3074 Trabalho 1250 - 1/3 A visita domiciliar do enfermeiro à puérpera e ao recém-nascido Tânia Maria Melo Rodrigues1 Lídia Maria Oliveira do Vale 2 Raimunda Andréa Rodrigues Leitão 2 Rhavena Maria Oliveira da Silva2 Silvana Santiago da Rocha3 José Ivo dos Santos Pedrosa4 RESUMO A Visita Domiciliar (VD) é um instrumento de intervenção fundamental na saúde da família e na continuidade de qualquer forma de assistência e/ou atenção domiciliar à saúde, sendo programada e utilizada com o intuito de subsidiar intervenções ou o planejamento de ações. O atendimento em domicílio, realizado pelos profissionais que integram a equipe de saúde, pode ser dividido nas seguintes modalidades: Atendimento Domiciliar, Internação Domiciliar, Acompanhamento Domiciliar e Vigilância Domiciliar. Define-se Vigilância Domiciliar como sendo o comparecimento de um integrante da equipe no domicílio, para realizar ações de promoção, prevenção, educação e busca ativa da população de sua área de responsabilidade. Dentre essas ações, podem-se citar: ações preventivas, como visita às puérperas, e busca de recémnascidos, como também, ações de acompanhamento dos egressos hospitalares. A visita puerperal constitui uma das atividades que compõem a atuação da equipe de enfermagem na ESF. Deve ser realizada no primeiro momento da assistência à criança, constituindo o trinômio “mãe-filho-família”. Nessa ocasião, a mãe já é orientada a levar seu filho, com 15 dias de vida, à Unidade de Saúde da Família (USF), para que se inicie o acompanhamento. O Ministério da Saúde recomenda uma visita domiciliar na primeira semana após alta do bebê. No entanto, se o recém-nascido (RN) estiver 1 Enfermeira da ESF, plantonista da Maternidade D. Evangelina Rosa, Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), Professora da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI). Rua Major Osmar Félix, 24. Conj. DER. Monte Castelo. Email: [email protected] 2 Graduanda de Enfermagem da Faculdade NOVAFAPI – Teresina/PI. 3 Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professora do Programa de Pós Graduação Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí. 4 Doutor pela Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP. Docente do Mestrado em Enfermagem da UFPI. Coordenador do Ministério da Saúde na Área Técnica de Ações Populares de Saúde da Secretaria de gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. 3075 Trabalho 1250 - 2/3 classificado como de risco, essa visita deverá acontecer nos primeiros três dias após a alta. Com relação à visita puerperal, esta tem como objetivos: avaliar o estado de saúde da mulher e do RN, assim como a interação entre eles; orientar e apoiar a família para amamentação e cuidados básicos com o RN; orientar o planejamento familiar e identificar situações de riscos ou possíveis intercorrências para a adoção de condutas adequadas. Assim, o instrumento da VD, no contexto da atenção à saúde, tem-se apresentado como uma prática importante para os profissionais da ESF, e, em particular, ao enfermeiro, na possibilidade do cuidar da família e especialmente ao binômio puérpera e RN. No entanto, durante as práticas realizadas nas visitas domiciliares à puérpera e ao RN, observou-se que não é utilizado um instrumento como roteiro para sistematizar o cuidado de forma objetiva, atendendo às reais necessidades do grupo em estudo. Nesse sentido, pretende-se conhecer e descrever a prática da Visita Domiciliar do enfermeiro à puérpera e ao recém-nascido na Estratégia Saúde da Família e discutir se essa prática atende às normas do Ministério da Saúde, para assistência domiciliar ao grupo em estudo. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, descritiva, realizado com as equipes da ESF inseridas na Coordenadoria Regional de Saúde da zona Sul do município de Teresina (PI). Esta Coordenadoria possui atualmente 32 equipes, compostas por médicos, enfermeiros, odontólogos, agentes comunitários de saúde, agentes de consultórios dentários e auxiliares de enfermagem. Os sujeitos da pesquisa foram 10 enfermeiros. Utilizou-se como critério de inclusão que eles tivessem no mínimo dois anos de experiência de ESF. A produção dos dados ocorreu nos meses de março e abril de 2009, por meio de entrevista semiestruturada, utilizando como instrumento um gravador do tipo Mp4. Esses dados foram analisados no período de abril a maio de 2009, onde foram apresentados na forma de categorias. O estudo foi submetido à Comissão de Ética da Fundação Municipal de Saúde e, após aprovação do mesmo, foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológica do Piauí – NOVAFAPI, em que foi devidamente aprovado pelo parecer n° 0029.043.000-09, obedecendo aos critérios da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Após leitura as falas foram classificadas através dos discursos e agrupadas em idéias comuns. Em seguida, estas foram agrupadas em três categorias: a prática da visita domiciliar do enfermeiro à puérpera; a prática da visita domiciliar do enfermeiro ao recém-nascido e instrumentos mediadores do cuidado domiciliar do enfermeiro à puérpera e ao recém-nascido. Em relação à primeira categoria, percebeu-se nas falas dos depoentes que, durante a VD à puérpera, os 3076 Trabalho 1250 - 3/3 enfermeiros seguem uma avaliação própria, não tendo preocupação em seguir um roteiro sistematizado durante a VD, apenas um dos depoentes citou a preocupação em questionar a puérpera sobre suas dúvidas, o que mostra que na avaliação puerperal o foco está direcionado para o exame físico. Na segunda categoria, observou-se que os enfermeiros demonstram conhecimento da importância da VD ao RN, buscam conhecer o estado geral do recém-nascido, seu comportamento, situação do aleitamento materno, avaliação física, higiene e reflexos adequados à idade, bem como proporcionar à puérpera a realização de cuidados práticos com o bebê, através de demonstrações e orientações. A VD é realizada entre a primeira e a segunda semana após o nascimento. A terceira categoria mostra que os enfermeiros durante a VD utilizam instrumentos como: tensiômetro, estetoscópio, termômetro, pacote de curativo, luva, Ficha de Avaliação do RN, prontuário da puérpera e do bebê, livro de registro e mapa de registro diário (MDA). Percebe-se que a utilização da ficha visita domiciliar de recém-nascido em alta é trabalhada de forma sistemática pelos enfermeiros durante as VD’s, o que comprova um cuidado orientado e direcionado para este grupo. Portanto, entendemos que a VD do enfermeiro à mulher no período puerperal, deve ser integral e humanizada, com informações sobre o puerpério que minimizem os anseios e medos da cliente e família, promovendo um ambiente saudável para adaptação física e emocional da mulher. Nesse sentido, uma assistência domiciliar com estes princípios, pode proporcionar um bem-estar materno-infantil, com possíveis redução nas interocorrências vivenciadas durante o período puerperal. Esperamos contribuir apartir deste estudo para uma reflexão da prática do enfermeiro em relação a VD ao grupo estudado. Palavras chave: Visita Domiciliar. Saúde da Família. Puerpério. Recém-nascido. Enfermagem.