com o HIV. Recebe cuidados pré-natais e tratamento do HIV de uma clínica comunitária apoiada pelo UNICEF ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA políticas e práticas – a maneira como o conhecimento é utilizado. ESTRATÉGIA 6: PDIÁLOGO POLÍTICO, ADVOCACIA E COMUNICAÇÃO Melhorar a programação e os resultados das políticas para as crianças através de uma comunicação estratégica e esforços de advocacia eficazes. Um aspecto vital para se alcançar uma geração livre do SIDA é continuar a colocar as crianças no centro da resposta ao SIDA através de uma advocacia e comunicação efectivas, alinhadas com as prioridades da programação na Primeira e Segunda Décadas de vida. Incentivar a criação de um ambiente favorável que melhore os resultados da programação para as crianças, os esforços de advocacia, incluindo a continuação da Campanha “Juntos pelas Crianças, Juntos Contra o SIDA”, é uma acção que irá apoiar e promover a visão e as principais estratégias da UNICEF para atingir melhores resultados para as mulheres grávidas, crianças e adolescentes. A UNICEF deve ser mais arrojada como voz em favor das crianças, elevando-a para quebrar o silêncio em torno de tabus e práticas que fomentam a epidemia. Tal implica tomar uma posição forte e visível sobre questões cruciais ligadas aos direitos humanos e da criança, tais como o casamento precoce, a mutilação genital feminina, a exploração sexual, a violência baseada no género, a homofobia e leis punitivas de drogas. Para alcançar as suas metas de advocacia, a UNICEF aproveitará as suas vantagens comparativas e os seus pontos fortes, incluindo o poder de convocação das Nações Unidas junto aos governos e outros parceiros; o alcance do mandato da UNICEF nos diversos sectores e no ciclo de vida das crianças dentro de um enfoque de fortalecimento de sistemas; capacidade institucional da UNICEF em comunicação e advocacia. Os Comités Nacionais da UNICEF continuarão a ser defensores e influenciadores importantes da resposta ao SIDA, não apenas através da advocacia junto aos seus governos, mas também através dos seus esforços de angariação de fundos. PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 NOSSA PROMESSA – E NOSSO DESAFIO Esta Visão é a nossa promessa — e o nosso desafio — de alcançar uma geração livre do SIDA para as crianças e com as crianças. A visão de um mundo em que todas as crianças e famílias estejam protegidas da infecção pelo HIV e vivam livres do SIDA é ambiciosa, mas exequível – e é a coisa certa a fazer. Ao aproveitarmos as oportunidades deste momento histórico ímpar, continuará a haver desafios por ultrapassar – mas eles não nos irão desencorajar-. A UNICEF continuará a trabalhar com paixão, perseverança e empenho no sentido de promover e garantir os direitos, a saúde e o bem-estar de todas as crianças e famílias e alcançar uma geração livre do SIDA. 26-27 Uma professora ajuda James, de dez anos, a escrever no quadro durante uma aula de inglês no Uganda. James, cuja família tem dificuldades de pagar as propinas da escola, uma vez que os pais morreram devido a problemas relacionados com o SIDA, está agora a receber assistência de um programa que conta com o apoio da UNICEF. ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA ANEXO 1: SUMÁRIO DOS COMPROMISSOS GLOBAIS E PLANO ESTRATÉGICO 2014-2017 I. Compromissos Globais da UNICEF IMPACTO COMPROMISSOS GLOBAIS RELEVANTES AO HIV E SIDA Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) e Metas Reduzir a mortalidade infantil (ODM 4) • Reduzir em dois terços a taxa de mortalidade em menores de cinco anos entre 1990 e 2015 (Meta 4A) Melhorar a saúde materna (ODM 5) • Reduzir em três quartos o rácio de mortalidade materna (Meta 5A) • Alcançar o acesso universal para a saúde reprodutiva (Meta 5B) Combater o HIV/SIDA, a Malária e Outras Doenças (ODM 6) • Ter travado até 2015 e começado a inverter a propagação do HIV/SIDA (Meta 6A) o Prevalência do HIV na população dos 15-24 anos o Uso do preservativo durante a última relação sexual de alto risco Para todas as crianças: DIREITOS, EQUIDADE, RESILIÊNCIA o Proporção da população dos 15-24 anos com um conhecimento completo e correcto do HIV/SIDA o Rácio de frequência escolar de órfãos por frequência escolar de não órfãos dos 10-14 anos Declaração Política das Nações Unidas sobre o HIV/SIDA: Intensificar os Nossos Esforços para Eliminar o HIV e SIDA • Reduzir a transmissão sexual do HIV em 50% (Meta 1) • Reduzir a transmissão do HIV em toxicodependentes em 50% até 2015 (Meta 2) • Eliminar a transmissão vertical de mãe para filho e reduzir substancialmente as mortes maternas relacionadas com o HIV (Meta 3) • Ter 15 milhões de pessoas em tratamento anti-retroviral (Meta 4) • Facilitadores críticos e sinergias com os sectores de desenvolvimento (Meta 7) Plano Global de Eliminação de Novas Infecções pelo HIV nas Crianças até 2015 e Manter as Mães Vivas • Reduzir em 90% o número de novas infecções pelo HIV na infância (Meta 1) • Reduzir em 50% o número de mortes maternas relacionadas com o HIV (Meta 2) Uma Promessa Renovada • Reduzir o número de mortes de menores de 5 anos para pelo menos 20 por 1.000 nascimentos vivos até 2035, ou se a o país já se encontra abaixo desse nível, manter o progresso, com enfoque na redução das desigualdades a nível subnacional. PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 II. R esultados e Indicadores Chave de Desempenho para o HIV e SIDA da Plano Estratégico do UNICEF, 2014-2017 RESULTADO 2: HIV E SIDA INDICADORES DE RESULTADOS P2. RESULTADO: Uso melhorado e equitativo de intervenções comprovadas de prevenção e tratamento do HIV por crianças, mulheres grávidas e adolescentes P2.1 Países com pelo menos 80% de cobertura do tratamento anti-retroviral (TARV) em raparigas e rapazes elegíveis dos 0-14 anos e raparigas e rapazes adolescentes elegíveis dos 10-19 anos P2.2 Os países têm pelo menos 80% de cobertura de regimes triplos de medicamentos para todas as mulheres grávidas que vivem com o HIV P2.3 Países em que pelo menos 50% de todo o orçamento geral destinado ao HIV e SIDA é financiado por intermédio de fontes internas P2.4 Países com pelo menos 25% de aumento no uso do preservativo por populações de adolescentes P2.5 Número e percentagem de pessoas em situações humanitárias que têm acesso à prevenção e tratamento do HIV PRODUTO A: Maior apoio a crianças e cuidadores para a adopção de comportamentos saudáveis relacionados ao HIV e SIDA e para a utilização de serviços relevantes, consistentes com o Quadro Orçamental, de Resultados e de Responsabilização da ONUSIDA P2.a.1 Países com representantes das comunidades incluídos nos relatórios e análises nacionais de dados sobre o HIV e SIDA P2.a.2 Países que têm estratégias abrangentes de comunicação para a mudança do comportamento social para adolescentes e jovens, incluindo as dos principais grupos populacionais P.2.a.3 Países em que 80% dos adolescentes identificam correctamente formas de prevenção da transmissão sexual do HIV nas zonas alvo (O número de jovens abrangidos pela UNICEF também deverá ser indicado) 28-29 ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA INDICADORES DE PRODUTOS PRODUTO B: Maior capacidade nacional de proporcionar o acesso a sistemas de prestação de serviços essenciais para o incremento de intervenções do HIV P2.b.1 Países em que pelo menos 80% dos adolescentes elegíveis do sexo masculino de 15-19 anos que vivem em zonas alvo recebem aconselhamento para a circuncisão médica voluntária (O número de adolescentes abrangidos pelo apoio da UNICEF também deverá ser indicado) P2.b.2 Países em que pelo menos 80% dos locais com cuidados pré-natais nas zonas alvo oferecem testagem do HIV e TARV (O número de mães abrangidas pelo apoio da UNICEF também deverá ser indicado) P2.b.3 Países em que pelo menos 50% das unidades sanitárias nas zonas alvo oferecem testagem e aconselhamento iniciados pelo provedor a crianças de 0-19 anos (O número de crianças abrangidas pelo apoio da UNICEF também deverá ser indicado) P2.b.4 Países em que pelo menos 80% dos contextos/unidades de cuidados pré-natais nas zonas alvo têm profissionais de saúde não médicos e oferecem tratamento anti-retroviral (O número de mães abrangidas pelo apoio da UNICEF também deverá ser indicado) PRODUTO C: Compromisso político, responsabilização e capacidade nacional fortalecidos para legislar, planificar e orçamentar com o objectivo de incrementar as intervenções de prevenção e tratamento do HIV e SIDA P2.c.1 Países que reportam dados desagregados sobre testagem do HIV e cobertura de TARV em adolescentes de 10-14 anos e 15-19 anos com o apoio da UNICEF por idade, sexo e principais grupos populacionais afectados P2.c.2 Países com planos e metas nacionais elaborados ou revistos com o apoio da UNICEF, reflectindo critérios claros e abrangentes para a abordagem do HIV nos adolescentes P2.c.3 Países com estratégias nacionais de protecção social e da criança que incluem elementos centrados no HIV e género formuladas ou revistas com o apoio da UNICEF P2.c.4 Países com políticas nacionais formuladas e revistas com o apoio da UNICEF para implementar acções de educação sobre a sexualidade e com base nas habilidades para a vida no ensino primário do segundo grau P2.c.5 Países em que pelo menos 50% dos serviços pré-natais em zonas alvo possuem mecanismos de responsabilização comunitária envolvendo mulheres e homens que vivem com o HIV PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 RESULTADO 2: HIV E SIDA continuação INDICADORES DE PRODUTOS PRODUTO D: Maior capacidade e prestação de serviços dos países para garantir que a vulnerabilidade à infecção pelo HIV não aumente e que as necessidades relacionadas com os cuidados, apoio e tratamento do HIV sejam atendidas em situações humanitárias P2.d.1 Número e percentagem de populações alvo da UNICEF com acesso à prevenção e tratamento do HIV e SIDA P2.d.2 Número e percentagem de populações alvo da UNICEF com mulheres grávidas seropositivas que iniciam ou continuam a receber TARV para prevenir a transmissão vertical de mãe para filho P2.d.3 Número e percentagem de crianças alvo da UNICEF que necessitam de tratamento e que continuam em TARV (continuam e/ou iniciam) PRODUTO E: Maior capacidade de os governos e parceiros, na qualidade de responsáveis morais, identificarem e responderem às principais dimensões de direitos humanos e igualdade de género do HIV e SIDA P2.e.1 Países com bases de dados nacionais sobre o HIV que fornecem dados desagregados sobre testagem e tratamento do HIV que permitam a identificação de barreiras e nós de estrangulamento que inibem a realização dos direitos das crianças desfavorecidas P2.e.2 Países que implementam intervenções sensíveis ao HIV para prevenir e responder a uma ou mais das seguintes questões: abuso sexual, violência baseada no género, início precoce da actividade sexual e exploração de raparigas e rapazes adolescentes pelo sexo comercial P2.e.3 Países que realizaram uma análise da política / estratégia do HIV sob uma perspectiva de género no actual ciclo do plano de desenvolvimento nacional com apoio da UNICEF PRODUTO F: Melhor capacidade global e regional de acelerar o progresso na área do HIV e SIDA P2.f.1 Número de iniciativas globais e regionais chave do HIV e SIDA em que a UNICEF co-lidera e/ou oferece apoio para a coordenação P2.f.2 Número de directivas e/ou documentos internacionais em revistas submetidos à revisão de pares sobre o HIV e SIDA e crianças em que a UNICEF é co-autor P2.f.3 Número de visitantes especiais aos sites de dados apoiados pela UNICEF sobre o HIV e SIDA P2.f.4 Número de citações especiais da UNICEF e de questões ligadas ao HIV e SIDA nos órgãos de informação P2.f.5 Proporção de países relevantes que monitoram e reportam conjuntos de indicadores importantes relacionados com a criança e o HIV e SIDA 30-31 ALCANÇAR UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA Davron, de seis anos, e Madina, de nove anos, vivem com o HIV. Eles estão a brincar no hospital de dia apoiado pela UNICEF no Uzbequistão. O centro oferece atendimento psicossocial, aconselhamento médico e jurídico e um ambiente livre de estigma e discriminação de crianças com HIV / SIDA e suas famílias. EQUIDADE, IGUALDADE DE GÉNERO E DIREITOS HUMANOS PROGRAMA DO HIV/SIDA DO UNICEF • VISÃO E RUMO A SEGUIR | 2014-2017 NOTAS FINAIS 1 Towards an improved investment approach for an effective response to HIV/AIDS, The Lancet, Volume 377, Issue 9782, Páginas 2031 - 2041, 11 de Junho de 2011. 2 Joint United Nations Programme on HIV/AIDS, Global Report. UNAIDS Report on the Global AIDS Epidemic 2013. UNAIDS, Geneva, 2013. 14 Garcia, Marito e Charity M. T. Moore. ‘The Cash Dividend: The rise of cash transfer programs in sub-Saharan Africa’, World Bank, Washington, D.C., 2012, disponível em <https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/2246>, accessed 16 March 2013. 15 Akwara, Priscilla A., et al., ‘Who is the Vulnerable Child? Using survey data to identify children at risk in the era of HIV and AIDS’, AIDS Care, vol. 22, no. 9, September 2010, pp. 1066–1085. Liu L, Johnson HL, Cousens S, et al, for the Child Health Epidemiology Reference group of WHO and UNICEF. Global Regional and National Causes of Child Mortality: An Updated Systematic Analysis for 2012 with Time Trends Since 2000. 16 UNICEF (2011), Taking Evidence to Impact: Making a difference for vulnerable children living in a world with HIV and AIDS. Consulte: http://www.unicef.org/eapro/TAKING_EVIDENCE_ TO_IMPACT_FINAL.pdf Joint United Nations Programme on HIV/AIDS, Global Report. UNAIDS Report on the Global AIDS Epidemic 2013. UNAIDS, Geneva, 2013. 17 UNICEF – Bases de dados globais, 2013. 18 UNDP Understanding and Acting on Critical Enablers and Development Synergies for Strategic Investments, Consulte http:// www.undp.org/content/undp/en/home/librarypage/hiv-aids/ understanding-and-acting-on-criticalenablers-and-development-sy. html 19 Cohen, Myron S., et. al., ‘Prevention of HIV-1 Infection with Early Antiretroviral Therapy’, The New England Journal of Medicine, vol. 365, no. 6, 11 August 2011, pp. 493–505. 20 Organização Mundial da Saúde, Orientação sobre a testagem e aconselhamento de casais – incluindo o tratamento anti-retroviral para o tratamento e prevenção em casais sero-discordantes, OMS, Genebra, 2012. 21 As intervenções específicas ao HIV referem-se àquelas cujo objectivo principal é contribuir para resultados relacionados com o HIV (por exemplo, a redução da incidência do HIV e a redução da morbilidade). Para as intervenções sensíveis ao HIV, um resultado do HIV é apenas um entre vários resultados pretendidos. Manter as raparigas na escola, por exemplo, pode ter uma grande variedade de impactos nos sectores de saúde e desenvolvimento, incluindo, mas sem se limitar à redução da vulnerabilidade ao HIV. 22 Apesar de ainda não se ter alcançado um consenso internacional sobre o significado preciso de uma “epidemia mista”, este termo está a ser cada vez mais usado para se referir a epidemias em que as populações chave e a população em geral contribuem significativamente para a transmissão do HIV. As epidemias mistas são geralmente consideradas epidemias generalizadas de baixo nível (com uma prevalência que varia de 2 a 5%), em combinação com taxas de transmissão muito mais altas nas populações chave (com uma prevalência acima de 15%). Para uma discussão mais aprofundada, consulte PEPFAR Technical Consultation Report on HIV Prevention In Mixed Epidemics: Accra, Ghana, 8–10 de Fevereiro de 2011. http://www.aidstar-one.com/sites/default/files/AIDSTAR One_MeetingReport_MixedEpidemics_Ghana_Feb2011.pdf 23 Nyberg BJ et al. (2012). Saving Lives for a Lifetime: Supporting Orphans and Vulnerable Youth Impacted by HIV/AIDS. JAIDS 60(3): S127-S135. 24 Joint United Nations Programme on HIV/AIDS, UNAIDS Report on the Global AIDS Epidemic 2013. UNAIDS, Geneva, 2013 (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/SIDA, Relatório da ONUSIDA sobre a Epidemia Global de SIDA 2013. ONUSIDA, Genebra, 2013. 3 Estimativas revistas da ONUSIDA 2012. 4 Joint United Nations Programme on HIV/AIDS, Global Report. UNAIDS Report on the Global AIDS Epidemic 2013. UNAIDS, Geneva, 2013. 5 World Health Organization, Trends in Maternal Mortality: 1990 to 2010, WHO, Geneva, 2010. 6 7 8 9 10 Geral Nº 3 sobre o “HIV/SIDA e os Direitos da Criança” em Novembro de 2003. Para mais informações, consulte http:// www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf/898586b1dc7b4043c1256a45 0044f331/309e8c3807aa8cb7c1256d2d0038caaa/$FILE/ G0340816.pdf. Consulte: Newell ML, Coovadia H, Cortina-Borja M et al. (2004) Mortality of infected and uninfected infants born to HIV-infected mothers in Africa: a pooled analysis. Lancet 364, 1236–1243; Filteau S. The exposed uninfected African child. Tropical Medicine and International Health 2009; 4(30): 276-287; Muhangi L, et al. Maternal HIV infection and other factors associated with growth outcomes of HIV-uninfected infants in Entebbe, Uganda. Public Health Nutrition. 2013; 18:1-10. Uma Promessa Renovada (A Promise Renewed) é um esforço liderado pela UNICEF, governos, sociedade civil, sector privado e outros para mobilizar o mundo no sentido de alcançar um objectivo ambicioso, mas exequível – acabar com as mortes evitáveis em crianças. A chamada para a acção de Uma Promessa Renovada é de: 1) mobilizar os líderes políticos para acabarem com as mortes evitáveis em crianças; 2) obter consenso sobre um roteiro global que destaque estratégias inovadoras e comprovadas destinadas a acelerar reduções na mortalidade infantil e 3) orientar uma acção colectiva sustentável e a responsabilização mútua. UNICEF, Opportunities in Crises, Preventing HIV from early adolescence to young adulthood UNICEF, New York, June 2011. 11 De acordo com as Directivas de Terminologia da ONUSIDA (2011), “populações chave em maior risco de exposição ao HIV” refere-se às pessoas mais susceptíveis de serem expostas ou de transmitirem o HIV. Em todos os países, as populações chave incluem as pessoas que vivem com o HIV, e na maioria dos países as populações chave incluem homens que praticam sexo com outros homens, transsexuais, pessoas que usam drogas injectáveis, trabalhadores sexuais e seus clientes e parceiros seronegativos em casais sero-discordantes. Neste documento, a ênfase recai sobre as populações chave adolescentes. Para mais informações, consulte. http://www.unaids.org/en/media/ unaids/contentassets/documents/unaidspublication/2011/ JC2118_terminology-guidelines_en.pdf 12 Joint United Nations Programme on HIV/AIDS, Together We Will End AIDS, UNAIDS, Geneva, 2012, unpublished estimates; Spectrum 2012. 13 Embora a CRC não mencione especificamente o HIV e SIDA, o tratado oferece às crianças protecção contra as consequências do HIV e SIDA (por exemplo, Artigo 2º da CRC versa a não discriminação). Além de promover a realização dos direitos humanos das crianças no contexto do HIV/SIDA, a CRC adoptou o Comentário 32-33 A VISÃO DE UMA GERAÇÃO LIVRE DO SIDA É DE QUE TODAS AS CRIANÇAS E SUAS FAMÍLIAS ESTEJAM PROTEGIDAS DA INFECÇÃO PELO HIV E VIVAM LIVRES DO SIDA