O PLANEJAMENTO COMO INSTRUMENTO ESSENCIAL NA APRENDIZAGEM DE UMA TURMA DE EJA MÓDULOS I E II Autor: Rebeca Bandeira dos Santos; Universidade Federal de Pernambuco [email protected] RESUMO: O seguinte trabalho tem por objetivo mostrar que o Ensino de Jovens e Adultos precisa de planejamentos que contemplem as especificidades da turma, a didática, a elaboração e a execução das aulas voltadas para crianças não devem se repetir para a turma de EJA, essa modalidade requer um planejamento que contemple seu contexto sociocultural, os alunos de EJA em grande maioria são alunos que por diversos motivos não puderam concluir o ensino básico na idade regular, o planejamento de aulas é um momento rico que proporciona ao professor hegemonizar suas ações em sala, bem como fazer refletir nos alunos um estímulo à aprendizagem. Através da disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica VII: Estágio na Educação de Jovens e Adultos foram realizadas três observações e quatro regências em uma Escola Municipal na Região Metropolitana do Recife - PE, no qual foi idealizada uma pesquisa na perspectiva do confronto teoria-realidade-prática pedagógica. O relato das dificuldades e das positividades da especificidade da Educação de Jovens e Adultos traz à reflexão que o perfil da turma bem como seu contexto social deve ser considerado na elaboração e execução das aulas, pois a aprendizagem para ser bem construída deve ser em conjunto e precisa que os interesses dos alunos sejam atendidos e o professor tem como um dos seus papéis, relacionar esses interesses com o objetivo das aulas. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Planejamento, Práticas, Aprendizagem. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo o ensino na Educação de Jovens e Adultos, em uma turma com alunos de módulos I e II em uma Escola Municipal situada na Região Metropolitana do Recife- Pernambuco, realizado dentro da proposta da disciplina de Pesquisa e Prática Pedagógica VII, no qual realizamos três registros de observação e quatro regências. A construção desse relatório possibilitou a prática de pesquisa considerada essencial pra a formação docente, a pesquisa na perspectiva de confrontar teoria-realidade-prática pedagógica. Realizar observações, por em prática o conhecimento adquirido ao longo do curso, fornece mais preparo e confiança na elaboração de planejamentos adequados para o perfil da turma no qual foram executadas as regências, haviam quinze alunos matriculados, oito desses com deficiência, dificuldade motora e intelectual, mas durante as aulas o quantitativo foi em média de 10 alunos por aula. Almejamos nas construções dos planejamentos de aulas, despertar o interesse dos alunos pelo tema trabalhado, pois assim teríamos aulas relacionadas e contextualizadas ao contexto da turma, foi preciso ter muito cuidado na elaboração das atividades, principalmente as documentadas, já que é preciso ter atividades de sistematização escrita, levando em consideração o perfil da turma, em processo de alfabetização, não era adequado exigir escrita de textos, foram usados então, recursos como: caça- palavra, textos acompanhados de imagens ilustrativas para que eles fizessem uma associação das palavras às imagens. Em suma, é exposto aqui o relato das dificuldades e das positividades da especificidade da Educação de Jovens e Adultos, no qual o perfil da turma bem como seu contexto deve ser considerado na elaboração e execução das aulas, pois a aprendizagem para ser bem construída precisa que os interesses dos alunos sejam atendidos e o papel do professor também é de relacionar o jogo de interesses dos alunos com o interesse objetivo de suas aulas. Conforme os quatro planejamentos construídos respectivamente para as quatro aulas regidas, houve como objetivo contribuir com a discussão sobre a EJA, sobre suas particularidades e sobre o contexto escolar que a insere. Fundamentando que toda a intervenção curricular, de reger aulas, e a de preparar os alunos para serem alfabetizados e letrados, ou melhor, o processo de alfabetização no qual nos referimos é uma alfabetização letrada que não ensina só à escrita e a fala, mas sim a significância e o significado que cada palavra traz em seu contexto. Nessa linha de pensamento foram construídos planejamentos com base no tema: Doenças Endêmicas e a Dengue. Nas aulas eram explorados os recursos mais atrativos e diversificados, como uma palestrante que é Agente Comunitária, trazendo para reflexão dos alunos a importância dos papéis que cada trabalhador tem dentro da sociedade, discutindo sobre as doenças endêmicas; trabalhamos vídeos de reportagens sobre a dengue, o gênero panfleto, construído pela turma, atividades de sistematização de escrita das palavras, e uma grande discussão sobre as doenças endêmicas e relatos de experiências sobre as doenças. Aproximar as atividades de sala de aula às vivencias cotidianas do estudante da Educação de Jovens e Adultos, independente da temática ou dos tipos de atividades, por exemplo, texto, exercícios, vídeos, música entre outros. Tudo precisa estar relacionado ao contexto do estudante dessa modalidade, para que o mesmo tenha um maior interesse e aproveitamento das atividades desenvolvidas, interagindo com os conteúdos e construindo o aprendizado. A semana de regência é o ápice do trabalho, pois é quando é colocado em prática realmente o que é planejado, levando em consideração que o planejamento deve ser flexível às supostas intervenções os alunos. Desenvolvemos as atividades buscando um aprendizado recíproco de ideias e valorização dos diferentes saberes dos alunos. METODOLOGIA Em nossas observações em sala, percebemos a dificuldades da turma em identificar as letras, principalmente por ser uma turma modulada, o que dificulta mais o aprendizado. A turma é caracterizada por ter em maioria pessoas com deficiência, cognitiva, motora e intelectual, nas duas primeiras observações, havia uma estagiária contratada para acompanhar apenas um aluno, porém ela ajudava a todos os alunos, auxiliando a professora no acompanhamento individual a cada aluno, nas atividades de contagem relacionada à quantidade-número e as letras- construção de palavras- som. Na terceira observação a professora nos informou que o contrato da estagiária acabou e não houve renovação, ou seja, o professor estava responsável sem auxílio nenhum a trabalhar o coletivo e o nível individual de cada aluno, o que sabemos que é um grande desafio. Percebemos que em algumas atividades que a professora propôs aos alunos como a escolha de um livro didático para que eles dissessem o que entenderam, da história, através das imagens e de algumas palavras que pudessem compreender, ouvimos muitas reclamações dos alunos dizendo que era tarefa para criança, ressaltando que era uma coleção da Turma da Mônica interpretando histórias de contos de fadas tradicionais, tudo ilustrado em desenhos. Um elemento caracterizador das turmas de EJA é o traço da heterogeneidade que se revela por meio dos aspectos cognitivos e culturais. Quanto ao desenvolvimento cognitivo, jovens e adultos apresentam, muitas vezes, ritmos de aprendizagem diferenciados; culturalmente, esses dois grupos vivem realidades distintas, uma vez que a condição juvenil difere da vida adulta quanto à visão de mundo, valores, projetos para o futuro, dentre outros. Preocupamos-nos ainda mais, desde então, com a escolha do tema e como o abordaríamos, pois quando os alunos acham que a proposta a eles é infantilizada eles não despertam interesse em participar. O que é um ponto muito negativo para o desenvolvimento de aprendizagem dos mesmos. Outro ponto significante é a empatia do professor e dos alunos. Nas primeiras observações em sala, percebemos uma rejeição inicial por parte de duas ou três alunas, dizendo que éramos feias e demonstrando intolerância à nossa presença. A professora nos ajudou muito na quebra dessa empatia, explicando aos alunos que estávamos presentes com o objetivo de ajudá-los e sermos ajudadas com a troca de experiência, que estaríamos a principio só observando as aulas, mas que depois nós daríamos aula. Como chegávamos antes do início da aula, procuramos ter momentos interpessoais com a turma, principalmente com as alunas que demonstraram intolerância a nós. Era apenas uma rejeição inicial, durante todas as observações nos primeiros minutos de contato, elas nos rejeitavam, mas a medida que interagimos com os demais alunos elas passavam a interagir também no grande grupo. Essas situações foram bem administradas e solucionadas, já que ao decorrer das regências, todos foram bem participativos. Então, durante as aulas propostas procuramos utilizar algumas ferramentas que facilitam a aprendizagem dos alunos que era o nosso alvo principal e até mesmo o andamento de nosso trabalho com textos impressos, slides, atividades em forma de fichas, vídeo, dinâmica do passe ou repasse, palestra, além de instrumentos essenciais como quadro branco, piloto, tecido TNT, prancheta, cola, lápis, durex, panfletos e papel. Na primeira aula foi apresentando o contrato didático, enfatizando tudo o que iríamos realizar durante as regências e sobre nossas intenções com a turma. Logo em seguida, fizemos uma leitura deleite com um cordel produzido pelos agentes comunitários e de saúde, sendo ele lido por parte, ou seja, lemos três estrofes em cada aula, tendo em vista que era muito grande. Vale ressaltar que os alunos receberam uma cópia impressa para acompanhar a leitura realizada por nós e podemos mencionar que a turma teve uma boa aceitação das propostas levantadas. Em toda regência chegamos mais cedo que os alunos para prepararmos o ambiente da realização das aulas, organizando os alunos em um grande círculo. A princípio os alunos mostravam certa resistência ao novo, indagando por que a sala estava organizada daquela maneira. Mas, falamos para eles que seria melhor, pois facilitava a visão, a escuta, a participação deles, enfim tudo que estava sendo levado por nós e pela palestrante. No entanto, continuando a aula indagamos os alunos com algumas perguntas, como por exemplo, se eles já tinham recebido uma visita de um agente comunitário ou de saúde em suas residências; se eles sabiam qual é o papel desses profissionais na comunidade. E os alunos por sua vez responderam dizendo que recebiam sim essas visitas, surgindo o momento em que foi dada a oportunidade da palestrante interagir com a turma. A palestrante se apresentou dizendo seu nome e sua profissão atual (agente Comunitário de saúde) da Prefeitura do Recife falando o histórico dessa profissão, a função social, algumas doenças endêmicas como: Filariose, Doença de Chagas, Dengue, Raiva e Leptospirose. Durante toda a explicação de Natália (palestrante) enxergamos os olhos dos alunos radiantes com o que estava sendo falado. Os alunos faziam referências ao seu contexto atual ou até mesmo do passado. Isso foi possível observar, quando se discutiu a doença do barbeiro, pois ouvimos deles que essa doença era mais do passado por que as pessoas moravam em casas de barro. Entre outras indagações dos alunos foram com relação a algumas prevenções dessas doenças, pois eles falaram que não sabiam de determinada informação e que estava sendo muito importante escutar a palestra, pois ficaria mais fácil evitá-las. É bem verdade que foi um momento rico tanto para os alunos como para nós graduandas e a professora da turma, pois aprendemos muito com a palestrante. Eles ficaram admirados por que o rato leva seis meses aproximadamente para fazer xixi; que se a tosse persistir deve-se procurar um posto de saúde; que o mosquito da dengue tem hábitos ao amanhecer e ao entardecer; que era muito importante realizar o exame da filariose; entenderam o porquê desse tal exame ser feito no final da noite, tendo em vista que o mosquito provocador dessa doença tem hábitos noturnos dentre outras informações. Tudo isso que foi mencionado foram falas dos alunos no final da palestra. Mas, não paramos por aí, tivemos outro momento com a turma depois da palestra, pois foi lançado o desafio para os alunos de participarem de um teatro provisório, os quais, eles teriam que ser um agente de Saúde visitando uma casa, ou seja, teriam que fazer/falar o que o agente faz numa residência (visita). Não poderíamos deixar de mencionar como foi rica e descontraída essa atividade, pois os estudantes colocaram em prática tudo que aprenderam, discutiram durante toda a aula. No final da noite, eles agradeceram por tudo e perguntaram se a gente iria voltar, fala essa que nos deixou muita emocionada, pois a princípio tivemos um pouco de rejeição por parte de algumas alunas, mencionando que éramos feias e chatas e que iriam voltar para casa. Na segunda regência iniciamos a aula com a leitura de algumas estrofes do cordel e os alunos em círculos numa grande roda de conversa, sempre resgatando os conhecimentos prévios e o que foi discutido na aula anterior. Na primeira aula estava estabelecido um caça palavras, para ser realizado, logo após o teatro provisório, mas por causa do tempo, não foi possível fazer, combinando com eles que poderíamos desenvolvê-la na aula seguinte (segunda regência). Então, executamos essa atividade antes de iniciar um vídeo, conforme préestabelecido com a turma. Como os alunos estão em processo de alfabetização, auxiliamos os estudantes em todo momento, sempre sendo mediador do conhecimento, esperando as respostas para assim ir dando continuação a atividade. Durante esse momento procuramos arrancar deles os nomes das doenças e fomos escrevendo os seus supostos nomes no quadro branco. Vale ressaltar que para formação dos nomes de cada uma delas, procuramos sistematizar o sistema de escrita, indagando-os como se escreve cada determinada palavra, como por exemplo, na palavra filariose, se inicia com qual som? Eles respondiam “FI”. Então gente como se escreve “FI”? Qual é a primeira letra que vamos escrever? Sempre esperamos a respostas deles para assim ir escrevendo o nome (Completo) da doença e logo após eles procuravam os nomes formados na ficha (caça-palavras) entregue para cada aluno responder, embora apresentando muita dificuldade no sistema de escrita alfabética, conseguimos realizar essa atividade com sucesso, pois eles se mostraram bastantes interessados em executá-la. Podemos também perceber que quando elogiarmos eles gostavam muito e se sentiam motivados a continuar executando a tarefa feliz pelo seu acerto. Ao término dessa atividade pendente, colocamos um vídeo de Dráuzio Varella, chamado: Campanha Brasil Unido Contra a Dengue, (https://www.youtube.com/watch?v=_F5G5anCiTI) falando sobre a dengue, seus principais sintomas e prevenções. Os alunos apesar de sua dificuldade de escrita apresentam uma oralidade muito boa, pois expõem seus pontos de vistas e suas experiências. Abrimos uma discussão logo depois do vídeo e eles por sua vez, falaram o que o vídeo apresentava em seu conteúdo. Notamos que os estudantes ficaram admirados como a Dengue é uma doença muito séria podendo causar até a morte de muitas pessoas. Que era importante se fazer um trabalho de conscientização para evitar que o mosquito da dengue se espalhe pelo mundo e isso dependia da ação de todos nós. Uma aluna falou durante a discussão mencionando que esse trabalho tinha que de fato todos estarem envolvidos, pois se ela prevenir em sua casa, mas vizinho não tomar os cuidados necessários de toda forma sua família poderá ser atingida pela negligência do seu próximo. Outro comentário que não poderíamos deixar de frisar foi sobre a fala de um aluno explicando que as famílias têm de educar as crianças sobre a prevenção do mosquito da dengue, mostrando quais as medidas necessárias pra evitar a proliferação deste isento. Com isso teremos adultos no futuro conscientes e responsáveis pelo bem estar de todos. Como a discussão sobre a dengue se estendeu, deixamos com a professora uma cruzadinha impressa para cada aluno com os sintomas da dengue para que num momento oportuno, ela realize com a turma aproveitando para fazer uma retrospectiva sobre a temática estudada. Na terceira aula, iniciamos também da mesma forma que as aulas anteriores com a leitura de algumas estrofes do cordel e as cadeiras organizadas em uma grande roda, aproveitando o momento para recapitular tudo que foi estudado nas aulas. Em seguida, falamos que o desafio daquela noite seria construir um panfleto sobre a prevenção da dengue. Indagamos se eles sabiam o que era um panfleto? Se eles já receberam algum na rua? Caso sim, eles falavam sobre o que? Se nesse material existia mais imagens ou letras? Partindo das respostas deles, mostramos alguns modelos desse gênero textual para visualizarem e iniciamos a explicação da função social que o panfleto assume diante de uma sociedade letrada, falando que existi uma intencionalidade aquele pequeno papel (panfleto) de informar a sociedade de algo. Então, o desafio foi lançado para a classe, que iríamos construir um panfleto e que nós regentes seríamos apenas escribas. Mas, quem ia construir ideia seria a turma toda, tornando assim um trabalho coletivo. E que no fim, esse material iria ser digitado e impresso para eles entregarem na comunidade onde moram, deixando bem claro que assumiríamos a responsabilidade de retornarmos a escola para cumprir com o combinado de entregar cópias do material para cada um deles. Diante de toda essa discussão, começamos a montar no quadro branco o panfleto da turma. Perguntamos a eles qual seria o título do panfleto? Eles falaram que poderia ser “TODOS CONTRA A DENGUE” e como escribas a escrevemos. Logo depois, perguntamos o que poderíamos colocar para as pessoas se prevenir do mosquito da dengue. Eles foram falando e a gente montando no quadro as seguintes informações: Tampe todos os recipientes; guarde todas as garrafas de cabeça para baixo; coloque areia nos pratos das plantas; lave as vasilhas dos animais; limpe todas as calhas; não acumule água na laje. O interessante foi um comentário e uma sugestão da maioria deles de colocar imagem do lado da frase para facilitar a leitura daquelas pessoas que não sabem ler. Conforme solicitado pela turma, colocamos uma figura que representava a frase montada por eles. No final mostramos que não foi difícil montar o panfleto e quem era o autor desse material eram os alunos da EJA da Escola Casa dos Ferroviários da turma Modulada (I e II). Percebemos uma alegria nos educandos, pois a princípio estavam achando que não iam conseguir, tendo em vista que associavam a produção de panfleto com o seu nível de escrita. Porém puderam ver e experimentar o gosto de ser protagonista daquele material que mesmo não escrevendo ainda dentro da forma padrão, conseguiam entender o que esse tipo de material trazia para seus leitores e produzi-lo com o nosso auxílio. Enfim, conforme combinado com a turma retornamos para a entrega do material digitalizado e impresso com dez cópias para cada um deles. Ao distribuirmos ouvirmos “já vou distribuindo no caminho as pessoas...”. Foi muito impactante ouvir isso e saber que proporcionamos esse momento de se sentirem protagonistas de sua própria história, experiência esse inexplicável. Mencionamos para a turma e para a professora titular que estávamos muito gratas por tudo e que foi um prazer inenarrável está esses dias com todos que compõe a escola, ficando com todos nós a experiência e as saudades. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em nossa sociedade há uma contradição, as diferenças sociais são nítidas nos diversos termos sociais, entre eles: social, cultural, econômico dentre outros. E nessa realidade de contradição, os alunos que integram a Educação de Jovens e Adultos, pertencem em maioria às classes menos favorecidas e são alunos da escola pública; portanto, ao assumirem sua condição de classe, travam lutas cotidianas contra a exclusão social, na busca da sobrevivência e inserção no mundo do trabalho. (DAMASCENO, 1990) Tal realidade tem favorecido também uma trajetória de exclusão escolar, seja porque tiveram acesso à educação formal, mas não conseguiram ser promovidos de uma série a outra ou por não terem conseguido ingressar nesse espaço em tempo convencional. Cabe ressaltar que, por vivermos numa sociedade grafocêntrica, e agora acentuada pelo uso das tecnologias que apresentam textos multimodais (várias linguagens em um mesmo texto), vem sendo privilegiado cada vez mais um tipo de competência que ainda não está disponível a todos. A aprendizagem com sentido seria, então, fruto da identificação dos alunos das camadas populares com os conteúdos e com as várias linguagens construídas na escola. Para tanto, esta instituição precisa reconhecer-se como extensão e parte integrante da comunidade, situada territorialmente em torno de suas lutas pela sobrevivência, como local potencializador de mudanças. Para a escolha do tema norteador para a construção e o desenvolvimento das nossas regências, levamos em consideração todas as considerações feitas por nós, durante as observações. Também nos norteamos em escolher um tema que fizesse parte da vivência dos alunos. Um tema que estimulasse o interesse dos alunos, e partindo dessa ideia concluímos que um tema que interessa é também um tema que eles têm experiência, que podem colaborar durante as aulas, relatando seus conhecimentos sobre, então fizemos uma breve ligação com o período de chuvas, que resultam no acúmulo de água parada, principalmente na comunidade local no qual a escola se encontra. Discutimos sobre o objetivo principal em trabalhar o tema: Doenças Endêmicas e Dengue. Que seria conscientizar sobre, porém em uma analise maior, passamos a levantar quem está envolvido nesse objetivo de prevenção das doenças, quais os papéis os agentes comunitário, ambiental e de saúde tem com a sociedade ? E qual o papel da sociedade frente a esses profissionais? O que sabemos e o que já vivenciamos sobre essas doenças, sobre seus agentes transmissores. Levando em consideração esses questionamentos acima relatados, impulsionamos à construção dos planejamentos em busca de repostas construtiva, construídas pelos próprios alunos. Preocupamos-nos em proporcionar aos alunos, momentos de interação, de movimentação, afinal as aulas não teriam sucesso se não houvesse a participação deles, o sucesso no qual nos referimos é o sucesso de objetivo alcançado, de realização em vê os alunos participando e atuando durante as aulas. CONCLUSÃO Na construção de um planejamento ou de uma sequência de planejamentos, percebemos, ou melhor, reconfirmamos a importância do professor na construção cidadã dos alunos, a depender da postura do mesmo, o aluno pode desenvolver pontos que até então eram reprimidos devido à postura que o professor exerce em sala de aula. Então diante desse contexto, o educador deverá sempre lembrar que a escola, a sala de aula é um ambiente emancipatório do indivíduo, procurando estratégias para o melhor desenvolvimento do indivíduo, respeitando suas limitações para que sejam desenvolvidas suas potencialidades. O que ocorre muitas vezes é a não valorização dos conhecimentos prévios dos alunos, considerando-os como inexperientes de conteúdos intelectuais. Embora, durante as observações que podemos considerar que foram poucas, percebemos um pouco a dinâmica do dia-a-dia da sala e a relação professor-aluno detectando respeito mútuo. A regente observada durante suas regências demonstrou sensibilidade as experiências da turma. Em contexto histórico podemos compreender que a EJA e os programas lançados para essa modalidade, surgiram através da necessidade correspondente ao grande número de maiores de 14 anos sem completarem pelo menos quatro anos de escolaridade (ensino fundamental). E as que são alfabetizadas dominam precariamente as habilidades. Os desníveis sociais e a exclusão econômica e política proporcionam essa situação. Com o avanço tecnológico, mais precisamente da informática, muitos cargos passam a exigir além da escolarização básica completa, o domínio de ferramentas como o uso do computador, até mesmo a comunicação através de aparelhos telefônicos, onde as mensagens de textos são utilizadas como meio prático de diálogo, sendo assim o despertar pela leitura e pela escrita se fazem além de tudo necessários, para uma não marginalizam a sociedade "alfabetizada". Corroborando com as reflexões trazidas durantes esta experiência, Pimenta e Lima (2009, p.112) nos dizem que: A identidade se constrói com base no confronto entre as teorias e as práticas, na análise sistemática das práticas à luz das teorias, na elaboração de teorias, o que permite caracterizar o estágio como um espaço de mediação reflexiva entre a universidade, a escola e a sociedade. Entendemos a importância da nossa construção acadêmica e profissional onde vivenciamos um confronto entre teoria e prática, em busca da nossa construção do sujeito professor e da nossa identidade, assim como a observação desta relação enriquecedora proporciona para nós graduandas, uma troca de experiências significante, os alunos e em geral a sociedade evoluem em um conjunto de ações que impulsionam as mudanças e o crescimento positivo da educação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MEC, Educação de Jovens e Adultos: Proposta curricular para o 1º segmento do ensino fundamental. 3ª Edição, Brasília, 2001. PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência: questões e propostas. 4ª São Paulo: Cortez, 2009.