UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA Kelly Mônica Marinho e Lima Priscilla Rezende Silva Análise da adequação de uma população de crianças e adolescentes quanto às suas características antropométricas em relação ao mobiliário escolar Juiz de Fora Dezembro/2007 ii Kelly Mônica Marinho e Lima Priscilla Rezende Silva Análise da adequação de uma população de crianças e adolescentes quanto às suas características antropométricas em relação ao mobiliário escolar Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito para a obtenção da aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II. Orientadora: Profª Ms. Cyntia Pace Schmitz Corrêa Juiz de Fora Dezembro/2007 iii Folha de Aprovação Kelly Mônica Marinho e Lima; Priscilla Rezende Silva. Análise da adequação de uma população de crianças e adolescentes quanto às suas características antropométricas em relação ao mobiliário escolar. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado com requisito obrigatório para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Medicina. Departamento de Fisioterapia. Banca Examinadora: _____________________________________________________ Profª Ms. Cyntia Pace Schmitz Corrêa – orientadora (UFJF) ____________________________________________________ Profª Ms. Vanusa Caiafa Caetano (UFJF) ____________________________________________________ Prof. Dr. Eduardo José Danza Vicente (UFJF) Data de Aprovação do Trabalho: Juiz de Fora, 10 de Dezembro de 2007. iv À nossa família, amigos e a todos que acreditaram no nosso sucesso... v AGRADECIMENTOS A Deus por nos dar força e paciência a fim de enfrentarmos todos os desafios. À nossa orientadora Cyntia, pelo apoio, dedicação e amizade. Ao diretor, professores, funcionários e, principalmente, alunos do Colégio de Aplicação João XXIII, que disponibilizaram sua boa vontade e paciência, tornando-se atores fundamentais na concretização desse projeto. Aos amigos e companheiros da sala, que passando por dificuldades semelhantes às nossas, nos auxiliaram e encorajaram em todos os momentos. A Isabella e Adriano pela colaboração e incentivo. A todos os professores do departamento de fisioterapia, que estimularam freqüentemente o nosso crescimento. vi RESUMO Análise da adequação de uma população de crianças e adolescentes quanto às suas características antropométricas em relação ao mobiliário escolar. Palavras chaves: medidas antropométricas; mobiliário escolar; disfunções da coluna vertebral A relação existente entre as medidas do mobiliário escolar e a antropometria dos sujeitos que utilizam tais carteiras tem sido alvo de vários estudos. Isso se deve ao fato de que, em uma mesma faixa etária, existe uma heterogeneidade na altura e medidas antropométricas desses indivíduos, ao contrário do tamanho do mobiliário, que é bastante homogênio. O público focado neste estudo foram estudantes do ensino fundamental, pois esses permanecem na postura sentada por várias horas do dia e, na maioria do tempo, de maneira incorreta. O objetivo principal do estudo foi analisar o percentual de crianças e adolescentes que estão adequadas, de acordo com sua avaliação antropométrica, a utilizar o mobiliário escolar disponibilizado na escola. Para tal, foram realizadas medidas de 111 estudantes, das idades de 8 a 15 anos, comparando com as medidas das carteiras por elas utilizadas. Através dos resultados, pôde-se perceber que apenas 23,42% das crianças analisadas estão adaptadas à profundidade do assento e 2,7% possuem medidas adequadas para a altura do assento. Quanto ao quadro álgico, foi encontrada uma prevalência de 36,04% durante as atividades em sala de aula. Portanto, este trabalho vem rearfimar a necessidade de estudos e projetos para o desenvolvimento de mobiliários escolares mais adaptados à ergonomia destes estudantes, levando-se em consideração a grande heterogeneidade entre as crianças e adolescentes, muitas vezes de uma mesma faixa etária. Faz-se necessária uma conscientização da escola quanto a esses problemas e devendo os responsáveis por em prática propostas a fim de resolver tais questões e tornar o ambiente escolar mais favorável ao desenvolvimento de uma boa postura corporal. vii ABSTRACT Analysis of the adequacy of a population of children and adolescents about their anthropometric characteristics in relation to school furniture Key Worlds: Anthropometric measures; school furnitures; spine dysfunctions The relationship between measures of school furniture and antropometric of the subject using such portfolios has been the subject of several studies. This is due to the fact that in the same age group, there are differences in height and anthropometric measurements of these individuals, unlike the size of the furniture, which is quite the same. The public focus in this study were students in basic education, as these remain in the sitting position for several hours of the day and in most of the time, so incorrect. The main objective of the study was to analyze the percentage of children and adolescents who are appropriate, in accordance with its assessment anthropometric, to use the school furniture available in the school. To this end, measures were held for 111 students, from ages of 8 to 15 years, compared with measures of portfolios they used. Through the results, there could see that only 23.42% of the children are considered adapted to the depth of the seat, and 2.7% have appropriate measures to the height of the seat. About the pain, we found a prevalence of 36.04% over the activities in the classroom. Therefore, this work comes confirm the need for studies and projects for the development of securities school more suited to the ergonomics of these students, taking into consideration the great heterogeneity among children and adolescents, often in the same age group, in order to solve such problems and make the school environment more conducive to the development of good body posture. viii LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Carteira não-fixa utilizada no Colégio João XXIII e suas principais medidas FIGURA 2: Carteira fixa utilizada no Colégio João XXIII e suas principais medidas 18 19 ix LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1: Porcentagem de estudantes, de 8 a 15 anos, adaptados à profundidade e altura do assento em relação às suas medidas antropométricas. GRÁFICO 2: Prevalência de dor durante a aula, fora do horário de aula e em ambos os horários em relação à faixa etária de 8 a 15 anos. GRÁFICO 3: Porcentagem de estudantes adaptados à profundidade e altura do assento em relação às suas alturas em metro. 25 25 27 x SUMÁRIO 1 NTRODUÇÃO...................................................................................................................... 11 2 OBJETIVOS.......................................................................................................................... 17 3 METODOLOGIA................................................................................................................... 18 3.1 Caracterização da Amostra............................................................................................. 18 3.2 Análise Estatística ........................................................................................................... 21 4 RESULTADOS ..................................................................................................................... 22 5 DISCUSSÂO......................................................................................................................... 28 6 CONCLUSÃO....................................................................................................................... 36 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 37 8 APÊNDICES......................................................................................................................... 41 8.1 Apêndice 1 ...................................................................................................................... 41 8.2 Apêndice 2 ....................................................................................................................... 43 8.3 Apêndice 3 ....................................................................................................................... 44 11 1. INTRODUÇÃO A idéia de se analisar alterações e disfunções encontradas na coluna vertebral de crianças e adolescentes, surgiu após a participação das autoras em dois projetos de Treinamento Profissional, locados na Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora (MG), relacionados com o tema. No primeiro, acadêmicos do curso de Fisioterapia visitam escolas da rede pública de ensino de Juiz de Fora e aplicam uma avaliação postural rápida para verificação da existência ou não de desvios na coluna vertebral dos alunos. Tais desvios poderiam ser caracterizados como escoliose (desvio lateral do eixo da coluna), hipercifoses (aumento das curvaturas cifóticas) ou hiperlordoses (aumento das curvaturas lordóticas). Os estudantes que apresentassem um ou mais destes desvios eram encaminhadas para o professor orientador do projeto, no ambulatório de Ortopedia do Hospital Universitário da UFJF, para uma avaliação detalhada e tratamento. No segundo projeto, orientado por uma docente do Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da UFJF, as crianças identificadas com disfunções recebiam assistência fisioterapêutica no Ambulatório de Fisioterapia do HU/UFJF. A coluna vertebral e sua relação com as diversas patologias associadas às suas disfunções tem sido alvo de diversos estudos científicos e relatos clínicos (BALAGUÉ et al., 1999; GUNZBURG et al., 1999; HARREBY et al., 1999; MARTELLI e TRAEBERT, 2006; MURPHY et al., 2004; MURPHY et al., 2007; PHÉLIP, 1999; STEELE et al., 2006; TREVELYAN e LEGG, 2006). Desde quando a raça humana adotou a postura bípede, aumentando as cargas e pressões na coluna vertebral, houve um incremento na promoção das possibilidades de lesões, sendo estas disfunções diretamente relacionadas com as posturas e posições adotadas pelo indivíduo. A postura e suas adaptações estão relacionadas à evolução e ao homem, que, desde os primórdios, vem sofrendo as conseqüências da adoção da posição ereta. (SANTOS et al., 2006). Os acometimentos na coluna vertebral não são recentes, afligindo o homem há séculos. Existem relatos dos antigos egípcios (1600 d.C.) que as afecções na coluna foram a maior preocupação do fundador da medicina ocupacional, Bernardino Ramazzini. (BRACCIALLI e VILARTA, 2000). As constantes alterações antropométricas e morfológicas advindas do crescimento e desenvolvimento do homem propiciam várias adaptações no sistema músculo-esquelético no decorrer da vida, com a finalidade de alcançar uma postura adequada à determinada tarefa a ser realizada. (SANTOS et al., 2006). 12 Estudar as dores e disfunções provocadas por lesões na coluna vertebral não é tarefa fácil, visto que os fatores que podem desencadear tais problemas são variados. Dentre eles, destacamos: idade, sexo, postura, antropometria, força muscular, condicionamento físico, mobilidade da coluna, tabagismo, história familiar, hereditariedade, fatores psicossociais e degeneração discal precoce (BALAGUÉ et al., 1999; GUNZBURG et al., 1999; HARREBY et al., 1999; PHÉLIP, 1999; TREVELYAN e LEGG, 2006). Todos estes fatores dificilmente contribuem isoladamente para o surgimento das dores e alterações das curvaturas fisiológicas da coluna vertebral. As avaliações dessas alterações são importantes na mensuração dos desequilíbrios e adequação de uma melhor postura, tornando possível a reestruturação completa das cadeias musculares e seus posicionamentos, no movimento e ou na estática (SANTOS et al., 2006). A postura pode ser definida como uma posição ou atitude do corpo, o arranjo relativo das partes do corpo para uma atividade específica, ou uma maneira característica de alguém sustentar seu corpo (LEHMKUHL e SMITH, 1989). É um conceito geral, definido como uma posição ou atitude do corpo no espaço, não apenas na posição ereta, sendo um conceito dinâmico e não estático. São poucos os momentos em que o corpo se encontra acinético, sendo essa situação útil para simplificar e explicar os mecanismos da postura. (MAEHLER, 2003). A postura pode ser considerada adequada quando é usada com máxima eficiência e mínimo esforço. Se o indivíduo possui uma postura inadequada, o sistema vertebral e tecidos correlacionados estarão desequilibrados. (LOPES apud MAEHLER, 2003). A manutenção de uma postura inadequada propicia adaptações estruturais do tecido muscular estriado esquelético, com conseqüente perda da flexibilidade corporal, acarretando em limitação da mobilidade articular, predisposição às lesões musculares, algias da coluna vertebral e desenvolvimento de processos degenerativos por aplicações de forças irregulares, levando à incapacidade funcional temporária ou permanente. (ROSA et al., 2002) A postura ideal seria aquela na qual o equilíbrio músculo-esquelético proporciona uma melhor funcionalidade muscular e maior acomodação dos órgãos torácicos e abdominais. (ASSUNÇÃO, 2004). Portanto, é a postura que mantém os segmentos corporais no ambiente, e depende de: 1) características biomecânicas, 2) informações intrínsecas e extereoceptivas (musculares, articulares, labirínticas, visuais e auditivas), 3) estruturas nervosas, tanto de integração quanto de comando da musculatura anti-gravitacional e das atividades dessa 13 musculatura (ASSUNÇÃO, 2004). De acordo com SOUCHARD (1996), o homem, tentando se manter na posição de pé, submete os músculos da estática, que têm a função de reduzir a flexibilidade do sistema locomotor humano, a um estado de permanente tensão. Dentre esses músculos, há aqueles que são mais sobrecarregados na postura sentada, como é o caso dos paravertebrais, que necessitam de contração estática excessiva para sustentar o peso do tronco e da cabeça contra a gravidade e para auxiliar a musculatura dos membros superiores a sustentar uma carga (KNOPLICH, 1986). Dentre as posturas mais comumente adotadas pelo ser humano, existem aquelas que oferecem maior estresse às estruturas músculo-esqueléticas. De acordo com BRACCIALLI e VILARTA (2000), a posição sentada é a que oferece maior prejuízo à coluna, propiciando uma maior carga ao disco intervertebral de L3. ZAPATER et al. (2004), afirmam que, ao passar da postura de pé para sentada, há um aumento em cerca de 35% na pressão interna no núcleo do disco intervertebral do indivíduo. Também afirmam que, quando a postura sentada é adotada de maneira inadequada, como falta de apoio do antebraço, falta de apoio lombar e flexão anterior de tronco, há um aumento para mais de 70% da pressão intradiscal. A postura sentada por um período prolongado e adotada de maneira inadequada, como uma posição curvada anteriormente, muitas vezes adotada pelos estudantes, proporciona um extremo estiramento muscular, ligamentar e em particular nos discos (PANAGIOTOPOULOU et al., 2004). Na posição sentada, mensurou-se que 75% do peso corporal é suportado por uma pequena área abaixo da tuberosidade isquiática, no entanto, essa área sozinha não é o suficiente para proporcionar equilíbrio, necessitando do uso dos pés, pernas, coluna vertebral em contato com superfícies e força muscular (PARCELLS et al., 1999). Já segundo KNOPLICH (1986), a distribuição de peso na postura sentada é realizada com 50% sustentado pela tuberosidade isquiática, 34% pela região posterior da coxa e 16% pela planta dos pés. A postura sentada ideal seria aquela na qual as curvaturas da coluna se mantivessem numa angulação fisiológica e os pés apoiados completamente no solo, de forma a diminuir a carga sobre as nádegas e a região posterior das coxas (MAEHLER, 2003). De acordo com ZAPATER et al. (2004), levando-se em consideração que estudantes podem permanecer na postura sentada por no mínimo oito anos e cerca de quatro a cinco horas por dia, na maioria das vezes de forma inadequada, as chances de ocorrerem desordens músculo-esqueléticas nestes indivíduos é aumentada. Ainda de acordo com o autor supracitado, as posturas inadequadas, tanto em casa quanto na escola, poderiam 14 provocar um desequilíbrio muscular, propiciando posições anormais de estruturas anatômicas ainda em fase de desenvolvimento. Após a permanência da postura sentada de forma inadequada por várias horas, alguns ligamentos são estirados, como exemplo na retificação lombar, onde os ligamentos posteriores são distendidos. Ocorre também uma redução na estabilidade vertebral, possibilitando movimentos não usuais que levam a um stress nas articulações envolvidas (HUET e MORAES, 2002). A adoção dessa postura por um período prolongado, além de causar problemas lombares, tende a diminuir o retorno venoso dos membros inferiores, e promove desconfortos em região cervical e membros superiores. (COURY apud ZAPATER, 2004). Segundo PANAGIOTOPOULOU et al.(2004), a postura sentada é influenciada pelo mobiliário escolar, pelas atividades realizadas na sala de aula e medidas antropométricas dos estudantes. Existem diversos problemas ergonômicos na correlação entre postura e ambiente escolar, como: transporte do material escolar, arquitetura inapropriada do imóvel, proporções e disposições desfavoráveis do mobiliário, as quais irão influenciar na manutenção, aquisição ou agravamento de hábitos posturais não desejáveis. É na transição para adolescência que ocorre o “estirão” do crescimento. Nesta fase, o esqueleto está em formação, encontrando-se mais vulnerável às deformações. As estruturas músculos-esqueléticas apresentam menor suportabilidade à carga. Esses indivíduos podem, apesar de uma postura inadequada, não apresentar um quadro álgico devido a uma boa flexibilidade (PARCELLS et al., 1999). Do nascimento até os 20 anos, principalmente entre os 7 e 14 anos, que as deformidades ósseas se desenvolvem, considerado também um bom período para correções posturais. (SACCO et al., 2003). A postura inadequada nesta fase proporciona repercussões na fase adulta como dor e deformidades posturais, que poderiam ser prevenidas ou tratadas antes da maturidade se completar, daí a importância de se procurar alterações posturais em escolares. De acordo com HARREBY et al.(1999), há uma incidência de 11 a 71% de dor lombar em escolares, associado a alguns fatores como idade, diferenças culturais dentre outros. Há uma probabilidade de 88% de chance de ocorrer lombalgia na idade adulta quando esta dor está presente no período do crescimento. As chances também aumentam com a existência de ocorrência familiar de dor na coluna. Dores na coluna, principalmente relacionadas ao trabalho e geradoras de um alto índice de absenteísmo, dificilmente são relacionadas a traumas diretos, mas sim a esforços intensos repetidos nas articulações vertebrais ao longo do tempo. Foi mencionado por BRACCIALLI e VILARTA (2000) que menos de 20% dos 15 estudantes tem medidas convenientes para seu mobiliário, e, no geral, a maioria das cadeiras é alta e profunda e as mesas são altas. Diante do exposto, a ergonomia no ambiente de trabalho vem ganhando maior atenção dos pesquisadores nas últimas décadas. Seu principal interesse é que o equipamento de trabalho seja desenhado de acordo com os princípios da antropometria e biomecânica, podendo auxiliar a diminuir acidentes e síndromes de esforços repetitivos, a fim de promover também maior produtividade. No entanto, o ambiente escolar representa o local de “trabalho” de bilhões de estudantes e não tem atraído atenção apropriada dos ergonomistas (GOUVALI e BOUDOLOS, 2006). Segundo GOUVALI e BOUDOLOS (2006) diversos autores têm tentado estabelecer recomendações teóricas para os princípios que relacionam o desenho do mobiliário escolar às medidas antropométricas dos estudantes e alguns têm tentado também definir as dimensões “apropriadas” para o mobiliário escolar baseado nas medidas antropométricas. (GOUVALI e BOUDOLOS, 2006). Autores propõem que os mobiliários escolares sejam projetados ergonomicamente, já que carteiras ergonômicas propiciam uma diminuição na atividade muscular do tronco médio e inferior, auxiliam a manutenção da lordose lombar fisiológica (BRACCIALLI e VILARTA, 2000) e reduzem o ângulo de flexão cervical. A manutenção de um bom alinhamento postural, juntamente à redução da atividade muscular presentes durante todo o período de aula, poderia reduzir a fadiga muscular, incutindo positivamente no processo de aprendizagem e evitando a instalação de hábitos posturais precários, o que poderia reduzir a incidência de algias na coluna vertebral em futuras gerações (BRACCIALLI e VILARTA, 2000). 16 2. OBJETIVOS O objetivo principal deste estudo foi analisar o percentual de crianças e adolescentes que estão adequadas, de acordo com sua avaliação antropométrica, a utilizar o mobiliário escolar disponibilizado na escola. Como objetivos específicos propõem-se: 1) caracterizar as populações de crianças e adolescentes quanto à sua adequação antropométrica ao mobiliário escolar e, desta forma, poder inferir sobre os possíveis desvios posturais que estas crianças necessitam ou não fazer para se adequar à carteira; 2) Determinar a partir de que idade os estudantes estariam aptos antropometricamente a utilizar tais mobiliários; 3) Fomentar as discussões sobre a necessidade de se prevenir lesões cumulativas na coluna vertebral precocemente; 4) Fomentar as discussões sobre a necessidade de utilização de mobiliários escolares ajustáveis. 3. METODOLOGIA O presente estudo é classificado transversal, quantitativo, não-randomizado e prospectivo. 3.1 Caracterização da Amostra: A amostra foi composta por estudantes (entre 8 e 15 anos) do Colégio de Aplicação 17 João XXIII, da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG. Optou-se por essa faixa etária devido ao fato desta população utilizar praticamente o mesmo mobiliário nesta escola. Oito das vinte turmas analisadas, utilizam um mobiliário composto por uma cadeira com 75 centímetros (cm) de altura, 42,5cm de altura do assento ao chão, 38,5 cm de profundidade do assento e por uma mesa com 75 cm de altura (FIGURA 1). Nas outras doze turmas, são utilizados mobiliários compostos de cadeira e mesa fixas, com as seguintes medidas: cadeiras com 79cm de altura, 43cm de altura do assento ao chão, e 38,1 cm de profundidade do assento e de mesas com 75,5cm de altura. A distância fixa entre a mesa e o encosto da cadeira é de 38cm (FIGURA 2). Crianças com 6 anos, utilizam mesas baixas com 4 cadeiras. A escola já está adaptando o mobiliário das crianças com 7 anos, portanto, elas não estão utilizando o mesmo mobiliário que os outros alunos. s 38,5 cm 75 cm 42,5 cm FIGURA 1: Carteira não-fixa utilizada no Colégio João XXIII e suas principais medidas 18 38 cm 38,1 cm 75,5 cm 43 cm FIGURA 2: Carteira fixa utilizada no Colégio João XXIII e suas principais medidas O colégio possui um total aproximado de 800 alunos que se encaixaria na amostra acima descrita. A amostra desse projeto constou de 120 estudantes, com as crianças escolhidas de forma aleatória, representando as diversas idades, ou seja, foram escolhidas 17 crianças para cada faixa etária (8 a 15 anos), através de 75,5 um sorteio aleatório. Os pais e/ou responsáveis dos estudantes sorteados receberam, em suas residências, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), conforme resolução específica do Conselho Nacional de Saúde, explicando objetivos, características e importância do estudo, devolvendo-os, caso concordassem com a participação de seu filho, em um prazo pré-determinado. Entre a entrega do TCLE e o prazo para a devolução do mesmo devidamente autorizado, os pais foram informados que as pesquisadoras estariam na escola à disposição, em dias e horários pré-determinados (ou de acordo com a necessidade pessoal de algum indivíduo), para esclarecimento de quaisquer dúvidas que, por ventura, eles poderiam ter. Os estudantes que tiveram o consentimento dos pais foram avaliadas durante as atividades de educação física, individualmente. Optou-se pela aula de educação física pela facilidade de retirada do estudante, além do uso de vestimenta apropriada à coleta (biquíni para as meninas e sunga para os meninos). Antes do início da coleta, o estudante foi esclarecido sobre o projeto, podendo optar por assinar ou não o seu TCLE. O projeto de pesquisa foi autorizado pelo Colégio de Aplicação João XXIII e 19 aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG (APÊNDICE 1). Foram critérios de inclusão: 1) estudantes do Colégio de Aplicação João XXII, pertencentes às classes de 2º ao 8º ano do ensino fundamental, 2) estudantes cujos pais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, 3) estudantes que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram critérios de exclusão: estudantes cujos pais se recusaram a assinar o TCLE e estudantes que se recusaram a assinar o TCLE. Caso o critério de exclusão fosse utilizado, imediatamente seria feito um novo sorteio aleatório para ocupar a vaga do estudante excluído. As avaliações foram baseadas em mensurações com fita métrica, seguindo um roteiro pré-determinado (APÊNDICE 2). Neste roteiro, foram avaliadas as seguintes medidas: 1) Comprimento prega poplítea/chão (medida realizada na face posterior da perna), 2) Comprimento trocânter maior/prega poplítea (medida realizada na face lateral da coxa), 3) Comprimento prega do cotovelo/ápice da falange distal do 3º metacarpo (superfície ventral do antebraço) e 4) Comprimento acrômio/ápice da falange distal do 3º metacarpo. Todos os estudantes foram mensurados descalços, na postura ortostática anatômica, de frente para os examinadores. Os pontos anatômicos para referência das mensurações foram destacados com marcadores e as pregas poplíteas e do cotovelo consideradas foram as mais aparentes (visíveis). Alguns dados foram coletados através de um roteiro de entrevista oral (APÊNDICE 3), que teve como objetivo principal investigar a ocorrência ou não de sintomatologia dolorosa e postura utilizada em sala de aula. Tais questões fomentaram as discussões finais do presente estudo. 3.2– Análise Estatística: Os dados coletados nos estudantes foram comparados com os dados mensurados no mobiliário escolar e foi realizada uma análise percentual através de uma média aritmética simples da adequação da amostra estudada ao mobiliário. 20 4. RESULTADOS As carteiras utilizadas no Colégio de Aplicação João XXIII possuem duas variações: não-fixas e fixas (FIGURAS 1 e 2) As medidas da altura poplítea - chão e comprimento trocânter maior – prega poplítea são necessárias para compreender, respectivamente, o impacto da altura e profundidade do assento no indivíduo, tendo sido por isso realizadas. As medidas da carteira não-fixa foram adotadas, visto que as diferenças entre essas e as carteiras fixas eram pequenas (0,5 cm na altura do assento e 0,4 cm na profundidade do assento). Portanto, foram considerados a profundidade do assento de 38,5 cm e a altura do assento de 42,5 cm. Para análise da adequação da distância encosto-mesa, considerou-se o valor das carteiras fixas e somente os estudantes que usavam esse tipo de mobiliário foram analisados neste quesito, visto que os estudantes que utilizam a carteira não-fixa podem adaptar essa distância de acordo com sua necessidade e vontade. Segundo LIDA (2002), a altura do assento deve ser igual à altura poplítea (medida da distância prega poplítea – chão), logo foram consideradas adaptados os estudantes que tinham essa medida igual à 42,5 cm. Ainda de acordo com o autor supracitado, a profundidade do assento deve ser aquela que permita que a borda do assento fique no mínimo 2 cm afastada da prega poplítea, logo os estudantes considerados adaptados nesse 21 quesito foram aqueles que tinham a distância trocânter maior – prega poplítea maior que 40,5 cm. O propósito inicial do estudo foi avaliar uma amostra de 120 estudantes, com 17 indivíduos de cada idade de 8 a 15 anos. Para tal, foram distribuídos cerca de 25 a 30 TCLE's em cada série e, todos aqueles devolvidos às pesquisadoras corretamente assinados, foram incluídos no estudo. No entanto, a adesão não foi a esperada, principalmente nas faixas etárias de 14 e 15 anos, o que pode ter interferido nos resultados. As medidas antropométricas e os resultados do questionário aplicado encontram-se agrupados, de acordo com a faixa etária estudada, nos GRÁFICOS 1 e 2. Dos 17 estudantes com 8 anos de idade, constatou-se que nenhum estava adaptado à profundidade e à altura do assento, (todos tinham a medida “prega poplítea – chão” menor que 42,5 cm). Baseado na análise dos dados, 29,42% apresentavam algum tipo de dor durante o horário das aulas (50% dor torácica, 33,33% dor tóraco-lombar e 16,67% em MMII) e 23,53% fora do horário das aulas (25% dor lombar, 25% dor torácica, 25% dor em MMSS e 25% dor tóraco-lombar), sendo que 11,76% apresentavam dor em ambos os horários. Aos 9 anos, num total de 19 estudantes, constatou-se que nenhum estava adaptado à profundidade e à altura do assento (todos tinham a medida prega poplítea – chão menor que 42,5 cm). Desses, 47,36% apresentavam algum tipo de dor no horário das aulas (50% dor tóraco-lombar, 20% dor torácica, 10% dor cervical, 10% dor em trapézio superior e 10% em outros locais) e 47,36% tinham dor fora do horário escolar (50% dor tóraco-lombar, 30% dor torácica, 10% dor cervical e 10% dor em trapézio superior), sendo que 42,10% apresentavam dor em ambos os horários. Num total de 24 estudantes com 10 anos de idade, constatou-se que nenhum estava adaptado à profundidade do assento e que somente 4,17% estavam adaptados à altura do assento (dos 95,83% não adaptados à altura, 78,26% tinham a perna menor que 42,5 cm e 21,74% tinham a perna maior). Dessa faixa, 41,66% dos estudantes apresentavam dor no período da aula (28,57% dor lombar, 21,43% dor torácica, 21,43% em MMII, 21,43% dor tóraco-lombar e 7,14% em outros locais), e 45,83% fora do horário de aula (31,25% dor lombar, 31,25% dor torácica, 18,75% dor tóraco-lombar, 6,25% em MMII, 6,25% em trapézio superior e 6,25% em outros locais), sendo que 20,83% apresentavam dor em ambos os horários. Aos 11 anos, dos 8 estudantes analisados, constatou-se que somente 12,5% estavam adaptados à profundidade do assento e nenhum à altura do assento (75% tinham a perna menor que 42,5 cm e 25% tinham a perna maior). 37,5% dos estudantes apresentavam dor no período da aula (100% em MMII), e 25% fora do horário de aula (50% 22 dor torácica e 50% em trapézio superior), sendo que 12,5% sentiam dor em ambos os horários. Aos 12 anos, num total de 20 estudantes, constatou-se que 45% estavam adaptados à profundidade do assento e apenas 10% à altura do assento (44,44% tinham a perna menor e 55,56% tinham a perna maior que 42,5 cm). 30% dos estudantes apresentavam dor no período da aula (37,5% dor lombar, 25% dor tóraco-lombar, 12,5% em trapézio superior, 12,5% em MMII e 12,5% em outros locais), assim como 30% fora do horário de aula (50% dor torácica, 33,34% dor tóraco-lombar e 16,66% em MMII), sendo que 10% sentiam dor em ambos os horários. Num total de 12 estudantes com 13 anos de idade, constatou-se que 50% estavam adaptados à profundidade do assento e nenhum à altura do assento (16,66% tinham a perna menor e 83,34% tinham a perna maior que 42,5 cm). 8,33% dos estudantes apresentavam dor no período da aula (100% dor em trapézio superior) e 33,34% fora do horário de aula (25% dor lombar, 25% dor torácica, 25% dor cervical e 25% em MMII), sendo que 8,33% sentiam dor em ambos os horários. Aos 14 anos, dos 5 estudantes analisados, constatou-se que 80% estavam adaptados à profundidade do assento e nenhum à altura do assento (40% tinham a perna menor e 60% tinham a perna maior que 42,5 cm). 40% dos estudantes apresentavam dor no período da aula (50% dor cervical e 50% dor torácica) e 20% fora do horário de aula (100% dor cervical), sendo que 20% sentiam dor em ambos os horários. Aos 15 anos, num total de 6 estudantes, constatou-se que 100% estavam adaptados à profundidade do assento e nenhum à altura do assento (83,34% tinham a perna menor que 42,5 cm e 16,66% tinham a perna maior). 66,6% dos estudantes apresentavam dor no período da aula (33,33% dor torácica, 16,66% dor lombar, 16,66% dor cervical, 16,66% em trapézio superior e 16,66% dor tóraco-lombar) e 50% fora do horário de aula (25% dor lombar, 25% dor torácica, 25% dor cervical e 25% em trapézio superior) sendo que 33,33% sentiam dor em ambos os horários. 23 % Adaptações 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 crianças adaptadas à profundidade do assento crianças adaptadas à altura do assento 8 9 10 11 12 13 14 15 idade GRÁFICO 1: Porcentagem de estudantes, de 8 a 15 anos, adaptados à profundidade e altura do assento em relação às suas medidas antropométricas. Prevalência de dor % 100 90 80 dor no horário de aula 70 60 dor fora do horário de aula 50 40 dor em ambos os horários 30 20 10 0 8 9 10 11 12 13 14 15 idade GRÁFICO 2: Prevalência de dor durante a aula, fora do horário de aula e em ambos os horários em relação à faixa etária de 8 a 15 anos. Segundo LIDA (2002), a distância ideal entre o encosto e a mesa seria aquela que permitisse ao indivíduo apoiar os cotovelos sobre a mesa. Portanto, só se fez necessária a análise das medidas prega do cotovelo - ápice da falange distal do 3º metacarpo (distância encosto-carteira), na amostra que utilizava as carteiras fixas, visto que, aqueles que faziam uso da carteira não-fixa podiam se acomodar da maneira desejada. Dos 69 estudantes que utilizavam as carteiras fixas, nenhum se encontrava adaptada nesse critério. Durante a análise dos resultados, observou-se que, dentro de uma mesma faixa 24 etária, havia diferenças nas medidas antropométricas. Por este motivo, analisou-se os dados também de acordo com as alturas dos estudantes, com intervalos de 5 em 5 cm, partindo do mais baixo que tinha 1,25 cm de altura – TABELA 3. Até e inclusive a altura de 1,50 m (62,16%), nenhum estudante estava adaptado nem à altura nem à profundidade do assento. De 1,51 a 1,55 m (11,71%), observou-se que 23,08% estavam adaptados à altura do assento, sendo que dos 76,92% não adaptados, 80% tinham a perna maior que a altura do assento e 30,77% dos estudantes estavam adaptados à profundidade do assento. De 1,56 a 1,60 m (11,71%), 61,54% estavam adaptados à profundidade enquanto nenhum estava adaptado à altura (61,54 tinham a perna menor e 38,46% tinham a perna maior que a altura da cadeira). Na faixa de 1,61 a 1,65 m (6,31%), todos os estudantes estavam adaptados à profundidade enquanto nenhum estava adaptado à altura (42,86% tinham a perna menor e 57,14% tinham a perna maior que a altura da cadeira). De 1,66 a 1,70m (4,5%), todos estavam adaptados à profundidade enquanto nenhum estava adaptado á altura (20% tinham a perna menor e 80% tinham a perna maior que a altura da cadeira). A amostra não apresentou estudantes com a faixa de altura entre 1,71 e 1,75 m. De 1,76 a 1,80 m (1,8%), 100% estavam adaptados à profundidade e nenhum estava adaptado à altura, possuindo a perna maior que a altura da cadeira. % Crianças adaptadas de acordo com a altura 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 adaptadas à profundidade do assento adaptadas à altura do assento 1,50-1,55 1,55-1,60 1,60-1,65 1,65-1,70 1,75-1,80 altura GRÁFICO 3: Porcentagem de estudantes adaptados à profundidade e altura do assento em relação às suas alturas em metro. 25 5. DISCUSSÃO A relação entre os mobiliários escolares e as medidas antropométricas dos estudantes que os utilizam tem sido alvo de estudos como os de PANAGIOTOPOULOU et al., 2004; GOUVALI e BOUDOULOS, 2006 e PARCELLS et al.,1999. A partir dos dados colhidos neste estudo, observou-se que a maioria dos estudantes não estava adaptado às medidas do mobiliário escolar, levando-se em conta as medidas antropométricas. Apenas 23,42% dos estudantes analisados estavam adaptados à profundidade do assento e 2,7% possuíam medidas adequadas para a altura do assento. A incompatibilidade entre as medidas antropométricas e do mobiliário foi estudada por PARCELLS et at. (1999), que encontraram 18,9% de adequação dos estudantes; GOUVALI e BOUDOLOS (2006), acharam 28,5 de adequação à altura do assento e 38,7% à profundidade; COTTON et al. apud WINGRAT et al. (2005), relataram 1% de adaptação quanto à profundidade e altura do assento. PANAGIOTOPOULOU (2004) mostrou em seu estudo ausência de adaptação das crianças da segunda série, 30% da quarta série e 71,7% da sexta série em relação à profundidade do assento (35cm). Esse último autor também observou quanto à altura do assento (35 cm e 39cm na sexta série), 5% de adaptação dos alunos da segunda série, 53,3% da quarta série e 33% da sexta série. Para tal, os autores 26 consideraram que a altura do assento deveria estar entre 88% e 95% da medida da altura poplítea; já a profundidade do assento deveria estar entre 80% e 95% da medida da distância entre fossa poplítea e extremidade glútea em posição sentada. Esses critérios de medida não foram utilizados neste estudo devido ao fato que, segundo GOUVALI e BOUDOLOS (2006) se contradiziam na literatura e não apresentavam um embasamento teórico confiável para sua utilização. Observou-se neste estudo, que 27,77% da amostra possuíam a altura poplítea maior que a altura do assento, o que pode levar ao aumento do ângulo de flexão da perna, ao aumento do peso na tuberosidade isquiática e à perda de pressão no segmento distal posterior da coxa. O assento muito raso causa sensação de queda, ocorrendo também uma perda de suporte da coxa (PANERO et al. apud PARCELLS, 1999). É esperado também que o sujeito aumente o ângulo de flexão da perna, favorecendo o aumento da pressão na tuberosidade isquiática, com o intuito de aumentar sua estabilidade. Nos 72,23% estudantes em que a altura poplítea foi menor que a altura do assento, poderá haver a possibilidade de ocorrer uma compressão da parte distal posterior da coxa, quando o estudante tentar sentar-se com o tronco apoiado no encosto, causando desconforto e restringindo a circulação. Pode ocorrer também do estudante mover suas nádegas para frente no assento, tentando colocar os pés no chão, resultando numa postura cifótica devido à perda de apoio no encosto. O mesmo pode ocorrer quando a profundidade do assento é maior que a medida da coxa (PARCELLS et al., 1999; PANAGIOTOPOULOU et al., 2004). Quando a profundidade e altura do assento são maiores que a coxa e a perna do estudante, respectivamente, e esse não consegue alcançar os pés no chão, a descarga de peso não será realizada de forma adequada, pois o peso que seria distribuído na tuberosidade isquiática, face posterior de coxa e pés poderá ser dividido somente nas duas primeiras, aumentando conseqüentemente a pressão nessas regiões, dificultando o retorno venoso das áreas mais distais à compressão. Os estudantes que utilizam as carteiras fixas têm maior dificuldade em adaptar o alcance dos membros superiores à mesa, visto que não podem deslocar a cadeira adiante, como acontece nas carteiras não-fixas, compensando de modo a deslocar-se anteriormente ou inclinar-se à frente. Em ambas as hipóteses, a pressão nos discos poderá aumentar e o suporte lombar poderá ser perdido, acarretando uma série de conseqüências, como um quadro álgico, dentre outras citadas no estudo. De acordo com os resultados da amostra, pôde-se observar que os estudantes mais novos (8 e 9 anos) encontravam-se menos adaptados em relação à profundidade da 27 cadeira comparando-se com os estudantes mais velhos (14 e 15 anos). Essa mesma relação não pôde ser observada quanto à altura do assento, visto que apenas alguns estudantes de 10 e 12 anos estavam adaptados à altura do assento. A adequabilidade às carteiras também foi observada por PANAGIOTOPOULOU (2004), que indicou maior inadequação ao mobiliário escolar pelos estudantes mais novos. O assento era muito alto e profundo, fazendo com que esses últimos se adaptassem sentando na beirada da cadeira para realizar suas atividades, como escrever. A perda do suporte lombar leva à adoção de uma postura cifótica, a qual pode desencadear vários tipos de dor, como apontado neste estudo. De acordo com PARCELLS et al., 1999, a probabilidade de o estudante encontrar uma carteira que seja adequada às suas dimensões corporais aumenta de acordo com a altura dessa e, em menor extensão, de acordo com sua idade. Dessa forma, o crescimento do estudante faz com que ele fique mais adaptado ao mobiliário. No presente estudo, observou-se que em relação à altura do estudante, a adaptabilidade à profundidade do assento aumentou à medida que o estudante cresceu. Em relação à altura do assento, não ocorreu o mesmo; viu-se que os únicos estudantes que estavam adaptados a esse último fator se encontravam na faixa de 1,51 a 1,55 metros. No entanto, alguns estudantes mais altos ainda apresentavam a medida prega poplítea/chão menor que a altura do assento. Isso pode ser explicado pelas diferenças anátomomorfológicas que existem entre os indivíduos. TREVELYAN e LEGG (2006) verificaram em seu estudo, que os estudantes preferem utilizar mobiliários mais altos que o tradicional, concluindo que a altura ideal da mesa deve corresponder à metade do valor da altura do estudante, e a altura da cadeira deve equivaler a um terço dessa altura. PANAGIOTOPOULOU et al. (2004) relatam que a percepção subjetiva do desconforto do mobiliário escolar aumenta com o avançar da idade, ou seja, as crianças da 4ª e da 6ª série de seu estudo consideraram que sua carteira é menos confortável que as crianças da 2ª série, o que não era o esperado, já que os estudantes da 2ª série estavam menos adaptados ao mobiliário. O autor justifica afirmando que a falta de experiência em um mobiliário ergonômico e a ausência de capacidade de relacionar o desconforto sentido à postura sentada podem ter levado as crianças da 2ª série a tal achado. No estudo realizado, encontrou-se uma menor adaptabilidade dos estudantes mais novos aos mobiliários escolares, porém não foi inferido qual era a sensação ergonômica que eles tinham em relação ao mobiliário. 28 Os estudantes adotam posturas fletidas ou estáticas por períodos prolongados durante o horário escolar, aumentando a fadiga em toda a musculatura adjacente à coluna (MURPHY et al., 2007). Posturas desconfortáveis podem causar um quadro álgico devido ao período prolongado gasto na escola (GRIMMER e WILLIAMS, 2000) e muitos pesquisadores têm relatado síndromes posturais queixadas pelos estudantes (BALAGUÉ et al., 1999; GUNZBURG et al., 1999; HARREBY et al. , 1999; MARTEILI e TRAEBERT, 2006, MURPHY et al., 2004; MURPHY et al., 2007; PHÉLIP, 1999; STEELE et al., 2006; TREVELYAN e LEGG, 2006). Segundo MURPHY et al (2007), a altura da cadeira escolar está significantemente associada à dor nos três segmentos da coluna (cervical, torácica e lombar), sugerindo que os estudantes apresentam dificuldades com a altura, características e conforto da cadeira. Houve ainda associações significativas entre as dores torácica e lombar no mês anterior à pesquisa e a lombalgia recorrente com o assento muito baixo e rotação da coluna (por mais de 10 minutos durante a aula). PANAGIOTOPOULOU (2004) relatou elevação da incidência de dor na coluna com o aumento da idade, não observando diferença na freqüência de algias entre as regiões cervical, torácica e lombar. Quando na posição sentada, o relato de dor foi de 16,7-23,3 % entre estudantes de 2ª a 6ª séries, e, além disso, as crianças observavam que a dor era pior no final do dia letivo. Esse autor também encontrou 8,3-15% de dor nas pernas dos estudantes analisadas. Em contrapartida, nesse estudo a incidência de dor não se elevou com o aumento da idade. Apesar de aos 15 anos a prevalência ser maior (tanto na aula como fora de aula), essa não cresceu linearmente, como pôde ser percebido aos 13 anos, idade na qual os estudantes apresentavam menor queixa álgica na escola do que aos 9 anos. Ao serem questionadas se apresentavam alguma queixa álgica em horário de aula, 36,04% da amostra responderam afirmativamente, enquanto fora do horário escolar também 36,04% apresentaram dor, sendo que esse mesmo valor não corresponde aos mesmos sujeitos e às mesmas dores. MURPHY et al. (2007) relatam que 27% das crianças apresentaram dor cervical por um dia ou mais no mês anterior à pesquisa, 18% apresentaram dor torácica e 22% dor lombar. Afirmam ainda que 22% das crianças mais novas de seu estudo (11 a 12 anos e 9 meses) e 32% das crianças mais velhas (mais de 12 anos e 9 meses a 14 anos) apresentam constantemente lombalgias, 9% das crianças mais novas apresentaram dor lombar 1 dia ou mais no mês anterior à aplicação do questionário, enquanto 13% das crianças mais velhas apresentaram essa dor. Em um outro estudo com 66 crianças 29 (MURPHY, S. et al, 2004), 29 relataram queixa de lombalgia no mês anterior à pesquisa e 17 na semana anterior; 23 queixaram-se de dorsalgia no mês anterior e 14 na semana anterior; 34 tiveram dor cervical no mês que antecedeu a pesquisa e 16 na semana anterior. HARREBY et al., 1999, relataram uma incidência de 19,4% de dor lombar de moderada a grave. NISSINEN et al., 1994 apud TREVELYAN e LEGG, 2006 encontraram, em um estudo com crianças de 4ª série, 55,6% de lombalgia no último mês, sendo que a postura sentada foi o fator causal mais comum, relatado por 30,2% dos sujeitos. Das dores apresentadas no horário de aula neste estudo, prevaleceu a dor na região tóraco-lombar (26,53% das dores), vindo em seguida a região torácica (22,45%), a região lombar e os membros inferiores (16,33% cada) e, por último, trapézio superior, coluna cervical e outros (6,12% cada). Já fora do horário escolar, predominou a dor torácica (31,91%), vindo em seguida a região tóraco-lombar (23,40%), em terceiro lugar a região lombar (17,02%), em quarto lugar trapézio superior e cervical (8,51% cada), em quinto membros inferiores (6,39%) e por último, membros superiores e outros (2,13% cada). A alta incidência de dor lombar sugere a natureza potencialmente sensível da coluna do adolescente a repetidos riscos ambientais que aumentam a carga no tecido adjacente à coluna (GRIMMER e WILLIAMS, 2000). Entretanto esse estudo a dor apresentou valores maiores na região tóraco-lombar. Em adição ao problema das medidas do mobiliário inadequadas à maioria dos estudantes, está a disposição desse mobiliário dentro da sala de aula. Muitas vezes, o estudante não se senta próximo ao quadro e ao professor, o que impossibilita uma boa visão do que está escrito e dificulta a audição do aluno em relação ao primeiro, propiciando a adoção de posturas inadequadas na tentativa de resolver esse problema. Dentre essas, podem-se citar a postura curvada para frente, cifótica, inclinada para o lado ou recostado para trás. Essas posições, por serem desconfortáveis, podem prejudicar a atenção e rendimento do aluno. (WINGRAT et al., 2005), além de poder levar à degeneração discal, assim como escoliose, hiperlordose e hipercifose (JUNG, 2005) Uma variedade de estudos tem relatado o impacto do posicionamento, tipo e tamanho do mobiliário escolar no rendimento e na realização de diversas tarefas pelo aluno (WINGRAT et al., 2005). PARUSH et al., apud WINGRAT et al. (2005), observou em seu estudo que os alunos melhor adaptados a um mobiliário tinham uma legibilidade e velocidade na escrita maior que aqueles que se sentavam em carteiras menos adequadas ao seu tamanho. Dessa forma, a adaptação ao mobiliário além de contribuir na prevenção de algias, também influencia positivamente na performance escolar dos estudantes. JUNG, 30 2005, também sugere que o uso de cadeiras e mesas adaptáveis é essencial para manter uma boa postura o que promove um melhor aprendizado. Neste estudo quando questionado qual era a postura adotada na maior parte do tempo durante a aula, pôde-se perceber que a postura sentada, sem recostar e inclinada à frente prevaleceu na faixa de 8 a 11 anos, enquanto de 12 a 15 anos, a postura predominante foi sentada, recostada e inclinada para trás. Já STORR-PAULSEN e AAGAARD-HENSEN apud MURPHY et al. (2004), relataram em seu estudo, que em uma aula com duração média de 60 minutos, as crianças passam 57% do tempo sentadas na posição inclinado à frente (escrevendo) e 43% inclinando para trás (olhando o quadro ou escrevendo). ANDERSSON et al, 1974 apud BRACCIALLI e VILARTA, 2000 encontraram que quando o indivíduo está sentado e com a lordose lombar preservada, há uma redução na pressão intradiscal, pois a manutenção dessa curvatura mantém o formato fisiológico do disco em cunha. Já no sentar com a curvatura lombar retificada (sentar relaxado) ocorre um acréscimo da pressão discal, devido ao fato que o espaço anterior entre as vértebras diminui e o posterior aumenta, deslocando o disco para trás (COURY, 1995, apud MAEHLER, 2003), podendo originar futuramente um quadro de hérnia de disco (MAEHLER, 2003). Mostraram ainda, que a inclinação de tronco ao sentar eleva a pressão discal e atividade mioelétrica, visto que a curvatura lombar se retifica e os músculos dorsais se contraem a fim de atuar em oposição à gravidade no tronco. Quanto menor a angulação entre tronco e coxas, maior será a pressão no disco (MAEHLER, 2003). Ao sentar-se com apoio, o contrário é observado: há uma redução da pressão discal e atividade mioelétrica, pois o peso corpóreo é deslocado para o encosto. Esse último também interfere na pressão discal, pois há uma redução desta quando o encosto está na região lombar, movendo a coluna para a posição de lordose e quando ele está na região torácica, move a coluna lombar para posição cifótica, causando aumento da pressão discal. Os autores concluíram que uma cadeira com apoio lombar e inclinação do encosto em 100º é a mais adequada, visto que diminui bastante a atividade mioelétrica dos músculos dorsais e a pressão nos discos intervertebrais (BRACCIALLI e VILARTA, 2000). O sentar correto não depende somente do mobiliário escolar e das medidas antropométricas do estudante; depende também de uma conscientização sobre a maneira correta de sentar e utilizar o mobiliário (WINGRAT et al., 2005). COURY apud ZAPATER et al. (2004), afirma que essa proposta não é fácil de ser alcançada já que os escolares encontram-se numa idade em que são bastante refratários à mudanças de hábitos e comportamentos, apesar de ser uma fase favorável à instalação de hábitos saudáveis. 31 CARDON et al. (2000) afirmam, também, que é na puberdade a melhor época de se instituir uma educação postural, visto que quando adultos é mais difícil acabar com os maus hábitos posturais adquiridos durante toda a vida. A constatação acima enfatiza a idéia de que o ambiente escolar é o local responsável pelo processo ensino-aprendizagem e que é no início da vida estudantil, momento em que a criança ainda está em fase de crescimento, a melhor época para começar a prevenção de desordens músculo-esqueléticas, tornando-a mais eficiente (ZAPATER et al., 2004). Fatores físicos parecem ter um importante papel no desenvolvimento de dores nas crianças e o prolongado período sentado podem aumentar essas dores, que por sua vez, podem ser desencadeadas pelos mobiliários inadequados; tais fatores trazem importantes repercussões na futura força de trabalho, visto que vários adultos jovens já vão adentrar no mercado apresentando dores na coluna vertebral (MURPHY et al., 2007). Segundo PARCELLS et al. (1999), os resultados de sua pesquisa demonstraram uma variabilidade substancial nas dimensões corporais dos estudantes, um resultado esperado para sua faixa etária (10 a 14 anos). Dessa forma, é improvável que qualquer carteira com dimensões fixas possa acomodar a maioria dos estudantes. Diferenças na variabilidade de dimensões corporais dos estudantes tanto de uma mesma região quanto de regiões diferentes (de diferentes estados e países) devem ser consideradas na hora de se desenhar e comprar mobiliários escolares, assim como quando importá-los (PRADO-LEÓN et al., 2001). A despeito da grande variabilidade de medidas antropométricas encontradas e da enorme inadaptabilidade, vários autores têm ressaltado a importância da conscientização dos responsáveis pelas escolas, de que os estudantes deveriam utilizar uma carteira mais adequada à suas dimensões corporais, sugerindo para tal, diversas condutas: a adoção de carteiras ajustáveis (PANAGIOTOPOULOU et al., 2004; ZAPATER et al., 2004) ou diferentes tamanhos de mobiliários dentro de uma mesma sala de aula (PARCELLS et al., 1999; GOUVALLI e BOUDOLOS, 2006). Alguns fatores podem ter interferido nos resultados deste estudo: 1) a heterogeneidade quanto ao número de indivíduos de cada idade, 2) o número reduzido de estudantes principalmente aos 14 e 15 anos, 3) as medidas colhidas com o estudante na postura ortostática, enquanto seria mais fidedigno que fossem colhidas com o estudante sentado numa postura considerada ideal, 4) a falta de mensuração dos ângulos das principais articulações na posição sentada (cotovelo, coxo-femoral e joelho), 5) a subjetividade na análise de dor e postura sentada adotada na maior parte do tempo durante a aula e 6) a não realização de um teste de confiabilidade inter e intra-examinador. 32 6. CONCLUSÃO Através da coleta e análise dos dados, pôde-se inferir que a grande maioria dos estudantes não está corretamente adaptada ao seu mobiliário escolar, levando-se em conta as medidas antropométricas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33 ASSUNÇÃO, A. A. A.. Cadeirologia e o Mito da Postura Correta. 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APÊNDICE 3 Projeto de Pesquisa: Análise da adequação dos mobiliários em escolas às características antropométricas de uma população de crianças e adolescentes. ROTEIRO PARA ENTREVISTA ORAL INICIAIS DA CRIANÇA: _______________ IDADE: _________ TURNO/TURMA: ____________ DATA DA AVALIAÇÃO: ___/___/2007 40 1- Como você utiliza a cadeira e a carteira normalmente durante as aulas? ( ) sentado ( ) recostado ( ) ajoelhado ( )pernas cruzadas em cima da cadeira ( ) sem recostar ( ) inclinado para trás ( ) inclinado para frente ( ) ereto ( ) inclinação lateral ( ) outros: ___________________________________________________________ 2- Você sente algum incômodo no corpo durante as aulas? ( ) sim ( ) não 3- Se sim, onde? ( ) coluna cervical ( ) coluna torácica ( ) coluna tóraco-lombar ( ) coluna lombar ( ) MMSS ( ) MMII ( ) trapézio superior ( ) outros:____________________________ OBS (caso seja uma dor bem localizada): ______________________________ 4- Você sente alguma dor fora dos horários das aulas? ( ) sim ( ) não 5- Se sim, onde? ( ) coluna cervical ( ) coluna torácica ( ) coluna tóraco-lombar ( ) coluna lombar ( ) MMSS ( ) MMII ( ) trapézio superior ( ) outros:____________________ OBS (caso seja uma dor bem localizada): ______________________________ Obs.: _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ ____________ Avaliadora: ______________________ 1ª versão em 02/05/2007.