David Léo Levisky 1 Adolescência e violência – uma sociedade carente de pai e mãe1 David Léo Levisky2 “quando cheguei a este mundo encontrei e aproveitei das árvores de meu pai e do pai de meu pai, que haviam plantado há muito e muito tempo. Por que agora eu não faria o mesmo para aqueles que virão muito depois de mim?” (do folclore popular judaico) Vivemos numa sociedade carente de pai e mãe, geradora de violências. Sociedade que é pouco continente e acolhedora das necessidades afetivas do homem, onde as instituições democráticas estão frágeis, distantes de responderem aos seus papéis de organizadoras das relações sociais, e as leis desvirtuadas por poderes paralelos que agem, muitas vezes, a partir das próprias instituições. Vive-se num estado de desamparo e de falta de perspectivas. Quadro que precisa ser revertido através da participação de toda a comunidade, uma vez que somos todos co-responsáveis. Os jornais noticiam quase que diariamente atos de violência envolvendo adolescentes. São gangues que causam badernas, assassinatos praticados por jovens armados, escolas depredadas. A Associação dos Comissários da Infância e Juventude estima em mais de 70% o aumento da violência entre jovens de classe média e alta. O índice de evasão escolar é elevadíssimo. Sabe-se que a ociosidade, o desemprego, a baixa escolaridade contribuem para o aumento da delinqüência. O índice de suicídio entre jovens cresce assustadoramente no Brasil e em vários países como Finlândia e Rússia. O Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos verificou que entre 1996 e 97 a apreensão de drogas entre adolescentes cresceu 16% em relação ao crack, 17% à cocaína e 1728% à maconha. Pesquisa realizada entre 2 mil escolas em nosso meio revelou que 49% já haviam registrado ocorrência de drogas entre alunos. Fundamental: os traficantes sabem, ainda que intuitivamente e como bons comerciantes, das características comportamentais e psicológicas do seu público consumidor. É composto principalmente de adolescentes e adultos jovens, ávidos de novas experiências, de desejos, no afã de transgredir, de buscar fortes emoções e viver inúmeras fantasias, desafios, sensações diferentes, descobrir mistérios, num período da vida de elevada vulnerabilidade emocional. A pergunta que paira no ar : o que está acontecendo com a sociedade atual, paulista, brasileira e mundial que favorece uma qualidade de relação que põe em perigo grande parte da juventude? Perigos rondam a casa de todos nós. Pais sentem-se inseguros na maneira de educar seus filhos, a estrutura da família nuclear, tradicional, está abalada e enfraquecida. A violência do século XXI está presente nas ruas, dentro das casas, nas escolas, empresas, instituições, nos meios de comunicação de massa. Entre 30% e 40% das mulheres latino-americanas já sofreram algum tipo de violência, não muito distante do que se passa com as mulheres americanas. O jornal Folha de São Paulo (23/7/98) noticiou que a principal causa de morte entre crianças de 10 a 14 anos (17,3%) decorrem de homicídios; a segunda causa (17%) são devidas a acidentes de transito. Ainda que os números atuais sejam algo diferentes, a realidade continua a mesma, senão pior. Adaptado do artigo publicado no Caderno Cultural da Na’amat –Pioneiras 5(19): 31-6, 1998. Psiquiatra da Infância e da Adolescência. Membro efetivo e professor da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Vice-presidente do Instituto São Paulo Contra a Violência. 1 2 1 David Léo Levisky 2 Crimes hediondos são cada vez mais freqüentes, além de uma infinidade de outras formas sutis de violência, como a falta de cidadania, perda da solidariedade e desvalorização do próximo. Situações que conduzem a uma relação na qual o sujeito não se dá conta de que está menosprezando a si mesmo ao autorizar, inconscientemente, o outro a desprezá-lo. Este fato pode ser constatado através do uso abusivo feito através de certos agentes inescrupulosos dos meios de comunicação de massa que banalizam a vida, o sexo, a violência, as relações afetivas. Exploram a privacidade , a desgraça alheia, visando apenas interesses próprios. Basta ligar a televisão para se observar como os canais comerciais, no intuito de aumentar seus índices de audiência, violentam o telespectador induzindo-o, saturando-o repetitivamente com mensagens condicionantes de consumo e de comportamentos. Isto é tão óbvio e pode ser evidenciado no fato de que após a introdução, por exemplo, de um novo corte de cabelo ou o lançamento de um produto qualquer através de um(a) artista em evidência, um grupo de jovens estará reproduzindo este novo modelo. São fatos do cotidiano que levam a pensar que a sociedade contemporânea não demonstra preocupação efetiva ou não sabe como interferir para atenuar e melhor digerir os impactos causados por suas ações na mente dos seus semelhantes. Pressionado pelas constantes solicitações e diante da necessidade de se adaptar às novas mentalidades decorrentes dos avanços tecnológicos,das transformações e perdas dos valores da cultura, o sujeito vê-se confuso, inseguro, tenso e com dificuldades de encontrar os limites entre o público e o privado. Quando pensamos nas crianças e jovens em pleno processo de formação de sua identidade, incorporando valores éticos e morais, nos perguntamos: que sociedade estamos oferecendo a eles, quando nós mesmos nos encontramos em dificuldades de nos posicionarmos na educação de nossos filhos e como cidadãos? Sabemos que nas transformações da adolescência os jovens buscam novos modelos a serem incorporados para a formação de sua identidade adulta. É um período muito vulnerável e suscetível a influências ambientais, construtivas e destrutivas. Muitos jovens liberam sua impulsividade e se envolvem em acidentes: abuso de drogas,, no transito, nas farras, terminando muitas vezes em suicídio e assassinato, que a mídia por sua vez faz virar manchete e explora como produto de consumo, sem se deter na análise crítica das causas conscientes e inconscientes geradoras de violência. Há uma violência estrutural da sociedade, que desconsidera a criança, o pobre, o adolescente, o idoso e as minorias, agravadas pelas injustiças sociais. Violência física e moral ocorre inclusive na família, quando coerção e humilhação fazem parte dos métodos educativos, deturpando a vida afetiva, intelectual e as opções individuais que cada um necessita fazer para encontrar sua realização. Não há uma resposta unívoca e uníssona para a pergunta feita anteriormente “ que sociedade estamos oferecendo a nossos filhos?”. A globalização, a rapidez das transformações tecnológicas, éticas, morais e culturais estão gerando uma sociedade carente de pai e mãe, agravada pelo enfraquecimento do conceito de família. A pós-modernidade é fruto de um processo sócio econômicopolítico-cultural que se tem caracterizado pela individualidade, emancipação, racionalismo e universalidade. Busca-se diminuir as diferenças; quebra-se fronteiras dos preconceitos, desmistifica-se os mitos, as religiões, o coletivo. O Homem de hoje está mais liberto. Suas conquistas o estão conduzindo à formação de grupos específicos e corporativos, fragmentando a sociedade maior e a cultura, insuficientes para dar conta do conjunto de transformações e necessidades impostas pelos 2 David Léo Levisky 3 atuais processos de desenvolvimento. A estabilidade necessária para que se encontrem meios de convivência social, que regem o bem-estar comum, está ameaçada. Esta estabilidade é garantida pelos valores éticos e morais, ancorados no processo histórico e de preservação da memória de cada cultura e de cada povo. A dialética contemporânea abre caminhos para a introspecção, reflexão, expressão, criatividade, eficiência e racionalização. Concomitantemente, favorece a ação intempestiva, a prevalência do pensamento concreto, do imediatismo, do narcisismo, do ócio, da irracionalidade e da inconseqüência. Estes estados mentais podem resultar em sentimentos de impotência, insegurança, e ambivalência, gerados pelas mudanças rápidas e constantes da sociedade. Criam-se sentimentos de vazio interior (depressão) cada vez mais freqüentes. Populações cada vez mais jovem sofrem com a desorganização da malha social, como vimos recentemente no filme “Cidade de Deus”. As estatísticas comprovam o aumento de tensão, estresse, violência, doenças psicossomáticas e suicídio entre crianças e adolescentes. Durante a crise normal da adolescência ocorrem momentos depressivos inerentes ao processo de desenvolvimento. Várias são as perdas que atingem o jovem na busca de sua identidade adulta: a- sua relação com o corpo infantil invadido pelas transformações biológicas e manifestação dos desejos sexuais e da agressividade. b- a segurança da relação com os pais da infância. Normalmente atravessam períodos depressivos e de incerteza quanto ao seu futuro. Período sensível e vulnerável a influências externas, aos desejos de viver novos desafios e experimentos, tanto em relação aos seus sentimentos e capacidades quanto ao contato com o universo ao seu redor, “todo ele a ser descoberto e conquistado”. Se tomarmos a questão das drogas (tabaco, álcool, maconha e outras tantas) que tanto nos preocupa como pais, elas estão ao alcance de todos, em qualquer lugar, até mesmo com anuência de certas autoridades e da sociedade. A “cervejinha”, o cigarro e o “fininho” (maconha) podem ser comprados e consumidos em qualquer lugar. A propaganda pesada para consumo de cerveja e cigarro estão centradas para um mercado representado por adolescentes e adultos jovens. Em certas famílias os pais até estimulam o consumo, noutras tentam corrigir nos filhos as suas falhas ou vícios, fazem “vista grossa” ou ainda se contradizem na linha do “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”. O diálogo sincero, claro e verdadeiro é dificil e doloroso. A tendência para muitos é esquivar-se dele. É preciso entender que a violência pode estar contida dentro do próprio jovem e se voltar contra ele, na forma de suicídio. Ela também pode ser banalizada ou não identificada como sintoma da patologia social. Daí, corre-se o risco de vê-la (a violência) transformada num valor cultural assimilável pela criança e pelo jovem como forma de ser, via de descarga de tensões, modelo de auto-afirmação ou simplesmente uma atividade lúdica que propicia prazer. Algo que fica próximo dos prazeres perversos, distante da relação amorosa idealizada e almejada na vida adulta, porém nunca plenamente alcançada. Lembremo-nos daquele grupo de jovens de classe média/alta, em Brasília, que ateou fogo no índio Pataxó “como brincadeira”. Ao longo das civilizações os rituais caracterizavam momentos críticos de passagem como nascimento, entrada na vida adulta, casamento e morte. No passado, o jovem índio ao atingir a maturidade sexual, orgulhoso de sua condição, e apesar do sofrimento, 3 David Léo Levisky 4 carregava pesada tora de madeira para com isso alcançar o reconhecimento de si próprio e do seu grupo social. Através dessa prova cheia de temores e coragem, era introduzido e se introduzia na sociedade adulta através dos ritos tradicionais da sua cultura. Na comunidade judaica atual, progressista, introduziu-se o Bat-mitzvah, que juntamente com o Bar-mitzvah, aproximou rapazes e moças a uma condição de igualdade de direitos de poder ler a Torah. Cerimônia altamente simbólica de iniciação das responsabilidades sociais e religiosas concomitantes aos processos biológico e psicológico dos jovens. Lamentavelmente para alguns, este momento foi transformado num evento exclusivamente social, de demonstração de poder econômico, distante de seu significado original. O jovem de hoje vive uma grande defasagem entre o início da adolescência e as habilidades intelectuais, afetivas e sociais mínimas e necessárias, a serem por eles desenvolvidas para que possam integrar a comunidade adulta com autonomia , maturidade e independência. Os rituais tornaram-se outros tais como entrar na faculdade, ter um carro, fazer intercâmbio, conseguir um emprego. Para outros possuir um 38, ascender a um posto superior na hierarquia do tráfico ou das gangues para serem reconhecidos como capazes e possuidores de poder, autonomia e coragem. Alguns vivem os ritos de desafio, coragem e transgressão pichando paredes e monumentos ou através de brigas entre gangues rivais. O encontro de trabalho anda difícil, e juntamente com a ociosidade e a desesperança, constituem fatores que baixam a autoestima, geram violência ou indiferença, com a elevação da incidência de atos inconseqüentes. Vandalismo, baderna, violência, “rachas” de carro praticados através dos adolescentes fazem parte dos rituais não mais coletivos, mas individualizados ou representativos de pequenos grupos, como ocorre dentro de muitas gangues ou bandos que estabelecem seus sistemas de pertinência e de passagem. Outras vezes são gritos de socorro que se perdem na surdes e no anonimato da sociedade. O adolescente de nossos dias vive sua rebeldia como membro atuante e transformador da sociedade, porém altamente influenciável pela força dos meios formadores de opinião, na qual uma pequena minoria poderosa controla grandes massas. A televisão comercial e as redes de comunicação são seus grandes representantes. Certos programas e propagandas visam apenas o lucro e revelam falta de compromisso quanto aos impactos psicossociais que acarretam. Enquanto isso, a sociedade complacente assiste à televisão comodamente de suas poltronas, num mundo em que prevalece o Ter e Fazer, em detrimento do Sentir e Pensar. Esta sociedade tende à fragmentação do tempo, à destruição da memória, das tradições, dos valores éticos, da história, transformando corpo e afetos em produtos de consumo. Como seria construtivo se pudéssemos oferecer escola para todos, criar espaços de laser para a criatividade, esporte, artes, praticar a cidadania, e a solidariedade. Já imaginaram se a juventude “shopping center” encontrasse, além de vitrines com produtos para consumo, lojistas que incentivassem o uso do espaço para que jovens pudessem compartilhar suas experiências, capacidade de liderança, criatividade, trabalho e intercâmbio com jovens de várias classes sociais? No II Encontro “Adolescência e Violência: conseqüências da realidade brasileira”, realizado em 1996, no anfiteatro da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, reunimos num momento emocionante, mais de 30 jovens de várias escolas e 4 David Léo Levisky 5 condições sociais, inclusive internos da FEBEM, para um debate com uma platéia de 400 educadores de várias áreas e professores convidados. Revelou-se a necessidade dos jovens de terem espaços para troca de experiências oriundas da realidade de cada grupo social, e que permitiriam, quero acreditar, maior integração da sociedade. Nesse encontro, um adolescente pertencente a uma escola de classe média perguntou a um dos palestrantes: “ por que a mídia está tendo um papel tão destrutivo na sociedade fazendo anúncios maravilhosos sobre a Coca-Cola, Malboro e cervejas, que as pessoas acabam comprando?”. A resposta do publicitário foi: “existe liberdade para cada um agir como quiser”. A vaia foi total. Imediatamente, uma jovem de 16 anos, moradora de uma favela, com ar de raiva e de provocação responde: “”eu não compro, não tenho dinheiro”. Outra jovem de 15 anos, com sentimentos de revolta e repulsão, indaga a um grupo de garotos internos em uma instituição : “Por que vocês, aí da FEBEM, fazem a gente sentir tanto medo de vocês? Não se pode sair mais na rua, que vocês roubam a gente!”. Após silêncio e tensão, aquela menina da favela, que conseguia se expressar de modo claro e brilhante, vem socorrer seu colega que, irritado, abaixara a cabeça: “Você já passou fome na sua vida algum dia?”. A adolescente que havia questionado aquele grupo, desconcertada começa a chorar. O momento é de extrema emoção e realismo. Um dos meninos desse grupo paulatinamente vai levantando a cabeça e timidamente diz, com profunda coragem: “algumas vezes eu roubei para comer, outras para ficar com meus amigos. Eu não tenho ninguém mesmo!”. O diálogo familiar, social e global torna-se essencial. Vivemos um esmaecimento das noções de limites entre o público e o privativo, da ética, dos valores que sustentam uma cultura. A mente humana está se mostrando com recursos insuficientes para suportar o conjunto de pressões internas (liberação dos desejos e fantasias inconscientes) e externas. Estas situações favorecem a produção de estados mentais regressivos, sentimentos de ambivalência, indiferença, impotência e medo. As pressões externas são representadas por uma parte da mídia que irresponsável e associada a fatores sócio-político-econômico-psicológicos já assinalados, contribui para o estabelecimento de um clima psicossocial cuja resultante é preocupante. Ao banalizar o corpo, a violência, a sexualidade, a vida gera no sujeito um desinvestimento inconsciente do objeto de amor ao qual se está vinculado, com perda do sentimento de solidariedade, transformando o outro num estranho ameaçador. Lembremos que Moral e Democracia têm suas origens na qualidade das primeiras relações afetivas entre o bebê e seus pais. É através destes primeiros representantes da sociedade, que ocorrerão as primeiras identificações, quando será incorporada na mente infantil em desenvolvimento um conjunto de valores éticos e morais, que, associadas a condições dignas de vida contribuirão para um melhor integração pessoal e comunitária. Na adolescência, falhas primitivas do desenvolvimento dessas relações emergem e contribuem para o aumento da impulsividade e falta de controle emocional do jovem. É preciso ter em mente que somos todos agentes modificadores e vítimas das ações construtivas e destruidoras reinantes em nossa sociedade. Questões de violência na sociedade atual não dependem apenas de segurança pública, isto é, não basta reprimir ou aniquilar como foi no caso dos menores assassinados na Candelária, e que em julho último comemorou-se o quinto aniversário da tragédia. É preciso investir mais em afeto, educação, resgate da ética além de condições dignas de sobrevivência. A educação e a prevenção são processos lentos, porém mais econômicos e eficientes em seus resultados. 5 David Léo Levisky 6 Penso que a inter-relação do sujeito com ele mesmo e sua integração social dependem de um processo que depende de uma ética e de uma estética interna e social, que se organizam em torno de pontos de referência relativamente estáveis, construídos ao longo da história do sujeito e das heranças transmitidas pela cultura. A ética e a estética afetiva e social habilitam a pessoa ao convívio com seus semelhantes, de modo construtivo para si e para o seu grupo. Porém, é preciso levar em consideração o que Freud nos alertou sobre a dualidade da mente humana. Isto é, existe um antagonismo de sentimentos entre amor e ódio, vida e morte, construção e destruição. Faz parte da natureza humana ter que se aproximar da desordem para reencontrar forças criativas e criadoras de uma nova ordem. Dentro desta visão, e como desdobramento do encontro “Adolescência e violência: ações comunitárias na prevenção” vemos como único caminho viável na presente conjuntura globalizada, a participação de todos. A comunidade se beneficia e cada um se realiza. Devemos nos juntar em múltiplas cirandas para que no final se forme uma integração e articulação de seus integrantes, numa ampla rede de comunicação entre aqueles que se interessam pela qualidade da educação e formação da infância e da juventude, integradas à realidade da vida das cidades e do país. Assim, poderemos atenuar, e se possível eliminar, certas causas geradoras de violência, dentro do que prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente. David Léo Levisky e-mail: [email protected] 6