O PROINFO NA ESCOLA PÚBLICA: APENAS UMA UTOPIA? O QUE PENSA O INSPETOR ESCOLAR? Michele Gomes de Paula1 Silma do Carmo Nunes 2 RESUMO Este trabalho pretende analisar o uso dos laboratórios de informática do PROINFO – Programa Nacional de Tecnologia Educacional – em escolas da rede pública estadual na cidade de Uberlândia, visando compreender a apropriação dos recursos da informática enquanto ferramenta pedagógica no processo de ensino e aprendizagem. Enquanto educadores compromissados com a aprendizagem significativa, acredita-se que o PROINFO pode contribuir para estimular o interesse dos alunos. Os professores podem se apropriar desse recurso como ferramenta didática a fim de prepararem aulas voltadas para os interesses dos educandos. Os alunos podem se beneficiar dos recursos da informática para realizarem pesquisas extracurriculares. O Inspetor Escolar também acredita que um trabalho em equipe vinculado a projetos pode auxiliar tanto o corpo docente quanto o discente da escola. Palavras-chave: PROINFO. Ferramenta Pedagógica. Escola Pública. Inspetor Escolar INTRODUÇÃO Ainda persiste, em nossos dias, aquela imagem arcaica de um professor tradicional que somente expõe o conteúdo teoricamente, sem despertar nos alunos, cuja função é copiar a matéria e resolver os exercícios, um desejo crítico de aprender a buscar conhecimento. Isso não significa que a abordagem tradicional seja errada. Porém, ela não consegue mais contemplar as necessidades reais do educando. Conhecidas como Tics (Tecnologias da Informação e Comunicação), os jogos eletrônicos, celulares, câmeras digitais, mp3, e os inúmeros recursos da Internet tais como: orkut, msn, twiter, email, entre outros, já fazem parte da vida dos alunos logo cedo na infância. É vital que as escolas saibam ou que pelo menos investiguem formas de incorporar tais recursos em seus currículos como forma de promover aulas mais dinâmicas, lúdicas e criativas. Com a Internet, a mais universalizante das revoluções tecnológicas, o professor tem a “oportunidade de trocar experiências, de apropriar-se dos recursos da Rede para __________________________________ 1 Michele Gomes de Paula – Licenciada em Letras Português – Inglês e Mestre em Lingüística pela UFU. Pósgraduanda em Inspeção Escolar pela Faculdade Católica de Uberlândia/MG. ([email protected]) 2 Silma do Carmo Nunes – Doutora em Educação pela UNICAMP. Coordenadora de curso da Faculdade Católica de Uberlândia. Orientadora do trabalho. ([email protected]) 2 preparar melhor sua aula, compartilhar do conhecimento de outros colegas, quer sejam conhecidos ou não” (PAULA, 2006). “A tecnologia tem um papel importante no desenvolvimento de habilidades para atuar no mundo de hoje” (POLATO, 2009, p. 51), porém, conforme ressalta a autora, “por ser relativamente nova, a relação entre a tecnologia e a escola ainda é bastante confusa e conflituosa”. Questões como: Quando usar a tecnologia em sala de aula? Como incorporar os novos recursos?, permeiam as discussões de muitos educadores críticos, compromissados com a aprendizagem real de seus alunos. Contudo, grande parte dos professores de hoje não foram, ainda, alfabetizados eletronicamente. A realidade é que muitos não sabem sequer ligar um computador. Na era globalizada em que vivemos, hoje é uma necessidade dedicar-se ao ensino dos usos da Internet, “pois esta tecnologia tornou-se irreversível e invasora de todos os ambientes” (ARAÚJO; BIASI-RODRIGUES, 2005, p. 11). Para isso sabe-se que é necessária a formação de professores para o domínio pedagógico e instrumental dos recursos das Tics. Segundo Gomes (2009, p. 2), “somente uma formação permanente e atualizada poderá propiciar ao professor oportunidade de incorporar, de forma criativa, o uso dessas novas ferramentas ao seu fazer pedagógico”. Ainda para a autora, é um desafio preparar o professor para incorporar as Tics em seu fazer pedagógico, uma vez que as oportunidades de se utilizarem nem sempre são as mais adequadas à sua realidade e às suas necessidades. Conforme Lopes (2009, p. 1), “houve época em que era necessário justificar a introdução da informática na escola. Hoje já existe consenso quanto à sua importância. Entretanto o que vem sendo questionado é a forma com que essa introdução vem ocorrendo”. Vários pesquisadores, inclusive o Inspetor Escolar, defendem a utilização do computador e dos recursos da Internet aliados às matérias e conteúdos lecionados a fim de preparar os alunos para uma sociedade informatizada. O Inspetor Escolar é um profissional especializado cuja função é observar, analisar, orientar e mediar as atividades peculiares ao ambiente escolar e extra-escolar nas esferas administrativas, técnicas e pedagógicas. Ele também deve incentivar a autonomia dos profissionais da educação na construção da prática pedagógica e das ações administrativas para intervenção e transformação da realidade social. Portanto, seu trabalho deve priorizar e proporcionar a qualidade do processo educativo com vista à formação humana. No entanto, é preciso romper a imagem negativa que as palavras “Inspetor Escolar” trazem consigo. Barbosa (2008) explica que, de fato, a origem do Inspetor Escolar 3 remonta aos primórdios de nossa colonização. Ele era um membro fiscalizador por excelência, dado que era ele quem deveria informar aos colonos sobre a organização e o funcionamento das escolas. Contudo, desde a década de 1980 tem surgido discussões de cunho político com o intuito de mudar a imagem histórica do Inspetor Escolar no Brasil e sugerir uma nova postura crítica desse profissional da educação. Segundo Barbosa (2008), caberia ao Inspetor Escolar assumir uma prática educativa com forte cunho político-pedagógico, menos ‘policiador’ e ‘controlador’ e mais ‘participativo’ e ‘democrático’. Um profissional mais orientador da aplicação da norma, e mais estimulador do diálogo entre a escola e a comunidade, é capaz de incentivar o uso dos recursos inovadores da tecnologia por toda a equipe pedagógica da escola a fim de promover uma educação transformadora da realidade social. A autora Paiva (2001) argumenta que a nova tecnologia ocasionou um efeito ‘ecológico’ nas interações humanas, ou seja, por meio da cibercultura houve uma maior aproximação entre os homens, uma nova experiência de comunicação coletiva. O ciberespaço propicia a aprendizagem colaborativa. Em consonância com a autora, Nas comunidades virtuais de aprendizagem, abandona-se o modelo de transmissão de informação tendo a figura do professor como o centro do processo e estabelece-se a construção social da aprendizagem através de práticas colaborativas. Assim as dúvidas dos alunos são respondidas pelos colegas e deixam de ser responsabilidade exclusiva do professor. Da mesma forma, o professor não é o único a sugerir fontes de informação ou a indicar tarefas. Há uma troca entre os aprendizes e o professor também aprende com seus alunos. (PAIVA, 2001, p. 2). Em seu artigo Paiva (2001) sintetiza algumas diferenças entre a sala de aula tradicional e a sala de aula virtual. Por exemplo, numa sala tradicional a interação está mais centrada no professor, sendo ele a autoridade; o ambiente é mais inibidor, restrito à cultura local; alguns textos são artificiais e a interação entre os alunos fica restrita à sala de aula. No ambiente virtual, porém, a interação é mais centrada no aluno, sendo o professor um participante; o ambiente é menos inibidor, possibilita uma interação intercultural; os textos são autênticos e todos os participantes do processo de ensino e aprendizagem podem interagir com o mundo. Visando promover o acesso à informática como direito dos alunos e, ao mesmo tempo, capacitar professores para se apropriar desse recurso como ferramenta didática a fim de prepararem aulas voltadas para os interesses dos educandos, o MEC (BRASIL, 2009) 4 implantou em nove de abril de 1997, pela Portaria N° 522, o PROINFO – Programa Nacional de Tecnologia Educacional, destinado às escolas públicas brasileiras. O PROINFO é um programa educacional para promover o uso pedagógico da informática na rede pública de ensino fundamental e médio, para atuar tanto no segmento urbano quanto no segmento rural. O programa leva às escolas computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais. Porém, o Distrito Federal, estados e municípios devem garantir a estrutura adequada para receber os laboratórios e capacitar os educadores para usar as máquinas e tecnologias envolvidas. Com o surgimento do PROINFO surge uma questão crucial: como incorporar as novas tecnologias não apenas no manuseio, mas também na utilização pedagógica para provocar impactos positivos na escola? Os equipamentos são valiosos quando incorporados, conscientemente, ao projeto pedagógico da instituição. Na década de 90, o MEC elaborou o Programa “Salto para o Futuro” (MEC, 1998) para estimular a incorporação da informática na educação. De acordo com o programa, Não se trata de informatizar a parte administrativa da escola (como o controle das notas ou dos registros acadêmicos), ou de ensinar informática para os jovens (eles aprendem sozinhos, fuçando, experimentando, testando sua curiosidade, ou quando precisam usar este ou aquele software ou jogo. O problema está em como estimular os jovens a buscar novas formas de pensar, de procurar e de selecionar informações, de construir seu jeito próprio de trabalhar com o conhecimento e de reconstruí-lo continuamente, atribuindo-lhe novos significados, ditados por seus interesses e necessidades. Como despertar-lhes o prazer e as habilidades da escrita; a curiosidade para buscar dados, trocar informações, atiçar-lhes o desejo de enriquecer seu diálogo com o conhecimento sobre outras culturas e pessoas, de construir peças gráficas, de visitar museus, de olhar o mundo além das paredes de sua escola, de seu bairro ou de seu País [...] (MEC, 1998, p. 50). O PROINFO, em conformidade com a Secretaria de Educação a Distância (Seed), “é um marco na democratização do acesso às modernas tecnologias de informática e telecomunicações – a telemática” (MEC, 2000, Prefácio). Com o intuito de embasar o funcionamento do PROINFO, isto é, de estimular a integração dos recursos da informática na formação regular dos alunos, citamos a LDB (LEI N° 9.394/96), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997) e o Plano Nacional de Educação (LEI N° 10.172). Segundo a LDB (BRASIL, 1996), “a educação [...] tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação 5 para o trabalho”. (art. 2°). Dessa forma, o ensino fundamental tem como objetivo a formação básica do aluno mediante: “a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade”. (art. 32, inciso II). Quanto ao ensino médio, o currículo “adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes”. (art. 36, inciso II). No intuito de embasar o currículo do ensino fundamental e médio em conformidade com a LDB, foram instituídos em 1997 os Parâmetros Curriculares Nacionais (doravante PCN) que representam iniciativas do MEC de também valorizar a utilização de recursos tecnológicos na educação, visando à melhoria da qualidade do processo de ensino e aprendizagem. Em consonância com a legislação citada, “é papel do Estado democrático investir na escola, para que ela prepare e instrumentalize crianças e jovens para o processo democrático, forçando o acesso à educação de qualidade para todos e às possibilidades de participação social”. (BRASIL, 1997, p. 27). Contudo, para que realmente ocorra um ensino de qualidade, é necessário que o sistema educacional brasileiro proponha uma prática educativa que vise atender às necessidades reais do educando no cenário globalizado em que vivemos. Novamente em conformidade com os PCN (BRASIL, 1997), é vital propor uma prática educativa adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira, que considere os interesses e as motivações dos alunos e garanta as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem. (BRASIL, 1997, p. 27). Cabe à escola, hoje mais do que nunca, “a necessidade de assumir-se como espaço social de construção dos significados éticos necessários e constitutivos de toda e qualquer ação de cidadania”. (BRASIL, 1997, p. 27). Dessa forma, surge em 2001 o Plano Nacional de Educação (PNE – Lei N° 10.172 (BRASIL, 2001) com o intuito de auxiliar a promoção da qualidade da educação. São mencionadas, entre suas várias diretrizes voltadas à inclusão de recursos tecnológicos no ensino, que as tecnologias usadas na educação constituem um poderoso instrumento “para o enriquecimento curricular e a melhoria da qualidade do ensino presencial”. Dessa forma, destacamos alguns objetivos e metas propostas: [...] 6 17. Instalar, em dez anos, 2.000 núcleos de tecnologia educacional, os quais deverão atuar como centros de orientação para as escolas e para os órgãos administrativos dos sistemas de ensino no acesso aos programas informatizados e aos vídeos educativos; 18. Instalar, em cinco anos, 500.000 computadores em 30.000 escolas públicas de ensino fundamental e médio, promovendo condições de acesso à internet; 19. Capacitar, em dez anos, 12.000 professores multiplicadores em informática da educação. [...] 21. Equipar, em dez anos, todas as escolas de nível médio e todas as escolas de ensino fundamental com mais de 100 alunos, com computadores e conexões internet que possibilitem a instalação de uma Rede Nacional de Informática na Educação e desenvolver programas educativos apropriados, especialmente a produção de softwares educativos de qualidade. (BRASIL, 2001, EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS) [HT4] Com base no exposto supracitado, esta pesquisa de campo qualitativa, de cunho etnográfico, teve como objetivo investigar uma amostragem do funcionamento e do uso dos laboratórios de informática do PROINFO por professores e alunos da rede pública estadual de Uberlândia, bem como sua contribuição para a qualidade do processo de ensino e aprendizagem. Foram considerados sujeitos dessa pesquisa o Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) de Uberlândia e duas escolas estaduais de ensino fundamental e médio. Como instrumentos de pesquisa foram utilizados: leitura de material bibliográfico específico, entrevistas informais e questionários aplicados aos supervisores pedagógicos das duas escolas, ao representante do NTE e a uma Inspetora Escolar. A autora deste trabalho de conclusão de curso teve dificuldades em obter as respostas ao questionário aplicado ao coordenador do NTE, composto de apenas oito (8) perguntas. O responsável ora não se encontrava na cidade ora criava barreiras para fornecer os dados. Com bastante insistência ele respondeu as perguntas, mas não autorizou divulgar os dados obtidos. Por motivos éticos, não serão citadas suas respostas. Contudo, é vital que o leitor saiba que as oito (8) questões não constituem nenhum segredo de Estado. Dentre as perguntas foram questionadas qual o número de escolas estaduais de ensino fundamental e médio que existem em Uberlândia, quantas foram contempladas pelo PROINFO e se a Secretaria de Estado de Educação (SEE) / Superintendência Regional de Ensino (SRE) oferecem alguma 7 orientação pedagógica para a utilização dos laboratórios. Sendo assim, será feita uma análise superficial das perguntas com base em dados obtidos em conversas informais. De um total de 69 escolas (100%) da rede estadual de ensino fundamental e médio, o coordenador do NTE informou por telefone que 80% dessas possuíam laboratório de informática, ou seja, 55,2 escolas. Em outro momento, o coordenador disse que 50% destas escolas, isto é, 34,5 escolas, haviam sido contempladas pelo PROINFO. E ainda em um terceiro momento, foi informado que todas as escolas já haviam recebido os computadores. Observa-se uma total discrepância entre as informações. De fato, todas as escolas podem ter recebido os computadores, o que não significa possuir um laboratório de informática funcionando perfeitamente segundo a metodologia do PROINFO. Conforme já discutido neste estudo, o MEC envia os computadores juntamente com os softwares educacionais; porém, cabe a cada Estado e Município a responsabilidade em oferecer a infraestrutura adequada para implantar os laboratórios. No entanto, conforme indicações não oficiais (visto que não foi autorizada a divulgação dos dados obtidos), os laboratórios de informática do PROINFO são sucateados, ou seja, não são aproveitados em sua totalidade pela equipe pedagógica das escolas. Isso se justificaria, entre outros aspectos envolvidos, pelo fato de que o corpo docente não estaria qualificado para incorporar os recursos tecnológicos (computador e Internet) em sua prática educacional. Tal hipótese já havia sido levantada em Paula (2006) e os resultados também não foram satisfatórios. Com base nessa hipótese, foram aplicados questionários aos coordenadores/supervisores pedagógicos de duas (2) escolas públicas estaduais de ensino fundamental e médio com o intuito de analisar o impacto da tecnologia educacional do PROINFO enquanto recurso didático no processo de ensino e aprendizagem, bem como o domínio dos professores quanto aos recursos tecnológicos. Os questionários foram compostos de quatro (4) perguntas e, diferentemente daquele aplicado ao técnico do NTE, as coordenadoras/supervisoras das escolas investigadas autorizaram a divulgação dos dados obtidos. As escolas serão identificadas pelas legendas A e B. Seguem-se as perguntas dos questionários com as respostas: 1 – O laboratório de informática do PROINFO tem sido utilizado pelo corpo docente? Como? 8 Tanto a escola A quanto a escola B afirmaram que “Não”. As duas escolas possuem o laboratório já estruturado, porém o mesmo não está sendo utilizado, ainda, pelos professores em sua prática pedagógica. A escola A respondeu que faltavam “configurar as máquinas para colocá-las em uso”, o que é de responsabilidade do NTE. 2 – Você acha que o referido laboratório tem auxiliado a equipe pedagógica da escola? Novamente, a resposta das duas escolas foi “Não”. A escola A escreveu que o laboratório não auxilia a equipe pedagógica uma vez que o mesmo não está sendo utilizado. A escola B apenas respondeu “Não” de forma categórica. 3 – Enquanto recurso didático, o laboratório de informática tem auxiliado o processo de ensino e aprendizagem? Como? Mais uma vez a resposta de ambas as escolas A e B foi “Não”. Trata-se de uma reação em cadeia: se o laboratório de informática não é utilizado pelo corpo docente, não tem como auxiliar a equipe pedagógica. Conseqüentemente, é impossível auxiliar o processo de ensino e aprendizagem. 4 – O corpo docente sabe usar a tecnologia da informática? Se existem dificuldades, quais são elas? A escola A mencionou que alguns professores fizeram cursos “que serão repassados na escola”. Provavelmente esses cursos que os professores fizeram, relatados no questionário, foram cursos particulares, e não um treinamento assistido pelo NTE. Já a escola B respondeu que o “corpo docente não utiliza o laboratório de informática, pois não domina o uso da máquina”. Em conversa informal com a Supervisora da escola B, ela afirmou que a escola havia cedido o laboratório de informática para o treinamento oferecido aos técnicos de NTEs da região. No entanto, os professores não haviam sido orientados sobre o acesso aos programas informatizados e aos vídeos educativos. Afinal, a informática veio para contribuir ou para atrapalhar? Mesmo que apenas duas (2) escolas tenham sido investigadas, foi possível observar que muita coisa está em 9 dissonância. O que a legislação rege sobre a incorporação dos recursos tecnológicos na educação não é o que acontece na prática. Não se pretende neste artigo colocar a culpa em alguém, mas cabe investigar onde ocorrem as falhas. Em um questionário aplicado a uma das Inspetoras da rede estadual de ensino de Uberlândia, foi perguntado: 1 – Enquanto Inspetor Escolar, como você percebe a inclusão do laboratório de informática do PROINFO na rede pública de ensino? A Inspetora respondeu que “a inclusão do laboratório de informática foi uma conquista, porém o seu funcionamento não está sendo adequado. Falta um trabalho em equipe, envolvendo todos os alunos” em todas as disciplinas. 2 – O que deveria ser feito para que o referido laboratório auxiliasse a equipe pedagógica e os alunos da escola? A Inspetora incentiva “a elaboração de projetos realizados com a utilização dos equipamentos aproveitando a criatividade de alunos e professores, cuja culminância seria o reconhecimento do esforço coletivo”. O MEC (http://portal.mec.gov.br/index.php) faz sua parte ao distribuir os computadores; porém, a responsabilidade em adequar as escolas para o recebimento e utilização destes é do Estado e Municípios. Além de infra-estrutura, é preciso também um processo de formação continuada do professor a fim de aprender e compreender a articulação entre a tecnologia computacional e sua prática pedagógica. Considerações Finais Os educadores, em geral, bem como o Inspetor Escolar, concordam que os recursos atuais da tecnologia sevem como instrumento “de apoio às matérias e conteúdos lecionados, além da função de preparar os alunos para uma sociedade informatizada” (LOPES, 2009, p. 2). No que tange ao uso dos laboratórios de informática do PROINFO na rede pública de ensino, é direito do aluno usufruir dos computadores e da Internet em sua aprendizagem escolar visando sua formação enquanto cidadãos críticos, abertos a mudanças, 10 conscientes de uma realidade muito além do ambiente escolar. Igualmente, é direito dos professores serem preparados para incorporar essas novas mídias em seu contexto de trabalho. O PROINFO deveria fazer parte do projeto pedagógico da escola. Isso é um dever público. No entanto, ainda falta uma longa caminhada para mudar essa realidade. REFERÊNCIAS ARAÚJO, J. C.; BIASI-RODRIGUES, B. (Org.). Interação na Internet: novas formas de usar a linguagem. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2005. BARBOSA, M. R. L. da S. Inspeção Escolar: um olhar crítico. Uberlândia: Gráfica Composer Editora Ltda., 2008. BRASIL. Lei n. 10.172, de 09 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10172.htm>. Acesso em: 28 julho 2009. ________ . Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm>. Acesso em: 28 julho 2009. ________ . Ministério da Educação. 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Acesso em: 20 set. 2009. PAIVA, V. L. M. O. A sala de aula tradicional X a sala de aula virtual. In: CONGRESSO DE ASSOCIAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA DO ESTADO DE MINAS GERAIS, 3, 2001, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte, 2001, p. 129-145. PAULA, Michele G. de. Inclusão Digit@l na Escola Pública: uma proposta com o Kidlink. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia/MG - ILEEL, 2006. (Dissertação de Mestrado em Lingüística) POLATO, A. A tecnologia que ajuda a ensinar. Revista Nova Escola. São Paulo: n. 223, p. 50-58, junho/julho 2009.