Liderança: Uma Escada uma Flor e um Regador
Capítulo 2
Segundo Elemento:
Cenário.
Não me refiro apenas ao Cenário econômico, no qual temos uma
falsa sensação de que tudo vai bem, com uma taxa de desemprego de
5% frente a uma taxa europeia de 20%.
Falsa sensação, pois não podemos esquecer que o Brasil tem um
dos mais altos custos unitários do Globo. Isso em virtude de um aumento explosivo da remuneração, baixa produtividade, e da absurda intervenção legal e burocrática trabalhista no Brasil. Sem contar
com os entraves sistêmicos e logísticos, junto aos minguados investimentos em educação e desenvolvimento pessoal e profissional.
Não me refiro apenas a um Cenário com dificuldades reais em
acolher a geração y e que entra cada vez mais tarde no mercado com
mais expectativa autônoma, junto a uma dose exemplar de apoio financeiro e retaguarda dos pais. Jovens que gostam de correr riscos
e investem na bolsa de valores com o dinheiro da poupança da avó.
Refiro-me, diretamente a você. Vivemos em um Cenário apressado, que nos faz tomar decisões imediatas e sempre voltado para os
resultados imediatos. Apertamos constantemente o “botão de pânico”, “corremos atrás do próprio rabo” e “vivemos apagando incêndios”.
Um Homem no deserto.
Pense no Cenário abaixo e responda: “Que decisão tomar?”
Você está perdido em um deserto, andando por vários dias e acabou sua água. Você já deve ter assistido esta cena em algum filme,
onde a sede e angústia do personagem são enormes, que chegam a
causar sede até em você que está no aconchego do sofá e dispõe de
toda água que precisa.
Pois bem, voltemos ao deserto e você com sede, andando, perdendo as esperanças e quase entregue, quando de repente se depara
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Rodrigo De Los Reyes Clemente
com a seguinte cena: Uma jarra com água pela metade, (suficiente
para matar sua sede naquele momento) e ao lado dessa jarra, esta
uma maquina de bombear água. Nessa máquina, você lê o seguinte
texto: “Despeje toda água da jarra, no cano ao lado da máquina e
passe a bombear e assim você terá água para matar sua sede e seguir
viagem”.
Entenda a complexidade dessa cena.
Você deve, a partir de agora, tomar uma decisão importante para
sua vida. Beber a água ou arriscar despejá-la no cano da máquina?
Nós vivemos em um cenário, que nos convida, quase nos empurra a tomarmos decisões sempre em busca do resultado imediato, do
ganho prático da produtividade instantânea.
Por conta disso, nosso pensamento é direcionado a beber a água
resolvendo nosso problema imediato, mesmo parecendo óbvio que
o problema se repetirá a alguns metros à frente. E o pior, é que daqui a alguns metros, quando estivermos com sede novamente vamos
questionar: Por que não colocaram outra jarra com água?
Agora imagine o contrário:
Você despeja toda água da jarra, no cano da máquina de bombear e passa a bombeá-la com expectativa de ter água imediatamente.
Mas isso não acontece, você bombeia uma, duas, cem, duzentas
vezes e nada... Começa então a se arrepender por ter confiado nos
dizeres e não ter matado a sede quando tinha a chance.
Porém, de repente, depois de mil bombeadas, a maquina passa a
despejar uma quantidade enorme de água, suficiente para você matar sua sede, encher seu cantil e seguir viagem.
Vamos analisar alguns pontos:
1- CONFIANÇA: Para você optar em despejar a água no cano, é
necessário confiança. A confiança é direcionadora de nossas ações
com o meio. Por exemplo, um Gestor trata aquele funcionário em
quem confia, de forma democrática e despende energia para desenvolvê-lo. Por outro lado, costuma tratar aquele colaborador em
quem ainda não confia, de forma autoritária.
2- EXPECTATIVA: Após confiar e despejar a água, é necessário
reavaliar a expectativa imediata. Isso significa que depois de mudarmos nossa atitude e passarmos a confiar, não significa que teremos
resultados imediatos do meio, ou seja, após despejar a água da jarra
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no cano, você deve saber que não terá água imediatamente, antes
será preciso insistir e bombear diversas vezes. Se você não ajustar
essa expectativa, fatalmente encontrará a frustração e, o caminho seguinte à frustração é sempre a generalização, onde achamos que está
tudo certo ou tudo errado. Por outro lado, com ajuste fino da expectativa, você sabe que vale a pena insistir na confiança, pois uma hora
o resultado virá.
3- LEGADO: Esse é o principal ponto da questão. Deixar seu
legado constitui em nossa principal missão. Deixar legado nessa
questão implica em após confiar e despejar a água no cano, persistir
e bombear até ter água, você enche novamente a jarra e deixa os
seguintes dizeres para o próximo viajante: “Pode confiar, a água da
jarra é suficiente para molhar o cano, pois se o mesmo estiver seco
você só bombeará ar. E lembre –se de após beber água, encher novamente a jarra para o próximo viajante”.
Não questione o Cenário que você atua, questione suas ações no
mesmo! Por mais que esse cenário convide-o a sair fazendo, a conquistar apenas resultados imediatos, só você pode tomar a decisão
de respirar, pensar, confiar, ajustar expectativa e entregar sua principal missão: Deixar seu legado.
Infelizmente acabamos escolhendo beber a água e só nos resta
cobrar a atitude de alguém para colocar mais uma água daqui alguns
quilômetros.
O Cenário da Sabotagem:
Criamos para nós mesmos o Cenário da Sabotagem, sabotamos
praticamente tudo dentro desse Cenário, profissionalmente, sabotamos qualquer processo ou procedimento que “atrapalhe” nossos
resultados imediatos, como por exemplo, aqueles relatórios chatos
que criaram para nos controlar. Sabotamos o significado das reuniões e conferências por telefone, quando fingimos estarmos interessados. Sabotamos o sentido de protagonista, pois uma vez que ser
protagonista segundo esse cenário é fazer o papel principal, basta eu
cumprir as metas que estão descritas em minha lista de obrigações
e então, mesmo não tendo bom relacionamento, não promovendo
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trabalho em equipe e não desenvolvendo pessoas, ainda assim, se
cumprir aquelas listas de tarefas, serei um protagonista.
Eu não preciso desenvolver meu funcionário, pois o Cenário em
que eu atuo valoriza apenas os resultados imediatos e para desenvolver um funcionário, a princípio eu tenho que abrir mão de um resultado imediato. Por esse motivo, gastei um dinheiro à toa quando
comprei um livro sobre Líder Coach, pois esse líder consegue equilibrar as delegações de tarefas para sua equipe entre tarefas de desenvolvimento e tarefas de resultado, lembrando que para cumprir
tarefa de desenvolvimento eu devo abrir mão de resultado imediato.
Não serei também um líder servidor, pois em sua essência consiste o fato de não delegar tarefas “quebra-galho” e apenas as tarefas necessárias. Na prática, as tarefas necessárias seriam aquelas que
constam na minha avaliação de desempenho e estão vinculadas às
competências da mesma.
Eu saboto nesse cenário os ensinamentos de uma geração acima
da minha, que falava em honra e caráter. Saboto essa geração quando
vejo no workaholic uma figura a se espelhar, quando me vejo em um
ambiente competitivo, onde devo pensar que só os melhores sobrevivem, onde sou eu ou ele. Então, serei eu sempre que vencerei, portanto aprendo artimanhas para me sobressair perante meus concorrentes. Sabotei minha capacidade intelectual quando busquei apenas
diplomas com e pós-graduações, mas no fundo precisava apenas do
papel e não da bagagem.
Sabotei minha família, pois se tenho alguém que não vou magoar
é meu chefe. Aprendi que meu poder e minha submissão são irmãos
inseparáveis e que tarefa dada é tarefa cumprida. Faltei ao teatrinho
de minha filha e no final de semana aceitei ir para o sítio do chefe ao
invés de viajar com a família.
Comprei livros de autoajuda, pois passei a acreditar que sou autossuficiente e que não preciso de mais ninguém. Usei o medo para
obter resultados de meus funcionários e usei bem essa arte, pois meu
chefe usou contra mim.
Passei a gostar de palavras como comprometimento, para dizer
que aquele que está no mesmo barco furado que eu tem, e aquele que
quer sair desse barco, não têm.
Delego quebra-galho e quem não faz não tem comprometimento, não tenho agenda e sou indisciplinado, pois tenho que fazer tudo
para ontem e, se alguém de minha equipe acaba antes e não sai que
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nem louco fazendo outros trabalhos, acho que não tem pro-atividade. Por fim, quando tudo está indo mal, uso motivação, elemento
que mostrarei ser do Capeta.
Apesar de tantos livros de autoajuda, não entendi bem o significado do desenho Bee Movie.
Significado: O Princípio das Colmeias:
Cada abelha na colmeia tem sua função e a desempenha de forma brilhante, produzindo mel até a morte. Cada operária é conduzida pelas líderes e, por fim, todas são brilhantemente conduzidas pela
abelha rainha.
Esse desenho animado nos mostra claramente que nenhuma daquelas abelhas, jamais experimentou o mel, que é usurpado pelo ser
humano quando estiver pronto.
Não tivemos tempo para refletir sobre esse desenho e o nosso cenário, entendendo que no final, nossa saúde, família, amigos, valores
e tudo mais que nos interessa foi usurpado. Por isso cobramos que
cada funcionário nosso se entregue como nós a cada dia.
Nós sabotamos a nossa saúde, uma vez que passamos a acreditar
que qualidade de vida é propaganda de margarina.
Não compreendemos a fábula do fazendeiro:
Um Fazendeiro tem um plano, tomar café. O porco é comprometido, dará sua vida para que o fazendeiro tenha o bacon e a galinha
é envolvida, pois dará o ovo para a omelete. Ambos fazem parte do
plano do fazendeiro. Eles podem escolher? Se pudessem, optariam
por isso?
Sabotamos o Tempo:
Essa sabotagem merece atenção especial, pois dará passagem ao
terceiro elemento você contra você.
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Para falar sobre a sabotagem de nosso próprio tempo, inicio falando sobre tempo Chronos e Kairos.
Os gregos antigos tinham três conceitos para o tempo: chronos
e kairos Enquanto chronos refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, que pode ser medido, kairos refere-se a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece.
Desta forma, Chronos é o tempo cronológico, ou sequencial, o
tempo que se mede. Kairos é a experiência do momento oportuno. É
a forma qualitativa do tempo.
Na mitologia, Chronos era um Titã, pai dos Deuses, que apenas
comia seus filhos. É o tic-tac do relógio, nunca para, só tira, não devolve, não negocia, não ajusta, não interpreta. São nossos 74,29 anos
de vida ou nossas 24horas diárias. Kairos é a percepção do tempo.
Uma hora chronos para mim é igual à uma hora chronos para você.
Uma hora Kairos pode ser diferente para nós. Exemplo: Sexta feira,
6horas da tarde, quero ir para casa. Quantas vezes eu aperto o botão
do elevador? Aquele momento até o elevador chegar torna-se uma
espera angustiante? Quando você quer que o Chronos acelere, quem
acelera é o kairos.
“Não vejo a hora de chegar sexta-feira”. Ainda é segunda. Arrumo minha mala com materiais apenas para o destino, sem pensar
quantas coisas posso ter no percurso. Faço amor pensando no gozo
final, que dura apenas oito segundos, sem pensar que as “preliminares” podem ser interessantes.
Chronos é o tempo mensurável, linear, no qual todas as criaturas
nascem, crescem, envelhecem e morrem. É a passagem do tempo
percebida através das mudanças. É o tempo vivido nos dias da semana, nos meses do ano e finalmente, nos anos de nossas vidas e dele
não se pode fugir. Chronos é a Ampulheta, cuja areia escorre sem
parar e nesse passar incessante do tempo nos deparamos com nosso
ser mortal, nossa finitude.
Mas como todo veneno tem um antídoto, nos é dada uma saída
apontada por Kairos, o outro deus grego do Tempo. Sim, porque os
gregos tinham dois deuses e duas palavras para o Tempo: Chronos
para o tempo que pode ser medido e Kairos para o tempo indeterminado, oportuno. O significado de Kairos seria “o momento certo”.
Kairos era o filho caçula de Zeus, jovem atlético e de extrema
beleza, e que se movia muito rápido, pois portava asas nos ombros e
nos pés. Usava cabeça raspada, deixando apenas um belo tufo de ca-
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belo na testa, e a razão para isso é que as pessoas só podiam agarrá-lo
pela frente, pegando no tufo de cabelo. Ele era tão rápido, que sequer
Zeus conseguia pegá-lo depois que tivesse passado.
Por essa razão os pitagóricos, que explicavam todo o Universo
por relações numéricas, identificavam Kairos como o número sete
e o chamava Oportunidade. Por quê? Porque Pitágoras dizia que o
sete carrega a vibração que propicia toda criação; vibração essa que
provocou a descontinuidade entre o Nada (contínuo) e o Universo
Criado.
Analogamente, Kairos provoca uma descontinuidade nesse tempo burocrático de Chronos, propiciando-nos ocasiões diversas, mas
a realização de um tempo especial, significativo, fica por nossa conta. Afinal, somos os protagonistas de nossa própria história – Kairos
precisa ser pego de frente pelo tufo de cabelo, lembra? Depois, o momento propício passa.
O corpo, que é matéria, está submetido ao tempo de Chronos,
que quantifica e mantém a areia de nossa existência escorrendo pela
Ampulheta imaginária. A alma, que é divina e eterna vive o tempo
de Kairos, que não traz um início, meio e fim. Por essa mesma razão
os teólogos associam Kairós ao tempo de Deus, ao divino.
É esse tempo em que aproveitamos para brincar com nossos
filhos ou lhes contamos uma estória, o tempo que usamos para a
prática de um hobby ou esporte preferido, o tempo que passamos
admirando o pôr do sol, passeando de mãos dadas com a pessoa
amada, comendo uma pizza com os amigos. Todas essas coisas que
pensamos ser banais e fazerem parte da vida, todas elas de certa
forma nos libertam daquela contagem de horas, dias e meses e nos
levam a medir o tempo pelos momentos vividos. Quando acrescentamos qualidade na nossa vida, transcendemos o tempo cronológico
(perdemos até a noção de tempo muitas vezes), e por esse tempo
qualitativo descontinuamos o que é contínuo.
Kairos está sim associado a grandes oportunidades ou momentos
marcantes, ou ainda tomadas de decisões importantes, mas não se
limita a isso. Kairos é o nosso próprio tempo vivido em paralelo às
horas, aos dias e aos meses do ano.
Para reflexão, sugiro ler e, principalmente ouvir intensamente
duas músicas que podem retratar bem o Tempo Chronos e Kairos:
Tempo Perdido Legião Urbana e Epitáfio Titãs.
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Rodrigo De Los Reyes Clemente
Tempo Perdido - Legião Urbana
Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo
Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder
Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!
Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
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O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens
Tão Jovens! Tão Jovens!
Epitáfio - Titãs
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração...
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...
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Rodrigo De Los Reyes Clemente
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...(2x)
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...
Administração do Tempo.
Responda rápido: Tempo é dinheiro? Por quê?
Resposta: Se a resposta foi sim, me desculpe, pois além deste texto não lhe servir, tenho que dizer que você é infeliz e está em “liquidação”.
O texto a seguir trata da administração do seu tempo e, portanto,
do quanto você consegue aproveitá-lo. Se você acredita que tempo
é dinheiro, você provavelmente pensa em descansar apenas quando
se aposentar e será feliz apenas quando conquistar alguma coisa. A
má notícia é que, além de você não ficar satisfeito quando conseguir
e projetar uma nova conquista, jamais saciará seu desejo que cada
vez será maior e estará mais ao seu alcance. A projeção de sucesso é
justamente seu maior algoz. Sucesso e felicidade são fórmulas opostas, pois o sucesso você projeta e alcança, e a felicidade você projeta
e comete o suicídio diário, pois felicidade é um estado e é observada
apenas no presente. Desta forma, o simples fato de projetar felicidade o torna infeliz.
Tempo não é dinheiro, tempo é vida e a sua vida é preciosa e
rara. Rara na natureza significa cara para nós, um preço alto demais
para que você entre em liquidação tão facilmente e por um preço tão
baixo. Um dia li uma frase que diz “Só o trabalho produz riqueza” e
fiquei pensando que eu nunca trabalhei, pois não sou rico e desde
os dezesseis anos acordo às cinco horas da manhã. Foi tudo em vão!
O que é mais importante: O destino ou a viagem? O fim ou os
meios? A subida ou o topo?
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Resposta:
Se sua resposta anterior foi que tempo é dinheiro, você realmente
acha que os fins justificam os meios e que o destino é mais importante que a viagem e que o topo é mais importante que a subida.
Proponho uma reflexão enquanto você arruma suas malas para
uma viagem, que pode ser, inclusive, uma viagem de trabalho. Você
pensa nos itens que levará para o trajeto? Pois devia, pois o tempo
de trajeto faz parte do seu tempo de vida e desprezá-lo significa desprezar a própria vida.
Se você é casado e tem relação sexual com seu companheiro
(a), saiba que o tempo médio de orgasmo de um homem é de 6 a
8 segundos, o de uma mulher é de 10 a 12 e de um porco chega a
50 segundos. Na relação, você está ansioso para alcançar esses seus
grandiosos segundos? Se a resposta foi sim, você deve estar se lamentando por não ter nascido um porco. Ou você de fato entende
que o caminho pode ser tão intenso quanto a chegada. O tempo está
correndo, ele não para! Querer chegar ao destino é estar ansioso pelo
final de seu tempo. E, no topo da montanha você reflete o quanto foi
intensa a subida e como vale a pena o trajeto.
O tempo passa! Estamos contando e vivendo o tempo de forma
adequada? Será que não estamos vivendo pelo desejo do fim das coisas? Felicidade é meta?
Resposta: Lembre-se do conceito Chronos e Kairós:
O tempo kairós não vivido gera arrependimentos... Listas de Epitáfios:
ESPÍRITA - Volto já.
INTERNAUTA - www.aquijaz.com.br
ALCOÓLATRA - Enfim, sóbrio.
PALEONTÓLOGO - Enfim, fóssil.
ASSISTENTE SOCIAL - Alguém aí, me ajude!
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Rodrigo De Los Reyes Clemente
BROTHER - Fui.
CARTUNISTA - Partiu sem deixar traços.
ECOLOGISTA - Entrei em extinção.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO - É no túmulo ao lado.
GARANHÃO - Rígido, como sempre.
HERÓI - Corri para o lado errado.
HIPOCONDRÍACO - Eu não disse que estava doente?!?!
HUMORISTA - Isto não tem a menor graça.
JANGADEIRO DIABÉTICO - Foi doce morrer no mar.
MATERIALISTA - O que vocês estão fazendo aqui? Quem está
tomando conta da lojinha?
PESSIMISTA - Aposto que está fazendo o maior frio no inferno.
SEX SYMBOL - Agora, só a terra vai comer.
VICIADO - Enfim, pó!
ADVOGADO - Disseram que morri... Mas vou recorrer!!!
E o que disseram os Titãs? Releia a letra da música “Epitáfio”:
Arrependimentos antes da morte: Retratado pela enfermeira
australiana Bronnie Ware, especializada em cuidados paliativos, no
livro “The Top Five Regrets of the Dying” (“Os Cinco Maiores Arrependimentos à Beira da Morte”, em tradução livre). Esse conceito
será encontrado no capítulo 3.
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Liderança: Uma Escada uma Flor e um Regador
1. Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida verdadeira
para mim, e não a vida que os outros esperavam de mim.
2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto.
3. Eu gostaria de ter tido a coragem de expressar meus sentimentos.
4. Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos.
5. Eu gostaria de ter me deixado ser mais feliz.
Mas, como podemos viver o tempo kairós?
Resposta: Mantendo o foco...
Mas, o que é foco?
Vamos construir juntos este conceito.
Escolhemos pessoas em nossas vidas? NÃO!
Nossa escolha pode estar apenas na qualidade dos relacionamentos. Nem mesmo seu marido ou esposa foi uma escolha primaria.
Isso mesmo, quando você conheceu seu cônjuge, você tinha como
escolha primaria um local, por exemplo seu trabalho, um restaurante ou uma festa. Onde você for, já vai ter gente, portanto seu cônjuge
é uma escolha secundaria.
???? Portanto: Foco significa estar no mesmo lugar e na mesma
hora, com pessoas que não escolhemos estar...
Relacionamentos são opcionais? NÃO
Por exemplo, eu sou palestrante e entro mudo e saio calada de
uma palestra. Eu me relacionei? Sim. Minha omissão causou nos
participantes uma reação, portanto eu me relacionei. Até a ausência
é uma relação. Por exemplo: Você faz uma festa de casamento para
sua filha e convida 150 pessoas e n data do evento 50 pessoas não
comparecem. A ausência dessas 50 pessoas foi sentida por você, causou um sentimento, você pensou nelas, portanto se relacionou com
elas mesmo as mesmas estando ausentes.
???? Portanto: Foco significa estar no mesmo lugar e na mesma
hora, com pessoas que não escolhemos estar e sermos “obrigados” a
nos relacionar com elas de forma negativa ou positiva.
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Rodrigo De Los Reyes Clemente
Mas, como fazer isto? De forma ÍNTEGRA...
Através de nossas memórias, que são duas:
Curto Prazo – Memória Randômica
Longo Prazo – HD
Só há vínculo se houver memória a longo prazo.
Armazenamos apenas aquilo que nos é caro...
Isto serve para tudo em nossas vidas.
Isto é kairós... Isto é foco.
E só há foco se houver integralidade.
Mas, o que significa ser íntegro? Estar no mesmo lugar com cabeça, corpo e alma presentes. Encontre o conceito de integridade
escrito no capítulo 3, no tópico a síndrome da mula-sem-cabeça.
Seres com Corpo: SOMA, Cabeça: PSIQUE e Espírito: PNEUMA.
Soma
Somos Triunos
Ser Humano
Pneuma
Psique
Sensações físicas
Soma / Corpo
Sentimentos
Amor EROS
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Liderança: Uma Escada uma Flor e um Regador
Quando nascemos, somos energia pura. Pense em uma fogueira... Quanto mais próxima mais você sente sua energia e conforme
você vai se distanciando você passa a sentir menos a energia dela, ou
seja, menos calor. Conforme o tempo passa, vamos perdendo nossa
energia e caminhando para a morte. O amor Soma, significa Eros. O
Eros tem a ver com o corpo. Enquanto o corpo está saudável existe
o amor, pois quando não estiver mais saudável o amor acaba. Esse
amor é frágil, nunca será eterno pois o corpo piora com o tempo.
Energia
Corpo
O amor EROS tende a desaparecer
com a queda da vitalidade do corpo.
“Que seja eterno enquanto dure”.
Chrono
O amor PHYLEO, é o amor do cérebro, é o amor que você encontra por meio dos olhos das pessoas, acessando direto o caminho
da alma. Você ama a pessoa pelos: pensamentos, inteligência, lógica,
valores, ideologias, emoções, crenças e etc.
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Rodrigo De Los Reyes Clemente
Pensamentos
Amor PHYLEO
Inteligência
Lógica
Valores
Cognição
Ideologias
ALMA
Emoções
MENTE
Crenças
CÉREBRO
Etc
Ser Humano
PSIQUE
Esse amor se fortalece com o tempo, pois quanto mais você envelhece maior é seu poder cognitivo, mais fortalecida está sua alma.
Esse amor, portanto, é o amor até que a morte os separe.
Corpo
Kairós
O amor PHYLEO tende a aumentar e
fortalecer à medida que a alma evolui.
“Até que a morte o separe”.
Alma
Chronos
Tempo
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Liderança: Uma Escada uma Flor e um Regador
PNEUMA traz o amor ÁGAPE, esse amor não pode ser explicado pela ciência, é um amor sem lógica. Você ama independente
do corpo (SOMA), ou da cabeça (PISIQUE). Mesmo o mais terrível
e desprezível ser humano, ainda sim terá uma mãe que o ama por
exemplo. O amor ÁGAPE pode ser explicado em diversas religiões.
Amor ÁGAPE
Porção etérea
do ser humano
Ser Humano
Espírito
Pneuma
Vamos concluir nossa definição:
Foco, portanto, significa: Estar no mesmo lugar e na mesma época, com pessoas que não escolhemos estar, sendo “obrigados” a nos
relacionar com essas pessoas, de forma negativa ou positiva, no tempo chamado “hoje”, de maneira tão profunda a fim de garantir um
vinculo com essas pessoas, de corpo, alma e espírito.
Só há tempo Kairós se houver foco...
Só há foco se houver consciência de si mesmo no AQUI E
AGORA.
Isto é VIDA PLENA.
Vamos ouvir uma canção: PACIÊNCIA
Letra:
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
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Rodrigo De Los Reyes Clemente
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber ?
Será que temos esse tempo
Pra perder?
E quem quer saber ?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...
Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber ?
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Liderança: Uma Escada uma Flor e um Regador
Será que temos esse tempo
Pra perder ?
E quem quer saber ?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...
A vida não para...
Portanto, administrar o tempo significa viver um Chronos repleto de significado Kairós...
Viver cada dia como se fosse o último.
Valorizar mais a jornada do que o destino...
Significar a vida pelo que somos e não pelo que possuímos.
Ser capaz de encontrar em si mesmo motivos para viver plenamente.
A partir destes dois elementos, entender que somos seres de necessidades e fonte que supre necessidades humanas e que sem isso é
impossível uma vida plena.
Você como fonte de necessidade do outro.
Minha esposa Carol e eu fomos pela primeira vez em um Motel,
no ano passado, para comemorarmos nosso décimo aniversário de
casamento. Como era uma novidade para ambos, escolhemos um
de luxo, no qual desembolsamos boa quantia em dinheiro para pernoitarmos.
Chegamos por volta da meia noite e logo de cara me deparei com
uma cama enorme e redonda, que nunca tinha visto antes, nem em
filmes. Ao lado da cama uns “brinquedinhos”, que se eu contar como
usamos certamente não terei mais esposa (nesse momento podemos
perceber que homens e mulheres são bem diferentes em determina-
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Rodrigo De Los Reyes Clemente
das condutas). A Carol foi para o banheiro dizendo que iria se preparar para mim e já fiquei imaginando um desenho de asa-delta em
seus pelos pubianos. Enquanto isso, eu fui explorar o local... A suíte
era enorme! Devia ter uns 500 metros quadrados e, ao explorar o recinto, encontrei uma piscina. Estava pronto para realizar um antigo
sonho de nadar pelado, ainda mais em uma piscina aquecida. Nadei
por mais ou menos vinte minutos e já ouvi a Carol chamar “Amor,
já estou pronta!”. E gritei “Já vou querida”. Ainda dentro da piscina eu vi um painel com botões e, como homem é curioso, apertei e
uma enorme cachoeira apareceu e para relaxar fiquei debaixo mais
uns vinte minutos. Quando sai da piscina e estava me dirigindo para
Carol, observei uma espreguiçadeira dessas que só vimos no cinema
e resolvi deitar. Ao lado dela, mais um painel para apertar botões e
então o teto solar se abriu e pude contemplar as estrelas por mais ou
menos dez minutos. Quando ouvi minha esposa me chamando novamente eu respondi que estava apenas contemplando os astros para
melhorar meu desempenho. Saí da espreguiçadeira e observei uma
banheira enorme e resolvi colocar todos os sais de banho de uma só
vez, fazendo uma enorme quantidade de espuma. Entrei na banheira
com espumas e por lá permaneci durante uma hora até que a Carol
falou que se eu demorasse mais ela iria dormir. Ao sair da banheira,
não pude deixar de reparar em uma porta que levava a uma sauna;
só para mim e então resolvi abrir os poros na sauna a vapor. Saí da
sauna e fui para uma elegante ducha que me deu frio e resolvi dar
só mais um mergulho na piscina aquecida. Piscina pede cachoeira,
que pede espreguiçadeira, que pede banheira com espuma, que cai a
pressão e pede sauna, que pede ducha novamente.
Quando fui para o quarto, já passava das seis horas da manhã e
estava praticamente na hora de irmos embora. A Carol estava dormindo e eu a acordei para irmos embora. Até tentei dar uns beijinhos para que pudéssemos fazer sexo, mas quando ela me viu todo
enrugado, me falou que eu estava parecendo o Alf, o ET do antigo
seriado de TV.
Esta história ilustra bem o assunto que segue, pois o ser humano
é um ser de necessidades. Por exemplo, você tem sede e sua necessidade é água, tem fome e sua necessidade é comida. Mas também
pode ter sede de uma caipirinha quando está em um Hotel de férias
à beira da piscina, ou de uma cerveja quando está em um churrasco
com amigos, ou de um suco gelado depois de uma corrida, de um
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Liderança: Uma Escada uma Flor e um Regador
chocolate quente no inverno ou de um café no trabalho. E o mais
interessante: depois de saciar a sede ou a fome, após umas três horas,
lá está você novamente bebendo e comendo.
Mas com já dizia os Titãs “A gente não quer só comida, a gente
quer comida diversão e arte”. Como humanos, temos outras necessidades, como sermos valorizados, ouvidos, aceitos, elogiados, prestigiados e respeitados. Por exemplo, meu público é fonte de satisfação
de minha necessidade de ser elogiado e esta é suprida quando recebo
aplausos. Mas essa necessidade não acaba e, para próxima turma no
dia seguinte, tenho novamente a mesma necessidade, bem como a
água e a comida.
E essas necessidades são encontradas no outro ser humano. Precisamos do outro para suprir as nossas necessidades e ao mesmo
tempo somos fonte que supre as do outro. Temos dificuldades, infelizmente, de entender isso e passamos o tempo todo nos preocupando apenas em termos a nossa necessidade suprida pelo outro e não
em suprirmos as dele.
No caso do Motel com a Carol, fica claro que eu me preocupei o
tempo todo em suprir as minhas necessidades, “brincando” com o
clube que encontrei. Por outro lado, deixei de suprir as necessidades
da Carol que eram diferentes das minhas.
O outro é a maior fonte de satisfação afetiva e emocional, então
devemos estabelecer relacionamentos e não apenas nutrir relações
humanas.
A dificuldade aqui é que o que queremos do outro, não é necessariamente o que o outro quer nos dar ou que o outro quer de nós.
Na realidade isto depende da maneira como entendemos os relacionamentos e o mundo que nos cerca.
Isso ocorre em decorrência da subjetividade, pois nela residem
nossas diferentes histórias de vida, memória emocional, valores intrínsecos, cultura, experiências pessoais, conhecimentos adquiridos,
vivências afetivas, maneira como vemos a vida, forma como reagimos a dor, julgamentos que damos aos fatos, opiniões que formamos
do outro, prioridades que estabelecemos na vida e a visão que temos
do futuro e dos sonhos. Enfim, somos completamente diferentes
uns dos outros; assim sendo, temos necessidades bem específicas e
procuramos satisfazê-las de maneira bem peculiar. Todos nós temos
necessidades, porém, não as idealizamos da mesma maneira. Então
temos que aprender que, como fonte de satisfação do próximo, faz-
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Rodrigo De Los Reyes Clemente
-se necessário compreender a subjetividade do outro a fim de construir caminhos para o bom relacionamento.
Pela dificuldade de compreender esses simples pontos sobre sermos fonte de satisfação do outro, é que estamos sempre transferindo
para o outro a responsabilidade e a culpa pelos conflitos gerados.
Prova disso é a síndrome do bode expiatório, que assola o homem
desde Adão.
Sobre o bode expiatório conta a lenda que, antigamente, um sacerdote matava um bode e derramava seu sangue sobre um outro
que era retirado da cidade e acreditava-se que ele sairia levando todos os pecados da cidade junto com ele. Desta forma, todos os pecadores ficavam livres de seus pecados, pois os mesmos iriam embora
com o bode. Transferiam sua culpa para o bode que levava a culpa
no lugar dos moradores.
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Capítulo 2 Segundo Elemento: