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26 jan 2015 O Globo RENAN FRANÇA renan. franca@ oglobo.com. br
Bala perdida faz décima vítima em
apenas 9 dias
Adolescente mineiro de 14 anos é atingido no braço direito, enquanto brincava
em condomínio de Niterói
Um adolescente de 14 anos foi ferido por uma bala perdida quando brincava, no sábado, num
condomínio do Fonseca, em Niterói. Ele é a décima vítima deste tipo de crime no estado em apenas nove
dias. Parentes de vítimas protestaram ontem em Copacabana. Um adolescente de 14 anos foi atingido por
uma bala perdida, no fim da tarde de sábado, enquanto brincava em um condomínio, no bairro do
Fonseca, em Niterói. Caio Robert Carvalho Rodrigues está com o projétil alojado no braço direito, mas o
quadro de saúde dele é estável. O adolescente está internado no Hospital Icaraí, na região central da
cidade. Ele é a décima vítima atingida por uma bala perdida nos últimos nove dias no estado, sendo que
duas delas morreram.
Caio mora em Barbacena ( MG) e estava hospedado há 15 dias na casa de uma prima. A mãe, a
professora Gracielle, de 33 anos, contou que Caio não identificou a origem do ferimento de imediato:
— Ele chegou a achar que tinha sido atingido por um raio, porque estava descalço na chuva .
O caso está sendo investigado pela 78º DP (Fonseca), que solicitará as imagens do circuito interno do
condomínio. Segundo vizinhos, é comum se ouvir tiros no local, vindos da favela Vila Ipiranga.
Também no sábado, um tiroteio no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, deixou uma mulher
e um adolescente feridos. Na sexta­ feira, um rapaz de 20 anos levou um tiro no Parque Madureira.
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), em 2013 (os números do ano passado
ainda não foram divulgados), 120 pessoas foram vítimas de bala perdida. Destas, nove morreram. Em
2011, 88 pessoas foram atingidas por tiros, e sete delas morreram.
PROTESTO EM COPACABANA
O coronel da reserva José Vicente Filho, ex­secretário nacional de Segurança Pública, defendeu a
necessidade de aprimoramento das táticas policiais para evitar o disparo de arma de fogo.
— Há dois tipos de balas perdidas. Um é aquele que envolve troca de tiros entre facções rivais de
bandidos. Outro é quando envolve policiais e bandidos. Não dá para pedir ao bandido discernimento. A não
ser que as autoridades promovam um desarmamento. Mas dá para cobrar da polícia — disse o coronel. —
A troca de tiros só é admissível quando o policial está na eminência de correr risco, quando alguém aponta
uma arma contra ele ou quando alguém está em perigo.
Para o sociólogo Ignacio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, ainda não é
possível dizer se o Rio está mais violento.
— É preciso aguardar. Neste mês, ocorreram alguns casos, mas ainda é cedo para saber o que está
havendo.
Na manhã de ontem, parentes da menina Larissa de Car valho, de 4 anos, que morreu ao ser atingida
na cabeça por uma bala perdida em Bangu, no último dia 18, fizeram um protesto na praia de
Copacabana.
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