DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Ano XVIII – nº 52 – primeiro semestre de 2009 Vamos construir uma sociedade mais justa, solidária e segura A violência, a insegurança e a injustiça sempre estiveram presentes em todos os tempos. A sociedade ultrapassou o limite do suportável. A construção de uma cultura de paz é responsabilidade de todos, e de cada um, com atitudes de respeito e solidariedade. Páginas 10 a 12 21º Capítulo Geral dos Irmãos Maristas Páginas 4 e 5 Champagnat: 10 anos da canonização Página 18 EDITORIAL SUMÁRIO Página 3 Primeira Pessoa: Taylor Lompa da Silva, Administração de Empresas Páginas 4 e 5 Em Foco: 21º Capítulo Geral – Corações novos para um mundo novo Páginas 6, 7 e 8 Aconteceu: atuação do Centro de Pastoral e Solidariedade no primeiro semestre A paz é fruto da justiça Mais uma vez a Revista Ruah, edi- de, fruto da união que faz a diferença ção nº 52, chega até você, amigo leitor. na construção da civilização do amor. Nesta edição, como temática central, Você ainda poderá inteirar-se da apresentando o tema Fraternidade e caminhada que o Instituto Marista está Segurança Pública, veremos que “a paz realizando na preparação ao 21º Capí- é fruto da justiça” e que a construção tulo Geral, que será realizado de 8 de Página 9 Programe-se: eventos da Pastoral de uma cultura de paz é possível por setembro a 10 de outubro do presente meio de atitudes e projetos concretos. ano, em Roma. O Capítulo Geral é um Páginas 10, 11 e 12 Reportagem Especial: Campanha da Fraternidade 2009: Fraternidade e Segurança Pública Nesse sentido, a Igreja e a sociedade importante encontro em que se reú- nos interpelam a optar decididamente nem Irmãos Maristas do mundo inteiro, e a dar nossa contribuição na busca de renova a esperança que acompanha o Página 13 Cultura: dicas de livros e eventos uma paz positiva, orientada por valo- anúncio de algo novo. O Capítulo é tem- res humanos, como a solidariedade, a po para examinar os elementos básicos Página 14 Evento: Mutirão de Comunicação fraternidade, o respeito ao outro e a do estilo de vida e missão de Irmãos e mediação pacífica de conflitos. Leigos Maristas, para expressá-los em Página 15 J u v e n t u d e e m M i s s ã o : experiência missionária Páginas 16 e 17 PUCRS em Solidariedade: Semana da Solidariedade e reestruturação do Sinergia Digital Página 18 Conhecimento Espiritual: decênio da Canonização de Champagnat Página 19 Opinião: Eu quero mudar o mundo O conhecimento, as descobertas cien- linguagem nova, apropriada a um novo tíficas e tecnológicas não podem estar momento de nossa história. A PUCRS, alheios ou indiferentes à realidade da como Instituição Marista, está sinto- injustiça, ameaças à vida e insegurança, nizada com esse importante evento. mas contribuir para a dignidade da pes- Outras informações do ser e do fazer soa e a construção de um mundo melhor. do Centro de Pastoral e Solidariedade Também será abordado o tema encontram-se nesta edição. Almejo a da Solidariedade e do Voluntariado. Escolher a solidariedade como meio de promover a paz é optar pela vida. Consolidemos a cultura da solidarieda- ISSN 1808-7868 Publicação do Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 17 – sala 101 Porto Alegre, RS – CEP: 90619-900 Fone: 51 3320.3576 www.pucrs.br/pastoral [email protected] Ano XVIII – Nº 52 – primeiro semestre de 2009 2 | Ruah – nº 52 – 2009 todos boa leitura. Irmão Valdícer Civa Fachi, Diretor. Direção: Irmão Valdícer Civa Fachi Editoração: CMC Ascomk Coordenação Editorial: Hildo Conte Impressão: Gráfica Epecê Conselho Editorial: Irmão Valdícer Civa Fachi, Hildo Conte e Marisol Germano Trindade Tiragem: 5 mil exemplares Jornalista Responsável: Rozecler Bugs (MTB 8185) Circulação: PUCRS, Instituto Marista e ANEC Periodicidade: Semestral Pauta, reportagem, redação, edição e supervisão gráfica: RB Comunicação Colaboração: Edson Luiz Dal Pozzo, Gilnei Lopes de Lima, Hildo Conte, Marisol Germano Trindade, Mauricio Teixeira Canello, Melissa de Oliveira Maciel e Zita Bonai Revisão: Irmão Salvador Durante Fotos: Ascom/PUCRS e arquivo do CPS RUAH Palavra hebraica que aparece seguidamente na Bíblia e significa vento, força, ação, movimento, sopro de Deus, Espírito do Senhor. Primeira Pessoa Um sorriso, a maior retribuição O universitário Taylor encontrou, na realização de projetos solidários, a harmonia entre aprendizagem e conhecimento. M eu nome é Taylor Lompa da Silva. Tenho 26 anos e estou cursando Administração de Empresas, com pretensões de formatura no final deste ano. Comecei estudando Ciências da Computação em outra universidade, mas não me identifiquei. Então surgiu a oportunidade de trabalhar na área administrativa. E é nesta área que me sinto realizado, cada vez mais. Mas tenho consciência que tive sorte, pois unir a vida profissional com a acadêmica é algo que deve ser muito bem planejado. Sou natural de Porto Alegre, onde moro com meus pais e um irmão mais novo. Eles são a base fundamental para a minha vida; é através deles que cresço a cada dia e descubro o quão importante é a união e o apoio da família. Cursei o Ensino Fundamental em uma escola particular e o Ensino Médio no Colégio Júlio de Castilhos, onde conheci e convivi com pessoas de diferentes classes sociais. Essa fase foi muito importante, pois comecei a perceber o valor que as pessoas mais humildes dão para atos de bondade e amizade. Conhecimento religioso Na verdade, nunca fui uma pessoa muito religiosa, sempre fui à Igreja com aquela ideia de obrigação. Mas sempre valorizei muito a amizade e o respeito entre todos, e talvez isso tenha me encaminhado para esta trajetória de conhecimento e convivência religiosa. Foi assim que fui descobrindo aos poucos o que é acreditar em algo divino, tendo como pontos de equilíbrio a amizade, o respeito, a humildade e o amor. Dessa forma, meio tardia, foi que comecei realmente a conhecer os benefícios e privilégios de conviver, aprender e descobrir a todas as músicas. Ficamos muito tempo dançando e ela sempre dizendo que estava com dor nas pernas, mas que não pararia por nada, pois era um momento de reviver a juventude. Esta é apenas uma das diversas situações que me marcaram no decorrer dos projetos e que me fizeram crescer como ser humano. Proposta de vida Taylor Lompa da Silva religiosidade na minha trajetória de vida. Esta harmonia entre aprendizagem e conhecimento encontrei no momento em que conheci o Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS. Em cada projeto que participo, vivencio situações e descobertas inesquecíveis em visitas a abrigos, asilos, creches, bairros e comunidades de baixa renda, e procuro ajudar com os conhecimentos da minha graduação e principalmente como ser humano. Todo este trabalho é retribuído com o maior pagamento que alguém pode receber: o sorriso inocente de uma criança ou o agradecimento de um morador de um asilo, por exemplo. Lembro de uma vez que visitamos o Asilo Padre Cacique. Uma senhora queria muito dançar, e eu a acompanhei em Hoje sou Agente Multiplicador, e, junto com os funcionários do Centro de Pastoral, mostro esta proposta de vida universitária em comunidade para os alunos, por meio de projetos, como a Pastoral Café – que reúne os alunos num momento de bate-papo e descontração; Encontro de Convivência – que permite uma experiência de convivência com alunos de vários cursos; e o Programa Universidade Missionária – que propicia unir nossos conhecimentos acadêmicos, experiências de fé e caridade no desenvolvimento de projetos para uma sociedade melhor. De todas as participações, considero as Missões a de maior importância. Já participei de cinco edições, entre elas, a Missão São Jerônimo, Missão Butiá e a Missão Vila Fátima. Fica então o convite para todos os universitários: conheçam o Centro de Pastoral e desfrutem dessa grande oportunidade de refletir, conhecer a vida em comunidade e principalmente a si mesmo. Aproveitem, pois, como dizemos, é ness es momentos que colocamos nossos dons a serviço. “A maior retribuição do trabalho solidário é o sorriso de uma criança.” Ruah – nº 52 – 2009 | 3 EM FOCO “Corações novos para um mundo novo” Irmãos e Leigos do mundo inteiro estarão reunidos para a Assembleia representativa do Instituto dos Irmãos Maristas. O Instituto Marista se prepara para a realização do 21º Capítulo Geral, que iniciará no dia 8 de setembro e provavelmente se estenderá até dia 10 de outubro de 2009, na Casa Generalícia, em Roma. O evento expressa a participação de todos os Irmãos na vida e na missão da instituição, bem como na sua renovação e atualização. É a maior instância de governo do Instituto, visto que exerce autoridade suprema. A data de abertura do Capítulo Geral coincide com a celebração do nascimento de Maria Santíssima. O Capítulo terá como lema “Corações novos para um mundo novo”. Os Irmãos delegados da Província Marista do Rio Grande do Sul que participarão do Capítulo Geral são Inácio Etges, Pedro Ost e o Superior Provincial, Irmão Lauro Hochscheidt. O Superior do Distrito Marista da Amazônia, Irmão Sebastião Ferrarini, também participará. Do Brasil irão mais cinco Irmãos e uma leiga de Minas Gerais. Para o Provincial, o Capítulo é uma oportunidade ímpar de dar um novo alento no que se refere à identidade, espiritualidade e missão dos Irmãos e Leigos Maristas, já que, conforme ele, será um encontro de Irmãos com a participação de Leigos, procedentes de todos os continentes, com uma riqueza de diversidade de raças e culturas, porém unidos no mesmo ideal, vislumbrando trilhar caminhos novos com pessoas entusiasmadas pelo Reino. “Que seja um momento de oração, reflexão e discernimento, de iluminação divina e de 4 | Ruah – nº 52 – 2009 manifestação de Deus, capaz de impulsionar os membros do Capítulo a apontarem os grandes desafios para o Instituto no limiar dos seus 200 anos de fundação, e sugerir as melhores iniciativas para que sejamos fiéis a Deus, à tradição marista e aos apelos dos dias de hoje”, salienta o Ir. Lauro. Temas e desafios O encontro, que ocorre a cada oito anos, é uma reunião representativa de todos os Irmãos da Congregação. Atualmente são aproximadamente 4 mil Irmãos Maristas, presentes em 79 países. “O Capítulo vai indicar o norte para o Instituto na sua ação, prática e desafios. Serão definidas metas e prioridades para os próximos anos, estabelecendo propostas de ações para melhor enfrentá-los”, salienta o diretor do Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS, Irmão Valdícer Fachi, que também é o Facilitador Provincial no que se refere ao Capítulo. Será também nesse encontro que ocorre a eleição do Irmão Superior Geral, do Vigário-Geral e dos membros do Conslho- Geral. “Rogo para que o ‘sopro divino’ possa se fazer presente no Capítulo Geral com a oração, comunhão de vida e apoio de todos. Que Deus, Maria e Champagnat abençoem a todos e nos concedam um excelente Capítulo Geral”, destaca o Provincial, Ir. Lauro. Em circular a todos os Irmãos Maristas, o Superior Geral, Irmão Seán D. Sammon, enfatizou: “No processo de preparação para o 21º Capítulo Geral precisamos estar conscientes de que só nos beneficiaremos dele se estivermos dispostos a entender melhor as diferenças entre as gerações e aprender a apreciar a riqueza que podemos encontrar na diversidade”. Segundo ele, este ano é não apenas de preparação para o grande encontro, em setembro, mas também de projetar 2017, ano do 22º Capítulo e do 200º aniversário de fundação do Instituto Marista. “Como será oportuno celebrar esse evento na casa de l`Hermitage, erguida por São Marcelino Champagnat, completamente restaurada! E ainda mais oportuno se o fizermos com os corações renovados! Assim, e apenas assim, a verdadeira identidade do nosso modo de vida ficará visível para todo o mundo”, complementa o Irmão Sammon. “Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne.” (Ez. 36, 26) A tradição marista dos Capítulos Capítulo Provincial O primeiro Capítulo Geral ocorreu em 1839, um ano antes da morte de São Marcelino Champagnat. Na ocasião foi eleito o Irmão Francisco como SuperiorGeral. Treze anos depois, o segundo Capítulo reuniu 30 Irmãos, os quais aprovaram a Regra de Vida, a forma de Governo e a Metodologia Educativa do Instituto. De lá pra cá, os Capítulos Gerais continuaram a desempenhar papel decisivo na vida do Instituto dos Irmãos Maristas. Em especial a partir do Vaticano II, quando tiveram participação importante no processo de renovação iniciado por essa histórica reunião dos Bispos de todo o mundo católico. Após o Capítulo Geral, ocorrerá, de 7 a 11 de dezembro próximo, em Veranópolis, o Capítulo Provincial. Essa é a terceira edição após a unificação das Províncias de Porto Alegre e de Santa Maria, surgindo a Província Marista do Rio Grande do Sul. Nesse encontro será realizada a posse do novo Superior Provincial desta Unidade Administrativa. Também serão definidas as prioridades da Província do Rio Grande do Sul para os próximos três anos. Encontro Regional reúne Irmãos e Leigos No período de 6 a 9 de maio, ocorreu o Encontro Regional em preparação ao 21º Capítulo Geral, em Curitiba, Paraná. O evento foi um espaço de síntese da caminhada realizada nas Províncias e uma contribuição aos Irmãos Capitulares que participarão do 21º Capítulo Geral. Participaram todos os Irmãos Capitulares, os Irmãos facilitadores, Irmãos convidados, leigos e jovens representantes das três Unidades Administrativas: Província Marista Brasil Centro-Norte, Província Marista Brasil Centro-Sul, Província Marista do Rio Grande do Sul e Distrito Marista da Amazônia. Da Província Marista do Rio Grande do Sul estiveram presentes o Superior Provincial, Ir. Lauro Hochscheidt, o Ir. Pedro Ost e o Ir. Inácio Etges (capitulares), o Ir. Valdícer Fachi (facilitador provincial), Ir. Firmino Biazus e Ir. Deivis Fischer (representantes dos Irmãos), Elaine Faccin e Jorge Franz (representantes dos Leigos) e Gabriella Howes (representante dos jovens). Do Distrito Marista da Amazônia participou o Irmão Sebastião Ferrarini. Assembleia Provincial Outro evento de preparação ao 21º Capítulo Geral e 3º Capítulo Provincial ocorreu de 17 a 29 de março, no Recanto Marista Medianeira, em Veranópolis. Estiveram reunidos em Assembleia 118 Irmãos Maristas da Província do Rio Grande do Sul. Nos primeiros dias foi tratado o tema Uso Evangélico dos Bens, pelo Ir. Pedro Ost, que trabalha em Roma, no Secretariado do Uso Evangélico dos Bens, e também foram abordadas questões referentes à vida e à missão dos Irmãos. No seguimento, com a presença de leigos, houve a Assembleia Provincial Ampliada, quando foram refletidos temas que dizem respeito à preparação ao 21º Capítulo Geral. Ruah – nº 52 – 2009 | 5 aconteceu Missão Restinga No período de 10 a 16 de dezembro de 2008, 25 universitários e diplomados participaram do Projeto Universidade Missionária, realizado pela primeira vez no bairro Restinga, em Porto Alegre. A missão dedicou-se à formação religiosa, momentos celebrativos, vivência em grupo, visitas às famílias e oficinas pedagógicas, sociais e profissionalizantes para crianças, jovens e adultos. Os missionários levaram mensagens de paz, amor e fraternidade às famílias em situação de vulnerabilidade social. A oportunidade fez com que os universitários se colocassem a serviço da comunidade, difundindo e levando a experiência cristã, unindo-se no trabalho em prol da solidariedade, do amor ao próximo e da fraternidade universal. Nos últimos cinco anos, o Programa Universidade Missionária já beneficiou milhares de pessoas por meio de projetos em Porto Alegre, Butiá, São Jerônimo, Amazônia e Chile. Missão Chile De 30 de dezembro de 2008 a 15 de janeiro de 2009, uma delegação de nove pessoas, entre agentes de pastoral e universitários, representou a PUCRS na Misión País, no Chile. O trabalho missionário concentrou-se em visitas de casa em casa, levando às famílias a mensagem de Cristo, partilhando a própria vida e a experiência de Deus, a paz e o desejo de unir todo o povo chileno em nome do amor. Diariamente eram realizadas oficinas (fotos) com o objetivo de evangelizar, discutir temas relacionados à vida e à fé e trabalhar dinâmicas e a espiritualidade com adultos, jovens e crianças. Em termos de evangelização universitária, o projeto faz com que os alunos partilhem sua experiência cristã e missionária, colocando em prática o amor em trabalhar a serviço do próximo. Promovida pela Divisão Pastoral da Pontifícia Universidade Católica do Chile, a missão dedica-se a trabalhos comunitários, formação religiosa, momentos celebrativos e vivência de grupo, integrando universitários latino-americanos dispostos a colocar os conhecimentos adquiridos a serviço da vida, promovendo assim a cultura da solidariedade inspirada na fé cristã. 6 | Ruah – nº 52 – 2009 Trote Solidário No mês de abril, calouros e veteranos do curso de Educação Física realizaram mais uma edição do Trote Solidário. Neste ano o evento foi em parceria com o projeto Marista Show de Bola. O trote ocorreu em duas etapas. Na primeira houve arrecadação de calçados para as crianças. Na semana anterior à Páscoa, 6 a 8 de abril, os universitários prepararam um evento especial, com momentos de reflexão, cinema, construção de tapetes e caçada aos ovos de chocolate. “Foi uma experiência muito positiva tanto para os calouros como para as crianças. O trote solidário é uma ideia que deu certo e a cada ano está sendo aperfeiçoado”, afirma o aluno do terceiro semestre Luiz Henrique Garcia. Religiosos e clérigos Realizou-se, no dia 23 de abril, o IV Encontro de Religiosos e Clérigos Universitários da PUCRS, sob o tema “Forças evangelizadoras na Universidade”. O objetivo do encontro foi o de oportunizar um conhecimento mútuo e dinamizar a ação evangelizadora na Universidade. Além disso, propiciou espaço de partilha, reflexão e integração entre religiosos, religiosas, sacerdotes e seminaristas que são universitários ou professores da PUCRS. Venha conhecer o GUM Durante o ano letivo, um grupo de acadêmicos encontra-se periodicamente no Centro de Pastoral e Solidariedade para dedicar-se ao cultivo da espiritualidade, à vivência de grupo, à partilha de vida e à ação solidária. O Grupo Universitário Marista (GUM) tem a missão de testemunhar os valores cristãos e maristas, pois acredita que o cultivo da espiritualidade ajuda a compreender melhor a realidade que nos cerca e a comprometer-se com ela. “A partir da vivência no grupo, parte-se para a prática, desenvolvendo ações solidárias com crianças, jovens e adultos”, destaca o coordenador, Irmão Leandro Paiz. Neste ano, as atividades iniciaram com um encontro especial. Cada membro recebeu uma estrela para marcar o momento. Segundo o Ir. Leandro, o símbolo expressa o desejo do grupo de firmar ainda mais a identidade do GUM e torná-lo mais presente no meio universitário. Cultive sua espiritualidade! Pratique solidariedade! Venha fazer parte desta história. Mais informações no Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS, prédio 17, sala 101. Aniversário da Teologia O 40º aniversário da Faculdade de Teologia foi celebrado com uma Missa de Ação de Graças, dia 25 de março, na Igreja Universitária Cristo Mestre. A cerimônia religiosa foi presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Dadeus Grings, Chanceler da Universidade. Estiveram presentes o Reitor, Irmão Joaquim Clotet, o Vice-reitor, Irmão Evilázio Teixeira, pró-reitores, diretores, professores, alunos e técnicos-administrativos da PUCRS. Missão Vila Fátima O grupo de universitários que nas férias de julho vai participar da Missão Vila Fátima está selecionado. A reunião de planejamento e formação foi realizada no dia 6 de junho. A missão, que ocorre de 24 a 30 de julho, dedica-se a trabalhos comunitários, formação religiosa, momentos celebrativos, vivência de grupo, visitas às famílias e oficinas pedagógicas para crianças, jovens e adultos. Ruah – nº 52 – 2009 | 7 aconteceu Visita da Boa Mãe Encontro de Convivência Nos dias 28 e 29 de março, na Casa Marista da Juventude (Caju), realizou-se o Encontro de Convivência, reunindo 26 universitários. Toda a programação foi norteada pelo próprio nome do encontro: “O que é encontro e o que é convivência?”. As dinâmicas, os cantos, as brincadeiras, as atividades e as reflexões foram direcionadas para que cada um pudesse responder e compreender o significado de se encontrar e conviver. O final de semana ensolarado oportunizou ao grupo aproveitar o espaço físico externo da Caju para a realização das atividades. A partir das perguntas, a tarefa era a de conhecer o “eu” e a partir daí, o “outro”, e toda sua dimensão cultural, social, profissional e espiritual, promovendo o encontro e a convivência. A proposta e as atividades foram acolhidas com entusiasmo e seriedade pelos alunos. Partilhas e depoimentos motivaram os participantes deixando-os à vontade para relatar suas experiências de vida e refletir sobre seus valores. O encontro também contribuiu para demonstrar que a PUCRS oferece espaços de promoção das relações humanas, fortalecimento da dimensão familiar, confirmação de valores, destacando-se o respeito pelas diferenças. O Programa Educação na Fé e Formação Permanente, do Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS, promoveu, no mês de maio, a visita da imagem da Boa Mãe a todos os setores da Universidade. No dia 29, ocorreu a Missa de encerramento com a Coroação de Nossa Senhora, na Igreja Universitária Cristo Mestre. Maria, mãe de Jesus, a Boa Mãe para Champagnat, é um elo desde os primeiros Irmãos da Congregação Marista. E ainda hoje Ela continua a unir os Maristas, as famílias e a sociedade na busca de um mundo mais humano, solidário e fraterno. A história da imagem da Boa Mãe acompanhou o nascer e o crescer da Congregação. A Boa Mãe de Champagnat e dos Irmãos Maristas esteve sempre presente, sobretudo nas dificuldades. Entre os “Irmãozinhos de Maria”, assim eram chamados, e nas casas da Congregação, Maria tem lugar de destaque. Comunidade de Sant'Egídio De 14 a 25 de abril, a Dra. Francesca Relandini (na foto, à direita), da Comunidade de Sant’Egídio, e Carolina Ortiz, do Chile, estiveram na PUCRS para apresentar o trabalho realizado naquela Comunidade e motivar as pessoas a aderirem ao seu carisma e, dessa forma, implementá-lo em nosso meio. Entre as atividades realizaram-se mostra fotográfica, conferências, encontros personalizados, reuniões e palestras sobre temas referentes ao trabalho da Comunidade, como a paz, a pena de morte e o trabalho com os pobres, entre outros. A Comunidade de Sant’Egídio é uma associação pública de leigos da Igreja Católica, com sede em Roma, cuja missão é evangelizar e atender pessoas carentes. Atualmente, são aproximadamente 50 mil adeptos em 70 países dos quatro continentes, sendo 12 deles na América Latina, porém ainda não no Brasil. 8 | Ruah – nº 52 – 2009 PROGRAME-SE Querência Pastoral Missões Restinga e Chile O Centro de Pastoral e Solidariedade, o Instituto de Cultura Musical, a Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e a Gerência de Recursos Humanos estão organizando um grande evento para comemorar a Semana Farroupilha, bem ao estilo tradicionalista gaúcho. Com o lema “Por um Rio Grande Solidário”, o Piquete Querência Pastoral vai acontecer de 8 a 19 de setembro, em frente ao prédio 17, com atividades das 9 às 21 horas. Churrasco, carreteiro de charque, roda de chimarrão, pipoca e rapadura são algumas variedades do cardápio gaúcho presentes no Piquete. Na programação cultural, ciclo de palestras, exposições, tertúlias, atividades recreativas e eventos artísticos e religiosos, como a tradicional missa crioula, entre outras. A comunidade universitária pode reservar o espaço para almoços e jantares. Inscrições abertas de 28 de setembro a 30 de outubro, no Centro de Pastoral e Solidariedade, prédio 17, ou acesse www.pucrs. br/pastoral. Dia da Criança Para o dia 17 de outubro, o Centro de Pastoral e Solidariedade está programando a Festa Solidária, em comemoração ao Dia da Criança. A ideia é mobilizar a comunidade acadêmica para a doação de brinquedos e jogos pedagógicos e na preparação e operacionalização do evento. No dia da festa estão previstas oficinas pedagógicas e atividades que proporcionarão às crianças e aos adolescentes uma tarde de muita diversão, convivência e solidariedade, além de promover a inclusão social. Se você deseja ser um voluntário, entre em contato com o Centro de Pastoral, fone 3320.3576. Programe-se para as celebrações especiais do segundo semestre: Julho 21 a 28/8 - Missas de Formatura 24 a 30 - Missão Vila Fátima Agosto 12 - Encontro de Religiosos e Clérigos 15 - Dia do Irmão Marista Setembro 1 a 30 - Estudo Bíblico 25 a 27 - Retiro para universitários 30 - Missa de encerramento do mês da Bíblia Outubro 7 - Nossa Senhora do Rosário, padroeira da Universidade 30 - Missa de encerramento do Mês do Rosário e Missionário Novembro 9 - Aniversário da PUCRS 12 - Celebração dos Sacramentos 26 - Dia Nacional de Ação de Graças Dezembro 11 - Início das Missas de Formatura 18 - Missa preparatória ao Natal Programação completa no Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS, prédio 17, sala 101, ou no site www. pucrs.br/pastoral. A agenda mensal também pode ser conferida nos murais da Pastoral, em todos os prédios. Fórum Social da Juventude Com o lema “O futuro está em nossas mãos”, será realizado na PUCRS, de 12 a 16 de julho, paralelamente ao “Mutirão de Comunicação”, o Fórum Social da Juventude 2009 (FSJ). O evento promove a integração cultural, troca de experiências, palestras e debates sobre educação, cidadania, ambiente e mobilidade social. O FSJ tem como objetivo mobilizar os estudantes, jovens, movimentos sociais, movimentos culturais, acadêmicos, movimentos sindicais e ONGs do Brasil, de países do Mercosul e regiões do planeta, para integrar as pessoas participantes, permitir que possam voltar a sonhar e construir “Um outro mundo possível”. Mais informações pelo site www.forumsocialdajuventude.com.br. Ruah – nº 52 – 2009 | 9 REPORTAGEM ESPECIAL Em busca de uma cultu Especialistas do Direito, Educação e Serviço Social debatem o tema da Camp e opinam sobre a promoção de uma cultura da paz. A s famílias, a sociedade e o mundo vivem um momento de profunda insegurança em todos os âmbitos. Diariamente, a mídia veicula notícias de injustiças, violência e insegurança em todos os cantos do mundo. A convivência entre as pessoas é cada vez mais difícil. Começa pela violência familiar até conflitos entre nações. A Campanha da Fraternidade 2009 apresenta o tema “Fraternidade e segurança pública”, e o lema: “A paz é fruto da justiça (Is 32, 17)”. O objetivo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é debater a segurança pública com a finalidade de colaborar na criação de condições para que o Evangelho seja mais bem vivido na sociedade por meio da promoção de uma cultura da paz, fundamentada na justiça social. “A paz buscada é a paz positiva, orientada por valores humanos, como a solidariedade, a fraternidade, o respeito ao ‘outro’ e a mediação pacífica dos conflitos, e não a paz negativa, orientada pelo uso da força das armas, a intolerância com os ‘diferentes’, e tendo como foco os bens materiais”, destaca o texto-base. Para o mestre em Direito e professor de Direito Administrativo e de Direito Ambiental, Orci Paulino Bretanha Teixeira, doutorando em Filosofia pela PUCRS, as crises e os conflitos integram a própria estrutura da humanidade ao longo de sua evolução. “O que não podemos tolerar é a perda de controle da situação pelo Poder Público. No âmbito interno dos países é possível reverter tal quadro à medida que são adotadas políticas sérias na base. Com a melhoria das condições para uma educação básica comprometida, é possível, em um tempo médio, uma melhora interna que certamente terá influências internacionais”, afirma. Segundo ele, é preciso rever determinadas posturas que não têm preocupação com o ser, e sim com o ter: “Da cultura individualista passarmos para uma cul- tura que prime pelo coletivo”. Educação É comum hoje em dia a veiculação de notícias sobre violência escolar, principalmente nos estabelecimentos de ensino público, com fatos envolvendo jovens e professores. “Estas situações de violência são reflexos das dificuldades significativas que vive nossa sociedade nos dias atuais. O abandono pelo qual passam crianças e jovens gera reações agressivas. A família precisa ser fortalecida, ela é a base da sociedade”, destaca a professora da Faculdade de Educação e membro da Equipe Interdisciplinar do Centro de Atenção Psicossocial (CAP/ PRAC), Jurema Kalua Potrich. Segundo ela, a busca por uma cultura de paz deve começar em cada um de nós. “São as relações interpessoais que constituem as relações nos grupos sociais. Uma cultura de paz começa com atitudes de Grupo de Estudos da Paz A professora da Faculdade de Serviço Social Patrícia Krieger Grossi é integrante do Grupo de Estudos da Paz (Gepaz) da PUCRS. Cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq desde 2005, se destaca por seu caráter interdisciplinar. O Grupo possui três linhas de pesquisa: "Educação e cultura da paz"; "Prevenção, resolução e transformação de conflitos"; "Segurança humana, governança global e desarmamento". Todos essas linhas contam com 10 | Ruah – nº 52 – 2009 alunos e professores de diferentes unidades acadêmicas, além de profissionais pertencentes a ONGs que se dedicam à construção da cultura de paz. O grupo iniciou suas atividades vinculado à Faculdade de Educação, coordenado pelo Prof. Dr. Pergentino Pivatto. Atualmente é coordenado pelo Prof. Dr. Elias Grossman, da Faculdade de Direito, e é aberto à comunidade. Os encontros se realizam na primeira e terceira quintas-feiras do mês, na sala 1029, Prédio 11, das 12 horas às 13h30min. O Grupo de Estudos da Paz está investindo, atualmente, na organização de um livro sobre a cultura de paz com o objetivo de sensibilizar a comunidade para este tema e mobilizar os leitores para a construção de estratégias de promoção de uma cultura de paz. “Vivemos numa cultura bélica e de violência. Precisamos mudar o nosso olhar para desnaturalizar a violência e buscar a justiça social”, salienta a professora Patrícia. ura de paz panha da Fraternidade respeito e solidariedade”, complementa. O texto-base da CF refere o fortalecimento da ação educativa e evangelizadora. O documento propõe a conscientização de que a violência não é solução para a violência. “Nisto encontramos as bases para a construção de uma cultura de paz, pois quando todos podem ter condições de vida digna há possibilidade de uma verdadeira justiça social”, enfatiza a professora Jurema. Serviço social A criação de redes sociais populares e de políticas públicas com vistas à superação da violência e de suas causas e à difusão da cultura da paz, são fundamentais para intervir nas diferentes expressões de violência, seja estrutural, institucional ou intrafamiliar. A professora do programa de graduação e pós-graduação da Faculdade de Serviço Social, Patrícia Krieger Grossi, defende políticas públicas voltadas ao trabalho, geração de renda, qualificação profissional, educação, habitação, assistência social e saúde como essenciais para a garantia dos direitos sociais e das necessidades básicas da população. “Promover uma cultura de paz implica trabalhar para a garantia destes direitos e necessidades, superando realidades de exclusão e opressão que afetam principalmente crianças, adolescentes, mulheres, idosos, indígenas e negras”, afirma. Na Faculdade de Serviço Social existem diversos espaços sócio-ocupacionais que estão articulados com os movimentos sociais de diferentes segmentos populacionais e refletindo sobre questões, como: violência, tráfico de drogas, rede de proteção à infância e juventude, rede de proteção à mulher, direitos dos apenados, dos trabalhadores sem-terra e pessoas em situação de rua. Espaços, como conselhos de direitos, fóruns de segurança, conferências municipais e estaduais de segurança pública, contam com a participação de alunos da graduação e pós-graduação. Para construir a paz é necessário educação para a paz. Um processo permanente de construção de valores, como solidariedade, respeito, convivência pacífica e Ruah – nº 52 – 2009 | 11 diálogo. “Além disto, torna-se fundamental a realização de ações que promovam a justiça social, o acesso a direitos sociais, econômicos, políticos, entre outros. Enfim, torna-se urgente a consolidação de práticas democráticas e emancipatórias e de respeito aos direitos humanos. Sem justiça social, não podemos falar em uma cultura de paz”, salienta Patrícia. Direito e Meio ambiente A violência, a insegurança e a injustiça são componentes culturais que sempre estiveram presentes em todos os tempos. “A violência sempre acompanhou o homem, mas o papel do Estado é mantê-la em níveis toleráveis. O grande problema do momento é que já ultrapassamos o limite do suportável. Por isso esses temas merecem um tratamento especial por parte dos operadores do Direito e administradores dos interesses públicos, com vistas a uma política que reformule as próprias bases educacionais, em seus valores à preparação de homens e mulheres para uma vida digna”, afirma o professor Orci. Para ele, uma das mais graves formas de violência, com consequências para a vida futura, é contra o meio ambiente, contra as condições de uma vida saudável em um ambiente ecologicamente equilibrado. “Isso coloca em risco o futuro da humanidade na Terra”, alerta. Os crimes contra a ética na administração pública, praticados por gestores da “coisa pública”, não obstante a repressão por parte do Ministério Público, ainda serão presença em nosso meio por algum tempo, pontua o professor Orci. “Para uma contagem regressiva é preciso educar as gerações que um dia irão assumir a gestão dos interesses públicos. Os crimes de natureza econômica também dependem de uma ampla transformação cultural. Esta transformação, acredito, já está em andamento, com uma mudança de foco, ao invés de interesse muitas vezes espúrio, o sistema empresarial atende também à função social das atividades econômicas, o que já é visível por parte de alguns homens que estão à frente de grupos empresariais”, complementa ele. 12 | Ruah – nº 52 – 2009 Concurso de Artigos O Concurso de Artigos “Fraternidade e Segurança Pública” foi mais uma das atividades do Centro de Pastoral e Solidariedade que propõe aos alunos da graduação a produção de artigos sobre o tema da Campanha da Fraternidade. O texto-base serviu como referência para a produção dos textos. A cerimônia de entrega da premiação do Concurso de Artigos 2009 foi realizada na abertura oficial da Semana da Solidariedade, no dia 18 de maio. Os prêmios foram entregues pelo Reitor, Irmão Joaquim Clotet. Prestigiaram o evento pró-reitores, diretores, professores, funcionários, familiares e amigos dos acadêmicos premiados. Reflexão sobre o tema Catiane da Rosa, 20 anos, aluna do 5º semestre de Ciência da Computação, já havia participado do concurso em 2007, quando foi abordado o tema “Fraternidade e Amazônia”. Na época, o artigo intitulado “Amazônia – pequenas ações geram grandes transformações” conquistou o segundo lugar. “O concurso é uma oportunidade maravilhosa que a PUCRS propicia aos alunos, por meio do Centro de Pastoral. Oportuniza refletirmos sobre o que há ao nosso redor e colocar no papel aquelas observações e ideias que ficam o ano inteiro só na teoria, na mente e no coração, mas que são capazes de mudar mundos”, salienta ela. Conforme a acadêmica, o artigo “Brasil – seria a paz uma incógnita?”, foi resultado de muito estudo e pesquisa sobre as formas e as causas da violência, assim como de alternativas para diminuí-la. “Procurei mostrar como se sustentam a violência e a impunidade no Brasil. Abordei também caminhos para diminuir o alto índice de violência que nos coloca como uma das nações mais violentas do mundo, incluindo ações boas que já estão em prática e que deveriam ser imitadas e aperfeiçoadas”, destaca ela. Premiados: 1º lugar: Lucas Elias Rodrigues de Almeida (Teologia) Artigo: “A paz é fruto da educação: a arte de educar para a formação de uma cultura de paz” Premiação: curso regular de Espanhol (módulos I, II e III) 2º lugar: Catiane da Rosa Pereira (Ciência da Computação) Artigo: “Brasil – seria a paz uma incógnita?”. Premiação: curso regular de Espanhol (módulos I e II) 3º lugar: Daiane Bombardelli (Serviço Social) Artigo: “Adolescentes em conflito com a lei e a justiça restaurativa: possibilidades para um olhar e agir não estigmatizador” Premiação: cinco mensalidades nas modalidades de hidroginástica, natação ou musculação, no Parque Esportivo da PUCRS cultura Rosário: Orações de Outubro “Toda paisagem amada é um estado de alma”, nos dizia Gaston Bachelard. Este ‘Akatistos’ renovado, seguindo uma grande tradição da Igreja desde os seus primeiros séculos, é um poema que canta a figura da Mãe de Deus com as metáforas da paisagem, com a imagem da luz”. (Luiz Carlos Susin) O Irmão Édison Hüttner iniciou a escrever Rosário: Orações de Outubro numa tarde de outubro de 2001, quando meditava o terço no bosque de pinheiros da Casa Geral Marista em Roma, Itália. De lá para cá, segundo ele, seguindo a luz da primeira inspiração, diante de sinais e acontecimentos, muita coisa ocorreu. Em cada parte da obra se vislumbra 19 ícones criados pelo reconhecido diretor de arte e artista plástico Helio Coelho, confeccionados em seu ateliê na cidade de Vila Velha, Estado do Espírito Santo. Foi uma longa jornada, sem perder o que a obra se propõe, através do Rosário, revelar a face mística da Igreja, por récitas de Ave-Maria, a contemplação de Jesus Cristo. Pastoral da ANEC A Revista de Pastoral da ANEC é uma publicação da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil, lançada por ocasião do sexto Encontro Nacional da Pastoral da Universidade. O veículo é uma revista científica de divulgação de conteúdos relacionados à ação pastoral no âmbito da educação. Ela se propõe a inserir-se no cenário brasileiro como um meio para aprofundamento e divulgação da reflexão sobre a ação evangelizadora nas instituições de ensino no Brasil. A Revista de Pastoral, que tem vinculação impressa e anual, é composta de dossiê temático, com artigos científicos que aprofundam temas pré-estabelecidos, e de uma seção de relatos de pastoral, pequenos trabalhos que refletem a práxis pastoral. Mais informações, acesse www. anec.org.br Respiga Marista O Irmão Albino Trevisan lançou o livro Respiga Marista: educação e ação social no Rio Grande do Sul. Nessa obra o autor buscou recolher algumas espigas que ainda ficaram caídas ao largo da ceifa que outros deixaram de rememorar e comemorar em seus escritos sobre os feitos dos Irmãos Maristas, que estão no Rio Grande do Sul desde 1900. Trata-se de uma tarefa-mutirão realizada, dominantemente por Irmãos da Casa São José, de Viamão. A obra destaca a ação marista no Estado, como a formação dos professores, escolas populares e compromisso com os empobrecidos, animação vocacional, o cultivo do espírito missionário, o cultivo da música, entre outros assuntos. Mestre em Educação, Ir. Albino é o responsável pelo Método Trevisan de Alfabetização Marista – Metramar – defendido em dissertação de mestrado pela PUCRS, em 2007, o qual recebeu aprovação com louvor. Atualmente é o responsável pela Casa de Repouso São José, na Comunidade Nossa Senhora das Graças, em Viamão, dirige um laboratório de pesquisas pedagógicas sobre alfabetização e realiza Doutorado em Educação na Universidade. Palestras 18 de agosto Caminhos da dor e da fé Dr. Guilherme Sudback (Hospital São Lucas) e Padre Leomar Antonio Brustolin (Faculdade de Teologia) 6 de outubro Direitos humanos e fé Elias Grossmann (Faculdade de Direito) e Nythamar de Oliveira (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas) 15 de setembro O esforço pela aproximação do Islamismo, Judaísmo e Cristianismo Padre Pedro Alberto Kunrath (Faculdade de Teologia) 10 de novembro Universidade como agente social Inês Amaro da Silva (Faculdade de Serviço Social) e Padre Érico Hammes (Faculdade de Teologia) Ruah – nº 52 – 2009 | 13 Evento Mutirão de Comunicação, na PUCRS Evento vai reunir comunicadores comprometidos com a construção de uma sociedade de relações justas e solidárias. D e 12 a 17 de julho, realizar-se-á, na PUCRS, o Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe. O evento é a soma de duas experiências exitosas: o Mutirão Nacional de Comunicação e o Congresso Latino americano e Caribenho de Comunicação, na sua sexta edição no Brasil e quarta edição continental, respectivamente. Os eventos, este ano, realizados conjuntamente, promovidos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pelo Conselho Episcopal da América Latina e Caribe (CELAM) e pela Organização Católica Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (OCLACC), vão abordar temas vitais para a vida e o futuro dos povos que vivem e fazem história nessas terras. Espaço de diálogo O objetivo é promover espaços de diálogo sobre os processos de comunicação à luz da cultura solidária, na construção de uma sociedade comprometida com a justiça, a liberdade e a paz. “O evento tem grande importância para o futuro da comunicação no Continente por causa do seu tema e número significativo e qualificado de participantes, mas especialmente pela sua identidade como convite à reflexão, à construção coletiva e à partilha de saberes por parte de todos os atores que transitam nestas terras”, destaca o coordenador do evento, Padre Marcelino Sivinski. Segundo ele, neste tempo de discriminações, o Mutirão tem no diálogo a sua força e mola propulsoras. É esforço de todos na partilha de sonhos, de práticas e de saberes. O evento vai reunir comunicadores comprometidos com a mesma causa: fazer da comunicação, de suas políticas e suas mídias, o principal lugar de construção de outra ordem social, de relações justas e solidárias. Além disso, vai congregar animadores de organizações sociais, agentes de pastoral, pesquisadores, acadêmicos, estudantes, produtores e consumidores de comunicação. “No coração do Mutirão está a cultura solidária por causa da vida. Está em jogo a liberdade, o pão e a dignidade de viver e morar, crescer, participar, construir sonhos, respeitar e ser respeitado, falar e ser ouvido”, complementa Marcelino. Com a participação de 37 países, o Mutirão de Comunicação tem uma ampla programação: conferências, seminários de estudo, oficinas e diálogos de práticas, apresentações artísticas e culturais, exibição de filmes premiados, além de tendas e espaços para divulgar a produção de comunicação dos participantes. Preparação Em preparação ao evento, iniciativas estão sendo realizadas desde julho de 2008, como intercâmbio de materiais e experiências e produção de subsídios para reflexão, captação e difusão. Também estão se realizando quatro encontros temáticos, abordando os temas: Por que fazer um Mutirão de Comunicação; A comunicação acontece na participação; Comunicação: direito e dever de ter e construir; e A experiência partilhada gera vida nova. Em julho de 2008 foi realizado o lançamento do Mutirão, na PUCRS (foto), e contou com autoridades políticas e religiosas da América Latina e do Caribe. Padre Marcelino deixa uma mensagem a toda a comunidade universitária: “Fica um convite muito especial aos alunos e professores da PUCRS, principalmente das áreas de Comunicação, Educação e Filosofia para este evento tão significativo para a vida e a história da sociedade no Continente. Grandes nomes dessas áreas estarão presentes e muitas experiências serão partilhadas”, afirma ele. Mais informações: www.muticom.org 14 | Ruah – nº 52 – 2009 Juventude em missão Experiência missionária deixa marcas Jovens dedicam-se à vivência da fé e a ações solidárias em comunidades de baixa renda. M issionário é uma pessoa identificada com a solidariedade, que se coloca a serviço do outro, levandolhe seu conhecimento, seu carinho e sua fraternidade e anuncia a esperança cristã e o amor. É essa a proposta do programa Universidade Missionária, do Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS. O projeto, que se realiza em Porto Alegre, no interior do Estado e no Chile, se desenvolve por meio de visitas a famílias em situação de vulnerabilidade social. Os missionários entram nas casas, conversam com as famílias e deixam mensagens de paz, de amor e de fé em prol da promoção humana. Também ocorrem formação religiosa, vivência em grupo, momentos celebrativos, realização de oficinas destinadas a crianças, jovens e adultos e momentos de convivência, espiritualidade e partilha entre os jovens. O universitário tem a oportunidade de conhecer uma realidade social diferente da sua. “Há, sem dúvida, uma transformação pessoal pelo contato com os mais necessitados e um crescimento na espiritualidade”, destaca o diretor do Centro de Pastoral e Solidariedade, Irmão Valdícer Civa Fachi. Conforme ele, para os atendidos da ação missionária, o sentimento é de valorização, pois recebem mensagens de otimismo e fé. Isso faz com que surjam laços fraternos entre os universitários e as crianças, os jovens e os adultos das comunidades atendidas, bem como um novo jeito de olhar a vida de ambos os lados. Experiência Muitos jovens que participam deste projeto pela primeira vez o repete nos anos seguintes. É o caso da diplomada Jaqueline Alves Debastiane, 23 anos. Mesmo depois de formada em Produção Audiovisual (Cinema), não abandonou o trabalho de missionária. Ela já integrou as equipes das missões São Jerônimo e Vila Fátima. Além disso, participa de diversas atividades proporcionadas pelo Centro de Pastoral, como, por exemplo, o Grupo Universitário Marista (GUM) e os Encontros de Convivência. Atualmente, faz parte da equipe que vai realizar mais uma edição da missão Vila Fátima, em julho próximo. “Ser missionário é um estilo de vida, uma opção que qualquer pessoa pode fazer e aprender, desde que tenha o coração sem preconceitos e disposto a amar simplesmente, na sua forma mais simples e verdadeira”, salienta Jaqueline. Conforme ela, só quem faz esta experiência de amor e solidariedade entende a transformação pela qual os participantes passam e as marcas que ficam. “Entramos em contato com realidades, na maioria das vezes, bem diferentes da nossa, o que nos faz perceber o mundo debaixo de outra dimensão. Com certeza, quem mais aprende e ganha somos nós, missioná- rios”, destaca ela. Jaqueline acredita que participar do programa Universidade Missionária aprimora o verdadeiro sentido de solidariedade, de espiritualidade, de relacionamentos, de amadurecimento e de trabalho. “Sobretudo, o mais importante é que dá sentido ao que se estuda e vive na Universidade. Coloque os seus dons a serviço e veja a mudança que isso lhe proporcionará”, finaliza a produtora audiovisual. História O Programa Universidade Missionária nasceu em 2004 quando os alunos da PUCRS foram convidados para participar da Missão Chile. No mesmo ano, a experiência adquirida foi colocada em prática na Missão Butiá. Nas férias de julho de 2005, teve início a Missão Porto Alegre, na Vila Fátima. E, em 2006, a Missão Amazônia foi implantada. Em cinco anos, as missões se consolidaram e ganharam centenas de adeptos. Ruah – nº 52 – 2009 | 15 PUCRS em Solidariedade Uma semana voltada à solidariedade Cursos, oficinas e palestras foram oferecidos à comunidade gratuitamente. D e 16 a 22 de maio, a PUCRS, por meio do Centro de Pastoral e Solidariedade, realizou a XV Semana da Solidariedade. Baseada na Campanha da Fraternidade 2009, “Fraternidade e Segurança Pública”, a atividade oportunizou aos participantes o estudo, a discussão, a prática e a vivência da temática. Tradicional no calendário da Universidade, o evento promove atividades que oportunizam a prática da solidariedade por alunos e professores. Neste ano foram disponibilizadas cerca de 2,3 mil vagas à comunidade em minicursos e oficinas voltadas à qualificação para o mercado de trabalho. Também houve palestras, celebrações eucarísticas, uma campanha de arrecadação de equipamentos de informática, os quais foram repassados para o Centro Social Marista (Cesmar), e a cerimônia de premiação do Concurso de Artigos (leia mais na página 12). Para a coordenadora do evento, a agente de pastoral Marisol Germano Trindade, 16 | Ruah – nº 52 – 2009 a Semana da Solidariedade é um grande desafio para todos. “O Centro de Pastoral apresenta a temática da Campanha da Fraternidade e as unidades se organizam para oferecer atividades que estejam ligadas à sua área e ao mesmo tempo ao tema da Campanha. Neste ano, alguns cursos se uniram para fortalecer a proposta. Foi o caso das Faculdades de Direito e Psicologia que apresentaram a palestra “Direito e a Psicologia na contemporaneidade: uma perspectiva para a justiça e a paz”, destaca ela. A palestra de abertura “Justiça restaurativa e cultura de paz: semeando uma nova justiça para o século 21” foi ministrada pelo Juiz da 3ª Vara do Juizado Regional da Infância e da Juventude, Dr. Leoberto Brancher, pelo professor da Cátedra dos Direitos Humanos do IPA, Dr. Marcos Rolim, e pela acadêmica da Faculdade de Serviço Social Daiane Bombardelli (foto). Ocorreram ainda as palestras: “Direito e a P sicologia na contemporaneidade: uma perspectiva para a justiça e a paz” e “Gestão de crise na relação com clientes da aviação civil”; o seminário de Bioética: “Os animais”; o cine-fórum “Refletindo sobre justiça e paz” e o painel “Segurança pública e direitos humanos”. Sinergia Digital amplia o atendimento A reestruturação do projeto proporcionou a abertura de novas turmas. A tradicional Feira de Promoção da Saúde foi realizada, no dia 16, no estacionamento do Supermercado Carrefour - Loja Porto Alegre. Nessa atividade, cerca de 130 pessoas, entre professores e alunos de diversas unidades da PUCRS ligadas à saúde colocaram seus conhecimentos a serviço. Participaram as Faculdades: Educação Física, Odontologia, Nutrição, Enfermagem e Fisioterapia, Medicina, Farmácia e Biociências, a Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários (Prac), o Hospital São Lucas (HSL), a Associação de Voluntárias da Mama do HSL e o Colégio Marista Champagnat. Foram realizados cerca de 850 atendimentos, destacando-se avaliações e orientações nutricionais, posturais, dermatológicas e cardiológicas, higiene bucal, autoexame da mama, dosagem de colesterol e glicose, verificação de pressão arterial e ginástica, exames de prevenção ao câncer bucal. Participaram ainda o grupo de contadores de história do Vida Urgente (Fundação Thiago Gonzaga) e o ônibus marista de Inclusão Digital. Neste ano, a Feira teve uma nova atividade, um café da manhã para os profissionais, alunos e voluntários. “A iniciativa teve como objetivo apresentar ao grupo as razões pelas quais é realizada a Feira de Promoção da Saúde, além de integrar o grupo e aproximar todas as unidades envolvidas”, salienta a agente de pastoral Marisol Trindade. capacitação e conhecimentos técnicos na área de Informática, adaptado para cada faixa etária. Também proporciona formação humana, com atividades culturais, celebrativas, recreativas e esportivas”, salienta o coordenador operacional, Mauricio Teixeira Canello. As atividades extraclasse consistem em visitas ao Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS, oficinas, palestras e atividades sobre a espiritualidade. Os encontros são ministrados nos laboratórios de Informática da Face e conduzidos por instrutores voluntários, inscritos no Programa de Voluntariado da Associação do Voluntariado e da Solidariedade (Avesol), auxiliados por monitores, também voluntários, inscritos no mesmo programa. O aporte financeiro ao Projeto é disponibilizado pela PUCRS. As turmas iniciaram o programa em abril e deverão concluir o curso em novembro, quando será realizada a formatura dos atendidos. Mais informações, acesse www.pucrs.br/sinergiadigital. Bruno Todeschini (Jornalismo) Feira de Saúde O programa Sinergia Digital ampliou o atendimento com a criação de novas turmas; agora são cinco: uma turma de crianças da Clínica Esperança, duas turmas de adolescentes, uma de pessoas da terceira idade, (do grupo Geron), e uma turma de adultos. Os adolescentes são alunos dos colégios públicos Azambuja Soares, Paulo da Gama e Jerônimo de Albuquerque, bem como alunos do projeto Marista Show de Bola, moradores da Vila São Judas, comunidade que fica junto à Universidade, e do Projeto Ação Rua, da Prefeitura de Porto Alegre. O grupo de adultos são funcionários da PUCRS, dos setores de Divisão de Obra e Prefeitura Universitária. Promovido pela Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia (Face) e pelo Centro de Pastoral e Solidariedade, o programa Sinergia Digital visa à inclusão social de crianças, adolescentes, adultos e pessoas da terceira idade, em situação de vulnerabilidade social. “O projeto oferece Ruah – nº 52 – 2009 | 17 CONHECIMENTO ESPIRITUAL Champagnat, santo da Igreja há dez anos Há uma década, milhares de pessoas presenciaram o dia em que a Igreja declarou Santo o fundador do Instituto Marista. N o dia 18 de abril último, os Irmãos Maristas comemoraram uma década de canonização de São Marcelino Champagnat. Em 1999, na Praça São Pedro (Vaticano) o Papa João Paulo II reconheceu Padre Champagnat como Santo da Igreja Universal. O fundador do Instituto dos Irmãos Maristas foi elevado aos altares como modelo de evangelização por meio da educação de crianças e jovens. O depoimento do Superior Geral, Ir. Seán Sammon, retrata que este momento foi um dos mais importantes na história dos Irmãos Maristas: "Quem teve a sorte de estar em Roma, naquele dia, não esquecerá facilmente os andaimes que escondiam a fachada da Basílica de São Pedro. Ressaltavam o estandarte central, pendurado em um dos travessões. Era a imagem inspiradora de Marcelino Champagnat”, destacou ele. Emoção e vibração Naquele dia, 52 Irmãos e 35 Leigos do Rio Grande do Sul estiveram em Roma. Irmão Miro Reckziegel, assessor do Centro de Pastoral e Solidariedade, esteve lá e conta o que mais o marcou ao presenciar pessoalmente o evento. “Na hora em que o Papa João Paulo II pronunciou oficialmente os termos da canonização, a vibração da multidão, presente na Praça São 18 | Ruah – nº 52 – 2009 Pedro, foi imensa. Foi um momento muito esperado e preparado pelos maristas do mundo todo”, relata ele. Segundo o Ir. Miro, a canonização vem confirmar a atualidade do carisma de Champagnat para o mundo, modelo de virtude e de grande educador. “Tudo o que ele idealizou e criou há quase 200 anos é perfeitamente atual hoje em dia”, salienta. Junto com Champagnat, outros dois santos foram proclamados no mesmo dia: João Calábria e Agostinha Pietrantoni. O primeiro foi exaltado como modelo de confiança na Divida Providência; Agostinha, como modelo de caridade para com os mais abandonados. Champagnat foi apresentado pela Igreja como modelo de evangelizador da juventude por meio da educação. “A partir da canonização, ele não pertence mais somente à Família Marista. Champagnat hoje é um Santo da Igreja, um coração aberto, sem fronteiras”, complementa Ir. Miro. São Marcelino Champagnat Vida e obra de Champagnat São Marcelino Champagnat nasceu na França, em 1789, e viveu a infância durante a Revolução Francesa. Após esse período, a situação escolar degradou-se por completo. Champagnat sofreu as consequências nefastas da época. Durante seus estudos no seminário, em Lião, sentiu a necessidade de formar educadores capazes de melhorar a situação da juventude que estava mergulhada na ignorância, na degradação moral e social. Fundou, então, em 1817, em La Valla (França), o Instituto dos Irmãos Maristas, início de um estilo marista de educar, hoje difundido no mundo inteiro. Maristas no mundo Atualmente, os Maristas estão presentes em 79 países dos cinco continentes, com foco em educação e solidariedade. No Brasil, o Instituto está dividido em Unidades Administrativas. Atualmente, são três: a Província Marista Brasil Centro-Norte, a Província Marista Brasil Centro-Sul e a Província Marista do Rio Grande do Sul, que abrange também o Distrito da Amazônia. No Rio Grande do Sul são 21 Colégios, sendo um em Brasília-DF, 28 Centros Sociais, 29 Comunidades de Irmãos, uma Universidade (PUCRS) e um Hospital (São Lucas). OPINIÃO Eu quero mudar o mundo Fábian Chelkanoff Thier * “Um mundo feliz, seguro e tranquilo só depende de mim.” L embro-me bem do momento em que caiu minha ficha e eu decidi que queria ser jornalista. Eu fazia muita coisa: cantava, participava de grupo de jovens, fazia teatro e esporte, além de brincar de ser radialista. É isso mesmo, com a minha idade, brincava mesmo. Lembro-me bem também do motivo que me fez escolher o jornalismo: eu queria mudar o mundo. Simples, assim. Mudar o mundo, na minha cabeça parecia coisa simples, sim. E ai daquele que tentava me dizer o contrário. Mas só bem depois que a ficha, aquela mesma que caiu na hora que decidi ser jornalista, realmente foi até o chão. Afinal, eu queria mudar o mundo e precisaria saber o porquê. E hoje, olhando para o passado, vejo que esta é a parte mais simples. Notícias Diariamente nossas mentes e corações são apedrejados por notícias de violência das mais diversas: são acidentes de trânsito, assassinatos, assaltos, roubos, sequestros, estupros, agressões das mais diversas. Isso para ficar com o normal. E este é o ponto: isso não pode ser normal. Mas infelizmente, para todos nós, é. Estamos num momento em que a segurança pública interessa tão pouco a quem manda neste país que só nos resta achar isso tudo normal. Isso é um grande erro. Por mais que seja fácil e descompromissado culpar quem governa este país (e aqui falo do Brasil, dos estados e dos municípios), temos de assumir nossa parte nesta história. E, acreditem, ela não é pequena. Senão vejamos nosso dia a dia: paramos nas sinaleiras e fechamos os vidros e travamos as portas; não cumprimentamos estranhos na rua com medo; não sorrimos para as pessoas, nem mesmo para aquelas que conhecemos; se alguém pede ajuda e não sabemos quem é, ignoramos; se alguém nos estende a mão na rua, não atendemos. Esses péssimos exemplos de desamor, falta de educação e egoísmo aumentam esse clima de insegurança. Como o próprio texto da Campanha da Fraternidade deste ano diz, “todos somos convidados a uma profunda conversão, e a assumir as atitudes e opções de Jesus, únicos valores capazes de garantir, de verdade, a eficaz construção de uma sociedade mais justa e solidária e, consequentemente, mais segura”. Sejamos francos, no entanto: realmente não damos bola para as pessoas nem cobramos dos chefes de estado. Votamos em todas as eleições e não entendemos ainda que temos o direito de cobrar quem elegemos. Ainda ouvimos, desses mesmos, que toda essa insegurança é muito mais sensação do que realidade. Coitados deles e de nós. Deles por serem tão pequenos. De nós, por acreditarmos neles e não fazermos nada. “O dia seguinte nos pertence e não podemos repassar para ninguém.” No início eu falava dos motivos que me levaram ao jornalismo. E por que isso é importante? Não sou daqueles que sonham em dar notícias do tipo: acabou a fome no mundo; não houve mortes no feriado. Agora, sou daqueles que buscam nas pessoas a solução para esses casos. É muito melhor mostrar o exemplo de pessoas que mudam a sua vida e ajudam a mudar a dos outros. É muito melhor mostrar o exemplo de pessoas que se dedicam a mudar o mundo. E mudamos, de verdade, começando o trabalho com o outro. Exemplo Aqui cabe o exemplo da Diza Gonzaga, mãe de um garoto cheio de vida, que a perdeu no trânsito. A criação do Vida Urgente pela Fundação Thiago Gonzaga é o exemplo do que digo. O pessoal se esforça para salvar uma vida de cada vez. Uma a uma. É isso que devemos e precisamos fazer. A parte que nos cabe é muito grande. Grande de verdade. O dia seguinte nos pertence e não podemos repassar para ninguém. Ele é nosso. Foi o presente que ganhamos Dele. E que presente. Eu quero mudar o mundo, sim. E faço isso, no dia a dia, pensando no próximo. Seja ele quem for. E tu? Que tal? Vamos nessa juntos? Um mundo feliz, seguro e tranquilo só depende de mim. Só de mim! *Jornalista e professor da Famecos/PUCRS, Mestre em Comunicação Social [email protected] Ruah – nº 52 – 2009 | 19