O CEGO DE NASCENÇA Quem foi que pecou para este homem ter nascido cego? Ele, ou os seus pais? (Jo 9,2) Jesus respondeu: «Nem pecou ele, nem os seus pais, mas isto aconteceu para nele se manifestarem as obras de Deus». (Jo 9,3) Se passeamos nas ruas de uma cidade qualquer, decerto não encontramos caras alegres. Nos rostos lemos o cansaço, nos olhares o vazio que se perde na imensidão … Muitos deles parecem ter cara de intelectuais, nas mãos trazem jornais que falam de corrupção, de roubos, de crimes, de guerras e violências ou de catástrofes naturais. Os passos apressados e os rostos tensos deixam imaginar um fardo pesado que os oprime, e parecem gritar: «Porquê vivemos? Porquê continuamos a viver?» Enfim, eu não sou diferente dos outros. Cada pessoa têm as suas tragédias: mortes, depressões, traições, rejeições, pobrezas, separações, perdas … São coisas que acontecem e ninguém consegue controlar. Há situações em que perguntamos: «Porquê?» E sentimos dentro uma estranha satisfação quando conseguimos encontrar o culpado. Mas, Jesus não quer que resolvamos os nossos problemas carregando as culpas sobre os outros. Para Ele, cada situação, mesmo a maior tragédia, torna-se ocasião para revelar a Sua misteriosa acção salvadora. Como seria diferente a minha vida se deixasse de procurar os culpados e começasse a descobrir a acção providencial de Deus? Toda a Sagrada Escritura é cheia de histórias de tragédias humanas … histórias onde Deus se tornou Presente e revelou o Seus Amor incondicional, assim todas aquelas histórias se tornaram «historias de salvação».