20 Passagem Avaliação. Usuário do transporte coletivo quer planejamento notícias do dia Florianópolis – SÁBADO E DOMINGO, 13 E 14 DE NOVEMBRO DE 2010 Ônibus lotados, viagens em pé Florianópolis – A estudante Luiza Eduarda Carmesini Simão, 17, sabe bem o que é andar de ônibus e assim como 230 mil pessoas por dia na Grande Florianópolis utiliza o transporte coletivo para se locomover pela cidade. Ela pega o ônibus de casa para o colégio há 12 anos porque sempre morou em Capoeiras e estudou no Centro da Capital. “Mesmo quem mora no Continente continua dependendo da Ilha para estudar e trabalhar”, diz. Ônibus lotados e viagens em pé, embora desconfortáveis, não representam o maior problema. “Deveria ter mais horários. Os pontos estão sempre lotados. O pior ainda é no fim de semana: só tem ônibus de uma em uma hora”, reclama Luiza. Para ela, o transporte coletivo na Capital já foi pior, mas ainda há questões a serem melhoradas. “Há pouca infraestrutura e falta planejamento. Como o transporte ainda é muito ruim, as pessoas preferem comprar um carro”, opina. Andar de bicicleta nunca foi cogitado. O percurso nem é considerado tão longo pelas pessoas que costumam pedalar – são cerca de dez quilômetros entre a casa dela e o local onde estuda – mas a falta de ciclovias e a insegurança provocada pela travessia das pontes e também pela velocidade dos carros fazem Luiza pensar duas vezes antes de embarcar sobre duas rodas. “Não conheço ninguém que faça esse mesmo percurso de bicicleta. Se houvesse mais estrutura, poderia ser um incentivo.” Coqueiros mais longe do que Porto Alegre Moradora de Coqueiros, Katia Farret, em um dos últimos feriados, veio de avião de Porto Alegre numa viagem que durou 50 minutos. Do Aeroporto Internacional Hercílio Luz até em casa, no carro da filha, Katia levou uma hora e meia. Tranqueira para deixar a Ilha na sexta-feira O desenvolvedor de sistemas Daniel da Silva visita quinzenalmente os pais em Urussanga, Sul do Estado, a 200 quilômetros de distância. Em condições normais, a viagem leva três horas, mas numa noite chuvosa de sexta-feira durou mais de quatro por causa dos engarrafamentos na ponte Colombo Salles, Via Expressa e BR-101. “Somente o trajeto entre a Beira-mar Norte e o pedágio de Palhoça, uns 25 quilômetros, levou duas horas. Os outros 175 km foram feitos no mesmo tempo”. Demora. Estudante sai de casa, em Capoeiras, às 6h45. Chega no colégio, na avenida Mauro Ramos às 7h38 Deveria ter mais horários. Os pontos estão sempre lotados. O pior ainda é no fim de semana: só tem ônibus de uma em uma hora. Luiza Eduarda Carmesini Simão, estudante Meses de vida dentro do ônibus A professora Carin Perske, moradora da Vargem Grande, Norte da Ilha, comprou uma bicicleta para fugir dos congestionamentos. A tentativa de trabalhar sobre duas rodas não durou muito tempo. A falta de ciclovia e acostamento tornou a viagem insegura e ela teve de recorrer ao carro novamente. “É um trajeto de oito quilômetros. Se vou de ônibus levo 50 minutos. De carro, faço em dez”, conta. Quando viaja para Itajaí, Carin precisa de uma hora e 20 minutos para ir de casa até a rodoviária da Capital e mais duas horas para chegar àquela cidade. Com automóvel particular, o percurso total poderia ser feito em menos de uma hora e meia. Quando morava nos Ingleses e trabalhava em Ponta das Canas, a viagem de ônibus durava uma hora e dez minutos, enquanto de carro o trajeto era feito em sete minutos. “Se somar, você percebe que perde meses da sua vida dentro de um ônibus. É um tempo de vida desperdiçado”, lamenta. CUSTO AMBIENTAL DA MOBILIDADE Entenda a distribuição do espaço Quarenta pessoas podem ser transportadas em oito carros com cinco lugares cada. No entanto, como a maior parte dos veículos (80% na Capital) circula com apenas um ou dois passageiros, as mesmas quarenta pessoas podem ser transportadas por um único ônibus. Ganha a mobilidade e ganha o meio ambiente. ANDREY FREITAS / EDITORIA DE ARTE / ND