UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE FÍSICA TEÓRICA E EXPERIMENTAL PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM FÍSICA S OBRE A COMPOSIÇÃO QUÍMICA EM ESTRELAS EVOLUÍDAS DO AGLOMERADO ABERTO M 67 GISLANA PEREIRA DE OLIVEIRA NATAL - RN 2012 GISLANA PEREIRA DE OLIVEIRA S OBRE A COMPOSIÇÃO QUÍMICA EM ESTRELAS EVOLUÍDAS DO AGLOMERADO ABERTO M 67 Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de PósGraduação em Física do Departamento de Física Teórica e Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do grau de mestra em Física. Orientador: Prof. Dr. Bruno Leonardo Canto Martins NATAL - RN J UNHO 2012 Aos meus pais-avós, Maria e José e minha mãe, Ana Maria. Sem o apoio e o amor incondicional de vocês, a realização desse sonho não seria possível. i A GRADECIMENTOS • Ao meu Senhor Jesus Cristo, que sempre está comigo em todos os momentos de minha vida. • Ao meu orientador, Dr. Bruno Canto Martins, pela sua dedicação, paciência infinita e, sobretudo, pela confiança depositada em mim. • Aos meus pais-avós, Maria e José, e a minha mãe Ana Maria, pelo apoio, amor infinito, dedicação e confiança, que me deram forças para ir em busca dos meus sonhos. • Ao meu esposo Hércules Santiago, pela cumplicidade, amor, carinho e incentivo nos momentos mais difíceis. • Á minha tia Joelma, aos primos Aryanderson, Aryele e Ariany e ao meu padrasto Francineu, pelos incentivos e compreensão da minha ausência. • A todos os meus colegas do DFTE/UFRN em especial a Francisco Jânio, Matheus, Antônio, Heydson, Rízia, Mírian, Jenny e Carlene, pela amizade e companheirismo. • Aos colegas Caio, Crislane, Noélia, Ana Lúcia e Nilade, Sumaia e Izan pela ajuda na resolução de problemas técnicos. • A todos os professores do PPGF-UFRN, em particular ao Dr. José Renan de Medeiros, Dr. José Dias do Nascimento Júnior, Dr. Dory Hélio Anselmo, Dr. Luciano Silva e Dr. Gandhi Mohan pelos conhecimentos transmitidos. • Aos funcionários do PPGF-UFRN. • Á CAPES pelo apoio finaceiro . ii “Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem, ou que seus planos nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém. Quem acredita sempre alcança!" Renato Russo iii Resumo Os aglomerados abertos da galáxia possuem uma grande variedade de propriedades físicas que os tornam valiosos laboratórios para estudos da evolução química estelar e da Galáxia. A fim de melhor compreender essas propriedades nós investigamos a abundância de um grande número de elementos químicos em uma amostra de 27 estrelas evoluídas com diferentes estágios evolutivos (turn-off, subgigantes e gigantes) do aglomerado aberto M67. Para tal estudo foram utilizados espectros de alta resolução (R ∼ 47 000) e alto sinal ruído obtidos com UVES+FLAMES em VLT/ UT2, cobrindo um intervalo de comprimento de onda de 4200- 10 600 Å. Nossa análise espectral é baseada nos modelos de atmosfera MARCS e a ferramenta espectroscópica Turbospectrum. O oxigênio [O I] foi determinado a partir da linha 6300 Å. Além disso, também determinamos a abundância de Si I, Na I, Mg I, Al I, Ca I, Ti I, Co I, Ni I, Zr I, La II e Cr I. As abundâncias investigadas neste trabalho, combinadas com seus parâmetros estelares, oferecem a oportunidade de determinar o nível de diluição e mistura convectiva em estrelas evoluídas de M67. Com base nos parâmetros obtidos, as abundâncias referidas parecem seguir uma tendência semelhante à curva de abundâncias solares. Adicionalmente, seguindo estratégias de outros estudos investigamos as abundâncias relativas como função da temperatura efetiva e da metalicidade, onde foi possível observar uma superabundância de Na, Al e Si para as estrelas no ramo das gigantes. Uma grande dispersão, de estrela para estrela, é observada nas razões de [X/Fe] para o Co, Zr e La, além da inexistência do Zr e La, nas estrelas do Turn-off. Comparações feitas entre nossos resultados e com outros estudos encontrados na literatura mostram valores de abundâncias que se encontram em acordo e próximos dos limites das margens de erros. iv Abstract The Galaxy open clusters have a wide variety of physical properties that make them valuable laboratories for studies of stellar and chemical evolution of the Galaxy. In order to better settle these properties we investigate the abundances of a large number of chemical elements in a sample of 27 evolved stars of the open cluster M67 with different evolutionary stages (turn-off, subgiant and giant stars). For such a study we used high-resolution spectra (R ∼ 47 000) and high S/N obtained with UVES+FLAMES at VLT/UT2, covering the wavelength interval 4200-10 600 Å. Our spectral analysis is based on the MARCS models of atmosphere and Turbospectrum spectroscopic tool. The oxygen abundances were determined from the [O I] line at 6300 Å. In addition, we have also computed abundances of Si I, Na I, Mg I, Al I, Ca I, Ti I, Co I, Ni I, Zr I, La II and Cr I. The abundances investigated in this work, combined with their stellar parameters, offers an opportunity to determine the level of mixing and convective dilution of evolved stars in M67. Based on the obtained parameters, the abundances of these seem to follow a similar trend to the curve of solar abundances. Additionally, following strategies of other studies have investigated the relative abundances as a function of effective temperature and metallicity, where it was possible to observe an abundance of Na, Al and Si to the stars in the field of giants. A large dispersion from star to star, is observed in the ratios [X / Fe] for the Co, Zr and La, and the absence of Zr and La, in the stars of the turn-off. Comparisons made between our results and other studies in the literature show that values of abundances are in agreement and close to the limits of the errors. v LISTA DE FIGURAS 1.1 A figura representa no diagrama HR o ciclo evolutivo de uma estrela semelhandte ao sol. Ao lado, esquema do interior da estrela em diferentes fases de sua vida. (Fonte: http : //www.prof 2000.pt/users/angelof /af 16/ts_estrelas/biget81.htm) 2.1 . . . . . . . . . . . 4 Diagrama cor-magnitude (CM) do aglomerado aberto M67 apresentado por Canto Martins et al. (2011). As estrelas estudadas no trabalho citado estão representadas por um círculo com ponto. Estas estrelas são as mesmas estudadas no presente trabalho. 3.1 . . . . . . . . . 11 Medida da largura equivalente de uma linha. A área do retângulo b é idêntica a área a, preenchida pelo perfil da linha. (Fonte: http://astroweb.iag.usp.br/∼dalpino/AGA215/APOS TILA/cap05cor.pdf) 4.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Diagrama das abundâncias Am em função do número atômico Z da nossa amostra de estrelas, representadas pelos círculos pretos. As abundâncias solares estão indicadas com o J símbolo . Para a linha tracejada, segue a curva de abundâncias do Sol, para os elementos estudados no presente trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vi 25 4.2 [O/Fe], [Na/Fe], [Al/Fe] e [Mg/Fe] como função da temperatura efetiva para a nossa amostra de estrelas evoluídas. As barras de erros correspondem a soma quadrática das incertezas adotadas. As linhas sólidas e pontilhadas representam, respectivamente, o valor médio e o desvio padrão de ±1 σ. Os círculos fechados e azuis representam os resultados de Randich et al. (2006), os fechados e vermelho resultados de Tautvaisiene et al. (2000) e por fim os fechados e pretos representam os resultados do presente trabalho. 4.3 . . . . . . . 29 O mesmo da figura 4.2, mas para os razões de abundâncias [Si/Fe], [Ca/Fe], [Ti/Fe] e [Cr/Fe]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 . . . . 31 4.4 O mesmo da figura 4.2, mas para os elementos [Co/Fe], [Ni/Fe], [Zr/Fe] e [La/Fe]. 4.5 [O/Fe], [Na/Fe], [Al/Fe] e [Mg/Fe] como função da metalicidade para as estrelas evoluídas de nossa amostra. As barras de erros correspondem a soma quadrática das incertezas adotadas. Os círculos fechados e azuis representam os resultados de Randich et al. (2006), os fechados e vermelho resultados de Tautvaisiene et al (2000) e por fim os fechados e pretos representam os resultados do presente trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 . . . . . . . . . . . . . . . 34 . . . . . . . . . . . . . . 35 4.6 O mesmo da figura 4.5, mas para os elementos Si, Ca, Ti e Cr. 4.7 O mesmo da figura 4.5, mas para os elementos Co, Ni, Zr e La. vii LISTA DE TABELAS 3.1 Parâmetros atmosféricos determinados em Canto Martins et al.(2011), para a amostra de 27 estrelas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 4.1 Razões de abundâncias [X/Fe] para as estrelas analisadas. . . . . . . . . . . 21 4.2 Abundâncias médias e desvio padrão(rms), a partir deste estudo. . . . . . . 23 4.3 Comparação para a estrela S1010 entre as razões [X/Fe] de Tautvaisiene et al. (2000)(T00), Yong et al. (2005)(Y05) e Pancino et al (2010)(P10) e as medidas no presente trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.4 26 Comparação para S1034 e S1239 entre as razões [X/Fe] de Randich et al. (2006) e aqueles derivados no presente trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . 27 A.1 Medidas das larguras equivalentes das linhas de absorção dos elementos estudados, para cada estrela do Turn-off. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 A.2 Medidas das larguras equivalentes das linhas de absorção dos elementos estudados, para cada estrela do ramo das subgigantes. . . . . . . . . . . . . 47 A.3 Medidas das larguras equivalentes das linhas de absorção dos elementos estudados, para as estrelas gigantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . viii 49 SUMÁRIO 1 Introdução 1 1.1 Aglomerados Estelares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1.1 Aglomerados Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.1.2 O aglomerado aberto M67 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.2 Objetivo deste Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.3 Plano de Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2 Amostra Estelar 10 3 Análise Espectroscópica 13 3.1 Síntese espectral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3.2 Larguras Equivalentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3.3 Modelos Atmosféricos MARCS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 4 Resultados 19 4.1 19 Abundâncias Químicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix 5 4.2 Erros: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 4.3 Curva de Abundâncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 4.4 Comparação com dados da literatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 4.5 Abundâncias relativas versus temperatura efetiva e metalicidade . . . . . . . 28 Conclusões e Pespectivas 36 5.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 5.2 Perspectivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Referências bibliográficas 39 Apêndices 44 A Medidas de larguras equivalentes 44 x CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO Galileu Galilei não foi o inventor do telescópio, porém foi o primeiro a fazer uso científico dele para observações astronômicas. No ano de 1610, foi capaz de observar o universo de maneira nunca antes descrita. A partir de então, novas possibilidades de estudos foram abertas, fazendo com que obervações contínuas de diversos objetos celeste fossem o caminho para o entendimento da estrutura e formação de planetas, estrelas e galáxias. Outro marco importante na astronomia, foi o estudo da luz emitida pelos objetos astronômicos. Em 1802, William Hyde Wollaston observou que passando a luz solar por uma fenda e depois por um prisma, apareciam linhas escuras no espectro (William Hyde, 1802). Muitos pesquisadores contribuíram para o entendimento de que, tais linhas escuras eram linhas de absorção que se devem ao gás da atmosfera solar, e que cada elemento produzia linhas específicas. Mas foi o astrônomo Giovani Batista Donati (1860) quem deu início à espectroscopia de outras estrelas. 1 Capítulo 1. Introdução 2 Desde então, esforços consideráveis foram feitos para a melhoria das técnicas de observação, no intuito de entender a origem e a evolução química de espécies nucleares. Os avanços na física nuclear e na astrofísica indicam que as medidas de abundâncias observadas, devem estar diretamente relacionadas com sua origem. Diferentes teorias foram desenvolvidas, para melhor explicar a origem dos elementos químicos durante os estágios primordiais do Universo, tais como: a teoria de polineutrons de Mayer & Teller (1949); a teoria de equilíbrio desenvolvida por Klein (1947) e Beskow & Treffenberg (1947) e a teoria do não-equilíbrio proposta por Alpher & Herman (1953), que mais tarde foi alterada por Hayashi & Nishida(1956). Uma revisão completa destas teorias é encontrada em Alpher & Herman (1953). Tais teorias citadas acima, diferem nos mecanismos propostos e nos modelos cosmológicos associados e apesar de muito falharem serviram como base para o desenvolvimento das teorias atuais. Dois físicos americanos, Penzias e Wilson (1965), descobriram que o espaço era preenchido com uma radiação térmica a um temperatura de 2,728 ±0, 002 K, chamada radiação térmica de fundo. Este fato é consistente com a idéia de que o início do Universo se deu com uma súbita descompressão, o chamado Big Bang. Dessa forma, essa radiação nos dá uma visão remota do universo primordial. Essencialmente, a abundância de elementos químicos determinados a partir de observações pode ser considerada um êxito, que cresceu junto com as teorias de nucleossíntese. Nesse processo as estrelas produzem elementos mais pesados, a partir de elementos mais leves. O resultado da nucleossíntese faz com que, o gás interestelar acabe sendo enriquecido com novos elementos químicos ao longo da vida galáctica. Durante as décadas de 50 e 60, devido ao rápido desenvolvimento das técnicas de análise espectral, vários estudos foram desenvolvidos no sentido de melhor explicar a origem dos elementos leves (A < 12). Porém, a baixa precisão dos dados observacionais limitou esse avanço. Sabe-se atualmente que o estudo das abundâncias dos elementos leves é crucial para solucionar vários problemas na astrofísica estelar. Para elementos mais pesados A > 12, as teorias de nucleossíntese atribuem que as estrelas seriam as fontes responsáveis pela síntese destes elementos, por apresentarem Capítulo 1. Introdução 3 condições favoráveis, que permitem que a fusão nuclear prossiga de forma eficiente. Essa síntese é proveniente de reações termonucleares no interior das estrelas que são essencialmente as reações de queima do He, o ciclo CNO, o processo de captura de partículas alpha (processo- α) e o processo de captura de nêutrons. Os elementos sintetizados a partir de captura de nêutrons são chamados de "processo-s"ou "processo-r", dependendo se a taxa de captura é mais lenta (slow) ou mais rápida (rapid) que a taxa de decaimento beta (decaimento com excesso de nêutrons) do elemento em questão (Bowers & Deeming, 1984). Os esforços realizados a partir de observacões espectroscópicas foram concentrados na análise de abundâncias químicas de estrelas para obter razões de abundâncias de diversos elementos em relação ao Fe. O aglomerado aberto M67 tem servido como um importante exemplo no entendimento da evolução estelar. As vantagens que os membros dos aglomerados tem de serem contemporâneos e idênticos, exceto em massas e estágios evolutivos, podem servir de forma eficiente para analisar as misturas sensíveis de abundâncias (Tautvaisiene et al. 2000). No entanto, poucos estudos focam na determinação de sua composição química (Randich et al. 2005, e referências citadas). 1.1 Aglomerados Estelares Os aglomerados estelares que formam nossa galáxia têm servido como importantes laboratórios. Estes sistemas podem ter suas estrelas analisadas em função de alguns parâmetros físicos similares, que nos auxiliam através de ricas informações e nos leva a uma melhor compreensão da formação e evolução dos sistemas estelares (Lada & Lada 2003). Sabemos que todas as informações de um sistema estelar são necessariamente obtidas a partir da análise da radiação emitida pelas estrelas que o constitue. Um importante avanço para uma correta interpretação destas informações foi realizado pela teoria da evolução estelar. A capacidade de prever, a luminosidade (log(L/LJ )) e a tempera- Capítulo 1. Introdução 4 tura efetiva (Tef ) de uma estrela ao longo de sua vida, é o principal sucesso da teoria da evolução estelar. O diagrama H-R é apresentado através da luminosidade em função da temperatura. Figura 1.1: A figura representa no diagrama HR o ciclo evolutivo de uma estrela semelhandte ao sol. Ao lado, esquema do interior da estrela em diferentes fases de sua vida. //www.prof 2000.pt/users/angelof /af 16/ts_estrelas/biget81.htm) (Fonte: http : Esse diagrama adota a convenção de que a temperatura cresce para a esquerda e a luminosidade para cima. Podemos observar, de forma clara, as diversas fases evolutivas que uma estrela atravessa, desde o seu nascimento até a sua morte. Estas fases estão associadas a muitas coisas, entre elas, reações nucleares no interior das estrelas que dependem das condições iniciais de massa e composição química. Em termos observacionais, a luminosidade pode ser obtida através de medidas de magnitude (Brilho da estrela) e a temperatura efetiva a partir de seu índice de cor ou tipo espectral. Deste modo, podemos partir para um plano observacional, o diagrama cor-magnitude (CM), possibilitando dessa forma a localização de estrelas quanto à idade, composição química e massa. Capítulo 1. Introdução 5 De acordo com o modelo padrão, as estrelas de um aglomerado foram formadas da mesma nuvem de gás e poeira e, portanto, possuem a mesma idade a mesma composição química e aproximadamente a mesma distância de nós. Além disso, verificou-se também que estes conjuntos de estrelas ocupam uma região delimitada muito menor do que a sua distância ao Sol. Sua importância é tanta que são considerados os blocos fundamentais de construção das galáxias (Grijs 2007, Kroupa 2005). Os aglomerados estelares podem ser classificados como abertos ou fechados, de acordo com sua estrutura, idade, cinemática, número de estrelas constituintes e distribuição espacial em torno do núcleo galáctico. A estrutura de um aglomerado pode ser definida com núcleo/halo, onde o núcleo está ligado gravitacionalmente e o halo acaba perdendo estrelas para o campo galáctico após segregação de massa. Estes aglomerados têm servido como importantes fontes de observação, pois, eles nos proporcionam uma ampla visão dos processos de formação e evolução estelar. A formação estelar nestes aglomerados se dá de forma simultânea a partir de uma nuvem molecular progenitora. Por conter uma grande amostra de estrelas de mesma origem e concentradas em um pequeno volume, são considerados importantes laboratórios astrofísicos (Burstein et al. 1986; Carraro et al. 1996 e referências citadas). A partir de dados espectroscópicos e fotométricos, podem ser determinados parâmetros astrofísicos tais como idade, metalicidade, avermelhamento e distância de um aglomerado estudado. A combinação desses parâmetros geram cenários de formação e evolução da Galáxia, por exemplo, através de gradientes de idades e metalicidades (Maciel et al. 2005). Mais organizados e compactos, os aglomerados globulares, são considerados bolas de estrelas, por apresentarem uma distribuição aproximadamente esférica, onde a densidade estelar cresce das regiões externas em direção ao centro. Sua formação ocorreu a partir de nuvens moleculares gigantes com ∼ 108 MJ , e são localizados no halo das galáxias. Eles contém entre 104 e 106 estrelas e podemos encontrar aglomerados globulares com massas totais com valores típicos da ordem de ∼ 105 MJ (Brodie & Strader 2006). Estimativas prevêem a existência de aproximadamente 200 aglomerados globula- Capítulo 1. Introdução 6 res em nossa galáxia, mas apenas 160 foram observados até o momento. Na compilação de Harris (1996) e posteriores atualizações são 150 aglomerados catalogados. 1.1.1 Aglomerados Abertos Um aglomerado aberto é, tipicamente, um grupo de estrelas fracamente ligadas gravitacionalmente. Estes são formados continuamente ao longo do plano galáctico, por nuvens de gás progenitoras que podem variar entre 104 e 106 MJ . Um típico aglomerado aberto contém de 102 a 103 estrelas e tem um raio da ordem de 1 a 10 parsecs1 . A estrutura da maioria dos aglomerados abertos pode ser descrita por dois subsistemas, um núcleo denso e um halo esparso (Bonatto & Bica 2005). O estudo da distribuição espacial dos aglomerados abertos - sua idade, processos de formação, evolução, dinâmica e dissolução pode servir como importantes testes para a evolução estelar, bem como sobre a formação e evolução do disco galáctico. Com o desenvolvimento das técnicas de análises, dados espectroscópicos e fotométricos, são capazes de fornecer informações sobre idades, abundâncias químicas e cinemáticas, que esclarecem as relações entre aglomerados abertos e outras populações galácticas, como as estrelas do campo2 . Estudos para diversos aglomerados abertos, com diferentes idades e distâncias, são realizados para explorar possíveis gradientes de abundâncias e a relação abundâncias químicas versus idade. Estes estudos têm mostrado uma complexa história de enriquecimento químico e mistura no disco (Friel et al. 2002). 1.1.2 O aglomerado aberto M67 O aglomerado aberto M67 é considerado um importante laboratório para o en1 Unidade de comprimento usado em astronomia, baseado no método de paralaxe trigonométrica. Um parsec é a distância que um observador veria o raio da órbita da Terra com um tamanho angular de 1". 2 São estrelas que não pertencem a uma aglomerado e podem estar localizadas no halo, no bojo ou no disco da Via- Láctea. Capítulo 1. Introdução 7 tendimento da evolução estelar. Também conhecido como NGC 2682, este aglomerado mencionado como aglomerado de idade solar, de cerca de 4,5 bilhões de anos, é considerado um dos mais antigos aglomerados abertos da Via- Láctea (Canto Martins et al. 2011, e referências contidas). A grande maioria dos aglomerados abertos possuem idades inferiores a 1 bilhão de anos, pois estes perdem massa durante curtas escalas de tempo desde sua formação. O aglomerado M67 é constituído por cerca de 500 estrelas , sendo 11 estrelas gigantes de tipo espectral K e várias estrelas localizadas no ramo horizontal. Estrelas peculiares localizadas na região do azul, também são percebidas neste aglomerado, onde estas são conhecidas como Blue Stragglers. Este aglomerado também possui cerca de 200 estrelas anãs e 100 estrelas bastante parecidas com o Sol. Johnson & Sandage (1955), com o auxílio do Sistema U,B,V determinaram a cor e a magnitude de 500 estrelas do aglomerado aberto M67, assim um diagrama cor- magnitude (C-M) preciso foi desenvolvido para este aglomerado. A partir deste trabalho eles perceberam que o aglomerado aberto M67, possuía uma idade elevada, além de estágios evolutivos bastante avançados. Shapley (1917) realizou os primeiros trabalhos sobre cor e magnitude em M67. Barnard (1931) mediu a posição do seu principais componentes estelares determinando também seus movimentos próprios, enquanto Popper (1954) obteve o espectro das estrelas mais brilhantes de M67. Como foi mencionado anteriormente o estudo das abundâncias químicas na atmosfera estelar, são valiosas informação para as teorias da evolução estelar. Com base neste fato, foram analisadas seis estrelas com queima de hélio no núcleo e três estrelas gigantes, membros de M67. As razões de abundâncias nas estrelas investigadas sugere que o carbono é esgotado por cerca de 0,2 dex, o nitrogênio é aprimorado por cerca de 0,2 dex e o oxigênio é inalterado. Entre outras misturas sensíveis de elementos químicos, uma superabundância de sódio pode ser detectada. Este resultado sugere que, após uma explosão do núcleo de hélio (He- flash), ocorre uma mistura extra do material produzido pelo ciclo CN na superfície estelar. Observou-se que as abundâncias de elementos químicos pesados nas nove estrelas de M67 eram idênticos ou próximos aos valores solares Capítulo 1. Introdução 8 (Tautvaisiene et al. 2000). Outra análise de abundâncias químicas na atmosfera de estrelas pertencentes ao aglomerado M67 é feita em Randich et al. 2006. A amostra é composta de sete estrelas da sequência principal, uma do turn- off e duas evoluídas no ramo das subgigantes. Para todas elas foram determinadas as abundâncias químicas dos elementos O, Na, Mg, Al, Si, Ca, Ti, Cr e Ni. O resultado para estas razões de abundâncias [X/Fe] das estrelas de M67, é de que são muito próximas aos valores solares. No trabalho de (Canto Martins et al. 2011), uma grande amostra de estrelas pertencentes a M67, foi estudada. Essa amostra era composta por 27 estrelas e foi determinado a abundância de Li e parâmetros estelares importantes (Tef , log g, [Fe/H]), velocidade de microturbulência e rotacional). Estas seguem um padrão evolutivo que vai do turn- off ao ramo das gigantes vermelhas. As abundâncias determinadas confirmam a diminuição do Li para estrelas evoluídas, além de mostrar que a evolução do Li é determinada pela evolução do momentum angular. Já com relação a metalicidade de M67, algumas determinações de abundâncias de [Fe/H], foram realizadas pelos autores citados acima. São elas: [Fe/H]= -0,03 (Tautvaisiene et al. 2000), [Fe/H]= 0,03 (Randich et al. 2006) e [Fe/H]= -0,05 (Canto Martins et al. 2011). Devido a estes resultados, o aglomerado aberto M67 é também considerado um aglomerado cuja metalicidade, além da idade, é solar. 1.2 Objetivo deste Trabalho Um problema clássico e bastante relevante dentro da Astrofísica Estelar é o de entender como as abundâncias dos elementos químicos se comportam, quando uma estrela evolui para estágios mais avançados. As abundâncias químicas em estrelas evoluídas do aglomerado estelar M67, combinadas com parâmetros atmosféricos (temperatura efetiva e metalicidade), proporcionam uma poderosa maneira de investigar a evolução química deste aglomerado, assim Capítulo 1. Introdução 9 como o nível de mistura nestas estrelas. Deste modo, o objetivo principal deste trabalho é efetuar a análise espectroscópica de diversos elementos e usar o método de síntese espectral de linhas atômicas, visando obter a abundância de 12 elementos químicos para uma amostra de estrelas evoluídas em diferentes estágios evolutivos (estrelas do turn- off, subgigantes e gigantes) do aglomerado aberto M67. 1.3 Plano de Trabalho A presente dissertação está apresentada na forma a seguir. No capítulo 2, são apresentados os dados observacionais e os parâmetros atmosféricos utilizados neste trabalho. No capítulo 3, apresentamos a técnica de síntese espectral utilizada neste trabalho para a obtenção das abundâncias químicas dos elementos O I, Si I, Na I, Al I, Ca I, Ti I, Co I, Ni I, Zr I, La II e Cr I. Também discutimos alguns pontos importantes destas medidas, tais como seus erros e a análise das medidas. No capítulo 4, apresentamos e discutimos os principais resultados deste trabalho. Por fim, no capítulo 5, apresentamos nossas conclusões e algumas perspectivas de continuaidade para este trabalho. CAPÍTULO 2 AMOSTRA ESTELAR Uma amostra de 27 estrelas foi utilizada para a realização do presente trabalho. Tais estrelas, pertencem ao aglomerado aberto M67. São estrelas pós-sequência principal, conhecidas como estrelas evoluídas e estão divididas em três grupos baseados nos seus estágios evolutivos. O primeiro desses grupos é constituído por estrelas do turn-off. São estrelas que estão deixando a sequência principal. No segundo grupo estão as estrelas que se encontram no ramo das subgigantes. Nesses dois grupos, as estrelas já apresentam uma expansão de suas envoltórias convectivas, pois, é nessa fase onde a temperatura diminui e a luminosidade tende a aumentar. Isso ocorre, devido aos processos nucleares de transformação de Hidrogênio em Hélio, modificando a estrutura da estrela. Temos no último grupo, estrelas que se encontram no Ramo das Gigantes Vermelhas e estrelas do Clump1 . As estrelas que compõem este grupo já devem ter passado pelo 1 Esse período na evolução estelar é quando a estrela passa a queimar Hélio no núcleo e esta encontra-se no ramo horizontal do diagrama HR. 10 Capítulo 2. Amostra Estelar 11 processo de dragagem, fazendo com que os produtos oriundos do ciclo CNO sejam levados até a superfície da estrela e, desta forma, altere as abundâncias superficiais de C, N e O. Na figura (2.1), mostramos o diagrama cor- magnitude (CM) de M67 apresentado por Canto Martins et al. (2011). As estrelas de nossa amostra estão representadas na referida figura por círculos abertos com um ponto. A fotometria utilizada foi a de Montgomery et al. (1993) Figura 2.1: Diagrama cor-magnitude (CM) do aglomerado aberto M67 apresentado por Canto Martins et al. (2011). As estrelas estudadas no trabalho citado estão representadas por um círculo com ponto. Estas estrelas são as mesmas estudadas no presente trabalho. Para a observação dessas estrelas foi usado o telescópio do VLT/ Unit 2 (ESO, Paranal, Chile), usando o espectrógrafo FLAMES-UVES (Pasquini et al. 2002). Um estudo importante dessas estrelas foi realizado por Canto Martins et al. (2011), onde diversos parâmetros físicos (temperatura efetiva, gravidade superficial, metalicidade, velocidade Capítulo 2. Amostra Estelar 12 de microturbulência e rotacional) assim como a abundância do Li foram determinados. É com base nos espectros das estrelas e nos parâmetros físicos obtidos em seu trabalho, que então nos baseamos para o presente trabalho. As estrelas selecionadas foram observadas usando uma mesma configuração instrumental, onde o braço vermelho do UVES foi centrado em 580 nm, cobrindo uma faixa de comprimento de onda de 420-680 nm e também centrado em 860 nm, cobrindo uma grande região de 606-1060 nm. Estas observações tem um poder de resolução de R ∼ 47.000 (1 segundo de arco de cobertura). Cada estrela possui dois ou mais espectros que foram coletados com este instrumento. Portanto, para que tenhamos uma boa qualidade dos dados, combinamos diferentes exposições de uma mesma estrela, visando obter um espectro final com melhor razão sinal-ruído (S/N) para cada estrela. Essas razões estão em torno de 100 por pixel para as estrelas de turn-off, e subgigantes, enquanto que para as gigantes temos S/N em torno de 50 por pixel. CAPÍTULO 3 ANÁLISE ESPECTROSCÓPICA Segundo R. J. Tayler (1972), a partir de linhas espectrais características dos elementos na radiação das estrelas, que podem se deduzir a presença dos elementos químicos encontrados nas estrelas. Essas linhas espectrais podem ser linhas de absorção, quando a intensidade da radiação é reduzida a uma região de freqüência particular, ou comprimento de onda. Elas também podem ser linhas de emissão, quando a intensidade aumenta. As linhas espectrais mais comuns são as de absorção. As abundâncias atmosféricas podem representar três fatos: (i) A abundância atmosférica da estrela em seu nascimento; A composição química inicial da estrela; (ii) A presente abundância do meio interestelar; Se a estrela absorveu matéria interestelar; (iii) A abundância inicial modificada por reações nucleares dentro da estrela; Se houver uma grande perda de massa ou se o material das regiões centrais da estrela, onde 13 Capítulo 3. Análise Espectroscópica 14 as reações nucleares ocorrem, foi levado para a superfície da estrela através de correntes. Os elementos mais proeminentes em um espectro não são, em sua maioria, os mais abundantes, mas, são os mais capazes de absorver radiação dos comprimentos de onda que estão sendo estudados. Alguns elementos podem não ser observados na atmosfera das estrelas, porque eles não produzem linhas espectrais na região correta do espectro, ou não estão nos corretos estados de ionização e excitação para serem produzidos. Assim, as linhas espectrais são essenciais para que conheçamos a composição química dos mesmos. Atualmente, as melhorias da instrumentação utilizadas na análise destas fontes emissoras de luz, as estrelas, estão cada vez mais desenvolvidas. Grandes telescópios, CCDs eficientes, espectrógrafos de alta resolução, aumento da capacidade de processamento de dados e ferramentas computacionais avançadas, têm contribuído para aumentar a quantidade de estrelas observadas, a qualidade desses dados, como também a obtenção de novas informações das estrelas. É com base nesse fato que podemos classificar as estrelas, determinar seus parâmetros atmosféricos, abundâncias químicas, dentre outras informações. A determinação exata das abundâncias de elementos químicos na atmosfera estelar é um processo bastante complexo, de maneira que as informações advindas são de grande importância para o estudo da evolução estelar. Nesse capítulo, serão apresentados os procedimentos para a obtenção dos parâmetros químicos, como também, será mostrado o cálculo dos seus respectivos erros. 3.1 Síntese espectral A síntese espectral é a análise comparativa entre espectros sintéticos, fabricados em laboratórios, com espectros observacionais. Para a síntese das linhas atômicas, são Capítulo 3. Análise Espectroscópica 15 necessários os comprimentos de onda central para cada transição presente no espectro, os valores de log gf e o potencial de excitação. Em relação as linhas moleculares, os parâmetros necessários são: comprimento de onda da transição, potencial de excitação, log gf e constante de dissociação molecular. Em nosso trabalho fizemos a análise para os seguintes elementos químicos: O I, Na I, Mg I, Al I, Si I, Ca I, Ti I, Cr I, Co I, Ni I, Zr I e La II. Para os dados do presente trabalho, utilizamos uma ferramenta de síntese espectral dentre várias existentes, chamada Turbospectrum (Alvarez & Plez, 1998). Para gerar os espectros sintéticos, o programa necessita de alguns parâmetros de entrada, são eles: parâmetros atmosféricos (temperatura efetiva, gravidade superficial, metalicidade, e velocidade de microturbulência), abundâncias químicas, parâmetros atômicos e moleculares e dois parâmetros de convolução espectral para ajustar o perfil das linhas (perfil instrumental e velocidade rotacional). A nossa lista de linhas atômicas foi obtida da base de dados de Viena-VALD, Vienna Atomic Lines Database (Kupka et al. 1999). No nosso caso, utilizamos uma lista de linhas abrangendo 12 elementos com correção de log gf , gentilmente fornecida por Nathália Mattos (2011). Tal correção foi realizada utilizando um espectro de alta resolução (R ∼ 150.000) do Sol (Hinkle et al. 2000). O método de determinação, juntamente com os valores de correção para cada linha está disponível no trabalho desta autora. 3.2 Larguras Equivalentes As linhas de absorção presentes nos espectros das estrelas, conhecidas também como linhas escuras, estão associadas a elementos químicos presentes na atmosfera estelar. Uma das principais características dessas linhas atômicas é a intensidade com que estas se apresentam. Observa-se que, tais linhas aparecem como uma curva, e geralmente possuem a forma de uma gaussiana invertida. Dessa forma podemos definir a largura equivalente (LE), como sendo a largura de um retângulo cuja área é igual à área ocupada Capítulo 3. Análise Espectroscópica 16 pela linha formada por um elemento qualquer em um gráfico da intensidade versus comprimento de onda (medido em angstrom). Figura 3.1: Medida da largura equivalente de uma linha. A área do retângulo b é idêntica a área a, preenchida pelo perfil da linha. (Fonte: http://astroweb.iag.usp.br/∼dalpino/AGA215/APOS TILA/cap05cor.pdf) Para todas as 27 estrelas utilizadas na nossa análise, foram feitas medidas da larguras equivalentes para as linhas de absorção dos seguintes elementos selecionados (O I, Na I, Mg I, Al I, Si I, Ca I, Ti I, Cr I, Co I, Ni I, Zr I e La II). Estas larguras equivalentes foram medidas de forma automática com o auxílio do programa DAOSPEC (Stetson & Pancino, 2004). Este programa é capaz de ajustar um perfil gaussiano ao perfil das linhas aqui selecionadas, tomando o contínuo como referência. Aproximadamente 80 linhas foram selecionadas no intuito de minimizar erros, em casos, onde linhas espectrais não estão suficientemente isoladas (blends), podendo dificultar a determinação da largura equivalente. Com os valores das larguras equivalentes, foi possível determinar as abundâncias dos elementos para as estrelas de nossa amostra. Para o cálculo das abundâncias, foi utilizada a ferramenta Turbospectrum (descrita em Alvarez & Plez (1998)). A tabela (A.1), do Apêndice A, lista, para cada estrela, os valores das larguras equivalentes medidas neste trabalho. 3.3 Modelos Atmosféricos MARCS Capítulo 3. Análise Espectroscópica 17 Para que se possa compreender como os parâmetros físicos variam com a profundidade das camadas mais externas das estrelas, é usado um modelo físico-teórico chamado modelo de atmosfera. Para a presente análise, foram utilizados os modelos de atmosfera estelar MARCS. Estes são baseados na aproximação plano-paralela e esférica de modelos atmosféricos em Equilíbrio Termodinâmico Local (ETL) e equilíbrio radioativo. Tais modelos são úteis para estrelas que apresentam condições favoráveis como: temperatura efetiva (Tef ) em 4000 e 8000 K, gravidade superficial (log g), variando de -1,0 a 5,0 dex e metalicidade total ([Fe/H]) entre -5,0 e 1,0 dex. Para a amostra de estrelas aqui estudada, os modelos atmosféricos foram calculados a partir de uma rotina de interpolação gentilmente fornecida pelo Dr. Thomas Masseron (Ohio State University, EUA). Este programa realiza uma interpolação linear em cubo, utilizando 8 modelos MARCS. Para que um modelo de atmosfera seja gerado para determinadas estrelas, é necessário que sejam conhecidas: a temperatura efetiva (Tef ), a metalicidade ([Fe/H]) e a gravidade superficial (log g). As técnicas de determinação e os valores dos parâmetros atmosféricos das estrelas de nossa amostra, são apresentados em Canto Martins et al. (2011). Na tabela (3.1), listamos para cada estrela, os valores dos parâmetros atmosféricos (Tef ), ξ, log g e [F e/H], utilizados em nosso trabalho. Capítulo 3. Análise Espectroscópica 18 Tabela 3.1: Parâmetros atmosféricos determinados em Canto Martins et al.(2011), para a amostra de 27 estrelas. ID S1273 S1607 S1275 S1034 S2207 S1268 S1487 Tef f (K) log g ξ (km.s−1 ) Estrelas do Turn-off 6159 4,01 1,86 6127 3,81 1,77 6050 4,00 1,64 6020 3,90 1,94 6000 3,90 1,62 5996 3,86 1,75 5940 3,81 1,67 [F e/H] -0,04±0, 04 -0,11±0, 06 -0,04±0, 04 -0,08±0, 03 -0,03±0, 03 -0,11±0, 07 -0,05±0, 03 Estrelas subgigantes S1242 5810 3,90 1,50 -0,04±0, 06 S1323 5654 3,90 1,50 +0,03±0, 04 S1239 5644 3,80 1,41 +0,00±0, 03 S806 5461 3,80 1,25 +0,08±0, 03 S2208 5429 3,90 1,24 +0,01±0, 03 S1438 5420 3,80 1,27 -0,06±0, 03 S774 5240 3,70 1,20 -0,08±0, 03 S1245 S1231 S1319 S1293 S1305 S1254 S1277 S1279 S1288 S1074 S1010 S1016 S978 5170 5130 5104 4970 4940 4820 4820 4779 4773 4750 4748 4430 4260 Estrelas gigantes 3,61 1,19 -0,02±0, 03 3,60 1,12 -0,02±0, 03 3,61 1,16 -0,07±0, 03 3,30 1,32 -0,01±0, 03 3,20 1,18 -0,08±0, 03 2,91 1,30 -0,03±0, 04 3,00 1,26 +0,01±0, 05 2,72 1,57 -0,01±0, 08 2,90 1,32 -0,01±0, 04 2,60 1,62 -0,07±0, 04 2,60 1,58 -0,03±0, 07 2,31 1,52 -0,05±0, 05 1,90 1,63 -0,15±0, 06 CAPÍTULO 4 RESULTADOS 4.1 Abundâncias Químicas Os valores de log n(X) para cada linha foram determinados baseados nas medidas de LE e parâmetros estelares listados nas tabelas (A.1) e (3.1), respectivamente. As abundâncias finais para cada estrela e cada elemento foram obtidas calculando uma média simples dos valores medidos para diferentes linhas do mesmo elemento. Os valores das razões [X/Fe]1 para cada estrela foram determinados de forma diferencial com respeito as abundâncias solares. Os valores das abundâncias solares adotados são aqueles de Asplund, Grevesse & Sauval (2005). As razões [X/Fe] para O, Na, Mg, Al, Si, Ca, Ti, Cr, Co, Ni, Zr e La estão listados na tabela (4.1). 1 Para a obtenção desse parâmetro, usamos a seguinte notação: X, representa os elementos em questão; As abundâncias média (Am ) foram computadas e dessa forma foi feito: [X/H]= Am - AJ e [X/Fe]= [X/H] - [Fe/H]. 19 Capítulo 4. Resultados 20 Erros nos valores de [X/Fe], listados na tabela (4.1), correspondem a soma quadrática dos erros induzidos pelos erros nos parâmetros individuais. Para tal, alteramos estes parâmetros no sentido de variar a temperatura efetiva, a metalicidade, a gravidade superficial e a velocidade de microturbulência. As abundâncias médias para as estrelas de M67 de nossa amostra são listadas na tabela 4.2 junto com seu desvio padrão. Capítulo 4. Resultados 21 Tabela 4.1: Razões de abundâncias [X/Fe] para as estrelas analisadas. ID [Si/F e] [Ca/F e] S1273 0,035 ±0, 13 -0,004 ±0, 04 S1607 0,183 ±0, 10 0,043 ±0, 04 S1275 -0,142 ±0, 17 -0,018 ±0, 05 S1034 0,001 ±0, 13 0,007 ±0, 05 S2207 -0,125 ±0, 18 -0,027 ±0, 05 S1268 0,098 ±0, 14 -0,012 ±0, 05 S1487 -0,021 ±0, 13 -0,002 ±0, 05 Estrelas do Turn-off -0,005 ±0, 05 -0,104 ±0, 05 0,084 ±0, 06 -0,082 ±0, 04 -0,035 ±0, 06 -0,124 ±0, 04 0,025 ±0, 06 -0,182 ±0, 05 -0,004 ±0, 06 -0,054 ±0, 04 -0,026 ±0, 06 -0,105 ±0, 04 -0,129 ±0, 06 0,103 ±0, 03 0,057 ±0, 05 0,05 ±0, 05 0,054 ±0, 04 0,101 ±0, 04 0,017 ±0, 05 0,094 ±0, 04 0,046 ±0, 04 0,031 ±0, 10 0,093 ±0, 08 0,084 ±0, 10 0,063 ±0, 08 0,031 ±0, 10 0,029 ±0, 08 0,044 ±0, 96 S1242 -0,158 ±0, 13 0,044 ±0, 06 S1323 0,004 ±0, 25 0,020 ±0, 07 S1239 -0,030 ±0, 12 0,012 ±0, 06 S806 -0,092 ±0, 15 -0,011 ±0, 06 S2208 0,026 ±0, 13 0,148 ±0, 07 S1438 0,004 ±0, 14 0,001 ±0, 06 S774 -0,052 ±0, 15 0,011 ±0, 07 Estrelas subgigantes -0,046 ±0, 08 -0,054 ±0, 05 -0,099 ±0, 07 -0,093 ±0, 06 -0,057 ±0, 07 -0,123 ±0, 06 -0,112 ±0, 09 -0,083 ±0, 05 -0,027 ±0, 06 0,005 ±0, 05 -0,026 ±0, 06 0,019 ±0, 05 -0,068 ±0, 06 -0,121 ±0, 06 0,006 ±0, 06 0,060 ±0, 09 0,063 ±0, 13 0,011 ±0, 10 0,029 ±0, 06 -0,017 ±0, 12 0,006 ±0, 06 0,016 ±0, 12 0,054 ±0, 03 0,172 ±0, 12 0,066 ±0, 14 0,185 ±0, 12 0,059 ±0, 04 0,020 ±0, 12 S1245 S1231 S1319 S1293 S1305 S1254 S1277 S1279 S1288 S1074 S1010 S1016 S978 [O/F e] -0,074 ±0, 14 -0,128 ±0, 10 -0,011 ±0, 15 -0,046 ±0, 14 -0,117 ±0, 14 0,016 ±0, 14 -0,023 ±0, 14 0,077 ±0, 14 0,027 ±0, 14 -0,018 ±0, 26 0,006 ±0, 15 0,084 ±0, 13 0,067 ±0, 18 [N a/F e] 0,053 ±0, 08 0,061 ±0, 08 0,025 ±0, 08 0,082 ±0, 09 0,053 ±0, 09 0,207 ±0, 10 0,098 ±0, 11 0,206 ±0, 11 0,174 ±0, 12 0,221 ±0, 13 0,221 ±0, 11 0,162 ±0, 13 0,271 ±0, 15 [M g/F e] [Al/F e] Estrelas gigantes -0,070 ±0, 06 -0,056 ±0, 05 -0,076 ±0, 08 -0,090 ±0, 06 0,012 ±0, 07 0,033 ±0, 06 0,014 ±0, 07 0,013 ±0, 06 0,053 ±0, 07 0,066 ±0, 07 -0,068 ±0, 10 0,042 ±0, 07 0,031 ±0, 06 -0,011 ±0, 07 0,047 ±0, 07 0,030 ±0, 07 0,032 ±0, 07 0,006 ±0, 07 0,091 ±0, 08 0,067 ±0, 08 0,051 ±0, 07 0,030 ±0, 07 0,068 ±0, 07 0,038 ±0, 08 0,105 ±0, 07 0,150 ±0, 09 0,076 ±0, 05 0,066 ±0, 06 0,061 ±0, 05 0,106 ±0, 06 0,088 ±0, 06 0,112 ±0, 08 0,107 ±0, 08 0,117 ±0, 09 0,114 ±0, 08 0,162 ±0, 11 0,145 ±0, 09 0,196 ±0, 11 0,179 ±0, 16 0,050 ±0, 13 0,059 ±0, 12 0,030 ±0, 14 0,035 ±0, 15 0,027 ±0, 15 0,066 ±0, 17 0,050 ±0, 17 0,016 ±0, 17 0,017 ±0, 17 0,050 ±0, 20 0,014 ±0, 18 -0,007 ±0, 20 0,020 ±0, 22 Capítulo 4. Resultados ID S1273 S1607 S1275 S1034 S2207 S1268 S1487 S1242 S1323 S1239 S806 S2208 S1438 S774 [T i/F e] 0,197 ±0, 09 0,108 ±0, 09 0,133 ±0, 09 0,142 ±0, 09 0,065 ±0, 09 0,075 ±0, 09 0,096 ±0, 09 0,119 ±0, 10 0,124 ±0, 13 0,066 ±0, 11 0,069 ±0, 12 0,316 ±0, 13 0,072 ±0, 11 0,087 ±0, 13 S1245 0,137 ±0, 15 S1231 0,147 ±0, 15 S1319 0,118 ±0, 15 S1293 0,153 ±0, 17 S1305 0,044 ±0, 20 S1254 0,147 ±0, 20 S1277 0,136 ±0, 20 S1279 0,140 ±0, 21 S1288 0,142 ±0, 21 S1074 0,121 ±0, 21 S1010 0,105 ±0, 21 S1016 0,103 ±0, 25 S978 0,101 ±0, 27 22 [Cr/F e] [Co/F e] [N i/F e] [Zr/F e] [La/F e] 0,030 ±0, 09 0,048 ±0, 09 0,041 ±0, 10 0,044 ±0, 10 0,039 ±0, 11 0,037 ±0, 10 0,148 ±0, 12 Estrelas do Turn-off ... 0,009 ±0, 06 ... 0,069 ±0, 06 ... 0,029 ±0, 06 ... 0,068 ±0, 06 -0,097±0, 21 -0,067 ±0, 07 ... 0,050 ±0, 06 ... 0,034 ±0, 06 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 0,094 ±0, 13 0,090 ±0, 17 0,119 ±0, 16 0,107 ±0, 19 0,034 ±0, 20 0,176 ±0, 18 0,105 ±0, 20 Estrelas subgigantes 0,026 ±0, 10 0,031 ±0, 08 0,079 ±0, 16 0,073 ±0, 13 0,035 ±0, 10 0,070 ±0, 08 -0,021 ±0, 09 0,051 ±0, 08 0,292 ±0, 09 0,164 ±0, 08 -0,067 ±0, 09 0,074 ±0, 76 0,014 ±0, 11 0,068 ±0, 08 ... 0,212 ±0, 12 ... -0,060 ±0, 13 0,247 ±0, 13 ... -0,070 ±0, 14 ... 0,126 ±0, 12 -0,017 ±0, 13 ... 0,198 ±0, 13 0,078 ±0, 13 -0,014 ±0, 14 0,191 ±0, 21 0,162 ±0, 21 0,109 ±0, 21 0,149 ±0, 24 0,119 ±0, 23 0,164 ±0, 26 0,162 ±0, 26 0,119 ±0, 28 0,141 ±0, 27 0,095 ±0, 29 0,107 ±0, 29 0,106 ±0, 30 0,162 ±0, 30 Estrelas Gigantes 0,072 ±0, 09 0,083 ±0, 08 0,062 ±0, 09 0,087 ±0, 13 0,022 ±0, 09 0,075 ±0, 08 0,197 ±0, 10 0,061 ±0, 10 0,080 ±0, 10 0,069 ±0, 09 0,270 ±0, 13 0,088 ±0, 12 0,255 ±0, 13 -0,018 ±0, 12 0,356 ±0, 30 0,068 ±0, 12 0,294 ±0, 14 0,055 ±0, 12 0,313 ±0, 16 0,063 ±0, 14 0,331 ±0, 15 0,083 ±0, 13 0,618 ±0, 22 0,086 ±0, 14 0,700 ±0, 27 0,059 ±0, 17 -0,078 ±0, 15 -0,047 ±0, 14 -0,243 ±0, 16 -0,047 ±0, 16 -0,193 ±0, 16 -0,033 ±0, 17 -0,118 ±0, 17 -0,080 ±0, 18 -0,137 ±0, 18 -0,108 ±0, 18 -0,110 ±0, 18 -0,173 ±0, 20 -0,120 ±0, 23 0,060 ±0, 13 -0,057 ±0, 09 0,007 ±0, 13 0,101 ±0, 12 0,030 ±0, 12 0,123 ±0, 12 0,140 ±0, 12 0,195 ±0, 13 0,213 ±0, 12 0,114 ±0, 23 0,176 ±0, 13 0,266 ±0, 13 0,299 ±0, 20 Capítulo 4. Resultados 23 Tabela 4.2: Abundâncias médias e desvio padrão(rms), a partir deste estudo. Razão do elemento [O/ Fe] [Na/Fe] [Mg/Fe] [Al/ Fe] [Si/ Fe] [Ca/ Fe] [Ti/ Fe] [Cr/ Fe] [Co/Fe] [Ni/ Fe] [Zr/Fe] [La/Fe] 4.2 Nosso trabalho -0,02 0,08 -0,01 -0,01 0,08 0,05 0,12 0,12 0,14 0,06 -0,04 0,08 rms 0,04 0,03 0,01 0,01 0,03 0,16 0,06 0,07 0,08 0,13 0,08 0,07 Erros: Na determinação das abundâncias químicas, diversas são as fontes de erros internos, que incluem incertezas nos parâmetros atômicos e estelares, bem como erros nas medidas das larguras equivalentes. Os espectros de nossa amostra são caracterizados por diferentes valores de sinal ruído, e por esse motivo, não é possível determinar um erro típico nas medidas de larguras equivalentes, no entanto, erros nas abundâncias determinadas devido a erros na largura equivalente, podem ser aproximadamente representados pelo desvio padrão (ou rms) da abundância média determinada a partir de linhas individuais. As incertezas na determinação das abundâncias de cada espécie atômica, devido aos parâmetros atmosféricos (Tef , [Fe/H], ξ e log g), também foram determinados. As incertezas assumidas foram de ± 70 K para a Tef , ± 0.2 dex para log g, e ± 0.2 Km s −1 para ξ. Tais incertezas foram calculadas por Canto Martins (2011), incluindo as incertezas para a metalicidade de cada estrela. Para o cálculo do erro final, variamos cada parâmetro separadamente enquanto deixamos os outros inalterados. Dessa forma, foi possível, calcular a soma quadrática dos erros induzidos pelos erros nos parâmetros individuais, ou seja, Capítulo 4. Resultados 24 realizamos a raiz da soma quadrática da diferença entre as abundâncias dos elementos em questão e as abundâncias dos mesmo gerado pelos erros individuais. 4.3 Curva de Abundâncias Depois de serem obtidas as abundâncias (Am ) para cada elemento e estrela, fizemos uma comparação destas abundâncias com a abundância solar presentes em Asplund, Grevesse & Sauval (2005). A nossa comparação é mostrada na figura (4.1). Podemos observar que as nossas abundâncias medidas para as estrelas de nossa amostra seguem a mesma tendência que o Sol. Juntamente com o ferro, as abundâncias de outros elementos químicos são também muito próximos ao solar, como deveria ser em um aglomerado com praticamente a mesma idade do Sol entre 3.5-4.5 giga-anos (Vanderberg & Stertson, 2004; Michaud et al. 2004; Randich et al. 2006; Sarajedini et al. 2009). Capítulo 4. Resultados 25 Figura 4.1: Diagrama das abundâncias Am em função do número atômico Z da nossa amostra J de estrelas, representadas pelos círculos pretos. As abundâncias solares estão indicadas com o símbolo . Para a linha tracejada, segue a curva de abundâncias do Sol, para os elementos estudados no presente trabalho. 4.4 Comparação com dados da literatura Poucos estudos foram publicados referentes as abundâncias químicas de estrelas pertencentes ao aglomerado aberto M67. Garcia López et al. (1988), baseado na análise de estrelas quentes da seqüência principal, encontrou abundâncias média de Ca e Si abaixo da solar ( [Ca/ Fe] = -0,14 e [Si/ Fe] = -0,24). Ambas as análises de Ca e Si foram baseadas em uma única linha do espectro. comportamento oposto pode ser verificado na análise feita no presente trabalho, Capítulo 4. Resultados 26 onde para a taxa de abundância de Ca temos um comportamento próximo da solar e para o Si foi encontrado uma tendência de enriquecimento. Contudo, nosso resultado não deixa de estar em acordo com o de Garcia López et al. (1988), pois este analisou estrelas que se encontravam ainda na sequência principal, já para as estrelas da nossa amostra, temos estrelas evoluídas que já passaram por processos de mistura. Peterson (1992) relata um enriquecimento de 0.1 dex na abundância dos elementos O, Mg e Si medidas para duas estrelas pertencentes a M67. Com isso, verificamos que seus resultados estão de acordo com o nosso, no entanto uma maior tendência de enriquecimento é encontrada para o Si. Já para as abundãncia de Mg e O com relação ao ferro parecem ser solares. Tautvaisiene et al. (2000), Young et al. (2005), Randich et al. (2006) e Pancino et al. (2010), realizaram uma análise química detalhada de estrelas pertencentes a M67. Nós temos 3 estrelas em comum com as amostras destes estudos. A estrela S1010 analisada no presente trabalho, também foi estudada por Tautvaisiene et al. (2000), Young et al. (2005) e Pancino et al. (2010). Na tabela 4.3, comparamos os valores das razões [X/Fe] medidas para esta estrela. Tabela 4.3: Comparação para a estrela S1010 entre as razões [X/Fe] de Tautvaisiene et al. (2000)(T00), Yong et al. (2005)(Y05) e Pancino et al (2010)(P10) e as medidas no presente trabalho. Razão do T00 elemento [O/Fe] 0,04 ± ... [Na/Fe] 0,25 ± ... [Mg/Fe] 0,11 ± ... [Al/Fe] 0,08 ± 0,01 [Si/Fe] 0,11 ± 0,1 [Ca/Fe] 0,09 ± 0,12 [Ti/Fe] -0,03 ± 0,17 [Co/Fe] 0,05 ± 0,04 [Ni/Fe] 0,05 ± 0,15 [La/Fe] -0,06 ± ... Y05 0,1 ± 0,07 0,24 ± 0,1 0,18 ± 0,06 0,16 ± 0,05 0,11 ± 0,11 0,09 ± 0,05 0,05 ± 0,04 0,01 ± 0,11 0,06 ± 0,11 0,13 ± 0,02 P10 Nosso trabalho -0,05 ± 0,09 0,01 ± 0,15 0,1 ± 0,02 0,22 ± 0,12 0,29 ± 0,03 0,05 ± 0,0 0,06 ± 0,06 0,03 ± 0,08 0,09 ± 0,02 0,15 ± 0,10 0,13 ± 0,02 0,01 ± 0,18 -0,07 ± 0,02 0,11 ± 0,21 0,11 ± 0,02 0,33 ± 0,15 0,06 ± 0,02 0,08 ± 0,13 0,06 ± 0,05 0,18 ± 0,13 Capítulo 4. Resultados 27 Grande parte das razões de abundâncias obtidas para as estrelas deste estudo estão de acordo ou próximos dos limites das margens de erros das medidas encontradas na literatura. Para as razões de abundâncias do oxigênio podemos perceber uma discrepância entre os valores encontrados na literatura e os valores obtidos no presente trabalho. Outras duas estrelas, S1034 e S1239, também estão inclusas no estudo espectroscópico de Randich et al. (2006). Para estes dois objetos, a tabela 4.3 fornece uma comparação das abundâncias químicas entre Randich et al. (2006) e o presente estudo. Tabela 4.4: Comparação para S1034 e S1239 entre as razões [X/Fe] de Randich et al. (2006) e aqueles derivados no presente trabalho. Razão do S1034 elemento Randich Nosso trabalho [O/Fe] 0,02±0,06 0,00±0,13 [Na/Fe] 0,07±0,06 0,01±0,05 [Mg/Fe] -0,02±0,05 0,03±0,06 [Al/Fe] -0,08±0,04 -0,18±0,05 [Si/Fe] 0,03±0,06 0,10±0,04 [Ca/Fe] 0,03±0,06 0,06±0,08 [Ti/Fe] 0,00±0,07 0,14±0,09 [Cr/Fe] 0,00±0,05 0,04±0,10 [Ni/Fe] -0,03±0,07 0,07±0,06 S1239 Randich Nosso trabalho 0,01±0,07 -0,03±0,12 0,03±0,09 0,01±0,06 -0,01±0,09 -0,06±0,07 0,02±0,06 -0,12±0,06 0,05±0,07 0,03±0,06 0,00±0,07 -0,17±0,12 -0,05±0,05 0,07±0,11 -0,01±0,05 0,12±0,16 -0,03±0,05 0,07±0,08 De acordo com a tabela 4.4, podemos perceber que os valores encontrados para as abundâncias das duas estrelas estão de acordo e dentro das incertezas determinadas. Podemos verificar que encontramos razões de abundâncias abaixo dos valores encontrados em Randich et al.(2006). No caso da estrela S1239, no entanto a incerteza no valor da medida feita em nosso trabalho é maior do que o feito por Randich et al . (2006). No trabalho de Randich a determinação da abundância do O foi feita medindo a linha 6300.30 Å, a mesma utilizada no presente trabalho. Capítulo 4. Resultados 4.5 28 Abundâncias relativas versus temperatura efetiva e metalicidade Seguindo a estratégia de outros estudos (Tautvaisiene et al. 2000; Randich et al. 2006), investigamos as abundâncias relativas em função da temperatura efetiva e da metalicidade para nossa amostra de estrelas evoluídas. As possíveis tendências das abundâncias relativas em função da temperatura efetiva e da metalicidade são importantes informações para as teorias da evolução da galáxia. Deste modo, foram construídos diagramas [X/Fe] em função de Tef (figuras de 4.2 até 4.4) e [X/Fe] em função de [Fe/H] (figuras de 4.5 até 4.7) para todas as abundâncias listada na tabela 4.1. Nestas figuras também estão presentes resultados para M67 publicados por Tautvaisiene et al. (2000) e Randich et al. (2006). Capítulo 4. Resultados 29 Figura 4.2: [O/Fe], [Na/Fe], [Al/Fe] e [Mg/Fe] como função da temperatura efetiva para a nossa amostra de estrelas evoluídas. As barras de erros correspondem a soma quadrática das incertezas adotadas. As linhas sólidas e pontilhadas representam, respectivamente, o valor médio e o desvio padrão de ±1 σ. Os círculos fechados e azuis representam os resultados de Randich et al. (2006), os fechados e vermelho resultados de Tautvaisiene et al. (2000) e por fim os fechados e pretos representam os resultados do presente trabalho. Tautvaisiene et al. (2000) realizou uma análise detalhada de 9 estrelas do Clump e do ramo das gigantes vermelhas membros do aglomerado M67.As abundâncias encontradas foram bastante normal e próxima da solar, com exceção do Na que apareceu enriquecido. No trabalho de Randich et al. (2006), foram analisadas dez estrelas simples de Capítulo 4. Resultados 30 Figura 4.3: O mesmo da figura 4.2, mas para os razões de abundâncias [Si/Fe], [Ca/Fe], [Ti/Fe] e [Cr/Fe]. M67,onde sete são da sequência principal, uma do turn-off e duas encontra-se no ramo das subgigantes. Quando plotadas as taxas de [X/Fe] versus temperatura efetiva, nenhuma tendência é evidente. Uma pequena quantidade de dispersão de estrela para estrela pode ser observada tanto em [Fe/H] quanto em [X/Fe], mas para todos os elementos a dispersão é bem dentro das incertezas medidas. Podemos verificar, de acordo com nossos resultados, que um possível enriquecimento é percebido para Na, Al e Si, estes apresentam um comportamento semelhante nas figuras 4.2 e 4.3. Capítulo 4. Resultados 31 Figura 4.4: O mesmo da figura 4.2, mas para os elementos [Co/Fe], [Ni/Fe], [Zr/Fe] e [La/Fe]. Para os elementos Co, Zr, e La, percebemos uma grande dispersão de estrela para estrela, na figura 4.4. Além disso, é possível observar a inexistência de medidas de abundância de Zr e La nas estrelas do turn-off. Tal fato pode ser explicado pela quantidade de linhas medidas para estes elementos. Para a análise destas abundâncias utilizamos a linha 6390,48 Å para o La, as linhas 6127,48 Å; 6134,59 Å e 6143,20 Å para o Zr e as linhas 6189,00 Å; 6454,99 Å para o Co, o que pode ter contribuído para as incertezas nas medidas destas abundâncias. As figuras 4.2 até 4.4 mostram que não existe tendência evidente das razões [X/Fe] Capítulo 4. Resultados 32 com a Tef f com exceção elementos Na, Al e Si onde é verificado uma superabundância para estes elementos no ramo das estrelas gigantes. A análise feita por Tautvaisiene et al. (2000), mostra uma leve superabundância de Na e esta superabundância em gigantes vermelhas tem sido considerada de origem primordial. Como Na e Al não são produzidos durante a evolução de estrelas de baixa massa, tal enriquecimento do Na pode ser de origem primordial, e indica que a núvem progenitora do aglomerado poderia não ser homogênia durante a época de formação das estrelas de baixa massa (Cottrell & Da Costa, 1981). Tautvaisiene et al. (2000) em seus resultados pôde verificar também que a superabundância de Na não é seguida de uma superabundância de Al e uma depleção da abundância de O. Tal resultado está de acordo com o nosso, pois no nosso diagrama verificamos uma superaundância de Na. Com relação ao Al verificamos também uma leve superabundância e uma possível tendência à depleção na abundância de O. Tautvaisiene et al. (2000) explica que a superabundância de sódio pode aparecer devido aos processos de misturas nas camadas do ciclo NeNa, as quais se encontram mais altas do que as regiões de processos ON em estrelas gigantes vermelhas. Capítulo 4. Resultados 33 Figura 4.5: [O/Fe], [Na/Fe], [Al/Fe] e [Mg/Fe] como função da metalicidade para as estrelas evoluídas de nossa amostra. As barras de erros correspondem a soma quadrática das incertezas adotadas. Os círculos fechados e azuis representam os resultados de Randich et al. (2006), os fechados e vermelho resultados de Tautvaisiene et al (2000) e por fim os fechados e pretos representam os resultados do presente trabalho. Observamos nas figuras 4.5 até 4.7 que, as estrelas de nossa amostra seguem um comportamento da distribuição das abundâncias próximo a solar, como visto na secção 4.3. No entanto, podemos verificar que o Na apareceu enriquecido, como obervado por Tautvaisiene et al. (2000), mas também encontramos um possível enriquecimento para o Si e o Ti (figura 4.6). Na figura 4.7, é visível uma grande dispersão das abundâncias de Co, Zr e La. Uma provável explicação para tal fato pode ter sido o pequeno número de linhas me- Capítulo 4. Resultados 34 Figura 4.6: O mesmo da figura 4.5, mas para os elementos Si, Ca, Ti e Cr. didos para tais elementos, que podem ter acarretado possíveis incertezas nas medidas. Outra explicação para as baixas abundâncias de Zr é provavelmente causada por estruturas hiper finas, explicada por Tautvaisiene et al. (2000),que também encontrou resultados semelhantes. Para as medidas de taxas de abundâncias utilizamos 1 linha para o Co, 3 linhas para o Zr e 1 linha para o La. Capítulo 4. Resultados Figura 4.7: O mesmo da figura 4.5, mas para os elementos Co, Ni, Zr e La. 35 CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES E PESPECTIVAS 5.1 Conclusões Para este trabalho de dissertação de mestrado, foi realizado uma análise espectroscópica detalhada de 27 estrelas evoluídas em diferentes estágios evolutivos (estrelas do turn-off, subgigantes e gigantes) do aglomerado estelar M67 no intuito de melhor entender as abundâncias químicas quando uma estrela evolui para estágios mais avançados. Foram utilizado espectros de observações feitas no telecópio do VLT/Unit 2 (ESO, Paranal, Chile), usando o espectrógrafo FLAMES-UVES e a partir de uma técnica de síntese espectral foram obtidas abundâncias químicas para os elementos O I, Si I, Na I, Al I, Ca I, Ti I, Co I, Ni I, Zr I, La II e Cr I, para toda a amostra de estrelas. Para determinarmos tais abundâncias, utilizamos uma lista de 76 linhas, no intuito de minimizar possíveis erros. Foi possível ser verificado nos nossos resultados, que as abundâncias medidas para as estrelas de nossa amostra, seguem a mesma tendência que o Sol, em um gráfico abundância média versus número atômico. As abundâncias medidas no presente trabalho foram comparadas com abundâncias solares presentes em Asplund, Grevesse & Sauval 36 Capítulo 5. Conclusões e Pespectivas 37 (2005). A abundância de Ca medida para a nossa amostra de estrelas com relação a temperatura efetiva se apresenta muito próximo da solar. Analisando o Si em um gráfico abundância em função da temperatura efetiva é possível ser verificado uma tendência de enriquecimento, o que contradiz os resultados encontrados por Garcia López et al. (1988). Uma depleção do oxigênio é possível ser visto nos nossos resultados, este não encontrado por Tautvaisiene et al. (2000). A discrepância entre estes resultados, mostra mais uma vez, os problemas encontrados para fazer medidas precisas nas larguras equivalentes da linha OI em 6300 Å. Um comportamento bastante semelhante pode ser verificado nas abundâncias dos elementos Na, Al e Si, comportamento esse identificado como um possível enriquecimento. Dois trabalhos confirmam a nossa análise, Tautvaisiene et al. (2000) encontra uma superabundância de Na, além de mais altos valores nas abundâncias de Si se comparados com resultados anteriores da literatura; já Randich et al. (2005) vem confirmar mais uma vez valores de abundância de Na levemente reforçado. Para os elementos Co, Zr, e La, percebemos uma grande dispersão desses elementos de estrelas para estrela, além da ausência desses elementos nas estrela que se encontram no turn-off. Tal fato pode ser explicado pela quantidade de linhas atômicas utilizadas para estas medidas, pois, para estes elementos fizemos medidas em apenas 6 linhas, o que pode ter comprometido nossos resultados. 5.2 Perspectivas A partir dos resultados apresentados, algumas perspectivas de continuação de trabalho estão listadas a baixo: • Ampliar o espectro de tipos evolutivos de estrelas de M67 para aumentar a base de dados de abundâncias, em particular com a inclusão de estrelas Blue-Stragglers. • Efetuar o mesmo estudo observacional para elementos leves, tais como o berílio Capítulo 5. Conclusões e Pespectivas 38 e o boro. • Fazer uma melhor análise na abundância de O, levando em consideração os problemas encontrados para fazer as medidas de larguras equivalentes das linhas. • A determinação de abundâncias químicas de outros elementos, tais como o C e N e outras espécies químicas, poderia nos confirmar os processos de difusão atômica no interior das estrelas de M67. • Estudar os efeitos da rotação sobre as abundâncias químicas obtidas em nosso estudo. • Ampliar o número de aglomerados abertos, com diferentes idades, massas e metalicidades. • Fazer uma análise dos elementos Co, Zr e La, usando um maior número de linhas, para verificarmos a inexistência desses elementos nas estrelas do turn-off. REFERÊNCIAS [1] Alpher, R. A.; e Herman, R. C. The Origin and Abundance Distribution of the Elements. Annual Review of Nuclear Science, 2,p.1-40, 1953. [2] Alvarez, R.; Plez, B., Near-infrared narrow-band photometry of M-giant and Mira stars: models meet observations. 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Elemento Na I Na I Mg I Mg I Mg I Mg I Al I Al I Al I Al I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I λ (Å) S1273 6154,226 26,5 6160,747 41,3 5711,088 93,9 6318,710 27,2 6319,237 28,2 7387,685 51,8 6696,023 26,8 6698,670 11,9 7835,295 20,4 7836,120 35,3 5690,422 42,7 5701,100 33,7 5948,541 86,7 6125,021 18,4 6142,483 32,5 6145,016 33,8 6155,134 71,7 6243,815 43,6 6244,466 41,2 6414,980 40,2 5512,980 78,8 5867,557 16,3 6156,015 12,2 6161,290 34,8 6166,433 58,6 6169,038 86,4 6169,563 62,8 6455,598 42,6 6471,662 87,5 6572,779 35,8 4820,413 23,2 5219,699 8,6 5866,451 30,8 5922,109 13,9 5965,828 14,2 5978,541 15 S1607 26,2 39,8 85,4 36,6 22,8 ... 18,9 10,5 ... ... 40,8 32,0 74,2 19,9 27,8 31,2 52,1 41,5 37,5 40,8 74,3 16,8 10,7 49 54,8 78,9 93,4 39,9 80,1 25,2 25,9 6,9 27,5 5,8 14,2 10,9 S1275 26,9 43,9 92,9 34,3 26,6 43,8 25,5 12,4 24,3 33,7 42,8 35,6 81,8 28,9 30,6 34,3 70,5 42,2 40,2 41,6 80,2 „, 9,2 „, 61,6 87,2 102,6 48,4 86,7 30,2 30,7 14,2 35,9 13,3 20,1 16,2 S1034 26,8 45,3 93,6 36,6 27,3 54,4 23,8 12,5 20,4 22,8 45,6 37,2 87,6 30,2 33 36 74,1 ... 41,5 45,1 79 19,4 10,8 54,2 62,6 85,9 102,2 48,2 88,7 30,2 30,9 16,1 38,6 14,5 18,9 18 S2207 27 46,3 93,4 37,4 22,2 ... 25,9 14,3 ... ... 44,9 35,7 81,4 30,7 32,7 33,8 72,6 43,4 42,6 24,8 79,2 22,7 9 54,1 60,2 82,7 98,6 45,6 86,5 27,3 33,2 16,1 39,5 11,3 18,3 17,2 S1268 24,9 42 90 31,7 26,5 39,6 21 10,6 26,1 34,5 42,3 35,4 81,6 29,5 30,7 34,3 71,8 41,2 39,7 41,7 75,2 18 5,1 53,1 58,9 83,3 97,7 44,9 83,5 29,3 29,1 12 35 12,2 19,5 14,6 S1487 30 46,8 93,1 16,9 26,5 ... 28,1 13,4 ... ... 45,9 38,3 75,5 31 31,4 33,2 73,7 44,9 43 43,4 81,4 21,8 ... 57,7 64,2 87,5 101,9 50 89 34,2 36,1 16,4 41 10,7 20,2 18,6 Apêndice A. Medidas de larguras equivalentes Elemento Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Cr I Cr I Cr I Cr I Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni OI La II Zr I Zr I Zr I Co Co λ (Å) S1273 6064,626 35,3 6091,172 9,3 6126,218 11,6 6258,104 33 6261,100 30,8 6303,756 ... 6312,239 ... 6336,099 ... 6556,064 40,5 6599,107 ... 6743,124 8,3 4936,340 33,8 5247,569 69,7 5300,746 45,2 5329,142 57,2 4913,977 48,8 4946,034 9,6 5010,937 44,2 5155,125 38,8 5435,857 38,2 5589,357 18,5 5593,735 31,9 5625,315 30,8 5682,198 45 5846,993 15,3 6086,28 ... 6111,072 27,1 6175,366 39,6 6177,243 9 6204,603 14,4 6223,983 17,9 6378,252 22,2 6635,12 15,5 6772,313 31,4 6300,313 7,6 6390,479 ... 6127,475 ... 6134,585 ... 6143,202 ... 6188,996 ... 6454,990 ... S1607 ... 5,5 9,6 32,5 29,1 7,1 6,2 ... 31,2 ... 11,3 31,2 67,9 39,4 57,7 45,4 13,4 42,9 40 38 19,8 33,5 30,6 42,7 15,9 30 25,2 39,5 7,3 15,4 19,8 20,9 12,1 46 11,2 ... ... ... ... ... ... S1275 6,3 11,6 14,2 38,8 34,5 ... ... ... 32,4 ... 14,5 35,5 73,6 46,6 62,5 47,7 17,1 47,5 41,6 42,5 21 35,3 33,4 48,3 16,8 36 27,6 43,6 10,9 15,3 20,5 24,3 16,2 41,6 6 ... ... ... ... ... ... 46 S1034 ... 13,4 14,4 39,4 38,5 ... 6,4 ... 29,4 ... 8,9 38,4 77,8 49,9 62,1 53,3 17 49,8 46,1 46,8 21,9 36,4 34,9 49,1 18,3 36,7 28,8 45,4 12,7 15,6 22,8 26,1 18,4 43 7,9 ... ... ... ... ... ... S2207 5,1 10,9 14,4 38,7 34,8 ... 5,2 ... 29,6 ... 12,1 37,9 76,6 50,8 61,4 52,9 16,6 49,5 44,2 45,4 21,6 37,7 33,5 48,1 21 36,1 28,7 43,6 9,4 16,3 21,6 25,7 19,1 40,7 7,2 ... ... ... ... 5,4 ... S1268 5,3 9,9 11,6 35,5 32,1 ... ... ... 28,6 ... 7 35,4 74,2 46,5 60,2 48,6 17,1 45,3 42,5 41,9 21,5 35,8 31,5 46 18,5 35,7 26,7 43,2 10,6 14 20,5 23,3 17 39,8 9,7 ... ... ... ... ... ... S1487 11,2 12,5 15,6 42,3 38,2 5,2 7 ... 31,2 6,3 13,5 38,5 79 79 64,5 53,7 18,6 48,8 48,8 48,2 23,8 38,9 34,7 49,3 21,3 37,8 30,2 46,4 12 16,7 23,2 26,6 17,3 45,7 8,9 ... ... ... ... ... ... Apêndice A. Medidas de larguras equivalentes 47 Tabela A.2: Medidas das larguras equivalentes das linhas de absorção dos elementos estudados, para cada estrela do ramo das subgigantes. Elemento Na I Na I Mg I Mg I Mg I Mg I Al I Al I Al I Al I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I λ (Å) S1242 6154,226 35 6160,747 55,8 5711,088 100,6 6318,710 41,7 6319,237 32,6 7387,685 41,7 6696,023 31,9 6698,670 16,3 7835,295 34,5 7836,120 43,9 5690,422 47,4 5701,100 40,8 5948,541 86,7 6125,021 32,5 6142,483 33,6 6145,016 35 6155,134 44,7 6243,815 44,9 6244,466 42,4 6414,980 45,3 5512,980 84,1 5867,557 25,7 6156,015 10,5 6161,290 66,9 6166,433 67,4 6169,038 93,9 6169,563 110,8 6455,598 52,6 6471,662 93,6 6572,779 39,1 4820,413 41,8 5219,699 23,8 5866,451 51 5922,109 21 5965,828 26,9 5978,541 25,2 S1323 41,9 65,2 108,2 49 34,6 47,9 41,2 20,2 39,7 44,9 56,5 45,3 92,8 40,6 41,6 40,9 83,7 51,6 50 50,7 91,8 27,1 17,7 73,8 78,5 104,2 116,7 61,3 99,1 46,8 55,5 38,3 62,8 29,6 38,6 34,3 S1239 S806 S2208 40,9 48,9 57,5 60,7 71,6 79,6 106,3 114,7 122,3 47,5 56 60,1 34,9 45,5 46,9 52,9 48,2 50,5 39,8 47,5 55,4 22,5 26,4 33,2 37,4 48,7 37,9 30 54,5 61,3 54,9 57 56,6 45,4 49,4 46,6 93,6 94,3 94,3 35,4 40,6 37 37,9 40,4 36,6 41,7 45,8 41,1 80,4 55,8 79,4 50 53,7 48,6 48 53,9 49,1 28,2 52,6 47 89,8 97,8 104 28,9 38,4 41,2 13 15,7 20,9 71,1 84,6 91,9 75,2 85,4 92,9 100,1 109 118,3 113 126,5 133,4 113 71,9 80 113 105,8 112,9 113 105,8 80,6 53,1 61,8 76,2 37,9 52,6 69,6 61 76,8 90,3 28,9 42,9 57,4 38,3 52,9 66,2 32,1 45,1 56,5 S1438 S774 42,8 48,8 64,7 70 106,5 114,2 48,9 50,4 35,5 38,7 ... 57,6 43,7 44,5 24,6 27 ... 39,4 ... 37,7 53,7 53,1 46,8 44,8 86,1 86,1 32,8 32,7 36,1 35,7 38,6 37,1 76,2 74,8 47,1 44,8 47,3 43,9 47,7 43,2 92,8 95,1 32,6 38,6 12,6 16,1 75,2 81,6 78,5 86,4 101,1 107,8 118,3 122,6 66,3 73,2 99,4 106,3 58,1 71,8 61,4 67,5 48,2 60,1 71,7 83,5 34,6 47,2 44 55,1 39,1 46,8 Apêndice A. Medidas de larguras equivalentes Elemento Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Cr I Cr I Cr I Cr I Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni OI La II Zr I Zr I Zr I Co Co λ (Å) S1242 6064,626 10,3 6091,172 15,8 6126,218 20,9 6258,104 48,9 6261,100 45,9 6303,756 8,4 6312,239 8,8 6336,099 5,6 6556,064 34 6599,107 8 6743,124 20,1 4936,340 44,4 5247,569 87,3 5300,746 62,1 5329,142 71,7 4913,977 53,7 4946,034 27,8 5010,937 52 5155,125 49 5435,857 53,7 5589,357 26,9 5593,735 43,1 5625,315 38,8 5682,198 55,7 5846,993 26,3 6086,28 41,5 6111,072 33,2 6175,366 50,8 6177,243 16,5 6204,603 20,7 6223,983 25,5 6378,252 28,9 6635,12 23,4 6772,313 26,4 6300,313 6,5 6390,479 ... 6127,475 ... 6134,585 ... 6143,202 ... 6188,996 9,9 6454,990 ... S1323 14,2 24,2 32 62,5 63,7 13,7 13,4 9,9 35,4 10,4 25,1 56,1 97 74,2 81,2 64,5 31,9 60,9 58,7 66,6 35,2 51,7 49 62,7 35,2 51,3 44,2 58,6 24,3 29,9 34,3 41,1 28,5 55,7 10,7 6,6 5,1 6 ... 16,9 ... S1239 12,3 20,7 29,7 60,7 58 10,5 9,7 7,6 33,8 10,5 21,3 55,2 96,6 71,4 78,9 63,6 30,3 58,3 57,2 66 33,4 50,2 47,1 62 33,4 48,8 40,6 56,6 23,3 26,7 32,3 38,3 28 55,1 10,5 5,1 ... ... ... 15,8 ... 48 S806 S2208 21,2 33,5 29,2 39,2 41,7 59 72 85,6 70,7 90,3 17,2 29,2 17,5 27 11,4 22,2 45,7 56,9 18,3 33 35,9 52,3 59,4 71,4 103,3 114,8 81,9 93,3 91 102,2 66,9 70 36 40,6 66,5 64 61,9 66,3 71,9 79,6 37,7 41,5 55,4 60,7 50 55,4 67,4 68,1 45,5 51,8 55,8 57,5 46,9 48,9 63,4 62,5 31,2 37,1 30,2 33,1 39,1 40,1 42,1 46,4 33,6 35,4 62,5 62,4 10,4 11 ... 7,9 5 10,5 ... 8,9 5,2 9,9 21,4 33,1 ... ... S1438 18 23,7 36,9 67,7 65,7 15,6 16 10,1 42,2 16,3 32,4 57,7 97,7 78,2 84,2 64,1 33,5 57,8 58,2 69,5 38,3 55,4 48,4 61,7 39,7 50,7 41,8 55,9 25,7 30 33,6 39,2 29,2 58,5 10,5 6,1 ... ... ... 16,8 ... S774 26,3 32,3 48,8 76,4 75,4 20,1 18,4 14,8 50,7 25,6 41,6 60,3 105,6 85,8 91,3 63,9 36,4 61,6 60,4 74,2 37,3 54 49,4 63 51,7 51,9 43,8 59,5 31,8 28,9 37,1 39,2 28,8 59,8 9,8 5,6 7,8 6,7 7 25,1 ... Apêndice A. Medidas de larguras equivalentes 49 Tabela A.3: Medidas das larguras equivalentes das linhas de absorção dos elementos estudados, para as estrelas gigantes. Elemento Na I λ (Å) 6154,226 S1245 57,5 S1231 58,6 S1319 54,2 S1293 69 S1305 61,9 S1254 81,7 S1277 76,8 S1279 88,8 S1288 ... S1074 85,9 S1010 90,1 S1016 102,2 S978 116 Na I Mg I Mg I Mg I Mg I Al I Al I Al I Al I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Si I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ca I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I 6160,747 5711,088 6318,710 6319,237 7387,685 6696,023 6698,670 7835,295 7836,120 5690,422 5701,100 5948,541 6125,021 6142,483 6145,016 6155,134 6243,815 6244,466 6414,980 5512,980 5867,557 6156,015 6161,290 6166,433 6169,038 6169,563 6455,598 6471,662 6572,779 4820,413 5219,699 5866,451 5922,109 5965,828 5978,541 79,6 122,3 60,1 46,9 50,5 55,4 33,2 37,9 61,3 56,6 46,6 94,3 37 36,6 41,1 79,4 48,6 49,1 47 104 41,2 20,9 91,9 92,9 118,3 133,4 80 112,9 80,6 76,2 69,6 90,3 57,4 66,2 56,5 81,9 122,3 58,1 46,6 54,3 54,1 33,9 34,2 60,5 54 45,9 89,9 36,1 36 39,8 78,3 48,2 49 45,9 103,6 45 22 94,7 93,2 117,4 133,9 80,5 113 84,4 77,3 70,7 93,2 59,9 65,6 57,3 78,1 118,6 59,9 42 „, 54,6 32,1 „, „, 54,1 46,6 83,8 34,9 32,4 34,2 74 45,9 45,8 43,6 101,7 44 21,4 90,3 91,9 113,7 128,9 78 109,8 84,1 78 69,9 91,9 55 63,4 55,4 91,7 130,5 67,500 53,1 81,2 66,3 42,900 54,4 069,100 58,5 49,500 98,4 39,7 38,8 41,2 80,7 58,9 52,8 46,700 110,600 49,9 27,8 103,600 100,5 127,2 140,5 91,3 124,7 106,5 93,1 90 108,1 75,7 81,6 72,9 85,1 125,1 65 47,4 „, 60,9 39 „, „, 55,5 48,4 88,4 36,1 32,5 37,1 75,9 47,1 48,8 44 107,4 46,7 23,5 97,5 96 118,3 134,4 86,2 115,3 99,5 86,8 83,5 103,2 67,9 47 66,4 103,9 133,6 71,6 58,2 43,8 72,1 48,1 57,6 71,7 60,9 53 91 40,2 40,1 43 83,4 51,9 53,1 47,2 113,7 60,2 31,6 110,8 106,5 131 144,7 97,7 126,6 121,4 101,2 100,6 123 86,3 90 80,1 98,4 136,3 72,3 58,3 81,1 72,2 47,3 57,6 72,6 60,2 52 92,6 42,5 38,4 41,4 84,7 53,4 54,4 49,1 114,2 58 33,6 112 108 130,1 145,8 99 126,1 121,9 99,8 99,6 122,6 86,3 89,8 80,4 110,9 142,7 76,1 61,8 82,5 76,4 50,6 62,8 73,5 67,1 58,3 99,8 46,8 42,2 46,6 89,7 58,7 59,9 50 119,5 59 35,7 118,8 113,7 138,8 151,8 104,9 134,1 137,7 112,8 114,3 133 97,3 102,7 90,5 105,3 136,3 72 58,9 82,2 72,6 49,1 59,9 70,3 61,1 51,7 93,2 43,9 40 41,6 80,9 54,7 54,2 45,1 115,3 58,5 34,6 113,7 108,4 132,2 147,2 100 127,7 126,9 106,4 106,2 127,2 89,6 96,9 83,5 109 142,6 75,600 60,9 82,9 74,8 47,900 60,7 076,100 68,9 58,000 101,5 48,3 42,9 47,8 90,5 60,3 66,1 51,100 119,400 59,5 34,9 118,400 113,4 138,5 151,7 104,3 134,2 134,2 113,2 113,2 131,6 95,8 101 89 111,9 141,1 76,7 61,8 81,7 75,8 49,6 62,7 73,5 67,1 58,4 103 48,1 43,6 46 91,8 59,3 60,5 55,4 119,4 62,9 36,9 118,7 113,8 136,2 149,9 105,8 136,3 138,5 113,3 113,7 138,2 95 102,5 90,5 123 146,2 83,4 68,7 81,6 92,4 64,2 68,6 85,4 62,7 53,5 94,9 47,8 37,8 42,6 82,3 51,6 56,3 44,3 128,3 74,2 52,4 138,8 127,8 151,2 163,9 119,9 146,2 181 124,7 139,3 163,2 123,7 126,3 109,2 135,2 151,4 84 69,1 77,1 108,8 73,1 77,2 91,4 58,1 50,3 91,9 x 31,7 37,9 77,2 51,8 54,8 40,9 136,5 81,1 60,4 149,8 136,5 161,6 173,4 127,9 156,3 210 135,7 160,8 181,8 142,9 141,2 123,6 Apêndice A. Medidas de larguras equivalentes 50 Elemento Ti I λ (Å) 6064,626 S1245 33,5 S1231 38,7 S1319 34,3 S1293 50,7 S1305 43,2 S1254 59,3 S1277 58,8 S1279 71,4 S1288 66,1 S1074 69,4 S1010 72,2 S1016 100,4 S978 120,1 Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Ti I Cr I Cr I Cr I Cr I Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni Ni OI La II Zr I Zr I Zr I Co Co 6091,172 6126,218 6258,104 6261,100 6303,756 6312,239 6336,099 6556,064 6599,107 6743,124 4936,340 5247,569 5300,746 5329,142 4913,977 4946,034 5010,937 5155,125 5435,857 5589,357 5593,735 5625,315 5682,198 5846,993 6086,28 6111,072 6175,366 6177,243 6204,603 6223,983 6378,252 6635,12 6772,313 6300,313 6390,479 6127,475 6134,585 6143,202 6188,996 6454,990 39,2 59 85,6 90,3 29,2 27 22,2 56,9 33 52,3 71,4 114,8 93,3 102,2 70 40,6 64 66,3 79,6 41,5 60,7 55,4 68,1 51,8 57,5 48,9 62,5 37,1 33,1 40,1 46,4 35,4 62,4 11 7,9 10,5 8,9 9,9 33,1 ... 40,6 61,1 86,3 91,4 30,3 29,6 22,6 59,5 35,8 58,7 68,4 113,3 94,5 100,6 67,7 41,1 62,8 65,2 78,2 40,9 59,2 53,4 68 57,5 57,1 48,7 62,7 38,9 34,4 41,7 45,2 34,6 63,8 9,8 6,3 13,3 10 11,8 33,8 ... 38,6 58,1 84,3 89,7 30,1 28,4 21,3 60 36 55,4 65,4 112,2 92,3 98,3 68,5 38 59,1 64,2 76,2 40,8 58,1 52 66,6 55,7 53,1 46,5 59,1 36,8 34 38,3 44,2 34 62,1 11,5 6,7 9,5 6,3 7,5 31 ... 52,2 75,2 101,1 113,800 45,1 41,3 34,9 72,8 53,3 73,7 78,900 130,3 107,7 114,1 77 44,6 67,6 73,5 86,7 47,1 62,7 59 72,2 ... 61,1 54,9 67,2 48,7 40,2 45,5 51,9 40,7 67,2 15,2 12,1 20,1 17,7 21,6 51,9 ... 45,9 67,6 94,3 103,3 39,2 37,2 29,2 40,3 47,9 68,1 72,2 121,2 101,4 106,5 72,2 40,1 63,2 67,5 83 43,5 58,2 57,2 68,8 61,1 56,1 51 61,6 42,7 36,9 42,8 47,6 38,1 65,4 12,8 10 14,8 12,2 16,1 42,7 ... 58,9 86,7 108 128,5 53,9 50,8 44,6 80,6 60,9 82,4 82,1 137,4 116,8 119,1 80,2 47 71 75,9 92,7 50,4 63,5 62,4 77,4 78,9 63,1 59,2 70,6 54,2 44 50 54,6 45,2 71,4 23 17,4 27,6 ... 29,7 64,3 ... 60,8 85,4 108,5 129,1 54,1 54,3 44,6 83,6 62 84,6 82,8 138,1 116,3 120,1 77,9 46,4 69,7 7,4 94 48,3 64,6 60,4 75,5 75,9 62,7 59,2 70,2 57,5 45,8 50,6 55,9 42,8 72,1 21,1 17,8 29,4 24,3 29,7 63,7 ... 65,7 97,5 122,4 143,9 62,7 60 51,2 94,7 73,3 96,9 90 153,9 127,3 125,1 87,9 52,2 77,9 84,4 105 55,1 68,9 70,4 83 86,4 69,3 64,6 76 65,8 52,1 56,7 62,6 49,8 79,4 32 24,9 33,5 31 36,8 79,8 ... 62,2 91,9 113,9 132,3 58 54,9 48,1 86,5 67,5 90,5 84,6 143,6 119,1 121,2 78,8 47,5 72,5 81,4 96,1 49,9 64,9 63,9 76,5 82 65 59,5 68,5 59 47,1 50,2 57,6 46,7 74,2 24,2 21,5 30,8 27,5 32,6 68,6 ... 63,2 96,3 120,4 139,700 59,9 57 49,1 91,2 69,9 94,7 87,600 151,7 126,5 122,6 87,5 50 79,4 85 104,9 54,2 70 69,6 83,6 85,4 69,6 65,9 77,9 66,8 51,7 56,9 60,7 50,2 81,6 30,6 24,3 32,2 29,5 34,1 79,1 ... 67,7 93,6 121,9 142,6 62,5 59 50,3 97,4 69,9 97,2 89 153,3 129 127,3 85,8 52 78,2 86,3 108 56,5 69,8 74 84,5 94,2 69,1 66,4 81 66,7 52,2 58,5 64,1 47,4 82 30,4 25,9 36,3 30 36,9 80,4 ... 86,8 123,4 146,6 201,2 88,9 87,6 81,8 121,3 105 128 101,1 176,1 145,8 147,3 84,8 52,6 74 97,9 110,1 55,5 69 69,4 81,1 102,7 69,3 65,6 78,2 76,9 52,9 57,6 64,2 50,5 81 39,1 36,5 68,5 63,8 70,3 105,8 ... 98,5 140,6 167,8 233,2 106,4 104,8 98,6 144,3 124,8 148,4 108 198,9 162,8 161,4 84,4 55 71,5 113 113,6 54,9 66,3 68,2 78,4 110,2 68,6 64 76,8 84,1 53 61,5 65,1 46,7 79,9 47,9 47 91,4 87,2 92,2 120,5 ...