OBSERVAÇÃO DOS CONHECIMENTOS E PRÁTICAS DA POPULAÇÃO, DE UMA MICROÁREA DE UM BAIRRO DO RECIFE-PE SOBRE DENGUE TEIXEIRA, A.Q.(¹); BRITO, A.S.(²); ALENCAR, C.F.(2); SILVA, K.P.(2), FREITAS, N.M.C.(2), MOURA, P.V.(2); SILVA, M.B.A.(2) [email protected]; (1) Prefeitura da cidade do Recife – DS II- PCR - Enfermeira PSF, Recife - PE, Brasil; (2) Universidade de Pernambuco – UPE, Recife - PE, Brasil. RESUMO Atualmente, a dengue é uma das mais importantes doenças transmitida por insetos no que se refere à causa de morbimortalidade. Nesse contexto, inúmeras campanhas e intervenções no seu combate são criadas. Em Pernambuco, o primeiro surto de dengue ocorreu em 1987 pelo sorotipo 1. Depois de 24 anos, o sorotipo 4 foi isolado em bairros do Recife devido ao alto potencial de expansividade geográfico do vírus. Dessa forma, o objetivo desse artigo foi correlacionar as informações e práticas da população sobre dengue, observando as condições ambientais que puderam propiciar a proliferação do vetor em uma microárea de um bairro do Recife. O método utilizado foi um estudo transversal de base populacional, baseado no número de casos registrados em uma determinada área. Um questionário foi usado como instrumento avaliativo registrando o conhecimento populacional sobre a doença, transmissão e modo de prevenção. Houve, entretanto, dúvidas sobre a morfologia do inseto. A falta de saneamento básico e investimentos públicos Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 eficazes podem contribuir para possíveis criadouros do mosquito e para o aumento das situações de risco. Palavras chaves: Dengue, Prevenção, Saneamento, Situação de Riscos. INTRODUÇÃO A dengue é uma doença infecciosa aguda caracterizada por possuir uma clínica assintomática ou episódios de febre e sintomatologia semelhantes a uma gripe (MS, 2002). Os primeiros casos de dengue no mundo foram relatados no final do século XVIII, no Sudoeste Asiático e nos Estados Unidos. Entretanto só foi reconhecida como doença no século XX, pela OMS (MS, 1996). No Brasil, muito provavelmente, o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chegou através dos navios negreiros. Foi considerado erradicado em 1996 pelo Ministério da Saúde. Contudo, o desenvolvimento desordenado fez com que surgissem novos criadouros para os mosquitos. Em 1981 ocorreu a primeira epidemia de dengue no país (CÂMARA, 2007), e em 1987 em Pernambuco (CORDEIRO et al., 1996). A cidade do Recife apresenta características estruturais e geográficas que proporcionam condições ecológicas favoráveis à transmissão, e multiplicação, do vetor disseminando o vírus da dengue. Tornando, assim, as medidas preventivas complexas. 2 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 A comunicação específica, os modelos de prevenção adaptados às realidades, o valor social que a população atribui aos objetos focalizados pelo programa de controle da dengue são itens abordados em diferentes estudos (RANGEL-S, 2008). Nesse âmbito pretendeu-se com este trabalho identificar, através da observação do estilo de vida e ambiente, bem como o conhecimento básico necessário sobre a doença, para a incidência dos casos de dengue em Recife-PE através de estudo realizado em uma microárea na comunidade de Beberibe, em 2011. O estudo foi realizado neste local por ter apresentado um maior registro de casos de dengue e possuir residências com criadouros do mosquito, em detrimento as outras microáreas que são atendidas pela USF Beberibe II. E dos casos notificados no ano de 2010, dois desses, serem suspeitos de Hemorrágicos. MATERIAL E MÉTODO Realizou-se uma pesquisa transversal de base populacional, no município de Recife - PE. A cidade atualmente encontra - se dividida em seis Distritos Sanitários coordenando às ações de políticas públicas. O estudo foi desenvolvido em uma microárea, contendo uma população 3 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 de 310 habitantes, no bairro de Beberibe pertencente ao Distrito II (Figura 1). A coleta de dados foi composta de duas fases simultâneas. Sendo a primeira a aplicação de um questionário contendo perguntas objetivas relacionadas à doença, modo de transmissão e ações preventivas. A segunda foi constituída por averiguação das respostas obtidas na aplicação do instrumento de pesquisa e da análise do ambiente observado na visita peridomiciliar. Para elaboração do mapa, utilizou se o software AutoCAD. Figura 1. microárea, contendo uma população de 310 habitantes, no bairro de Beberibe pertencente ao Distrito II, Recife - PE. 4 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 RESULTADO E DISCUSSÃO Analisando os questionários e devido a fatores excludentes, observou se que no universo amostral, composto por 58 moradores, 39% aprestaram caso da doença na família, correlacionando esse fato às condições ambientais da microárea e à falta de saneamento básico adequado. O rio Beberibe, que acompanha a microárea, também se torna um potencial criadouro do mosquito, devido ao lixo acumulado em suas margens. Em relação ao conhecimento sobre a doença, 84,48% da população amostral demonstrou dispor de bom nível informacional. Em sua totalidade os entrevistados responderam corretamente os sintomas da doença e 5,17% responderam corretamente a questão relacionada à gravidade da doença. Quanto ao nível de escolaridade e o grau de conhecimento sobre a dengue, verificou-se que o primeiro exerce baixa influência sobre o ultimo, pois foi pequena a vaiação observada. Tabela 1. Concepções e percepções dos moradores do bairro de Beberibe, Recife - PE. Tema das Resposta Questões Satisfatória % Resposta Regular % Resposta Insatisfatória % Sobre a doença 49 84,48 9 15,52 0 0 Sobre o vetor 36 62,07 19 32,76 3 5,17 Atividade 49 84,48 8 13,79 1 1,72 de controle 5 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 CONCLUSÃO Pode-se afirmar que a população analisada, possui conhecimento adequado sobre os sinais e sintomas da doença e mesmo sobre a sua gravidade. Quanto às ações de prevenção da dengue, a maioria dos entrevistados também soube a forma correta de agir em combate ao mosquito. Contrapondo-se a esse dado, quase um quinto dos participantes demonstraram não saber as características morfológicas do vetor. Fato esse que deve ser estudado quanto às ações e campanhas educativas de saúde que são empregadas nessa comunidade. Tendo em vista o comportamento adaptativo do mosquito, que já foram encontrados focos em água suja e parada. Dessa forma, tem que se considerar que nas casas ribeirinhas foram registrados casos de dengue clássica e suspeita de hemorrágica. O lixo acumulado nas margens do rio e o assoreamento podem contribuir para um combate ineficiente ao vetor. REFERÊNCIAS CAMARA, Fernando Portela et al . Estudo retrospectivo (histórico) da dengue no Brasil: características regionais e dinâmicas. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 40, n. 2, abr. 2007. CORDEIRO, M.T. Evolução da dengue no estado de Pernambuco, 1987-2006: epidemiologia e caracterização molecular dos sorotipos circulantes. 2008. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Centro de Pesquisas Ageu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2008. 6 Resumos Expandidos do I CONICBIO / II CONABIO / VI SIMCBIO (v.2) Universidade Católica de Pernambuco - Recife - PE - Brasil - 11 a 14 de novembro de 2013 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria Técnica de Gestão. Dengue: diagnóstico e manejo clínico – Adulto e Criança / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica de Gestão. – 3. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2007. 28 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). MINISTÉRIO DA SAÚDE. Dengue: aspectos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Fundação Nacional de Saúde, Brasília, n. 176, p.1-20, 2002. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fundação Nacional de Saúde. Manual de Dengue Vigilância Epidemiológica e Atenção ao Doente. 2º edição - Brasilia:DEOPE, 1996. RANGEL-S, M.L. Dengue: educação, comunicação e mobilização na perspectiva do controle - propostas inovadoras. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 12, n. 25, jun. 2008. 7