III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação PUCRS Investigando as percepções dos professores de ciências sobre o Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS Charles Tiago dos Santos Soares, Ana Maria Marques da Silva (orientadora) Programa Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Faculdade de Física, PUCR. Resumo Diversos pesquisadores vêm estudando os resultados cognitivos e afetivos das experiências de visitas aos museus de ciências, assim como os fatores que ampliam a experiência de aprendizagem nestes espaços não-formais. Poucas investigações, no entanto, têm analisado o papel do professor dentro da elaboração e acompanhamento da visita ao museu. O objetivo deste trabalho é investigar as intenções dos professores que propõem aos seus alunos uma visita ao MCT/PUCRS, assim como analisar a maneira como eles relacionam esta visita com o contexto escolar e o ensino de ciências. Introdução As escolas não são os únicos locais onde as pessoas podem aprender conceitos científicos ou discutir a natureza da ciência (LUCAS, 1991 e UCKO, 1985, citados por COUTINHO-SILVA et al., 2005), principalmente num país onde uma grande parte da população esteve ou está fora das escolas. A instituição escolar, por si só, não apresenta condições de proporcionar à sociedade a informação técnico-científica e humanística necessária à leitura do mundo. Os museus interativos de ciências podem tornar-se espaços educativos complementares à educação formal, possibilitando a ampliação e a melhoria do conhecimento científico de estudantes, bem como a cultura científica da população em geral. Diversos pesquisadores vêm estudando os resultados cognitivos e afetivos das experiências de visitas aos museus de ciências, assim como os fatores que ampliam a experiência de aprendizagem nestes espaços não-formais (KISIEL, 2007). Estes estudos não apenas sugerem que estas visitas têm resultados positivos nos aspectos afetivos e cognitivos para os alunos, como também sugerem que certas estratégias, como a preparação do professor III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008 antes da visita e o seguimento após a visita podem aumentar consideravelmente a aprendizagem dos alunos. Poucas investigações, no entanto, têm analisado o papel do professor dentro da elaboração e acompanhamento da visita ao museu. Estas pesquisas revelam que os professores freqüentemente falham em estabelecer ligações entre a experiência da visita ao museu e o currículo escolar e podem inclusive estabelecer uma estratégia que não auxilia a aprendizagem do aluno dentro do museu (KISIEL, 2007). Além disso, os professores parecem ter a intenção de conectar o currículo escolar com a visita ao museu, mas outras percepções e preocupações se sobrepõem a estas intenções (KISIEL, 2005). Pesquisas [CAZZELI et al, 1996; GOUVÊA e LEAL, 2001] mostram que os professores consideram a visita ao museu extremamente proveitosa por diferentes razões: complementar a escola; sedimentar conteúdos trabalhados; motivar para a abordagem de novos conteúdos; compensar a carência de recursos didáticos da escola; oportunizar uma relação entre teoria e prática. Em nenhum momento o museu é visto como um espaço de ampliação da cultura em geral ou, particularmente, da cultura científica. Esse entendimento do significado de museu, por parte dos professores, caracteriza suas expectativas e objetivos ao organizarem uma visita ao museu. Este trabalho se propõe a investigar as intenções dos professores de ciências que visitam o Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (MCT-PUCRS) com seus alunos, identificando suas estratégias e as conexões que eles estabelecem, tanto antes como depois da visita ao museu, com o currículo de ciências. Metodologia Para estabelecer o perfil dos professores que visitam o MCT-PUCRS com suas turmas, foi aplicado um questionário estruturado que aborda aspectos de formação e atuação no magistério. O instrumento foi aplicado por funcionários da recepção, que abordavam o professor antes de sua entrada na área de exposição do MCT-PUCRS com os seus alunos. A partir desta análise preliminar foi elaborado um questionário semi-estruturado que busca identificar como os professores de ciências preparam a visita ao MCT-PUCRS com os seus alunos, e como se dá a relação entre a visita e as atividades na sala de aula. As entrevistas serão gravadas e transcritas para posterior análise, utilizando a metodologia da análise textual discursiva (MORAES, 2002), de modo a responder às questões de pesquisa. III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008 Resultados Preliminares Os resultados da pesquisa do perfil dos professores, realizada com um total de 100 professores, mostra que a maior parte (51%) dos professores que visitam o MCT/PUCRS com seus alunos atuam nos anos iniciais do ensino fundamental. O número de professores das áreas de Ciências (5ª a 8ª, Física, Química e Biologia) representa apenas 35% deste universo. A maioria dos professores é do sexo feminino (80%), possui menos de 45 anos (75%) e atua no magistério a menos de 15 anos (60%). A visitação de escolas públicas e privadas ocorre de forma igualitária (49% e 51%), sendo 41% provenientes do interior do RS e de outros estados. Conclusão O estudo revela que o MCT/PUCRS é visitado por professores com diversas formações e localidades. Desta forma, o MCT/PUCRS é um espaço museológico que poderia ser utilizado como uma fonte importante de aprendizagem interdisciplinar, com conteúdos apresentados de forma flexível e não seqüencial, abordando diferentes dimensões do conhecimento. .Para dar continuidade a esta investigação, será realizado uma entrevista com os professores de ciências que visitam o MCT/PUCRS com suas turmas, buscando identificar como se tece e se processa a relação entre o museu e a escola. Acreditamos que este diagnóstico poderá fornecer elementos que permitam ações que superem a relação museuescola como suplementar, que atende apenas às demandas da escola. Referências CAZELLI, S., GOUVÊA, G., SOUSA, C. N., FRANCO, C. Padrões de interação e aprendizagem compartilhada na exposição Laboratório de Astronomia. In: Atas da 19a Reunião Anual da ANPED, GT Comunicação e Educação, Caxambu, 1996. COUTINHO-SILVA, Robson et al. Interação Museu de Ciências-Universidade: Contribuições para o ensino não-formal de ciências. Ciência e Cultura, vol.57, no.4, p. 24-25, Oct./Dec. 2005. GOUVÊA, Guacira; LEAL, Maria Cristina. Uma visão comparada do ensino em ciência, tecnologia e sociedade na escola e em um museu de ciência. Ciência & Educação, v.7, n.1, p.67-84, 2001. KISIEL, JF. Understanding elementary teacher motivations for science fieldtrips. Science Education, 89, 936– 955, 2005. _________. Examining Teacher Choices for Science Museum Worksheets. Journal of Science Teacher Education, Volume 18, Number 1, pp. 29-43(15), February 2007. III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008