PUBLICAndo conversas sobre Arte Pública
Em tempos, a arte era uma forma de representar e fazer-se representar, era uma forma de imaginar ou para outros como
Gustave Courbet era uma forma de imitar a natureza com fidelidade e rigor, princípio que ficou celebre pela frase “Eu não posso pintar
um anjo porque nunca vi nenhum. Mostrem-me um anjo e eu pintá-lo-ei.”1
A história e a curiosidade humana não pararam. O século XX ficou marcado pela introdução da visão da arte enquanto uma
forma de exploração, do corpo, do pensamento, do espirito. Ficou também marcado pelo aparecimento da tecnologia digital que através
das mais diversas possibilidades, foi imitação da realidade individual e do natural. O século XXI é diversidade de meios, pressupostos,
exploração e emoção. No entanto, a arte nunca deixou de ser meio de expressão das emoções e pensamentos do humano. Na conferência
intitulada “Memórias do Efémero” organizado pelo curso de Arte e Multimédia da Universidade da Madeira em 2010, António Cerveira
Pinto2 fez referência, entre outras questões, à obsolência da tecnologia numa tentativa de dar a entender que existe uma necessidade
premente de “(…) regressar à comunhão dos corpos e das almas (…)”3. Desse regresso, resultaria com certeza, a procura de um “tempo
para passear, conversar e meditar, [de] reaprender o caminho paciente da clarificação das ideias, dos olhares e das sensações” que nos
permitirá novos entendimentos da realidade.
Como forma de dar corpo a esse “(…) regress[o] à comunhão dos corpos e das almas (…)”4 pretende-se, nestas conversas,
pensar na Arte Pública enquanto espaço5 de pensamento, diálogo, reflexão, educação, fazendo jus às palavras do artista e teórico Siah
Armajani quando este refere que “a escultura pública facilita o acesso das pessoas à arte“6. Desta forma, Publicando justifica o seu
nome através da junção de Arte Pública e dialogando, de forma aberta e contínua, pessoal e pública, tendo como objetivo o
estabelecimento de ligações e um diálogo ativo entre cidadão/ aluno e a intervenção artística onde o principal objetivo desta iniciativa é
permitir a construção de uma sociedade conhecedora e esclarecida que é aberta ao diálogo, à reflexão e que permite a educação
“reaprendendo o caminho paciente da clarificação das ideias, dos olhares e das sensações”.
1
Pinto, A. L., Meireles, F., & Cambotas, M. C. (s.d.). Cadernos de História da Arte. Porto: Porto Editora.
O texto integral da intervenção de António Cerveira Pinto pode ser consultado através do link http://chroma-kaisymmetria.blogspot.com/2011/12/memoria-tecnol.html Consultado 25 de janeiro de 2012
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http://chroma-kai-symmetria.blogspot.com/2011/12/memoria-tecnol.html Consultado 25 de janeiro de 2012
4
http://chroma-kai-symmetria.blogspot.com/2011/12/memoria-tecnol.html Consultado 25 de janeiro de 2012
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Espaço tem aqui um sentido não literal mas figurado que a Arte Pública abre e onde permite o diálogo e a reflexão do cidadão de forma
intrínseca e extrínseca.
6
Tradução minha do original “a escultura pública facilita el acceso de la gente al arte”.Armajani, S. (s.d.). Manifesto à arte publica no contexto
da democracia americana. Obtido em 29 de outubro de 2011, de Scribd: http://pt.scribd.com/doc/50383506/armajani-Manifiesto-laescultura-publica-en-el-contexto-2
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Em tempos, a arte era uma forma de representar e fazer-se