UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
Kelly Mônica Marinho e Lima
Priscilla Rezende Silva
Análise da adequação de uma população de crianças e adolescentes
quanto às suas características antropométricas em relação ao
mobiliário escolar
Juiz de Fora
Dezembro/2007
ii
Kelly Mônica Marinho e Lima
Priscilla Rezende Silva
Análise da adequação de uma população de crianças e adolescentes quanto
às suas características antropométricas em relação ao mobiliário escolar
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Fisioterapia da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora,
como requisito para a obtenção da aprovação na
disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II.
Orientadora: Profª Ms. Cyntia Pace Schmitz
Corrêa
Juiz de Fora
Dezembro/2007
iii
Folha de Aprovação
Kelly Mônica Marinho e Lima; Priscilla Rezende Silva. Análise da adequação de uma
população de crianças e adolescentes quanto às suas características antropométricas em
relação ao mobiliário escolar. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado com requisito
obrigatório para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II. Universidade
Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Medicina. Departamento de Fisioterapia.
Banca Examinadora:
_____________________________________________________
Profª Ms. Cyntia Pace Schmitz Corrêa – orientadora (UFJF)
____________________________________________________
Profª Ms. Vanusa Caiafa Caetano (UFJF)
____________________________________________________
Prof. Dr. Eduardo José Danza Vicente (UFJF)
Data de Aprovação do Trabalho: Juiz de Fora, 10 de Dezembro de 2007.
iv
À nossa família, amigos e a todos que
acreditaram no nosso sucesso...
v
AGRADECIMENTOS
A Deus por nos dar força e paciência a fim de enfrentarmos todos os desafios.
À nossa orientadora Cyntia, pelo apoio, dedicação e amizade.
Ao diretor, professores, funcionários e, principalmente, alunos do Colégio de
Aplicação João XXIII, que disponibilizaram sua boa vontade e paciência, tornando-se atores
fundamentais na concretização desse projeto.
Aos amigos e companheiros da sala, que passando por dificuldades semelhantes às
nossas, nos auxiliaram e encorajaram em todos os momentos.
A Isabella e Adriano pela colaboração e incentivo.
A todos os professores do departamento de fisioterapia, que estimularam
freqüentemente o nosso crescimento.
vi
RESUMO
Análise da adequação de uma população de crianças e adolescentes quanto às suas
características antropométricas em relação ao mobiliário escolar.
Palavras chaves: medidas antropométricas; mobiliário escolar; disfunções da coluna
vertebral
A relação existente entre as medidas do mobiliário escolar e a antropometria dos
sujeitos que utilizam tais carteiras tem sido alvo de vários estudos. Isso se deve ao fato de
que, em uma mesma faixa etária, existe uma heterogeneidade na altura e medidas
antropométricas desses indivíduos, ao contrário do tamanho do mobiliário, que é bastante
homogênio. O público focado neste estudo foram estudantes do ensino fundamental, pois
esses permanecem na postura sentada por várias horas do dia e, na maioria do tempo, de
maneira incorreta. O objetivo principal do estudo foi analisar o percentual de crianças e
adolescentes que estão adequadas, de acordo com sua avaliação antropométrica, a utilizar
o mobiliário escolar disponibilizado na escola. Para tal, foram realizadas medidas de 111
estudantes, das idades de 8 a 15 anos, comparando com as medidas das carteiras por elas
utilizadas. Através dos resultados, pôde-se perceber que apenas 23,42% das crianças
analisadas estão adaptadas à profundidade do assento e 2,7% possuem medidas
adequadas para a altura do assento. Quanto ao quadro álgico, foi encontrada uma
prevalência de 36,04% durante as atividades em sala de aula. Portanto, este trabalho vem
rearfimar a necessidade de estudos e projetos para o desenvolvimento de mobiliários
escolares mais adaptados à ergonomia destes estudantes, levando-se em consideração a
grande heterogeneidade entre as crianças e adolescentes, muitas vezes de uma mesma
faixa etária. Faz-se necessária uma conscientização da escola quanto a esses problemas e
devendo os responsáveis por em prática propostas a fim de resolver tais questões e tornar o
ambiente escolar mais favorável ao desenvolvimento de uma boa postura corporal.
vii
ABSTRACT
Analysis of the adequacy of a population of children and adolescents about their
anthropometric characteristics in relation to school furniture
Key Worlds: Anthropometric measures; school furnitures; spine dysfunctions
The relationship between measures of school furniture and antropometric of the
subject using such portfolios has been the subject of several studies. This is due to the fact
that in the same age group, there are differences in height and anthropometric
measurements of these individuals, unlike the size of the furniture, which is quite the same.
The public focus in this study were students in basic education, as these remain in the sitting
position for several hours of the day and in most of the time, so incorrect. The main objective
of the study was to analyze the percentage of children and adolescents who are appropriate,
in accordance with its assessment anthropometric, to use the school furniture available in the
school. To this end, measures were held for 111 students, from ages of 8 to 15 years,
compared with measures of portfolios they used. Through the results, there could see that
only 23.42% of the children are considered adapted to the depth of the seat, and 2.7% have
appropriate measures to the height of the seat. About the pain, we found a prevalence of
36.04% over the activities in the classroom. Therefore, this work comes confirm the need for
studies and projects for the development of securities school more suited to the ergonomics
of these students, taking into consideration the great heterogeneity among children and
adolescents, often in the same age group, in order to solve such problems and make the
school environment more conducive to the development of good body posture.
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Carteira não-fixa utilizada no Colégio João XXIII e suas
principais medidas
FIGURA 2: Carteira fixa utilizada no Colégio João XXIII e suas principais
medidas
18
19
ix
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: Porcentagem de estudantes, de 8 a 15 anos, adaptados à
profundidade e altura do assento em relação às suas
medidas antropométricas.
GRÁFICO 2: Prevalência de dor durante a aula, fora do horário de aula e
em ambos os horários em relação à faixa etária de 8 a 15
anos.
GRÁFICO 3: Porcentagem de estudantes adaptados à profundidade e
altura do assento em relação às suas alturas em metro.
25
25
27
x
SUMÁRIO
1 NTRODUÇÃO......................................................................................................................
11
2 OBJETIVOS..........................................................................................................................
17
3 METODOLOGIA...................................................................................................................
18
3.1 Caracterização da Amostra.............................................................................................
18
3.2 Análise Estatística ...........................................................................................................
21
4 RESULTADOS .....................................................................................................................
22
5 DISCUSSÂO.........................................................................................................................
28
6 CONCLUSÃO.......................................................................................................................
36
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................
37
8 APÊNDICES.........................................................................................................................
41
8.1 Apêndice 1 ......................................................................................................................
41
8.2 Apêndice 2 .......................................................................................................................
43
8.3 Apêndice 3 .......................................................................................................................
44
11
1. INTRODUÇÃO
A idéia de se analisar alterações e disfunções encontradas na coluna vertebral de
crianças e adolescentes, surgiu após a participação das autoras em dois projetos de
Treinamento Profissional, locados na Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Federal
de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora (MG), relacionados com o tema. No primeiro,
acadêmicos do curso de Fisioterapia visitam escolas da rede pública de ensino de Juiz de
Fora e aplicam uma avaliação postural rápida para verificação da existência ou não de
desvios na coluna vertebral dos alunos. Tais desvios poderiam ser caracterizados como
escoliose (desvio lateral do eixo da coluna), hipercifoses (aumento das curvaturas cifóticas)
ou hiperlordoses (aumento das curvaturas lordóticas). Os estudantes que apresentassem
um ou mais destes desvios eram encaminhadas para o professor orientador do projeto, no
ambulatório de Ortopedia do Hospital Universitário da UFJF, para uma avaliação detalhada
e tratamento. No segundo projeto, orientado por uma docente do Departamento de
Fisioterapia da Faculdade de Medicina da UFJF, as crianças identificadas com disfunções
recebiam assistência fisioterapêutica no Ambulatório de Fisioterapia do HU/UFJF.
A coluna vertebral e sua relação com as diversas patologias associadas às suas
disfunções tem sido alvo de diversos estudos científicos e relatos clínicos (BALAGUÉ et al.,
1999; GUNZBURG et al., 1999; HARREBY et al., 1999; MARTELLI e TRAEBERT, 2006;
MURPHY et al., 2004; MURPHY et al., 2007; PHÉLIP, 1999; STEELE et al., 2006;
TREVELYAN e LEGG, 2006).
Desde quando a raça humana adotou a postura bípede, aumentando as cargas e
pressões na coluna vertebral, houve um incremento na promoção das possibilidades de
lesões, sendo estas disfunções diretamente relacionadas com as posturas e posições
adotadas pelo indivíduo.
A postura e suas adaptações estão relacionadas à evolução e ao homem, que,
desde os primórdios, vem sofrendo as conseqüências da adoção da posição ereta.
(SANTOS et al., 2006).
Os acometimentos na coluna vertebral não são recentes, afligindo o homem há
séculos. Existem relatos dos antigos egípcios (1600 d.C.) que as afecções na coluna foram
a maior preocupação do fundador da medicina ocupacional, Bernardino Ramazzini.
(BRACCIALLI e VILARTA, 2000).
As constantes alterações antropométricas e morfológicas advindas do crescimento e
desenvolvimento do homem propiciam várias adaptações no sistema músculo-esquelético
no decorrer da vida, com a finalidade de alcançar uma postura adequada à determinada
tarefa a ser realizada. (SANTOS et al., 2006).
12
Estudar as dores e disfunções provocadas por lesões na coluna vertebral não é
tarefa fácil, visto que os fatores que podem desencadear tais problemas são variados.
Dentre
eles,
destacamos:
idade,
sexo,
postura,
antropometria,
força
muscular,
condicionamento físico, mobilidade da coluna, tabagismo, história familiar, hereditariedade,
fatores psicossociais e degeneração discal precoce (BALAGUÉ et al., 1999; GUNZBURG et
al., 1999; HARREBY et al., 1999; PHÉLIP, 1999; TREVELYAN e LEGG, 2006). Todos estes
fatores dificilmente contribuem isoladamente para o surgimento das dores e alterações das
curvaturas fisiológicas da coluna vertebral. As avaliações dessas alterações são
importantes na mensuração dos desequilíbrios e adequação de uma melhor postura,
tornando
possível
a
reestruturação
completa
das
cadeias
musculares
e
seus
posicionamentos, no movimento e ou na estática (SANTOS et al., 2006).
A postura pode ser definida como uma posição ou atitude do corpo, o arranjo relativo
das partes do corpo para uma atividade específica, ou uma maneira característica de
alguém sustentar seu corpo (LEHMKUHL e SMITH, 1989). É um conceito geral, definido
como uma posição ou atitude do corpo no espaço, não apenas na posição ereta, sendo um
conceito dinâmico e não estático. São poucos os momentos em que o corpo se encontra
acinético, sendo essa situação útil para simplificar e explicar os mecanismos da postura.
(MAEHLER, 2003).
A postura pode ser considerada adequada quando é usada com máxima eficiência e
mínimo esforço. Se o indivíduo possui uma postura inadequada, o sistema vertebral e
tecidos correlacionados estarão desequilibrados. (LOPES apud MAEHLER, 2003).
A manutenção de uma postura inadequada propicia adaptações
estruturais do tecido muscular estriado esquelético, com conseqüente
perda da flexibilidade corporal, acarretando em limitação da
mobilidade articular, predisposição às lesões musculares, algias da
coluna vertebral e desenvolvimento de processos degenerativos por
aplicações de forças irregulares, levando à incapacidade funcional
temporária ou permanente. (ROSA et al., 2002)
A postura ideal seria aquela na qual o equilíbrio músculo-esquelético proporciona
uma melhor funcionalidade muscular e maior acomodação dos órgãos torácicos e
abdominais. (ASSUNÇÃO, 2004).
Portanto, é a postura que mantém os segmentos corporais no ambiente, e depende
de: 1) características biomecânicas, 2) informações intrínsecas e extereoceptivas
(musculares, articulares, labirínticas, visuais e auditivas), 3) estruturas nervosas, tanto de
integração quanto de comando da musculatura anti-gravitacional e das atividades dessa
13
musculatura (ASSUNÇÃO, 2004).
De acordo com SOUCHARD (1996), o homem, tentando se manter na posição de pé,
submete os músculos da estática, que têm a função de reduzir a flexibilidade do sistema
locomotor humano, a um estado de permanente tensão. Dentre esses músculos, há aqueles
que são mais sobrecarregados na postura sentada, como é o caso dos paravertebrais, que
necessitam de contração estática excessiva para sustentar o peso do tronco e da cabeça
contra a gravidade e para auxiliar a musculatura dos membros superiores a sustentar uma
carga (KNOPLICH, 1986).
Dentre as posturas mais comumente adotadas pelo ser humano, existem aquelas
que oferecem maior estresse às estruturas músculo-esqueléticas. De acordo com
BRACCIALLI e VILARTA (2000), a posição sentada é a que oferece maior prejuízo à
coluna, propiciando uma maior carga ao disco intervertebral de L3. ZAPATER et al. (2004),
afirmam que, ao passar da postura de pé para sentada, há um aumento em cerca de 35%
na pressão interna no núcleo do disco intervertebral do indivíduo. Também afirmam que,
quando a postura sentada é adotada de maneira inadequada, como falta de apoio do
antebraço, falta de apoio lombar e flexão anterior de tronco, há um aumento para mais de
70% da pressão intradiscal. A postura sentada por um período prolongado e adotada de
maneira inadequada, como uma posição curvada anteriormente, muitas vezes adotada
pelos estudantes, proporciona um extremo estiramento muscular, ligamentar e em particular
nos discos (PANAGIOTOPOULOU et al., 2004).
Na posição sentada, mensurou-se que 75% do peso corporal é suportado por uma
pequena área abaixo da tuberosidade isquiática, no entanto, essa área sozinha não é o
suficiente para proporcionar equilíbrio, necessitando do uso dos pés, pernas, coluna
vertebral em contato com superfícies e força muscular (PARCELLS et al., 1999). Já
segundo KNOPLICH (1986), a distribuição de peso na postura sentada é realizada com
50% sustentado pela tuberosidade isquiática, 34% pela região posterior da coxa e 16% pela
planta dos pés.
A postura sentada ideal seria aquela na qual as curvaturas da coluna se
mantivessem numa angulação fisiológica e os pés apoiados completamente no solo, de
forma a diminuir a carga sobre as nádegas e a região posterior das coxas (MAEHLER,
2003).
De acordo com ZAPATER et al. (2004), levando-se em consideração que estudantes
podem permanecer na postura sentada por no mínimo oito anos e cerca de quatro a cinco
horas por dia, na maioria das vezes de forma inadequada, as chances de ocorrerem
desordens músculo-esqueléticas nestes indivíduos é aumentada. Ainda de acordo com o
autor supracitado, as posturas inadequadas, tanto em casa quanto na escola, poderiam
14
provocar um desequilíbrio muscular, propiciando posições anormais de estruturas
anatômicas ainda em fase de desenvolvimento.
Após a permanência da postura sentada de forma inadequada por várias horas,
alguns ligamentos são estirados, como exemplo na retificação lombar, onde os ligamentos
posteriores são distendidos. Ocorre também uma redução na estabilidade vertebral,
possibilitando movimentos não usuais que levam a um stress nas articulações envolvidas
(HUET e MORAES, 2002). A adoção dessa postura por um período prolongado, além de
causar problemas lombares, tende a diminuir o retorno venoso dos membros inferiores, e
promove desconfortos em região cervical e membros superiores. (COURY apud ZAPATER,
2004).
Segundo PANAGIOTOPOULOU et al.(2004), a postura sentada é influenciada pelo
mobiliário escolar, pelas atividades realizadas na sala de aula e medidas antropométricas
dos estudantes. Existem diversos problemas ergonômicos na correlação entre postura e
ambiente escolar, como: transporte do material escolar, arquitetura inapropriada do imóvel,
proporções e disposições desfavoráveis do mobiliário, as quais irão influenciar na
manutenção, aquisição ou agravamento de hábitos posturais não desejáveis.
É na transição para adolescência que ocorre o “estirão” do crescimento. Nesta fase,
o esqueleto está em formação, encontrando-se mais vulnerável às deformações. As
estruturas músculos-esqueléticas apresentam menor suportabilidade à carga. Esses
indivíduos podem, apesar de uma postura inadequada, não apresentar um quadro álgico
devido a uma boa flexibilidade (PARCELLS et al., 1999).
Do nascimento até os 20 anos, principalmente entre os 7 e 14 anos, que as
deformidades ósseas se desenvolvem, considerado também um bom período para
correções posturais. (SACCO et al., 2003). A postura inadequada nesta fase proporciona
repercussões na fase adulta como dor e deformidades posturais, que poderiam ser
prevenidas ou tratadas antes da maturidade se completar, daí a importância de se procurar
alterações posturais em escolares.
De acordo com HARREBY et al.(1999), há uma incidência de 11 a 71% de dor
lombar em escolares, associado a alguns fatores como idade, diferenças culturais dentre
outros. Há uma probabilidade de 88% de chance de ocorrer lombalgia na idade adulta
quando esta dor está presente no período do crescimento. As chances também aumentam
com a existência de ocorrência familiar de dor na coluna. Dores na coluna, principalmente
relacionadas ao trabalho e geradoras de um alto índice de absenteísmo, dificilmente são
relacionadas a traumas diretos, mas sim a esforços intensos repetidos nas articulações
vertebrais ao longo do tempo.
Foi mencionado por BRACCIALLI e VILARTA (2000) que menos de 20% dos
15
estudantes tem medidas convenientes para seu mobiliário, e, no geral, a maioria das
cadeiras é alta e profunda e as mesas são altas. Diante do exposto, a ergonomia no
ambiente de trabalho vem ganhando maior atenção dos pesquisadores nas últimas
décadas. Seu principal interesse é que o equipamento de trabalho seja desenhado de
acordo com os princípios da antropometria e biomecânica, podendo auxiliar a diminuir
acidentes e síndromes de esforços repetitivos, a fim de promover também maior
produtividade. No entanto, o ambiente escolar representa o local de “trabalho” de bilhões de
estudantes e não tem atraído atenção apropriada dos ergonomistas (GOUVALI e
BOUDOLOS, 2006).
Segundo GOUVALI e BOUDOLOS (2006) diversos autores têm tentado estabelecer
recomendações teóricas para os princípios que relacionam o desenho do mobiliário escolar
às medidas antropométricas dos estudantes e alguns têm tentado também definir as
dimensões “apropriadas” para o mobiliário escolar baseado nas medidas antropométricas.
(GOUVALI e BOUDOLOS, 2006). Autores propõem que os mobiliários escolares sejam
projetados ergonomicamente, já que carteiras ergonômicas propiciam uma diminuição na
atividade muscular do tronco médio e inferior, auxiliam a manutenção da lordose lombar
fisiológica (BRACCIALLI e VILARTA, 2000) e reduzem o ângulo de flexão cervical. A
manutenção de um bom alinhamento postural, juntamente à redução da atividade muscular
presentes durante todo o período de aula, poderia reduzir a fadiga muscular, incutindo
positivamente no processo de aprendizagem e evitando a instalação de hábitos posturais
precários, o que poderia reduzir a incidência de algias na coluna vertebral em futuras
gerações (BRACCIALLI e VILARTA, 2000).
16
2. OBJETIVOS
O objetivo principal deste estudo foi analisar o percentual de crianças e adolescentes
que estão adequadas, de acordo com sua avaliação antropométrica, a utilizar o mobiliário
escolar disponibilizado na escola.
Como objetivos específicos propõem-se: 1) caracterizar as populações de crianças e
adolescentes quanto à sua adequação antropométrica ao mobiliário escolar e, desta forma,
poder inferir sobre os possíveis desvios posturais que estas crianças necessitam ou não
fazer para se adequar à carteira; 2) Determinar a partir de que idade os estudantes estariam
aptos antropometricamente a utilizar tais mobiliários; 3) Fomentar as discussões sobre a
necessidade de se prevenir lesões cumulativas na coluna vertebral precocemente; 4)
Fomentar as discussões sobre a necessidade de utilização de mobiliários escolares
ajustáveis.
3. METODOLOGIA
O presente estudo é classificado transversal, quantitativo, não-randomizado e
prospectivo.
3.1 Caracterização da Amostra:
A amostra foi composta por estudantes (entre 8 e 15 anos) do Colégio de Aplicação
17
João XXIII, da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG. Optou-se por essa
faixa etária devido ao fato desta população utilizar praticamente o mesmo mobiliário nesta
escola.
Oito das vinte turmas analisadas, utilizam um mobiliário composto por uma cadeira
com 75 centímetros (cm) de altura, 42,5cm de altura do assento ao chão, 38,5 cm de
profundidade do assento e por uma mesa com 75 cm de altura (FIGURA 1).
Nas outras doze turmas, são utilizados mobiliários compostos de cadeira e mesa
fixas, com as seguintes medidas: cadeiras com 79cm de altura, 43cm de altura do assento
ao chão, e 38,1 cm de profundidade do assento e de mesas com 75,5cm de altura. A
distância fixa entre
a mesa e o encosto da cadeira é de 38cm (FIGURA 2). Crianças com 6 anos, utilizam
mesas baixas com 4 cadeiras. A escola já está adaptando o mobiliário das crianças com 7
anos, portanto, elas não estão utilizando o mesmo mobiliário que os outros alunos.
s
38,5 cm
75 cm
42,5 cm
FIGURA 1: Carteira não-fixa utilizada no Colégio João XXIII e
suas principais medidas
18
38 cm
38,1 cm
75,5 cm
43 cm
FIGURA 2: Carteira fixa utilizada no Colégio João XXIII e suas
principais medidas
O colégio possui um total aproximado de 800 alunos que se encaixaria na amostra
acima descrita. A amostra desse projeto constou de 120 estudantes, com as crianças
escolhidas de forma aleatória, representando as diversas idades, ou seja, foram escolhidas
17 crianças para cada faixa etária (8 a 15 anos), através de 75,5
um sorteio aleatório.
Os pais e/ou responsáveis dos estudantes sorteados receberam, em suas
residências, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), conforme resolução
específica do Conselho Nacional de Saúde, explicando objetivos, características e
importância do estudo, devolvendo-os, caso concordassem com a participação de seu filho,
em um prazo pré-determinado. Entre a entrega do TCLE e o prazo para a devolução do
mesmo devidamente autorizado, os pais foram informados que as pesquisadoras estariam
na escola à disposição, em dias e horários pré-determinados (ou de acordo com a
necessidade pessoal de algum indivíduo), para esclarecimento de quaisquer dúvidas que,
por ventura, eles poderiam ter. Os estudantes que tiveram o consentimento dos pais foram
avaliadas durante as atividades de educação física, individualmente. Optou-se pela aula de
educação física pela facilidade de retirada do estudante, além do uso de vestimenta
apropriada à coleta (biquíni para as meninas e sunga para os meninos). Antes do início da
coleta, o estudante foi esclarecido sobre o projeto, podendo optar por assinar ou não o seu
TCLE.
O projeto de pesquisa foi autorizado pelo Colégio de Aplicação João XXIII e
19
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG
(APÊNDICE 1).
Foram critérios de inclusão: 1) estudantes do Colégio de Aplicação João XXII,
pertencentes às classes de 2º ao 8º ano do ensino fundamental, 2) estudantes cujos pais
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, 3) estudantes que assinaram o
termo de consentimento livre e esclarecido.
Foram critérios de exclusão: estudantes cujos pais se recusaram a assinar o TCLE e
estudantes que se recusaram a assinar o TCLE. Caso o critério de exclusão fosse utilizado,
imediatamente seria feito um novo sorteio aleatório para ocupar a vaga do estudante
excluído.
As avaliações foram baseadas em mensurações com fita métrica, seguindo um
roteiro pré-determinado (APÊNDICE 2). Neste roteiro, foram avaliadas as seguintes
medidas: 1) Comprimento prega poplítea/chão (medida realizada na face posterior da
perna), 2) Comprimento trocânter maior/prega poplítea (medida realizada na face lateral da
coxa), 3) Comprimento prega do cotovelo/ápice da falange distal do 3º metacarpo
(superfície ventral do antebraço) e 4) Comprimento acrômio/ápice da falange distal do 3º
metacarpo.
Todos os estudantes foram mensurados descalços, na postura ortostática anatômica,
de frente para os examinadores. Os pontos anatômicos para referência das mensurações
foram destacados com marcadores e as pregas poplíteas e do cotovelo consideradas foram
as mais aparentes (visíveis).
Alguns dados foram coletados através de um roteiro de entrevista oral (APÊNDICE
3), que teve como objetivo principal investigar a ocorrência ou não de sintomatologia
dolorosa e postura utilizada em sala de aula. Tais questões fomentaram as discussões
finais do presente estudo.
3.2– Análise Estatística:
Os dados coletados nos estudantes foram comparados com os dados mensurados no
mobiliário escolar e foi realizada uma análise percentual através de uma média aritmética
simples da adequação da amostra estudada ao mobiliário.
20
4. RESULTADOS
As carteiras utilizadas no Colégio de Aplicação João XXIII possuem duas variações:
não-fixas e fixas (FIGURAS 1 e 2)
As medidas da altura poplítea - chão e comprimento trocânter maior – prega poplítea
são necessárias para compreender, respectivamente, o impacto da altura e profundidade do
assento no indivíduo, tendo sido por isso realizadas. As medidas da carteira não-fixa foram
adotadas, visto que as diferenças entre essas e as carteiras fixas eram pequenas (0,5 cm
na altura do assento e 0,4 cm na profundidade do assento). Portanto, foram considerados a
profundidade do assento de 38,5 cm e a altura do assento de 42,5 cm. Para análise da
adequação da distância encosto-mesa, considerou-se o valor das carteiras fixas e somente
os estudantes que usavam esse tipo de mobiliário foram analisados neste quesito, visto que
os estudantes que utilizam a carteira não-fixa podem adaptar essa distância de acordo com
sua necessidade e vontade.
Segundo LIDA (2002), a altura do assento deve ser igual à altura poplítea (medida da
distância prega poplítea – chão), logo foram consideradas adaptados os estudantes que
tinham essa medida igual à 42,5 cm. Ainda de acordo com o autor supracitado, a
profundidade do assento deve ser aquela que permita que a borda do assento fique no
mínimo 2 cm afastada da prega poplítea, logo os estudantes considerados adaptados nesse
21
quesito foram aqueles que tinham a distância trocânter maior – prega poplítea maior que
40,5 cm.
O propósito inicial do estudo foi avaliar uma amostra de 120 estudantes, com 17
indivíduos de cada idade de 8 a 15 anos. Para tal, foram distribuídos cerca de 25 a 30
TCLE's em cada série e, todos aqueles devolvidos às pesquisadoras corretamente
assinados, foram incluídos no estudo. No entanto, a adesão não foi a esperada,
principalmente nas faixas etárias de 14 e 15 anos, o que pode ter interferido nos resultados.
As medidas antropométricas e os resultados do questionário aplicado encontram-se
agrupados, de acordo com a faixa etária estudada, nos GRÁFICOS 1 e 2.
Dos 17 estudantes com 8 anos de idade, constatou-se que nenhum estava adaptado
à profundidade e à altura do assento, (todos tinham a medida “prega poplítea – chão” menor
que 42,5 cm). Baseado na análise dos dados, 29,42% apresentavam algum tipo de dor
durante o horário das aulas (50% dor torácica, 33,33% dor tóraco-lombar e 16,67% em
MMII) e 23,53% fora do horário das aulas (25% dor lombar, 25% dor torácica, 25% dor em
MMSS e 25% dor tóraco-lombar), sendo que 11,76% apresentavam dor em ambos os
horários.
Aos 9 anos, num total de 19 estudantes, constatou-se que nenhum estava adaptado
à profundidade e à altura do assento (todos tinham a medida prega poplítea – chão menor
que 42,5 cm). Desses, 47,36% apresentavam algum tipo de dor no horário das aulas (50%
dor tóraco-lombar, 20% dor torácica, 10% dor cervical, 10% dor em trapézio superior e 10%
em outros locais) e 47,36% tinham dor fora do horário escolar (50% dor tóraco-lombar, 30%
dor torácica, 10% dor cervical e 10% dor em trapézio superior), sendo que 42,10%
apresentavam dor em ambos os horários.
Num total de 24 estudantes com 10 anos de idade, constatou-se que nenhum estava
adaptado à profundidade do assento e que somente 4,17% estavam adaptados à altura do
assento (dos 95,83% não adaptados à altura, 78,26% tinham a perna menor que 42,5 cm e
21,74% tinham a perna maior). Dessa faixa, 41,66% dos estudantes apresentavam dor no
período da aula (28,57% dor lombar, 21,43% dor torácica, 21,43% em MMII, 21,43% dor
tóraco-lombar e 7,14% em outros locais), e 45,83% fora do horário de aula (31,25% dor
lombar, 31,25% dor torácica, 18,75% dor tóraco-lombar, 6,25% em MMII, 6,25% em
trapézio superior e 6,25% em outros locais), sendo que 20,83% apresentavam dor em
ambos os horários.
Aos 11 anos, dos 8 estudantes analisados, constatou-se que somente 12,5%
estavam adaptados à profundidade do assento e nenhum à altura do assento (75% tinham
a perna menor que 42,5 cm e 25% tinham a perna maior). 37,5% dos estudantes
apresentavam dor no período da aula (100% em MMII), e 25% fora do horário de aula (50%
22
dor torácica e 50% em trapézio superior), sendo que 12,5% sentiam dor em ambos os
horários.
Aos 12 anos, num total de 20 estudantes, constatou-se que 45% estavam adaptados
à profundidade do assento e apenas 10% à altura do assento (44,44% tinham a perna
menor e 55,56% tinham a perna maior que 42,5 cm). 30% dos estudantes apresentavam
dor no período da aula (37,5% dor lombar, 25% dor tóraco-lombar, 12,5% em trapézio
superior, 12,5% em MMII e 12,5% em outros locais), assim como 30% fora do horário de
aula (50% dor torácica, 33,34% dor tóraco-lombar e 16,66% em MMII), sendo que 10%
sentiam dor em ambos os horários.
Num total de 12 estudantes com 13 anos de idade, constatou-se que 50% estavam
adaptados à profundidade do assento e nenhum à altura do assento (16,66% tinham a
perna menor e 83,34% tinham a perna maior que 42,5 cm). 8,33% dos estudantes
apresentavam dor no período da aula (100% dor em trapézio superior) e 33,34% fora do
horário de aula (25% dor lombar, 25% dor torácica, 25% dor cervical e 25% em MMII),
sendo que 8,33% sentiam dor em ambos os horários.
Aos 14 anos, dos 5 estudantes analisados, constatou-se que 80% estavam
adaptados à profundidade do assento e nenhum à altura do assento (40% tinham a perna
menor e 60% tinham a perna maior que 42,5 cm). 40% dos estudantes apresentavam dor
no período da aula (50% dor cervical e 50% dor torácica) e 20% fora do horário de aula
(100% dor cervical), sendo que 20% sentiam dor em ambos os horários.
Aos 15 anos, num total de 6 estudantes, constatou-se que 100% estavam adaptados
à profundidade do assento e nenhum à altura do assento (83,34% tinham a perna menor
que 42,5 cm e 16,66% tinham a perna maior). 66,6% dos estudantes apresentavam dor no
período da aula (33,33% dor torácica, 16,66% dor lombar, 16,66% dor cervical, 16,66% em
trapézio superior e 16,66% dor tóraco-lombar) e 50% fora do horário de aula (25% dor
lombar, 25% dor torácica, 25% dor cervical e 25% em trapézio superior) sendo que 33,33%
sentiam dor em ambos os horários.
23
%
Adaptações
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
crianças adaptadas à
profundidade do assento
crianças adaptadas à
altura do assento
8
9
10
11
12
13
14
15
idade
GRÁFICO 1: Porcentagem de estudantes, de 8 a 15 anos,
adaptados à profundidade e altura do assento
em relação às suas medidas antropométricas.
Prevalência de dor
%
100
90
80
dor no horário de aula
70
60
dor fora do horário de
aula
50
40
dor em ambos os
horários
30
20
10
0
8
9
10
11
12
13
14
15
idade
GRÁFICO 2: Prevalência de dor durante a aula, fora do
horário de aula e em ambos os horários em
relação à faixa etária de 8 a 15 anos.
Segundo LIDA (2002), a distância ideal entre o encosto e a mesa seria aquela que
permitisse ao indivíduo apoiar os cotovelos sobre a mesa. Portanto, só se fez necessária a
análise das medidas prega do cotovelo - ápice da falange distal do 3º metacarpo (distância
encosto-carteira), na amostra que utilizava as carteiras fixas, visto que, aqueles que faziam
uso da carteira não-fixa podiam se acomodar da maneira desejada. Dos 69 estudantes que
utilizavam as carteiras fixas, nenhum se encontrava adaptada nesse critério.
Durante a análise dos resultados, observou-se que, dentro de uma mesma faixa
24
etária, havia diferenças nas medidas antropométricas. Por este motivo, analisou-se os
dados também de acordo com as alturas dos estudantes, com intervalos de 5 em 5 cm,
partindo do mais baixo que tinha 1,25 cm de altura – TABELA 3.
Até e inclusive a altura de 1,50 m (62,16%), nenhum estudante estava adaptado nem
à altura nem à profundidade do assento.
De 1,51 a 1,55 m (11,71%), observou-se que 23,08% estavam adaptados à altura do
assento, sendo que dos 76,92% não adaptados, 80% tinham a perna maior que a altura do
assento e 30,77% dos estudantes estavam adaptados à profundidade do assento.
De 1,56 a 1,60 m (11,71%), 61,54% estavam adaptados à profundidade enquanto
nenhum estava adaptado à altura (61,54 tinham a perna menor e 38,46% tinham a perna
maior que a altura da cadeira).
Na faixa de 1,61 a 1,65 m (6,31%), todos os estudantes estavam adaptados à
profundidade enquanto nenhum estava adaptado à altura (42,86% tinham a perna menor e
57,14% tinham a perna maior que a altura da cadeira).
De 1,66 a 1,70m (4,5%), todos estavam adaptados à profundidade enquanto nenhum
estava adaptado á altura (20% tinham a perna menor e 80% tinham a perna maior que a
altura da cadeira).
A amostra não apresentou estudantes com a faixa de altura entre 1,71 e 1,75 m.
De 1,76 a 1,80 m (1,8%), 100% estavam adaptados à profundidade e nenhum estava
adaptado à altura, possuindo a perna maior que a altura da cadeira.
%
Crianças adaptadas de acordo com a altura
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
adaptadas à
profundidade do
assento
adaptadas à altura
do assento
1,50-1,55
1,55-1,60
1,60-1,65
1,65-1,70
1,75-1,80
altura
GRÁFICO 3: Porcentagem de estudantes adaptados à
profundidade e altura do assento em relação às
suas alturas em metro.
25
5. DISCUSSÃO
A relação entre os mobiliários escolares e as medidas antropométricas dos
estudantes que os utilizam tem sido alvo de estudos como os de PANAGIOTOPOULOU et
al., 2004; GOUVALI e BOUDOULOS, 2006 e PARCELLS et al.,1999.
A partir dos dados colhidos neste estudo, observou-se que a maioria dos estudantes
não estava adaptado às medidas do mobiliário escolar, levando-se em conta as medidas
antropométricas. Apenas 23,42% dos estudantes analisados estavam adaptados à
profundidade do assento e 2,7% possuíam medidas adequadas para a altura do assento.
A incompatibilidade entre as medidas antropométricas e do mobiliário foi estudada
por PARCELLS et at. (1999), que encontraram 18,9% de adequação dos estudantes;
GOUVALI e BOUDOLOS (2006), acharam 28,5 de adequação à altura do assento e 38,7%
à profundidade; COTTON et al. apud WINGRAT et al. (2005), relataram 1% de adaptação
quanto à profundidade e altura do assento. PANAGIOTOPOULOU (2004) mostrou em seu
estudo ausência de adaptação das crianças da segunda série, 30% da quarta série e 71,7%
da sexta série em relação à profundidade do assento (35cm). Esse último autor também
observou quanto à altura do assento (35 cm e 39cm na sexta série), 5% de adaptação dos
alunos da segunda série, 53,3% da quarta série e 33% da sexta série. Para tal, os autores
26
consideraram que a altura do assento deveria estar entre 88% e 95% da medida da altura
poplítea; já a profundidade do assento deveria estar entre 80% e 95% da medida da
distância entre fossa poplítea e extremidade glútea em posição sentada. Esses critérios de
medida não foram utilizados neste estudo devido ao fato que, segundo GOUVALI e
BOUDOLOS (2006) se contradiziam na literatura e não apresentavam um embasamento
teórico confiável para sua utilização.
Observou-se neste estudo, que 27,77% da amostra possuíam a altura poplítea maior
que a altura do assento, o que pode levar ao aumento do ângulo de flexão da perna, ao
aumento do peso na tuberosidade isquiática e à perda de pressão no segmento distal
posterior da coxa. O assento muito raso causa sensação de queda, ocorrendo também uma
perda de suporte da coxa (PANERO et al. apud PARCELLS, 1999). É esperado também
que o sujeito aumente o ângulo de flexão da perna, favorecendo o aumento da pressão na
tuberosidade isquiática, com o intuito de aumentar sua estabilidade.
Nos 72,23% estudantes em que a altura poplítea foi menor que a altura do assento,
poderá haver a possibilidade de ocorrer uma compressão da parte distal posterior da coxa,
quando o estudante tentar sentar-se com o tronco apoiado no encosto, causando
desconforto e restringindo a circulação. Pode ocorrer também do estudante mover suas
nádegas para frente no assento, tentando colocar os pés no chão, resultando numa postura
cifótica devido à perda de apoio no encosto. O mesmo pode ocorrer quando a profundidade
do assento é maior que a medida da coxa (PARCELLS et al., 1999; PANAGIOTOPOULOU
et al., 2004).
Quando a profundidade e altura do assento são maiores que a coxa e a perna do
estudante, respectivamente, e esse não consegue alcançar os pés no chão, a descarga de
peso não será realizada de forma adequada, pois o peso que seria distribuído na
tuberosidade isquiática, face posterior de coxa e pés poderá ser dividido somente nas duas
primeiras, aumentando conseqüentemente a pressão nessas regiões, dificultando o retorno
venoso das áreas mais distais à compressão.
Os estudantes que utilizam as carteiras fixas têm maior dificuldade em adaptar o
alcance dos membros superiores à mesa, visto que não podem deslocar a cadeira adiante,
como acontece nas carteiras não-fixas, compensando de modo a deslocar-se anteriormente
ou inclinar-se à frente. Em ambas as hipóteses, a pressão nos discos poderá aumentar e o
suporte lombar poderá ser perdido, acarretando uma série de conseqüências, como um
quadro álgico, dentre outras citadas no estudo.
De acordo com os resultados da amostra, pôde-se observar que os estudantes mais
novos (8 e 9 anos) encontravam-se menos adaptados em relação à profundidade da
27
cadeira comparando-se com os estudantes mais velhos (14 e 15 anos). Essa mesma
relação não pôde ser observada quanto à altura do assento, visto que apenas alguns
estudantes de 10 e 12 anos estavam adaptados à altura do assento. A adequabilidade às
carteiras também foi observada por PANAGIOTOPOULOU (2004), que indicou maior
inadequação ao mobiliário escolar pelos estudantes mais novos. O assento era muito alto e
profundo, fazendo com que esses últimos se adaptassem sentando na beirada da cadeira
para realizar suas atividades, como escrever. A perda do suporte lombar leva à adoção de
uma postura cifótica, a qual pode desencadear vários tipos de dor, como apontado neste
estudo.
De acordo com PARCELLS et al., 1999, a probabilidade de o estudante encontrar
uma carteira que seja adequada às suas dimensões corporais aumenta de acordo com a
altura dessa e, em menor extensão, de acordo com sua idade. Dessa forma, o crescimento
do estudante faz com que ele fique mais adaptado ao mobiliário.
No presente estudo, observou-se que em relação à altura do estudante, a
adaptabilidade à profundidade do assento aumentou à medida que o estudante cresceu.
Em relação à altura do assento, não ocorreu o mesmo; viu-se que os únicos estudantes que
estavam adaptados a esse último fator se encontravam na faixa de 1,51 a 1,55 metros. No
entanto, alguns estudantes mais altos ainda apresentavam a medida prega poplítea/chão
menor que a altura do assento. Isso pode ser explicado pelas diferenças anátomomorfológicas que existem entre os indivíduos.
TREVELYAN e LEGG (2006) verificaram em seu estudo, que os estudantes preferem
utilizar mobiliários mais altos que o tradicional, concluindo que a altura ideal da mesa deve
corresponder à metade do valor da altura do estudante, e a altura da cadeira deve equivaler
a um terço dessa altura.
PANAGIOTOPOULOU et al. (2004) relatam que a percepção subjetiva do
desconforto do mobiliário escolar aumenta com o avançar da idade, ou seja, as crianças da
4ª e da 6ª série de seu estudo consideraram que sua carteira é menos confortável que as
crianças da 2ª série, o que não era o esperado, já que os estudantes da 2ª série estavam
menos adaptados ao mobiliário. O autor justifica afirmando que a falta de experiência em
um mobiliário ergonômico e a ausência de capacidade de relacionar o desconforto sentido à
postura sentada podem ter levado as crianças da 2ª série a tal achado. No estudo realizado,
encontrou-se uma menor adaptabilidade dos estudantes mais novos aos mobiliários
escolares, porém não foi inferido qual era a sensação ergonômica que eles tinham em
relação ao mobiliário.
28
Os estudantes adotam posturas fletidas ou estáticas por períodos prolongados
durante o horário escolar, aumentando a fadiga em toda a musculatura adjacente à coluna
(MURPHY et al., 2007). Posturas desconfortáveis podem causar um quadro álgico devido
ao período prolongado gasto na escola (GRIMMER e WILLIAMS, 2000) e muitos
pesquisadores têm relatado síndromes posturais queixadas pelos estudantes (BALAGUÉ et
al., 1999; GUNZBURG et al., 1999; HARREBY et al. , 1999; MARTEILI e TRAEBERT, 2006,
MURPHY et al., 2004; MURPHY et al., 2007; PHÉLIP, 1999; STEELE et al., 2006;
TREVELYAN e LEGG, 2006).
Segundo MURPHY et al (2007), a altura da cadeira escolar está significantemente
associada à dor nos três segmentos da coluna (cervical, torácica e lombar), sugerindo que
os estudantes apresentam dificuldades com a altura, características e conforto da cadeira.
Houve ainda associações significativas entre as dores torácica e lombar no mês anterior à
pesquisa e a lombalgia recorrente com o assento muito baixo e rotação da coluna (por mais
de 10 minutos durante a aula).
PANAGIOTOPOULOU (2004) relatou elevação da incidência de dor na coluna com o
aumento da idade, não observando diferença na freqüência de algias entre as regiões
cervical, torácica e lombar. Quando na posição sentada, o relato de dor foi de 16,7-23,3 %
entre estudantes de 2ª a 6ª séries, e, além disso, as crianças observavam que a dor era pior
no final do dia letivo. Esse autor também encontrou 8,3-15% de dor nas pernas dos
estudantes analisadas.
Em contrapartida, nesse estudo a incidência de dor não se elevou com o aumento da
idade. Apesar de aos 15 anos a prevalência ser maior (tanto na aula como fora de aula),
essa não cresceu linearmente, como pôde ser percebido aos 13 anos, idade na qual os
estudantes apresentavam menor queixa álgica na escola do que aos 9 anos.
Ao serem questionadas se apresentavam alguma queixa álgica em horário de aula,
36,04% da amostra responderam afirmativamente, enquanto fora do horário escolar
também 36,04% apresentaram dor, sendo que esse mesmo valor não corresponde aos
mesmos sujeitos e às mesmas dores.
MURPHY et al. (2007) relatam que 27% das crianças apresentaram dor cervical por
um dia ou mais no mês anterior à pesquisa, 18% apresentaram dor torácica e 22% dor
lombar. Afirmam ainda que 22% das crianças mais novas de seu estudo (11 a 12 anos e 9
meses) e 32% das crianças mais velhas (mais de 12 anos e 9 meses a 14 anos)
apresentam constantemente lombalgias, 9% das crianças mais novas apresentaram dor
lombar 1 dia ou mais no mês anterior à aplicação do questionário, enquanto 13% das
crianças mais velhas apresentaram essa dor. Em um outro estudo com 66 crianças
29
(MURPHY, S. et al, 2004), 29 relataram queixa de lombalgia no mês anterior à pesquisa e
17 na semana anterior; 23 queixaram-se de dorsalgia no mês anterior e 14 na semana
anterior; 34 tiveram dor cervical no mês que antecedeu a pesquisa e 16 na semana anterior.
HARREBY et al., 1999, relataram uma incidência de 19,4% de dor lombar de moderada a
grave. NISSINEN et al., 1994 apud TREVELYAN e LEGG, 2006 encontraram, em um
estudo com crianças de 4ª série, 55,6% de lombalgia no último mês, sendo que a postura
sentada foi o fator causal mais comum, relatado por 30,2% dos sujeitos.
Das dores apresentadas no horário de aula neste estudo, prevaleceu a dor na região
tóraco-lombar (26,53% das dores), vindo em seguida a região torácica (22,45%), a região
lombar e os membros inferiores (16,33% cada) e, por último, trapézio superior, coluna
cervical e outros (6,12% cada).
Já fora do horário escolar, predominou a dor torácica (31,91%), vindo em seguida a
região tóraco-lombar (23,40%), em terceiro lugar a região lombar (17,02%), em quarto lugar
trapézio superior e cervical (8,51% cada), em quinto membros inferiores (6,39%) e por
último, membros superiores e outros (2,13% cada).
A alta incidência de dor lombar sugere a natureza potencialmente sensível da coluna
do adolescente a repetidos riscos ambientais que aumentam a carga no tecido adjacente à
coluna (GRIMMER e WILLIAMS, 2000). Entretanto esse estudo a dor apresentou valores
maiores na região tóraco-lombar.
Em adição ao problema das medidas do mobiliário inadequadas à maioria dos
estudantes, está a disposição desse mobiliário dentro da sala de aula. Muitas vezes, o
estudante não se senta próximo ao quadro e ao professor, o que impossibilita uma boa
visão do que está escrito e dificulta a audição do aluno em relação ao primeiro, propiciando
a adoção de posturas inadequadas na tentativa de resolver esse problema. Dentre essas,
podem-se citar a postura curvada para frente, cifótica, inclinada para o lado ou recostado
para trás. Essas posições, por serem desconfortáveis, podem prejudicar a atenção e
rendimento do aluno. (WINGRAT et al., 2005), além de poder levar à degeneração discal,
assim como escoliose, hiperlordose e hipercifose (JUNG, 2005)
Uma variedade de estudos tem relatado o impacto do posicionamento, tipo e
tamanho do mobiliário escolar no rendimento e na realização de diversas tarefas pelo aluno
(WINGRAT et al., 2005). PARUSH et al., apud WINGRAT et al. (2005), observou em seu
estudo que os alunos melhor adaptados a um mobiliário tinham uma legibilidade e
velocidade na escrita maior que aqueles que se sentavam em carteiras menos adequadas
ao seu tamanho. Dessa forma, a adaptação ao mobiliário além de contribuir na prevenção
de algias, também influencia positivamente na performance escolar dos estudantes. JUNG,
30
2005, também sugere que o uso de cadeiras e mesas adaptáveis é essencial para manter
uma boa postura o que promove um melhor aprendizado.
Neste estudo quando questionado qual era a postura adotada na maior parte do
tempo durante a aula, pôde-se perceber que a postura sentada, sem recostar e inclinada à
frente prevaleceu na faixa de 8 a 11 anos, enquanto de 12 a 15 anos, a postura
predominante foi sentada, recostada e inclinada para trás. Já STORR-PAULSEN e
AAGAARD-HENSEN apud MURPHY et al. (2004), relataram em seu estudo, que em uma
aula com duração média de 60 minutos, as crianças passam 57% do tempo sentadas na
posição inclinado à frente (escrevendo) e 43% inclinando para trás (olhando o quadro ou
escrevendo).
ANDERSSON et al, 1974 apud BRACCIALLI e VILARTA, 2000 encontraram que
quando o indivíduo está sentado e com a lordose lombar preservada, há uma redução na
pressão intradiscal, pois a manutenção dessa curvatura mantém o formato fisiológico do
disco em cunha. Já no sentar com a curvatura lombar retificada (sentar relaxado) ocorre um
acréscimo da pressão discal, devido ao fato que o espaço anterior entre as vértebras
diminui e o posterior aumenta, deslocando o disco para trás (COURY, 1995, apud
MAEHLER, 2003), podendo originar futuramente um quadro de hérnia de disco (MAEHLER,
2003). Mostraram ainda, que a inclinação de tronco ao sentar eleva a pressão discal e
atividade mioelétrica, visto que a curvatura lombar se retifica e os músculos dorsais se
contraem a fim de atuar em oposição à gravidade no tronco. Quanto menor a angulação
entre tronco e coxas, maior será a pressão no disco (MAEHLER, 2003). Ao sentar-se com
apoio, o contrário é observado: há uma redução da pressão discal e atividade mioelétrica,
pois o peso corpóreo é deslocado para o encosto. Esse último também interfere na pressão
discal, pois há uma redução desta quando o encosto está na região lombar, movendo a
coluna para a posição de lordose e quando ele está na região torácica, move a coluna
lombar para posição cifótica, causando aumento da pressão discal. Os autores concluíram
que uma cadeira com apoio lombar e inclinação do encosto em 100º é a mais adequada,
visto que diminui bastante a atividade mioelétrica dos músculos dorsais e a pressão nos
discos intervertebrais (BRACCIALLI e VILARTA, 2000).
O sentar correto não depende somente do mobiliário escolar e das medidas
antropométricas do estudante; depende também de uma conscientização sobre a maneira
correta de sentar e utilizar o mobiliário (WINGRAT et al., 2005). COURY apud ZAPATER et
al. (2004), afirma que essa proposta não é fácil de ser alcançada já que os escolares
encontram-se numa idade em que são bastante refratários à mudanças de hábitos e
comportamentos, apesar de ser uma fase favorável à instalação de hábitos saudáveis.
31
CARDON et al. (2000) afirmam, também, que é na puberdade a melhor época de se
instituir uma educação postural, visto que quando adultos é mais difícil acabar com os maus
hábitos posturais adquiridos durante toda a vida.
A constatação acima enfatiza a idéia de que o ambiente escolar é o local responsável
pelo processo ensino-aprendizagem e que é no início da vida estudantil, momento em que a
criança ainda está em fase de crescimento, a melhor época para começar a prevenção de
desordens músculo-esqueléticas, tornando-a mais eficiente (ZAPATER et al., 2004).
Fatores físicos parecem ter um importante papel no desenvolvimento de dores nas
crianças e o prolongado período sentado podem aumentar essas dores, que por sua vez,
podem ser desencadeadas pelos mobiliários inadequados; tais fatores trazem importantes
repercussões na futura força de trabalho, visto que vários adultos jovens já vão adentrar no
mercado apresentando dores na coluna vertebral (MURPHY et al., 2007).
Segundo PARCELLS et al. (1999), os resultados de sua pesquisa demonstraram
uma variabilidade substancial nas dimensões corporais dos estudantes, um resultado
esperado para sua faixa etária (10 a 14 anos). Dessa forma, é improvável que qualquer
carteira com dimensões fixas possa acomodar a maioria dos estudantes.
Diferenças na variabilidade de dimensões corporais dos estudantes tanto de uma
mesma região quanto de regiões diferentes (de diferentes estados e países) devem ser
consideradas na hora de se desenhar e comprar mobiliários escolares, assim como quando
importá-los (PRADO-LEÓN et al., 2001).
A despeito da grande variabilidade de medidas antropométricas encontradas e da
enorme inadaptabilidade, vários autores têm ressaltado a importância da conscientização
dos responsáveis pelas escolas, de que os estudantes deveriam utilizar uma carteira mais
adequada à suas dimensões corporais, sugerindo para tal, diversas condutas: a adoção de
carteiras ajustáveis (PANAGIOTOPOULOU et al., 2004; ZAPATER et al., 2004) ou
diferentes tamanhos de mobiliários dentro de uma mesma sala de aula (PARCELLS et al.,
1999; GOUVALLI e BOUDOLOS, 2006).
Alguns fatores podem ter interferido nos resultados deste estudo: 1) a
heterogeneidade quanto ao número de indivíduos de cada idade, 2) o número reduzido de
estudantes principalmente aos 14 e 15 anos, 3) as medidas colhidas com o estudante na
postura ortostática, enquanto seria mais fidedigno que fossem colhidas com o estudante
sentado numa postura considerada ideal, 4) a falta de mensuração dos ângulos das
principais articulações na posição sentada (cotovelo, coxo-femoral e joelho), 5) a
subjetividade na análise de dor e postura sentada adotada na maior parte do tempo durante
a aula e 6) a não realização de um teste de confiabilidade inter e intra-examinador.
32
6. CONCLUSÃO
Através da coleta e análise dos dados, pôde-se inferir que a grande maioria dos
estudantes não está corretamente adaptada ao seu mobiliário escolar, levando-se em conta
as medidas antropométricas.
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36
APÊNDICE 1
37
38
APÊNDICE 2
Projeto de Pesquisa: Análise da adequação dos mobiliários em escolas às
características antropométricas de uma população de crianças e adolescentes.
39
COLETA DOS DADOS
INICIAIS DA CRIANÇA: _______________
IDADE: _________
TURNO/TURMA: ____________
DATA DA AVALIAÇÃO: ___/___/2007
PESO: _____ Kg
IMC: ______
ALTURA: _____cm
Hemicorpo DIREITO
Hemicorpo ESQUERDO
Comprimento prega poplítea/chão
Comprimento trocânter maior/prega
poplítea (lateral)
Comprimento
prega
do
cotovelo/ápice da falange distal do 3º
metacarpo
Comprimento
acrômio/ápice
falnge distal do 3º metacarpo
da
Obs.:
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Avaliadora: ______________________
1ª versão em 02/05/2007.
APÊNDICE 3
Projeto de Pesquisa: Análise da adequação dos mobiliários em escolas às
características antropométricas de uma população de crianças e adolescentes.
ROTEIRO PARA ENTREVISTA ORAL
INICIAIS DA CRIANÇA: _______________
IDADE: _________
TURNO/TURMA: ____________
DATA DA AVALIAÇÃO: ___/___/2007
40
1- Como você utiliza a cadeira e a carteira normalmente durante as aulas?
( ) sentado
( ) recostado
( ) ajoelhado ( )pernas cruzadas em cima da cadeira
( ) sem recostar
( ) inclinado para trás ( ) inclinado para frente ( ) ereto
( ) inclinação lateral
( ) outros: ___________________________________________________________
2- Você sente algum incômodo no corpo durante as aulas?
( ) sim
( ) não
3- Se sim, onde?
( ) coluna cervical ( ) coluna torácica ( ) coluna tóraco-lombar ( ) coluna lombar
( ) MMSS
( ) MMII
( ) trapézio superior
( ) outros:____________________________
OBS (caso seja uma dor bem localizada): ______________________________
4- Você sente alguma dor fora dos horários das aulas?
( ) sim
( ) não
5- Se sim, onde?
( ) coluna cervical ( ) coluna torácica ( ) coluna tóraco-lombar ( ) coluna lombar
( ) MMSS
( ) MMII
( ) trapézio superior
( ) outros:____________________
OBS (caso seja uma dor bem localizada): ______________________________
Obs.:
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
____________
Avaliadora: ______________________
1ª versão em 02/05/2007.
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Análise da adequação de uma população de crianças e