Coluna Tecnologia, Inovação e Sustentabilidade Isa Assef Diretora-presidente da FUCAPI [email protected] O significado de uma visita Na última terça-feira, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, esteve em Manaus, onde inaugurou, no Inpa, a primeira ampliação de velocidade na rede acadêmica nacional, conhecida como Rede Ipê, que conecta mais de 800 instituições em todo o Brasil. Depois de uma série de reuniões frutíferas com autoridades do setor, nos honrou com uma visita à FUCAPI, certamente pelo prestígio nacional e internacional da fundação como maior instituto tecnológico da Região Norte e das exitosas parcerias com o setor público e privado com o foco na inovação e produtividade da indústria. Atentem para esse nome: Ipê. Tal como a árvore que dá nome à rede, o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia vive um momento de esplendor, embora ainda haja um longo caminho a percorrer. Os dados estão disponíveis nos boletins da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-AM). Nos últimos 11 anos, a produção científica nacional mostra um crescimento médio de 10,5% ao ano, um índice três vezes maior que a média mundial. Em 2008, o Brasil produziu 2,7% das publicações científicas internacionais (mais da metade da produção de América Latina e Caribe). Os dispêndios dos estados da Região Norte em Ciência e Tecnologia (C&T) entre 2000 e 2010 apresentaram um aumento significativo, passando de pouco mais de 26 milhões de reais no ano de 2000 para quase 430 milhões de reais em 2010. O total de alunos de pós-graduação matriculados na região saiu de pouco mais de 200, em 1996, para mais de 1800, em 2011. A visita de Marco Antonio Raupp a Manaus, a primeira como ministro, resulta do prestígio do titular da Secti, Odenildo Sena, conhecido por suas posições firmes em defesa do setor. Junto com outros abnegados pesquisadores dispostos a tirar o nome do Amazonas das últimas posições do ranking de C&T, e inserir de forma consistente o Estado no desenvolvimento nacional, Odenildo é partícipe ativo deste bom momento, que teve como marco a criação, em 2003, do Sistema Estadual de Ciência e Tecnologia, compos- to pela SECTI, Fapeam, UEA e Cetam. Seja como diretor-presidente da Fapeam, como presidente do Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa Estaduais (Confap) ou como presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação – Consecti, o secretário teve participação destacada na articulação das entidades ligadas ao setor junto ao Congresso Nacional para a inserção de propostas para o novo Código Nacional de Ciência e Tecnologia. Os números do Norte vão a reboque do desempenho do Amazonas, que lidera os gastos em P&D na região. Entre 2004 e 2006, o Amazonas representou mais de 50% do total de investimentos da Região Norte. E o incremento no dispêndio em C&T passou de 7,4 milhões, em 2000, para mais de 128 milhões em 2010, um aumento de 1.639% nos onze anos pesquisados. Dispêndio nessa área significa investimento para o futuro, porta aberta para a inovação, área na qual o Brasil ainda engatinha, se comparado ao desempenho de Coréia do Sul e Índia, por exemplo. Os dados são de 2011. Apesar de sermos a sexta economia mundial, com um PIB de 2,6 trilhões, perdemos feio para a Índia, 10ª no ranking (PIB de US$ 1,8 trilhão), no quesito inovação, cujo termômetro é o pedido de registro de patentes. Matéria do jornalista Guilherme Gorgulho, postada no site Inovação Unicamp, mostra que o Brasil ocupa a 24ª colocação no ranking de depositantes de patentes, por meio do Tratado de Cooperação em Patentes (PCT na sigla em inglês), atrás de outras economias emergentes, como a China (4ª colocada), Índia (17ª) e Rússia (21ª). Os Estados Unidos permanecem sendo o país que mais solicita patentes, com 44.890 pedidos, seguido por Japão (32.180 depósitos), Alemanha (17.558 depósitos), China (12.295 depósitos) e Coreia do Sul (9.668 depósitos). Até 2010, o Brasil teve um crescimento médio anual de 12,8%, mas ficou praticamente estagnado nos últimos dois anos. Foram 488 pedidos e 2010 e 492 em 2011. Prova de que há muito o que comemorar, mas um longo caminho a percorrer.