1- O Pensamento Complexo: O Pensamento Complexo é uma forma de ver o mundo que advém, entre outras coisas, do reconhecimento de uma hipercomplexidade do real, cada vez mais revelada pelos avanços da ciência, exigindo um outro modo de articulação do conhecimento que coloque em ressonância problemas oriundos de saberes múltiplos tais como a arte, a filosofia e as ciências. Neste sentido, uma abordagem transdisciplinar da realidade surge forçosamente como uma necessidade deste projeto do pensamento, que vem se apresentando como uma metodologia aberta, ferramenta indispensável para abordar as questões de nosso tempo. No interior deste processo de conhecimento, o mundo das certezas do sujeito cognoscente dá lugar à necessidade de assumirmos os paradoxos e convivermos com o princípio da incerteza.O ideal de verdade e neutralidade, assim como a busca de uma objetividade absoluta, vêm sendo destituídos progressivamente, cedendo cada vez mais espaço a uma abordagem processual da realidade, orientado por um paradigma ético e estético. A inteligência da complexidade, trabalha para religar cultura científica e humanística literária, incluindo a poesia e favorecendo a operatividade de uma ética civilizatória das relações humanas sobre nosso planeta, que permita pensar o observador como parte integrante do processo de construção do conhecimento, no interior de uma rede de temporalidades e causalidades múltiplas e simultâneas. Tereza Mendonça ___________________________________________________ 2- O que é Complexidade? O mundo contemporâneo nos defronta com muitas questões inquietantes: aumento significativo de algumas doenças, superpopulação de um lado e solidão crescente de outro, caos urbano, violência, descrença nos poderes públicos, injustiça social, manipulação genética, alimentos transgênicos, poluição, escassez de recursos naturais, aquecimento global, excesso de informação... Esta intrincada rede de problemas requer que ponhamos em prática uma INTELIGêNCIA da COMPLEXIDADE, que nos ensina a ter um otimismo realista e a entender que quando tudo se apresenta como perdição, ainda assim não podemos estar certos do pior. O maior veneno que pode ter sido inoculado em nós, consiste em acreditarmos que, enquanto indivíduos e cidadãos comuns, somos impotentes para promover mudanças sociais. O pensamento complexo nos ensina que a parte e o todo estão intimamente ligados e que o somatório das pequenas ações e das interações entre elas, transcende seu aspecto local, podendo produzir efeitos surpreendentes no todo. Este é o desafio que o IEC vem se colocando nos últimos 10 anos através de suas atividades: a partir da religação de múltiplos saberes, lançar algumas luzes sobre os dilemas de nosso tempo. Identificar, no modo de existência praticado por cada um de nós, o fermento de uma micro-política que pode transformar o mundo em que vivemos. Tereza Mendonça