XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTOS: O PROJETO DE UMA
MÁQUINA PARA DOBRAR ESTRIBOS
Rochelly Sirremes Pinto (UFERSA )
[email protected]
Izaias Kenedy Lima Morais (UFERSA )
[email protected]
RAIMUNDO ALBERTO REGO JUNIOR (UFERSA )
[email protected]
fabio Roberto Abreu Junior (UFERSA )
[email protected]
Maria Aridenise Macena Fontenelle (UFERSA )
[email protected]
O processo de desenvolvimento de produtos (PDP) é critico para a
concorrência entre as organizações, principalmente aquelas em que
inovações são intensamente demandadas por seus clientes e mercados.
Toda essa competitividade tem relação dirreta com a qualidade e o
caráter inovador dos produtos oferecidos, reforçando, assim, a
importância do PDP como vantagem competitiva. Existem na
literatura diferentes modelos e metodologias propostas para o
desenvolvimento de novos produtos, cabem as empresas a buscar
aquela que melhor se adapte a sua realidade. Nesse contexto, o
presente trabalho é o resultado de um estudo teórico/ prático no qual
foi desenvolvido o projeto de uma máquina de cortar estribos,
direcionada a indústria da construção civil. As pesquisas teóricas
nortearam o modelo de desenvolvimento do produto. E o resultado
prático foi atribuído ao esboço do novo produto ea construção do
protótipo com materiais de sucata. Apesar de constitui-se como
experiência didática esse trabalho provou que com base em idéias
simples e inovadoras, podem-se idealizar produtos que vêm atender
necessidades do mercado até então desconhecidas.
Palavras-chaves: PDP, Máquina de produzir estribos, estribos
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
1.
Introdução
As fortes transformações econômicas financeiras geradas pela globalização têm levado as
organizações a uma forte competitividade por mercados. Com isso o sucesso econômico
dessas empresas fica condicionado a sua capacidade de apontar as necessidades dos clientes e
criar produtos que satisfaçam essas exigências a um custo de produção relativamente baixo.
Assim, segundo Ulrich e Eppinger (1995), atingir essa meta não é somente um problema de
marketing, de projeto ou de produção. Trata-se, na verdade, de um problema de
desenvolvimento do produto, que envolve essas e outras funções.
Segundo Rozenfeld (2006) desenvolver produtos consiste em um conjunto de atividades por
meio das quais se busca, a partir das necessidades do mercado e das possibilidades e
restrições tecnológicas, e considerando as estratégias competitivas e de produto da empresa,
chegar às especificações de projeto de um produto e de seu processo de produção, para que a
manufatura seja capaz de produzi-lo.
Ainda segundo o autor o principal foco para ganho de consumidores está voltado à inovação,
no entanto ela não é o único atributo para o ganho de pedidos, é necessário ainda um projeto
bem estruturado com descrição detalhada de suas etapas de execução, alem de considerar as
preferências e os desejos dos clientes.
Dessa forma, entende-se que em uma economia globalizada, a vantagem competitiva de uma
empresa vai além de introduzir no mercado novos produtos e serviços, ela esta diretamente
relacionada à capacidade de desenvolver novos produtos que atendam as novas exigências dos
clientes, ou que por sua vez as antecipem, constituindo, assim, um ponto crucial para a
longevidade das organizações.
Neste contexto, este artigo tem como principal objetivo descrever as etapas do projeto de um
novo produto com base nas metodologias propostas na literatura. Este trabalho é resultado de
uma atividade da disciplina de Projeto e Desenvolvimento de Produto, do curso de
Engenharia de Produção da UFERSA (Universidade Federal do Semi- Árido), sediada na
cidade de Mossoró-RN.
O projeto foi executado por um grupo de alunos que a partir da identificação de uma
necessidade, surgiu à idéia de desenvolver uma máquina direcionada para a indústria da
2
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
construção civil que serve de auxílio na produção de estribos. A fim de possibilitar a criação
de um novo produto para atender uma necessidade latente.
2.
2.1.
Abordagem conceitual
Processo de Desenvolvimento de Produtos – PDP
O processo de desenvolvimento de produtos tem se tornado um método fundamental para as
empresas manterem-se atuantes e competitivas. As mudanças enfrentadas pelo mercado
traçam um novo cenário dinâmico para as organizações e em particular para as indústrias.
Seus produtos enfrentam a competitividade em preço e qualidade com os similares, forçando
as empresas a incorporar e desenvolver constantemente novos produtos e tecnologias, tendo
em vista a diminuição dos custos, melhoria da qualidade, manutenção e, se possível,
ampliação de mercados.
O PDP é constituído por uma seqüência de atividades aplicadas que busca através da
identificação de uma oportunidade, ou necessidade, transformar uma idéia em um produto ou
serviço a ser comercializado. A probabilidade de sucesso do novo produto esta condicionada à
construção eficaz do processo que implica diretamente na redução dos seus custos.
De acordo com Rozenfeld (2006) desenvolver produtos consiste em um conjunto de
atividades por meio das quais se busca, a partir das necessidades do mercado e das
possibilidades e restrições tecnológicas, e considerando as estratégias competitivas e de
produto da empresa, chegar às especificações de projeto de um produto e de seu processo de
produção, para que a manufatura seja capaz de produzi-lo.Esse processo envolve também as
atividades de acompanhamento do produto após o lançamento para serem realizadas as
mudanças necessárias nessas especificações. Cabe, também, ao PDP identificar as
necessidades do mercado e dos clientes em todas as fases do ciclo de vida do produto, além de
identificar as possibilidades tecnológicas e desenvolver um produto que atenda às
expectativas em termo de qualidade total do produto
Já para Machado & Toledo (2007), desenvolver um produto significa fazer com que uma idéia
possa ser materializada na forma de um bem físico ou um serviço a ser prestado. Dessa forma,
o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) compõe-se de atividades planejadas,
coordenadas e controladas que visam fazer com que o objetivo de criação de um novo produto
possa ser alcançado. Segundo os autores, o desenvolvimento do produto começa com a
3
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
percepção de uma oportunidade de mercado e termina com a produção, venda e entrega de um
produto.
TAKAHASHI & TAKAHASHI (2007) descrevem o PDP como sendo um processo de
tomada de decisões complexo e iterativo com vários estágios e filtros entre esses estágios. Tal
processo envolve muitas pessoas, recursos, conhecimento e muitas funções da empresa, e é o
que faz a diferença na competitividade dos produtos das empresas a longo prazo. Portanto, o
modo como a empresa efetua o desenvolvimento de produto (sua velocidade, eficiência e
qualidade do trabalho) é o que determinará a competitividade do produto.
Diversos autores compartilham da idéia de que a adoção de um método específico de PDP
torna-se primordial na elaboração de um novo produto. Existem na literatura diferentes
modelos e propostas de vários autores acerca das etapas de desenvolvimento, as quais
diferenciam principalmente, pela relevância dada a cada etapa do processo especificamente.
Baxter (2003) classifica as atividades do PDP em quatro etapas:
- Estratégia de inovação do produto;
- Inicio de desenvolvimento de um produto especifico;
- Pesquisa e analise das oportunidades e restrições;
- Especificação e justificativas do projeto
Na primeira etapa dar-se início ao PDP, são exploradas algumas idéias iniciais e feitos testes
de mercado. Se aprovado o produto passa para a segunda etapa que inclui a especificação da
oportunidade, especificação do projeto e volta-se, então, para o projeto conceitual, a fim de
selecionar o melhor conceito. Posteriormente, na terceira etapa, são feitos alguns testes de
mercado. Se o resultado for satisfatório, deverão ser iniciadas as atividades de configuração
do produto. Selecionada a melhor configuração, de acordo com suas especificações, são
realizados testes de mercado. Sendo aprovado, detalham-se os componentes do produto e o
seu processo produtivo, e constrói-se um protótipo para aprovação. Aprovado, encerra-se o
PDP e o produto pode ser produzido e lançado no mercado.
Para Clark &Wheelwright (1993) o processo de desenvolvimento de produtos é dividido em
quatro fases: desenvolvimento do conceito, planejamento do produto, engenharia do
produto/processo e finalmente produção piloto/aumento da produção. As fases 1 e 2 abordam
aspectos sobre informações sobre as oportunidades de mercado, as condições de produção e
4
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
as possibilidades técnicas. São avaliados o projeto conceitual, o mercado alvo, os
investimentos necessários e a viabilidade econômica. A aprovação do projeto é validada
através de testes e discussão com potenciais clientes. Com o conceito aprovado, parte-se para
o detalhamento da engenharia e do processo de fabricação. Esta fase envolve o
desenvolvimento do projeto, a construção de protótipos e o desenvolvimento de ferramentas
para produção. O detalhamento de engenharia envolve o ciclo projetar, construir e testar, até
atingir a maturidade necessária para início da produção piloto.
Rozenfeldet al. (2006) propõe três etapas seqüenciais para as atividades de desenvolvimento
do produto, compreendendo o pré-desenvolvimento, o desenvolvimento e o pósdesenvolvimento que não necessariamente ocorrem de forma seqüencial, podendo se
sobrepuser, além disso, o final de uma fase e o início de outra é marcado por uma revisão da
fase, onde são verificadas todas as atividades e resultados obtidos até então.
(1) Pré-Desenvolvimento: nessa fase é realizado o planejamento estratégico dos produtos.
(2) Desenvolvimento: é nessa fase que são realizadas a maior parte das atividades
correspondentes ao projeto do produto, tais como: Projeto informacional, Projeto conceitual,
Projeto detalhado, Preparação da produção, Lançamento do produto.
(3) Pós-Desenvolvimento: essa fase corresponde necessariamente ao planejamento do
acompanhamento e da retirada do produto do mercado.
As atividades do processo de desenvolvimento de produtos proposta por TAKAHASHI &
TAKAHASHI (2007) são modeladas em seis fases distintas:
- Avaliação de conceito (ou concepção): Nessa fase são avaliadas as oportunidades de produto
e são iniciadas as atividades do PDP.
- Planejamento e especificação: tradução do conceito do produto em especificações para o
projeto de produto detalhado, incluindo estilo, arranjo, especificações detalhadas, custos,
investimentos e escolhas técnicas, vantagens competitivas, funcionalidades e viabilidade.
-Desenvolvimento: as informações do planejamento do produto são traduzidas em projetos de
produto detalhados, tendo em vista à construção do protótipo do produto a fim de testá-lo.
- Teste e Avaliação: Nessa fase são alocados os recursos a fim de preparar a produção com os
processos existentes no chão de fábrica para o lançamento do produto.
5
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
- Liberação do produto: são verificados os recursos de produção, distribuição e marketingpara
iniciar as atividades.
Nas primeiras etapas do planejamento é feita uma pesquisa de mercado a fim de traçar
tendências com base em conceitos e idéias. Essas fases são primordiais para o processo. Os
custos envolvidos são relativamente pequenos, a pesquisa só ocorreu no papel e os trabalhos
de projeto consistem de desenhos e modelos baratos. Um projeto bem elaborado na sua fase
inicial compromete o sucesso do produto final.
2.2. A produção de estribos
A construção civil é um processo produtivo com layout baseado em projeto onde todos os
recursos transformadores e transformados são deslocados ao local onde está situada a obra. As
atividades de: escavação de fundações, alvenaria de vedação, confecção de elementos
estruturais são consideradas artesanais. Tais características denotam a necessidade de estudos
para aumentar a conformidade e qualidade na execução dessas tarefas.
A produção desses elementos estruturais é considerada uma das atividades que mais agregam
valor na construção de uma edificação e, portanto merece atenção especial no seu processo
produtivo. Para isso é importante à adoção de uma postura inovadora e empreendedora, por
parte dos encarregados de obras, na busca de ferramentas, equipamentos e melhoria contínua
dos processos produtivos.
Dado o projeto estrutural da edificação onde estão contidas especificação como: alocação de
elementos, quantidades, dimensões, bitolas do aço. Cabe ao engenheiro passar todas as
instruções para o armador, que é o profissional responsável pela confecção dos estribos.
Abaixo, na Figura 1, segue a representação do processo de produção de estruturas de concreto
armado.
6
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
Figura 1 - processo de produção de estruturas de concreto armado.
1 – Produção de Armaduras
1.2. Compra e
recebimento
do aço
1.6. Verificação
dos estribos
2 – Produção de Concreto
1.2. Verificação
da qualidade do
insumo
1.3.
Estocagem
do aço
1.5. Dobra
(Produção
de
estribos)
1.4. Corte
do aço
1.8. Verificação
da armadura
1.7. Pré Montagem
4. Montagem da
armadura mais forma
3 – Produção de
sistemas de formas
3.3. Pré montagem
3.1. Compra e
recebimento
dos insumos
3.
2.1. Compra e
recebimento
dos insumos
2.2. Dosagem
(cimento, agregados,
água, aditivos, etc.)
2.3. Mistura
5. Limpeza
6. Instalação
de embutido
Fonte: Autores (2012)
7. Verificação antes
do lançamento
8. Lançamento
9. Cura
Procedimentos metodológicos
3.2. Fabricação
Este trabalho tem como
principal objetivo o de descrever as etapas de desenvolvimento de um
10. Desmoldagem
produto de pouca complexidade construído com materiais de sucata. O produto compreende
uma máquina de produzir estribos, sendo direcionada a indústria da construção civil. Além de
ser o resultado de uma atividade da disciplina de Projeto e desenvolvimento de produtos, o
trabalho proporcionou ao grupo uma experiência didática a partir de uma descoberta da
necessidade do mercado.
Para o desenvolvimento do trabalho foi realizado um vasto estudo teórico sobre as diversas
metodologias existentes na literatura, as quais proporcionaram a elaboração de um modelo
com base nos já existentes que norteou todo o processo. O modelo para o desenvolvimento do
produto utilizado neste trabalho consiste no levantamento de informações e execuções das
etapas:
1° Etapa: Avaliação do conceito (1.1) Identificar uma necessidade; (1.2) Viabilidade Técnica;
(1.3) Identificar a oportunidade.
7
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
2° Etapa: Planejamento do produto (2.1) Projeto Preliminar
3° Etapa: Detalhamento do produto (3.1) Projeto detalhado; (3.2) Protótipo
4° Etapa: Detalhamento do Processo (4.1) Materiais; (4.2) Processo de produção
5° Etapa: Revisão e Testes
4.
Processo de desenvolvimento do produto
As atividades desenvolvidas serão descritas a seguir, tomando como base a metodologia
adotada para desenvolvimento e construção do produto máquina de produzircortar estribos.
1° Etapa: Avaliação do conceito
(1.1)
Identificar uma necessidade
Nessa etapa buscou-se descobrir a necessidade que o novo produto iria resolver. O foco
principal foi descobrir necessidades dos consumidores e oportunidades de novos produtos, a
fim de esboçar algo com alguma função importante para a sociedade, de baixo custo e pouca
complexidade que possibilitasse a construção do protótipo.
A técnica do brainstorming foi utilizada como ferramenta na avaliação e apresentação das
idéias. Possibilitando ao grupo apontar e atender as urgências e oportunidades que o produto
iria explorar, bem como suas funções, utilização, possíveis usuários e as características do
mercado.
Com base nas discussões geradas a idéia que predominou foi a de uma máquina de produzir
estribos, esboçada para auxiliar na construção dos estribos nas construções. A escolha do
produto foi atribuída à observação direta das tarefas diárias de trabalhadores do setor de
construção civil. A proximidade do setor por parte de alguns componentes da equipe
possibilitou a identificação de uma necessidade premente na atividade de produção de
estribos.
(1.2)
Viabilidade Técnica
Essa etapa engloba o estudo da viabilidade técnica do novo produto. Foram realizadas
diversas pesquisas externas que pudessem somar alguma contribuição para o andamento do
projeto. Essa etapa é relevante por proporcionar uma análise dos produtos concorrentes, bem
como os preços, especificações e quanto o consumidor esta disposto a pagar por ele.
8
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
Realizou-se uma pesquisa junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual – INPI a fim
de verificar a existência de registros de propriedade industrial, como patente ou modelo de
utilidade, do produto em questão. Algumas das palavras-chaves utilizadas na pesquisa foram:
maquina de produzir estribos, maquina de dobrar estribos, produção de estribos entre outras.
(1.3)
Identificar a oportunidade
Devido ao baixo nível tecnológico e a relevância da atividade de produção de estribos,
buscou-se desenvolver utilizando técnica do brainstorming uma máquina que, ao mesmo
tempo, apresentasse características como: aumento de produtividade, diminuição de custos de
produção, aumento da conformidade dos produtos, diminuição do esforço, melhorar a postura
e aumentar a segurança do operador nas atividades de produção de estribos.
A produção de estribos (item 1.5 da figura 1) é uma atividade inserida na produção de
armaduras e (item 1 da figura 1). Esse componente tem relativa importância, pois sua
qualidade contribui positivamente para à qualidade e boa execução do elemento de concreto
armado. Essa atividade é executada normalmente por um operário que utiliza uma chave e
uma bancada com pinos chamada de gabarito e com espaçamentos que definem as dimensões
do estribo.
2° Etapa: Planejamento do produto
(2.1) Projeto Preliminar
Na etapa do projeto preliminar foram esboçados diversos desenhos da máquina, tendo em
vista a seleção da melhor proposta em relação à forma, materiais para a produção, usabilidade
e fabricação. Através dos rascunhos e do detalhamento de cada desenho foi escolhido o
esboço com base nos recursos disponíveis para confecção do protótipo. O projeto detalhado
da máquina está ilustrado na Figura 2, abaixo.
Figura 2 - Projeto preliminar da máquina de produzir estribos
9
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
Fonte: Autores (2012)
O desenho preliminar serviu para estabelecer as medidas padrões, os materiais e o conjunto
dos componentes para construção do protótipo.
3° Etapa: Detalhamento do produto
(3.1) Projeto detalhado
O projeto detalhado proporcionou a definição e análise da forma geométrica do produto. Foi
possível realizar algumas correções em relação ao projeto preliminar. Ainda nessa fase foi
possível fazer a finalização e especificação técnica, bem como a seleção dos materiais,
detalhar o produto e planejar os processos de fabricação e montagem. A Figura 3, abaixo, é
referente ao projeto detalhado da máquina.
A tabela 1, abaixo, faz um detalhamento da Figura 3, descrevendo os itens e os materiais
utilizados para a construção do protótipo. Ainda na tabela é possível verificar a função de
cada item para a estrutura da máquina
Figura 2 - Projeto Detalhado da máquina de produzir estribos
Fonte: Autores (2012)
10
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
Tabela 1 - Descrição da máquina de produzir estribos
Descrição
Função
Item
1
2
3
4
Chamada de base é composta unicamente
Tem função de dar estabilidade a máquina
por um aro de caminhão;
para que ela não tombe.
Aqui temos o pedal, foi confeccionado
Exerce função de alavanca onde o
com pedaços de vergalhões de aço e
operador coloca o pé para acionar a
chapa de aço;
máquina;
Agora temos a base do extensor feita de
No item 3 temos um parafuso que serve
um tubo de aço com 6" (16,83cm) de
para fixar o item 4 e onde podemos
diâmetro e 60 cm de comprimento;
ajustar a altura da máquina. Assim o
O extensor é um tubo de aço de diâmetro
operador pode escolher a melhor posição
inferior ao da base do extensor 4"
para trabalhar;
(11,43cm) de diâmetro e 90 cm de
comprimento;
5
6
A corrente utilizada para compor a
Tem a função de transmitir a força
máquina é uma corrente de transmissão
exercida pelo operador no pedal para a
de bicicleta ou motocicleta;
alavanca de resistência;
O apoio é uma haste de aço com
Possui duas funções: a primeira é ajustar
dimensões de 4 cm x 30 cm x 0,5cm
o ângulo interno do estribo e a segunda
(largura x comprimento x espessura);
função é apoiar o mesmo enquanto é
produzido;
7
A régua é uma cantoneira de aço em L
Na régua temos uma graduação com
com dimensões de 6 cm x 85 cm x 0,5cm
orifícios a cada centímetro onde podemos
(largura x comprimento x espessura);
ajustar os parafusos de acordo com as
dimensões do estribo;
8
A meia-lua é a metade de uma
Sua função é tencionar a corrente de
circunferência composta por vários
transmissão e transmitir a força ao eixo
pedaços de vergalhão de aço e um
que dobra o estribo;
rolamento;
9
A alavanca de resistência é um simples
O item 9 juntamente com o item 10, tem
pedaço de vergalhão de 3/4” com 52 cm
função de criar resistência.
de comprimento fixado na régua;
11
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
10
Aqui temos três molas de cama elástica.
Fonte: Autores (2012)
A Figura 3 representa o projeto detalhado da máquina onde suas partes estão numeradas
fazendo referencia aos itens descritos na Tabela 1. Essa tabela esquematiza todos os
componentes da estrutura, evidenciando suas funções.
(3.2) Protótipo
Após a seleção dos materiais e definição das medidas o processo de fabricação do protótipo
foi iniciado. Esse processo representa não só o resultado da metodologia desenvolvido como
também proporciona a realização de testes de usabilidade e funcionalidade do produto em si.
O protótipo funcional do produto proposto é apresentado na Figura 4, abaixo. Vale ressaltar
que ele foi construído nas dimensões reais do produto.
Figura 4 – Protótipo
Fonte: Autores (2012)
4° Etapa: Detalhamento do Processo
(4.1) Materiais
Nessa etapa foi realizado um estudo mais criterioso sobre os materiais a serem utilizados para
a fabricação. Todas as especificações da máquina foram estabelecidas de modo que
possibilitasse a execução do projeto, estabelecendo os detalhes construtivos com foco na
descrição de um único protótipo. Não foi possível especificar os valores monetários gastos na
construção, uma vez que todos os materiais utilizados são de sucata o que resultou em custos
de produção praticamente nulos a equipe.
Tabela 2 - Materiais Utilizados na construção do protótipo
12
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
Materiais
Unidade
Quantidade
Dimensões
Aro de caminhão
und.
1
22,5" até 26"
Pedaços de vergalhões de aço
m
1,75
3/4" ou 1/2"
Chapa de aço
m²
0,50
2mm
Tubo de Aço de 6
m
0,60
6" (16,83cm)
Tubo de Aço de 4
m
0,90
4" (11,43cm)
Corrente de transmissão de
m
2,00
-
cm
-
4cm x 30cm x 0,5cm (largura
bicicleta ou motocicleta
Haste de aço
x comprimento x espessura)
Cantoneira de aço em "L"
cm
6cm x 85cm x 0,5cm (largura
x comprimento x espessura)
Rolamentos de esfera
und.
1,00
-
Molas de cama elástica
und.
3,00
-
Parafusos e porcas
und.
-
-
Fonte: Autores (2012)
(4.2) Processo de produção
De posse de todos os materiais e nas quantidades corretas, tornam-se relativamente simples o
processo de produção da máquina de produzir estribos. A maioria das peças é unida com
Soldagem a arco elétrico com eletrodo revestido também conhecido como soldagem manual a
arco elétrico (MMA), é um processo manual que é realizado com o calor de um arco
elétrico mantido entre a extremidade de um eletrodo metálico revestido e a peça de trabalho.
A representação do processo de produção pode ser visualizado na Figura 5, abaixo.
Figura 5 – Processo de produção
13
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
Fonte: Autores (2012)
5° Etapa: Revisão e Testes
De acordo com Gomes Filho (2003) a análise direta dos fatores ergonômicos no produto
possibilita a melhor adequação ou adaptação do “objeto” aos seres vivos em geral, sobretudo
no que diz respeito à segurança, ao conforto e à eficácia de uso ou de operacionalidade dos
objetos, mais particularmente, nas atividades e tarefas humanas.
Com base no produto desenvolvido e no estudo feito sobre os três Fatores Ergonômicos
Básicos definidos por este autor (Requisito do Projeto, Ações de Manejo e Ações de
Percepção),
c) Facilidade de pega e eficiência no uso;
d) Produto de utilização simples e adaptável a todos os tipos de operadores
e) Exige pouca habilidade e pouca precisão para seu uso;
f) Produto adaptável a grande maioria dos usuários, exceto os que têm algum tipo de limitação
física.
5. Considerações finais
O sucesso ou fracasso do desenvolvimento de produtos esta condicionada à metodologia
escolhida. Esta por sua vez além de estar relacionada ao tipo de trabalho, a complexidade do
produto e as necessidades dos clientes, deve ser multidisciplinar para possibilitar a visão do
produto por diferentes âmbitos.
A metodologia utilizada neste artigo para o projeto do novo produto mostrou-se adequada
como estudo didático. Ao passo que possibilitou o aprofundamento dos conteúdos teóricos e
de experimentações práticas de grande importância para a compreensão dos processos
envolvidos no desenvolvimento de produtos, fator crucial para formação técnica de futuros
profissionais da Engenharia de Produção.
A criação do produto exposto: “máquina de produzir estribos” apresentou-se viável e
possibilitou vivenciar a metodologia de desenvolvimento de produtos corroborando a
14
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
relevância do estudo descrito na literatura. O produto proposto é útil e de pouca
complexidade, que supri as necessidades latentes ainda não supridas pelos produtos já
existentes.
Por fim, o método adotado para o projeto do produto proporcionou melhor inspeção durante
todas as etapas de desenvolvimento, possibilitou a equipe alcançar todos os objetivos da
disciplina, reforçou a idéia de que a primazia de um projeto não está relacionada à
complexidade do produto e mostrou que idéias simples e funcionais surgem em diferentes
lugares.
Referências
BAXTER, M. Projeto de produto: Guia prático para o design de novos produtos. 2. ed.
São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda., 1998.
CLARK, K.B.; WHEELWRIGHT, S.C.(1993). Managing new product and process
development: texts and cases. Boston: Harvard Business School.
GOMES FILHO, J.; Sistema Técnico de Leitura Ergonômica. São Paulo: Escrituras, 2003.
MACHADO, M.C.; TOLEDO, N. N. Criação de valor no Processo de Desenvolvimento de
Produtos: Uma avaliação da aplicabilidade dos princípios e práticas enxutas. Revista
Gestão Industrial, v.2., n.3., p.142-153, 2006.
ROZENFELD, H.; FORCELLINI, F. A.; AMARAL, D. C.; TOLEDO, J. C.; SILVA, S. L.;
ALLIPRANDINI, D. H.; SCALICE, R. K. Gestão de desenvolvimento de produtos. Uma
referência para a melhoria do processo. 1. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2006.
ULRICH, K. & EPPINGER, S. Product design and development.New York: McGraw-Hill,
1995.
TAKAHASHI, S. & TAKAHASHI, V. Gestão de inovação de produtos: estratégia,
processo, organização e conhecimento. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2007.
15
Download

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS: O