64º Congresso Nacional de Botânica
Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013
ENSINANDO PORQUE AS “SEMPRE-VIVAS” SÃO SEMPRE VIVAS PARA
OS COLETORES DE DIAMANTINA UTILIZANDO ANATOMIA VEGETAL.
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Vitor A. M. Costa , Mariana G. Ferreira , Vanuza F. M. Rodrigues , Dayana M. T. Francino
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Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Departamento de Ciências Biológicas,
Laboratório de Anatomia Vegetal. * [email protected]
Introdução
Sempre-vivas são inflorescências usadas comumente na
fabricação de artesanato e são largamente conhecidas
por se manterem com características semelhantes às
inflorescências frescas por muitos anos [1] e [2]. Mas por
quê? Anatomicamente, essas espécies são ricas em
tecidos de sustentação o que possibilita a manutenção da
arquitetura das inflorescências. Apesar da grande
importância econômica dessas espécies para a cidade de
Diamantina, seus coletores desconhecem o motivo pelo
qual as flores que tanto conhecem no campo possuem
tanta resistência a murcha ou desidratação. Desta forma,
o trabalho teve o objetivo de levantar as principais
espécies de sempre-vivas atualmente comercializadas,
caracterizar anatomicamente essas espécies e repassar
conhecimentos da estrutura anatômica para os coletores
de forma que os mesmos possam aprender mais das
plantas que rotineiramente colhem no campo.
Metodologia
Foram realizadas visitas as feiras livres e lojas de
artesanatos onde através de conversas com os
comerciantes e observação dos artesanatos obteve-se
uma lista das principais espécies comercializadas como
sempre-vivas. Após levantamento prévio das espécies
realizou-se três expedições de campo para coleta de
material botânico (Figura 1). Folhas e caules das
espécies foram coletados e fixados em FAA70. Laminário
histológico vegetal foi obtido utilizando-se técnicas usuais
em anatomia vegetal. Após término da preparação de
lâmina será organizada uma cartilha educativa, a ser
distribuída entre os coletores e artesãos, contendo
ilustrações da anatomia das espécies bem como
explicações funcionais das principais características
anatômicas.
Resultados e Discussão
Através das entrevistas com os coletores foram
selecionadas nove espécies, sendo elas: Rhyncospora
globosa (Espeta-nariz), Paepalanthus vaginatus (Camisa de
soldado),
Actinocephalus
polyanthus
(Chuveirinho),
Comanthera elegans (Pé de Ouro), Lavoisiera sp. (Verdeamarelo), Chamaecrista sp. (Moeda), Xyris sp. (Mundial),
Rhyncospora speciosa (Estrelinha) e Leiothrix flavescens
(Bolinha). Em todas as espécies foi observada grande
quantidade de tecido esclerenquimático, corroborando
dados da literatura para as espécies de sempre-vivas [3].
Abundância de tecido de sustentação possibilita
resistência a desidratação o que permite a manutenção
da arquitetura das inflorescências mesmo após anos de
coleta. Características como cutícula/parede periclinal
externa espessa também possibilitam a economia de
água protegendo contra a transpiração excessiva. De
forma geral as características descritas para a espécie
em estudo estão relacionadas às condições ambientais
típicas de campos rupestres, principalmente à escassez
hídrica, a alta radiação solar e aos ventes fortes [3]. A
cartilha educativa está em fase de conclusão.
A
B
Figura 1. A) Coleta das espécies na companhia dos
coletores de Galheiros. B) Galpão de armazenamento de
sempre-vivas.
Conclusões
A comercialização de sempre-vivas é fundamental para a
economia da cidade desde a década de 30 até os dias
atuais. O presente estudo permitiu a expansão do
conhecimento sobre as sempre-vivas para aqueles que
estão diretamente envolvidos na sua coleta e como
destacado por um dos coletores “qualquer conhecimento
que auxilie no entendimento e preservação das espécies
de sempre-vivas é muito importante”.
Agradecimentos
À UFVJM (programa PIBEX) pela concessão de bolsa e
auxílio financeiro. Aos artesãos e coletores de semprevivas pelo auxílio na seleção das espécies e nas coletas.
Referências Bibliográficas
[1] Giulietti A.M.; Wanderley, M.G.L.; Longhi-Wagner, H.M.;
Pirani, J.R. & Parra, L.R. 1996. Estudos em sempre-vivas:
taxonomia com ênfase nas espécies de Minas Gerais, Brasil.
Acta Botanica Brasilica 10(2): 329-377.
[2] Schmidt, I. B. 2005. Etnobotânica e ecologia populacional de
Syngonanthus nitens: sempre-viva utilizada para artesanato no
Jalapão, Tocantins. Tese de Mestrado. Universidade de
Brasília. Brasília-DF.
[3] Scatena, V.L.; Vich, D.V. & Parra, L.R. 2004. Anatomia de
escapos, folhas e brácteas de Syngonanthus sect. Eulepis
(Bong. ex Koern.) Ruhland (Eriocaulaceae). Acta Botanica
Brasilica 18(4): 825-837.
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ENSINANDO PORQUE AS “SEMPRE-VIVAS” SÃO SEMPRE VIVAS