UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
Curso de Fisioterapia
ANDRÉ VENANCIO
LAIANE THIELE RODRIGUES FRANCISCO
TRATAMENTO CLÍNICO E CONSERVADOR NA
INCONTINÊNCIA URINÁRIA:
PERCEPÇÃO DAS PACIENTES FRENTE À ABORDAGEM
TERAPÊUTICA
Bragança Paulista
2012
1
ANDRÉ VENANCIO – 001200800586
LAIANE THIELE RODRIGUES FRANCISCO - 001200900348
TRATAMENTO CLÍNICO E CONSERVADOR NA
INCONTINÊNCIA URINÁRIA:
PERCEPÇÃO DAS PACIENTES FRENTE À ABORDAGEM
TERAPÊUTICA
Monografia apresentada à disciplina Trabalho
de Conclusão de Curso, do Curso de
Fisioterapia da Universidade São Francisco sob
orientação da Profª Nathália Andreatti Aiello
como exigência para conclusão do curso de
Graduação.
Bragança Paulista
2012
2
ANDRÉ VENANCIO
LAIANE THIELE RODRIGUES FRANCISCO
TRATAMENTO CLÍNICO E CONSERVADOR NA
INCONTINÊNCIA URINÁRIA:
PERCEPÇÃO DAS PACIENTES FRENTE À ABORDAGEM
TERAPÊUTICA
Monografia apresentada à disciplina Trabalho
de Conclusão de Curso, do Curso de
Fisioterapia da Universidade São Francisco sob
orientação da Profª Nathália Andreatti Aiello
como exigência para conclusão do curso de
Graduação.
Data da aprovação:
Banca Examinadora:
_______________________________________________
Prof.ª Nathália Andreatti Aiello (Orientadora Temática)
Universidade São Francisco
______________________________________________________
Prof.ª Dra. Rosimeire Simprini Padula (Orientadora Metodológica)
Universidade São Francisco
______________________________________________________
Ft. Marcela Souza Miranda (Examinadora)
Especialista em Fisioterapia Aplicada na Saúde da Mulher pela UNICAMP
3
Dedicamos a todos os professores que nos
acompanharam e auxiliaram nessa jornada,
pela paciência, dedicação e apoio em todos os
momentos, nos ajudando a chegar até aqui.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pois toda a honra, toda glória e toda a vitória
pertencem a Ele, pois tudo foi feito por meio dEle e sem Ele nada do que foi feito se fez. Foi
Ele que me deu condições de estudar e me manteve nos estudos. Foram tantos livramentos
que me deu até aqui, são tantos testemunhos de vitória. Tantas vezes que pensei em desistir,
mas em todas essas vezes pude ver a Sua mão me consolando e me dando forças para
prosseguir, é como diz a palavra de Deus “até aqui nos ajudou o Senhor” (1 Samuel 7:12), Ele
é a razão e o motivo da minha vida. Agradeço também a minha mãe que tanto se esforçou e
lutou por esse momento, sendo muito usada por Deus para cuidar de mim durante todo esse
período. Também agradeço a minha irmã Luiza por muitas vezes ter ficado de babá do João
Miguel para eu poder estudar, ao meu grande amigo Silvio, que é praticamente um irmão que
me aguentou e me auxiliou de todas as formas durante esses 4 anos. A minha amiga “Dona
Luiza”, a senhora mais doce e mais simpática que já conheci, estando ao meu lado me
apoiando e contribuindo para que esse sonho de Deus se cumprisse em minha vida. Também
quero agradecer as pessoas que foram muito importantes para a realização do presente estudo,
Professora Nathália Aiello, a minha grande amiga e profeta Luciana e ao meu parceiro de
TCC André Venancio. E a todos que oraram e intercederam por mim, em especial a pastora
Rita e a todos da célula de jovens. Amo vocês!
Laiane Thiele Rodrigues Francisco
5
AGRADECIMENTOS
Não são apenas palavras que servem para agradecer e demonstrar toda minha alegria,
carinho, por tudo e todos que fazem e fizeram parte de mais uma etapa concluída em minha
vida, e também não serão apenas com esses pequenos mais sinceros dizeres que serão o
suficiente para externar minha gratidão e respeito eterno. Agradeço a DEUS, por permitir que
fizesse parte de uma grande família inexplicavelmente especial e eterna. Família composta do
Ulisses Venancio, meu herói em todos os sentidos meu exemplo de homem na vida, e por ter
me ensinado a amar o melhor time do mundo o todo poderoso SPORT CLUBE
CORINTHIANS PAULISTA, minha linda mãezinha Ilza Venancio pensando e cuidando
sempre dos outros a sua volta primeiramente, uma pessoa amorosa, tranquila, serena,
carinhosa, e a sempre presente em todos os momentos, meus amados irmãos Gabriel
Venancio e Victor Venancio, pois só quem tem irmãos como este sabe o quanto são
importantes e fundamentais em muitos momentos de nossa vida, seja nas brincadeiras ou nos
momentos de dificuldade, pois quando não se tem irmãos, a falta de alguém para falar
algumas besteiras e se divertir é grande, minha amada vozinha Maria do Socorro uma mulher
guerreira e que nunca dependeu de ninguém para ser feliz sendo sempre minha segunda mãe,
e me paparicando muito mais até do que eu acho que mereço, foi uma avó e avô, pela infeliz
distancia de meu falecido avô José Domingos, mas que também faz parte desta linda história,
como também minha falecida avó Maria de Lourdes a negra mias linda do mundo e meu avô
Ulisses Venancio muito especial também. Família esta composta também pela princesa mais
linda e perfeita desse mundo Isabela Silva Souza que entrou há aproximadamente sete anos na
minha vida e mudou completamente a minha história, e se ela me aguentar será minha amada
e eterna namorada, noiva e esposa, além de amiga companheira, incentivadora, e uma mulher
atrás de um garoto sempre me protegendo e querendo o melhor, além de ter tido muita
paciência e compreensão em muitos momentos, além de ser a CORINTIANA mais linda do
mundo, que é filha de pais maravilhosos e que já são meus 3º pai e mãe meu sogro Antônio
Augusto e minha sogra Erika Rosa, também inexplicavelmente importante e fundamental
nessa minha trajetória e tem grande importância para minha formação, nunca se negando a
ajudar e estando sempre disponíveis para qualquer coisa e que também sempre me ensinaram
muitas coisas boas, e também ao meu cunhado e infelizmente, triste palmeirense Cyro
Augusto afinal ninguém e perfeito. Gratidão eterna também a todos meus familiares que não
citei, mas são fundamentais. Família também composta pelos meus brothers não sanguíneos
6
Lucas Moreira, Fabio Alberto. Icaro Garcia, Caio César e Rafael Pedroso e todos os todos os
amigos que fiz ao longo desses anos de formação. Também agradecer a todos os mestres com
quem tive o prazer de aprender nessa minha formação, ensinando como ser um bom
profissional e também um homem na vida além de ter muita paciência e compreensão, espero
que sejam sempre bem retribuídos formando excelentes fisioterapeutas. Agradeço também
minha parceira de trabalho Laiane.
A todos vocês minha eterna gratidão e respeito, e uma parte da minha retribuição será tentar
me espelhar em cada atitude boa que aprendi com vocês para tentar ser cada vez mais feliz e
com muita paz, além de querer sempre aprender para ser um grande fisioterapeuta. Hoje tenho
a certeza que tenho pessoas maravilhosas e inesquecíveis a minha volta sempre querendo o
meu bem. A todos vocês que eu considero minha GRANDE FAMÍLIA, meu muito obrigado
por tudo. E vocês fazem parte dessa grande conquista.
“... histórias, nossas histórias, dias de luta, dias de glória..”
André Felipe Venancio
7
“Não te mandei Eu?
Esforça te, e tem bom ânimo,
não pasmes e nem te espantes
porque o Senhor teu Deus é contigo
por onde quer que andares” (Josue 1:9).
8
RESUMO
Introdução: A Incontinência Urinária (IU) é um problema multifatorial que afeta
principalmente mulheres, em diferentes faixas etárias, causando transtornos e
constrangimentos. A falta de conhecimento sobre essa condição e sobre as abordagens
terapêuticas aumentam a dificuldade em procurar por um tratamento adequado. Objetivo: Foi
avaliar a percepção de mulheres com incontinência urinária frente à abordagem terapêutica da
doença e reconhecer as principais causas da não procura por tratamento nas mulheres com
incontinência urinária. Metodologia: Estudo de corte transversal, que abordou 131 pacientes e
acompanhantes do sexo feminino, situadas na ante-sala do ambulatório de Ginecologia do
HUSF utilizando o Questionário de avaliação de incontinência urinária e percepção da
abordagem terapêutica, elaborado pelos pesquisadores especialmente para o presente estudo e
o International Consultation on Incontinence Questionaire-Short Form (ICIQ-SF). Resultados:
Na população estudada, 41 apresentaram queixa de perda urinária involuntária sendo essas
selecionadas para participar do presente estudo. A IU Mista foi a mais prevalente 56% (n=23)
seguida pela IU de esforço com 34% (n=14) e a IU de urgência com 10% (n=4). Ao todo, 18
mulheres procuraram algum tipo de assistência para o problema, sendo este unicamente o
serviço médico, porém apenas 10 realizaram algum tipo de intervenção, sendo que, 3
realizaram intervenção cirúrgica e 7 o atendimento fisioterapêutico. Entre as que fizeram
fisioterapia uroginecologica, 6 realizaram apenas exercícios para fortalecimento do MAP e
uma delas realizou também a eletroestimulação vaginal. Entre as participantes que não
realizaram tratamento para a IU (n=34) os motivos citados que se destacam são o fato de
considerarem normal a perda de urina involuntária 41,46% (n=17), não considerarem que se
trate de um problema importante 17,07% (n=7), ou por vergonha 12,19% (n=5). Apenas 34%
(n=14) das mulheres conhecem a atuação da fisioterapia na IU. Conclusão: A maior parte das
mulheres incontinentes não conhecem a atuação fisioterapêutica na IU e entre aquelas que
conhecem, nem todas realizam o tratamento fisioterapêutico. A divulgação da atuação da
fisioterapia como forma de tratamento conservador na IU deve ser aprimorada, considerando
a ocorrência da queixa e a evidente falta de conhecimento sobre o assunto entre a população
em geral.
Palavras-chave: Incontinência Urinária, Fisioterapia, Abordagem terapêutica.
9
ABSTRACT
Urinary incontinence (UI) is a multifactorial problem that primarily affects women in
different age groups, causing inconvenience and embarrassment. The lack of knowledge about
the condition and about the therapeutic approaches increase the difficulty in searching for
appropriate treatment. The aim of this study was to evaluate the perception of women with
urinary incontinence front therapeutic approach to disease and recognize the main causes for
not seeking treatment in women with urinary incontinence. Cross-sectional study, 131
patients who approached and female escorts, located in the lobby of the outpatient gynecology
HUSF using the Questionnaire evaluation of urinary incontinence and perception of the
therapeutic approach, especially prepared by the researchers for this study and the
International Consultation on Incontinence Questionnaire-Short Form (ICIQ-SF). In the
population studied, 41 complained of involuntary urine loss with those selected for the present
study. Mixed urinary incontinence is more prevalent in 56% (n = 23) followed by urinary
incontinence in 34% (n = 14) IU of urgency and with 10% (n = 4). Altogether, 18 women
sought some assistance for the problem, which is the only medical service, but only 10 had
some kind of intervention, and, 3 and 7 underwent surgery to physical therapy. Among those
who received physiotherapy urogynecologic, 6 underwent only exercises for strengthening
and a MAP of them had the vaginal electrostimulation. Among participants who did not
undergo treatment for UI (n = 34) cited reasons that stand out are the fact they consider
normal involuntary urine loss 41.46% (n = 17), do not consider that such a problem important
17.07% (n = 7) or embarrassment 12.19% (n = 5). Only 34% (n = 14) of women know the
role of physiotherapy in the UI. We conclude that most of the women incontinent not know
physiotherapeutic at IU and among those who know, not all perform physical therapy. The
disclosure of physiotherapy as conservative treatment methods on the UI should be improved,
considering the occurrence of abuse and apparent lack of knowledge on the subject among the
general population.
Keywords: Urinary Incontinence, Physical Therapy, Therapeutic approach.
10
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Classificação dos tipos de IU................................................................23
GRÁFICO 2 - Resposta sobre a procura ou não de algum tipo de assistência de
saúde...............................................................................................................................24
GRÁFICO 3 - Conhecimento sobre a a atuação da fisioterapia no tratamento da IU
........................................................................................................................................25
11
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Perfil das mulheres abordadas...........................................................24
TABELA
2
-
Situação
da
perda
urinaria
relatada
no
ICIQ-
SF..............................................................................................................................25
TABELA 3 - Modalidades terapêuticas efetuadas pelas mulheres abordadas........27
TABELA 4 - Motivo para a não procura por algum tratamento..............................27
12
LISTA DE ANEXOS
ANEXO l - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido....................................38
ANEXO II - Questionário de Avaliação de Incontinência Urinária e Percepção da
Abordagem Terapêutica...........................................................................................39
ANEXO III – International Consultation on Incontinence Questionaire-Short Form
(ICIQ-SF)................................................................................................................41
ANEXO IV - PARECER_CONSUBSTANCIADO_CEP_4138.........................42
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 14
1.1 Classificação ................................................................................................................... 15
1.2 Fatores de Risco ............................................................................................................. 15
1.3 Fisiopatologia ................................................................................................................. 16
1.4 Tratamento ...................................................................................................................... 17
1.4.1 Incontinência urinária de esforço (IUE) .................................................................. 17
1.4.2 Incontinência urinária de urgência (IUU) ................................................................ 19
1.4.3 Incontinência urinária mista (IUM) ......................................................................... 19
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 20
2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 20
2.2 Objetivo Específico ........................................................................................................ 20
3 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................. 21
3.1 Desenho do Estudo ......................................................................................................... 21
3.2 Participantes do Estudo .................................................................................................. 21
3.3 Instrumentos ................................................................................................................... 21
3.4 Procedimento .................................................................................................................. 22
3.4 Análises dos dados .......................................................... Erro! Indicador não definido.
5 RESULTADOS ..................................................................................................................... 23
6. DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 27
7. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 33
14
1 INTRODUÇÃO
A Incontinência Urinária (IU) é um problema multifatorial que afeta principalmente
mulheres, em diferentes faixas etárias, causando transtornos e constrangimentos. Segundo
Marques e Ferreira (2011), a Sociedade Internacional de Continência (SIC) define a IU como
sendo uma condição na qual ocorre perda involuntária de urina, objetivamente demonstrável e
que ocasiona um problema psicossocial ou higiênico.
Segundo Ramos (2006), mais de 40% das mulheres do mundo todo já apresentaram pelo
menos um episódio de IU em suas vidas, porém, é provável que este número seja maior, uma vez
que muitas das mulheres com esse distúrbio acreditam que este seja um sintoma normal ocasionado
pelo envelhecimento, não informando sua ocorrência aos profissionais de saúde.
O Também aumento da perspectiva de vida da população em geral gera um aumento
gradativamente do número de idosos, consequentemente, o número de casos de IU pode
aumentar (LOPES e HIGA, 2006).
Estudos têm demonstrado que a IU interfere bastante na qualidade de vida das
mulheres. Os episódios de IU causam constrangimento social, disfunção sexual e baixo
desempenho profissional (HIGA, LOPES e REIS et al., 2008). Além disso, a IU pode
acarretar problemas econômicos devido a gastos com absorventes, medicamentos e até com
cirurgias (LOPES e HIGA, 2006). A IU também pode levar a internações prolongadas,
institucionalização de idosos, infecções urinárias, complicações pelo uso prolongado de
cateteres uretrais e a dermatite de contato (SEBBEN e FILHO, 2008).
As mulheres incontinentes acabam se isolando por vergonha e medo de que as pessoas
notem seu problema. Quando a perda urinaria acontece em público ou em eventos, sociais é
difícil conter e controlar o odor e a visibilidade da urina, já que pode transpor as barreiras de
proteção (HIGA et al.,2010).
Os sentimentos vivenciados por essas mulheres, a falta de conhecimento sobre essa
condição e sobre as abordagens terapêuticas aumentam a dificuldade em procurar por um
tratamento adequado.
15
1.1 Classificação da IU
São vários os tipos de IU apresentados, sendo os mais comuns a incontinência urinária
por esforço, incontinência de urgência e incontinência urinária mista (MARQUES e
FERREIRA, 2011).
 Incontinência urinária de esforço (IUE)
Trata-se da perda urinária involuntária quando a pressão vesical, no momento de
esforço, excede a pressão máxima de fechamento uretral, na ausência de contração do
músculo detrusor. Um exemplo típico seria a perda de urina durante um espirro ou tosse
(ZANATTA, 2003).
 Incontinência urinária de urgência (IUU)
É definida pela queixa de perda urinária diante de uma vontade súbita e intensa de
urinar, caracterizada por uma contração involuntária do detrusor na fase de
enchimento que pode ser espontânea ou provocada. (MARQUES, AMARAL e
SILVA, 2011).
 Incontinência Urinária Mista (IUM)
É a incontinência caracterizada pela presença dos sintomas de IUE e de IUU, onde a
paciente desenvolve mudanças anatômicas vesicais e contrações não-inibidas do detrusor
(RAMOS, DONADEL e PASSOS, 2006).
Além das classificações citadas acima, é possível o relato de perda urinária por disfução
vesical secundária a um comprometimento do sistema nervoso podendo ser congênito ou
adquirido, o que é chamado de bexiga neurogênica (FURLAN et al., 2003).
1.2 Fatores de pisco para a IU
Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (2006), os fatores de risco para IU na
mulher podem ser classificados em:
 Fatores predisponentes: sexo, genéticos, raça, cultura, neurológicos, anatômicos e
status de colágeno.
 Fatores desencadeantes: paridade, cirurgias, lesões de nervo pélvico ou lesão muscular
e radiação.
16
 Fatores promotores: disfunção intestinal, irritantes dietéticos, tipo de atividade,
obesidade, menopausa, infecção, medicamentos, estado de doença pulmonar e estado
de doença psiquiátrica.
 Fatores transitórios e reversíveis: idade, delírio, infecção do trato genitourinário,
vaginite atrófica, ação medicamentosa, distúrbios psicológicos, poliúria, capacidade de
movimentação limitada e constipação intestinal.
1.3 Fisiopatologia da IU
Para entender a fisiopatologia da IU é necessário conhecer a fisiologia da micção e os
órgãos e estruturas envolvidas. O enchimento e o esvaziamento vesical acontecem de forma
coordenada e adequada, sendo que o enchimento é realizado pelos estímulos do sistema nervoso
autônomo (SNA) simpático e o esvaziamento pelos estímulos do SNA parassimpático (OLIVEIRA,
RODRIGUES, PAULA, 2007).
Assim que os receptores sensoriais da bexiga percebem a dilatação máxima da parede
do órgão, enviam estímulos ao córtex cerebral pelo SNC, que responde com estímulos
motores para a musculatura da bexiga (músculo detrusor) se contrair, aumentando a pressão
intravesical e estimulando a musculatura lisa (relaxamento involuntária) do esfincter uretral
interno momentaneamente. Desta forma o esfincter uretral interno se abre para a passagem de
urina, o que pode ser inibido pela contração do músculo esfíncter uretral externo (contração
voluntária) que é controlado pela indivíduo através do sistema nervoso somático (RAMOS,
DONADEL e PASSOS, 2006).
A IUE acontece pela disfunção do mecanismo de fechamento uretral podendo ser de
origem intrínseca, quando há atrofia do corpo esponjoso uretral ou quando há alteração
funcional do esfíncter uretral; ou de origem extrínseca quando há um enfraquecimento dos
músculos do assoalho pélvico, ou ruptura das fibras musculares e tecido conectivo do
assoalho pélvico e/ou danos da facia endopelvica (por exemplo: durante parto traumático)
gerando perda de urina durante esforços espirros ou tosse (BERGHMANS et al., 2003).
A IUU é decorrente de uma contração da musculatura detrusora durante o período de
enchimento espontâneo da bexiga ou em resposta a estímulos, sendo visivelmente
demonstrável em tentativas de inibição por parte da paciente, ocasionando sintomas irritativos
como a noctúria, disuria, emergência, enurese, gotejamento, sensação de bexiga cheia mesmo
após urinar, entre outros (ZANATTA, 2003).
17
E a IUM acontece devido a ocorrência dos sintomas tanto de IUE quanto de IUU,
sendo que a paciente desenvolve mudanças anatômicas vesicais e contrações não-inibidas do
músculo detrusor. (RAMOS, DONADEL e PASSOS, 2006 apud BEZERRA, 2001).
1.4 Tratamento da IU
As mulheres com IU, muitas vezes não procuram tratamento, pois não gostam de falar
sobre o seu problema e, quando questionadas, muitas vezes procuram omitir por se sentirem
constrangidas (HIGA et al, 2008) . Outros motivos considerados para a não procura pelo
tratamento consistem o fato de se considerar normal perda de urina, falta de tempo ou não
considerar importante o problema (SILVA et al., 2007).
Existem varios métodos de
tratamento para o problema, porém a fisioterapia tem sido recomendadada como uma forma
de abordagem inicial por ser eficaz e de baixo custo (BERGHMANS et al., 2003).
1.4.1 Incontinência urinária de esforço (IUE)
Estudos tem demonstrado que mulheres com IUE tratadas com fisioterapia podem
melhorar em diversos aspectos a sua qualidade de vida (RETT et al., 2007). Outros estudos
mostram que a fisioterapia é uma alternativa eficaz de tratamento para pacientes com IUE
leve ou moderada, sendo que a maioria das pacientes pode atingir melhoras de 50 a 90% em
seus sintomas com o tratamento conservador (ZANATA, 2003). O tratamento da IUE pode
ser cirúrgico, medicamentoso ou conservador. Entretanto, o tratamento cirúrgico por
envolver procedimentos invasivos, podem levar a complicações, além de ter um custo
elevado e apresentar contra indicações em alguns cosos (RETT et al., 2007). As terapias
farmacológicas nem sempre são toleradas por muitas pacientes pois estão frequentemente
associadas com efeitos colaterais (JANUÁRIO, 2007).
A abordagem fisioterapêutica da IUE, tem como objetivo
recuperar o controle
urinário, permitindo o fortalecimento do componente peri-uretral do esfíncter uretral externo,
aumenta o tônus e melhorando a transmissão das pressões na uretra, para assim, reforçar o
mecanismo de continência (RODRIGUES et al., 2005). As principais técnicas da fisioterapia
para IUE estão relacionadas a mudanças de comportamento (terapia comportamental), ,
18
cones vaginais, eletroestimulação e biofeedback e exercícios da musculatura pélvica
(ZANATA, 2003).
A terapia comportamental restabelece um ritmo miccional mais freqüente,
inicialmente de hora em hora seguido de um aumento progressivo desse intervalo
(OLIVEIRA; RODRIGUES; PAULA, 2007). Sendo assim, a paciente é treinada a urinar
antes de alcançar um volume de urina que possa ocasionar perdas involuntárias (ZANATA,
2003).
Os cones vaginais são pequenas cápsulas em formato anatômico compostas de
chumbo e recobertas por uma camada plástica, com um cordão de nylon no ápice de cada
cone e são utilizados com a finalidade de aumentar a força e a resistência da musculatura
perineal através de uma sequência de exercícios coordenados como, por exemplo, subir e
descer escadas (RAMOS; DONADEL e PASSOS, 2006).
A eletroestimulação tem a finalidade de contrair os musculos do assoalho pélvico
(MAP), promovendo um treino de força e resistência muscular, aumentando assim a pressão
uretral pela compressão da uretra (JANUÁRIO, 2007).
O biofeedback é um aparelho que pode informa à paciente por meio de sinais visuais
ou sonoros, qual músculo ou grupos musculares estão sendo utilizados em cada exercício de
contração do MAP, assim permite a conscientização de um músculo pouco utilizado como o
elevador do ânus (ZANATA, 2003).
Segundo Berghmans et al (2003), Os exercícios da musculatura pélvica são
caracterizados por contrações controladas e sistematizadas dos músculos do assoalho pélvico
que aumentam a capacidade de contração reflexa e voluntária dos grupos musculares,
melhorando a função esfincteriana (RAMOS DONADEL e PASSOS, 2006). As taxas de
cura e satisfação atingidas após esses exercícios por avaliação sugestiva das pacientes entre
outras medidas confiáveis podem alcançar níveis de 60% a 70%.
A evidência de que a fisioterapia é efetiva para o tratamento de mulheres com IUE é
comprovada por vinte e dois ensaios clínicos randomizados que utilizaram exercícios de
fortalecimento da musculatura pelvica, cones vaginais, eletroestimulação e biofeedback
(BERGHMANS et al., 2003).
19
1.4.2 Incontinência urinária de urgência (IUU)
As duas principais abordagens para o tratamento da IUU são o tratamento
medicamentoso e a fisioterapia (FISCHER-SGROTT, MANFFRA e BUSATO JUNIOR.,
2009).
O tratamento com ingesta de medicamentos torna-se também um tratamento eficaz
porém com alguns efeitos colaterais como xerostomia, constipação intestinal, dificuldade de
deglutir, visão turva, entre outros, o que pode levar as pacientes a desisitirem do tratamento
(ARRUDA et al., 2007).
A abordagem terapeutica não farmacologica pode inclue além de todos os métodos já
citatados para o tratamento da IUE e a aplicação de eletroesimulação do nervo tibial posterior.
Que trata-se de uma estimulação elétrica no trajeto do nervo tibial posterior que inibe a
atividade vesical. Em seus estudos, Marques (2011), relatou que 87% das pacientes
submetidas a esse tratamento em seu serviço obtiveram melhora da sintomatologia da Bexiga
Hiperativa.
1.4.3 Incontinência urinária mista (IUM)
O tratamento consiste na associação das condutas utilizadas na IUE e IUU descritos
anteriormente, considerando inicialmente a principal queixa da paciente para a intervenção
terapêutico.
20
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Avaliar a percepção de mulheres com incontinência urinária frente à abordagem
terapêutica da doença.
2.2 Objetivo Específico
 Caracterizar e classificar a incontinência urinária na população estudada.
 Realizar um levantamento sobre a assistência terapêutica de mulheres com incontinência
urinária considerando o tratamento clínico e o conservador.
 Avaliar o conhecimento entre a população estudada acerca da atuação fisioterapêutica na
incontinência urinária.
 Reconhecer as principais causas da não procura por tratamento nas mulheres com
incontinência urinária.
21
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Desenho do Estudo
Estudo descritivo de corte transversal, aprovado pelo CEP da USF em junho de 2012 (sob no
de protocolo CAAE 01377412000005514) em Bragança Paulista, SP.
3.2 Participantes do Estudo
Mulheres, maiores de 18 anos, abordadas na antessala do ambulatório de Ginecologia
do Hospital Universitário São Francisco (HUSF).

Critérios de Inclusão: O presente estudo selecionou mulheres voluntárias:
1) Do gênero feminino;
2) Maiores de 18 anos;
3) Com queixa de perda involuntária de urina

Critérios de Exclusão:
1) Mulheres com incontinência urinária do tipo neurogênica,
2) Gestantes
3.3 Instrumentos
 Questionário de avaliação de incontinência urinária e percepção da abordagem
terapêutica, elaborado pelos pesquisadores especialmente para o presente estudo. Este
questionário primeiramente busca determinar o perfil das participantes incluindo
idade, Índice de Massa Corpórea (IMC) sendo questionado o peso e a altura (e
posteriormente realizado o calculo do IMC), estado civil, sintomas urinários (para
classificação da IU). Em seguida questões que interrogassem quanto ao tempo que
apresentavam IU (1), procura por algum tipo de assistência para o problema (2), em
caso afirmativo, qual havia sido o profissional procurado, realização de algum tipo de
tratamente (3) e qual havia sido esse tratamento, conhecimento da atuação da
22
fisioterapia na IU (4), se houve encaminhamento para o atendimento fisioterapêutico
uroginecologico (5), e se o tratamento havia sido realizado e qual o recurso utilizado.
A última questão indagava sobre o motivo pelo qual não haviam realizado nenhum
tipo de tratamento (6).
 International Consultation on Incontinence Questionaire-Short Form (ICIQSF) que
inclui questões a cerca da frequência das perdas urinarias, quantidade de urina perdida
e o quanto que essa perda interfere em sua vida diária. Para cada resposta é atribuído
um escore parcial, que ao final deve ser somado, sendo que quanto maior é o resultado
da somatória pior é o quadro de incontinência da participante. Outras questões
abordadas no ICIQ foram a data de nascimento, sexo, e situações onde ocorre as
perdas de urina.
3.4 Procedimento
Este estudo abordou pacientes e acompanhantes que se encontravam no ambulatório
de ginecologia do Hospital Universitário São Francisco, em Bragança Paulista, sendo
primeiramente esclarecidas sobre a pesquisa através do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. Com a concordância e aceite para participar do estudo, as voluntárias foram
convidadas a responder o Questionário de avaliação de incontinência urinária e percepção da
abordagem terapêutica, elaborado especialmente para este estudo o e posteriormente o ICIQSF.
3.5 Análises dos dados
Os dados registrados nos roteiros de avaliação foram revisados manualmente pelos
pesquisadores. Sendo transcritos e armazenados nos moldes de arquivos para bancos de
dados do programa Excel onde foi realizada a análise.
23
4 RESULTADOS
Foram abordadas 131 mulheres, destas, 31,29% (n=41) apresentaram queixa de perda
urinaria involuntária, sendo selecionadas para participar do presente estudo. A média de idade
foi de 52,5 ± 12,62 anos, o IMC de 26,83 ± 4,95 caracterizando sobre peso, e o tempo médio
do inicio dos sintomas da IU de 68,08 ± 79,68 meses, apresentados na tabela 1.
Tabela 1: Perfil das mulheres abordadas
MÉDIA
52,58
26,83
IDADE
IMC
DP±
12,62
4,95
O gráfico 1 mostra a classificação dos tipos de incontinência urinária das mulheres
abordadas do estudo.
Gráfico 1: Classificação dos tipos de IU
O tipo de IU predominante foi a IUM 56% (n=23), seguida da IUE 34% (n=14) e IUU
10% (n=quatro).
Em relação aos sintomas identificados no ICQI-SF, levando em consideração que cada
participante pode escolher mais de uma opção, foi possível identificar que 48,78% (n=20),
relatam perde urina durante a tosse ou espirro, 29,26% (n=12) apresentam perda de urina logo
após a micção, 29,26% (n=12) durante o ato de se vestir, 19,51% (n=8) observam a perda
urinária durante a atividade física, 5,75% (n=4) durante o sono, 9,75% (n=4) perdem urina
sem razão obvia e 7,31% (n=3) referem perda em todo o momento. O escore do ICQI-SF
24
apresentou média de 10 ± 5,29 pontos. Todos os resultados citados das respostas apresentadas
do questionário ICIQ-SF estão representados na tabela 2.
Tabela 2: Situação da perda urinaria relatada no ICIQ-SF
Quando você perde urina?
NUNCA
PERCO QUANDO TUSSO OU ESPIRRO
PERCO QUANDO ESTOU DORMINDO
PERCO QUANDO ESTOU REALIZANDO ATIVIDADES FISICAS
PERCO QUANDOTERMINEI DE URINAR E ESTOU ME VESTINDO
PERCO SEM RAZÃO OBVIA
PERCO O TEMPO TODO
SCORE ICIQ -SF
N
%
0
20
4
8
12
4
3
0
48,78
5,75
19,51
29,26
9,75
7,31
Média
10
DP
5,29
Representado no gráfico 2, os resultados mostram que entre as mulheres incontinentes
abordadas, 44% (n=18) procuraram algum tipo de assistência para o problema. Das mulheres
incontinentes que procuraram assistência para a IU, todas procuraram o médico.
Gráfico 2: Resposta sobre a procura ou não de algum tipo de assistência de saúde
25
O estudo também revelou que apenas 34% (n=14) delas conhecem a atuação da
fisioterapia na IU e 66% (n=27) não conhecem, representados no gráfico 3.
Gráfico 3: Conhecimento sobre a atuação da fisioterapia no tratamento de IU.
Entre as 18 mulheres que procuraram assistência para o problema, 10 realizaram
algum tipo de intervenção, sendo o tratamento cirúrgico 30% (n=3) e o tratamento
fisioterapêutico 70% (n=7).
Todas as mulheres incontinentes abordadas nesse estudo que realizou intervenção
fisioterapêutica foram encaminhadas pelo médico.
Descrito na tabela 3, dentre as mulheres que realizaram fisioterapia uroginecologica, 6
realizaram apenas exercícios para fortalecimento do MAP e uma delas realizou também
eletroestimulação vaginal.
Tabela 3: Modalidades terapêuticas empregadas pelas mulheres com IU
Condutas
Exercícios
Eletroestimulação
Biofeedback
Cone Vaginal
Terapia Comportamental
N
7
1
0
0
0
%
100
10
0
0
0
Ao todo, 34 mulheres incontinentes participantes do nosso estudo não realizaram
tratamento fisioterapêutico por diversos motivos, entre eles destacam-se o fato de considerar
normal a perda de urina involuntária 41,46% (n=17), ou considerar que esse acontecimento
não é importante 17,07% (n=7). Outros motivos citados foram vergonha 12,19% (n=5), o fato
26
de não ter tempo 4,87% (n=2), o medo do tratamento 2,43% (n=1) e o fato de não conhecer
nenhuma forma de tratamento para o problema 2,43% (n=1) e uma das participantes não
soube relatar 2,43% (n=1), motivos apresentados na tabela 4.
Tabela 4: Motivo para a não procura por tratamento fisioterapêutico
Motivos
ACHA NORMAL
NÃO ACHA IMPORTANTE
VERGONHA
FALTA DE TEMPO
NÃO CONHECE NENHUMA FORMA DE
TRATAMENTO
MEDO
NÃO SABEM RELATAR
N
17
7
5
2
%
41,46
17,07
12,19
4,87
1
1
1
2,43
2,43
2,43
27
5 DISCUSSÃO
Ao analisarmos os resultados encontrados no presente estudo, verificou-se que a
prevalência das voluntárias que apresentaram sintomas de perda urinaria involuntária foi de
31,29% (n=41). Nos estudos de Magaña et al. (2007) e Palazzo et al. (2003) apresentando
uma prevelência de 46,5% e 49% respectivamente de Palazzo et al. (2003) uma de 49%.
Apesar dos estudos serem semelhantes metodologicamente, houve diferença entre os locais
onde a pesquisa foi desenvolvida. O estudo de Magaña et al. (2007), abrangeu voluntarias de
16 municípios da capital mexicana com uma amostra de 483 mulheres, e no de Palazzo et al.
(2003) foram abordadas 800 mulheres em todo território de Buenos Aires. O presente estudo
foi realizado em um lugar especifico, com um número reduzido de participantes. No estudo de
Harwardt et al. (2004) apresentou-se uma prevalência de 77,1% mulheres incontinentes,
mesmo se tratando de um estudo com critérios metodológicos diferente, e ter sido realizado
em um hospital, como nosso estudo, foi um evento promovido pela força aérea nacional,
gerando uma mobilização maior da população.
Quanto ao perfil das mulheres de nosso estudo, foi possível observar que a média de
idade entre elas foi de 52,5, anos o que pode estar relacionado com o período do climatério e
com a menopausa (HIGA e LOPES, 2008), e coraborando com o que a pesquisa realizada por
Berlezi et al. (2009), a incidência de IU tem relação com o aumento da massa corperea, onde
a media de IMC foi de 26,83 (± 4,95) caracterizando sobrepeso.
Considerando as características clínicas da IU, o tipo mais prevalente entre as
mulheres estudadas foi a IUM (56%), seguida pela IUE (34%) e a IUU (10%). Resultado
similar encontrou Knorst et al (2011), sendo que 48% das mulheres incontinentes avaliadas
em sua pesquisa possuía o diagnóstico clínico de IUM e no estudo realizado por Figueiredo et
al. (2008), em que a incidência de IUM foi de 63%. Em contrapartida, Frare et al. (2011), em
sua pesquisa que analisou 217 prontuários de pacientes que foram atendidas no setor de
ginecologia com diagnóstico de IU, onde observou que a IUE foi a mais prevalente, sendo
verificado em 88,94% dos casos estudados. Essa discordância de resultados pode ter ocorrido
pelo fato de que foi feita a analise de prontuários médicos, sem abordagem direta as pacientes,
sendo que segundo Figueiredo 2008, tal procedimento se torna indispensável para
classificação do tipo de IU, considerando que os sintomas irritativos podem passar
despercebidos em uma consulta médica, principalmente quando essa não representa a
principal queixa.
28
Os resultados dos motivos de perda urinária em relação à perda por tosse ou espirro
em nosso estudo foi de 48,78% (n=20) havendo grande diferença em relação ao estudo de
Almeida e Machado (2012) que apresentou 8,3% e também em relação ao estudo de Araujo
et, al. (2008) que resultou 21,7%. Contudo nestes dois estudos citados não foi feita a
classificação do tipo de IU, podendo haver um número maior de pacientes com IUU e
consequentemente não relatando perda urinária por qualquer tipo de esforço. Enquanto no
presente estudo a IUU apresentou em 10% (n=4) dos casos e 34% (n=14) para IUE. Em
relação à perda urinária durante realização de atividades físicas, foi relatado 19,51% (n=8)
dos casos, o que comparado ao estudo de Almeida e Machado (2012) com 25%, obteve
resultado semelhante. Diferente ao de Araujo et al. (2008) com 65,2%. Contudo o de Almeida
e Machado (2012) e Araujo et al. (2008) consideram somente mulheres que praticam
diariamente algum tipo atividades esportivas e normalmente tem controle das contrações
musuclares de glúteo, adutor e abdominal conseguindo isolar a contração do MAP, enquanto
no presente estudo, não foi questionado as voluntárias se as mesmas realizavam alguma
atividade esportiva. Entre aquelas que responderam ter vontade de urinar quando estão se
vestindo após a micção, os estudos de Almeida e Machado (2012), e Araujo et al. (2008)
apresentaram respectivamente 8,3% e 8,7% enquanto no presente estudo 29,26% (n=12). Em
relação à perda sem uma razão obvia novamente os estudos de Almeida e Machado (2012) e
Araujo et al. (2008) apresentaram respectivamente 16,7% e 13,4%, e no presente estudo
9,75% (n=4), provavelmente pois as voluntarias não tinham conhecimento da parte fisiologica
e anatomica da perda urinaria.
Quanto ao score total do ICIQ – SF a média resultante do nosso estudo foi de 10
pontos o que sugere uma interferência moderada da IU na vida das mulheres, o que se difere
ao resultado de Almeida e Machado (2012), que mostram que apenas 62,5% das mulheres
abordadas relatam nehuma impacto em sua vida en decorrência da IU em suas vidas, pois
como se tratou de um estudo com praticantes de esporte diário provavelmente, elas
conseguem realizar suas atividades sem intercorrências, resultado semelhante ao estudo de
Araujo et al. (2008) que das 62,2% (n=23) de mulheres praticantes de corridas de longa
distancia, obrtiveram média de 4,03.
Corroborando com Silva e Lopes (2009), os resultados do nosso estudo também
mostraram que menos da metade das participantes procuraram por algum tipo de assistência
terapêutica, evidenciando assim que a busca por tratamento entre as incontinentes não é
priorizado. Confirmação similar encontrou Guarisi et al. (2001), que abordou 160 mulheres
com queixa de IU e apenas 58% procuraram por atendimento, sugerindo uma baixa
29
valorização dos sintomas, sem dar a devida atenção para tais. Segundo esses mesmos autores,
a falta de busca por auxilio dos profissionais de saúde especializado se deva, entre outros
motivos, pelo conhecimento errôneo ou deficiente do problema e das formas de tratamento
para a incontinência entre essas mulheres.
Mesmo a fisioterapia sendo uma abordagem conservadora e comprovadamente eficaz
para o tratamento da IU, apenas 34% das mulheres estudadas conhecem a atuação
fisioterapêutica para o tratamento desse problema. Esses resultados evidenciam a falta de
divulgação adequada da fisioterapia uroginecológica (SABBEN e FILHO, 2008).
Quanto aos encaminhamentos para fisioterapia, que em nosso estudo resultou em
apenas 39% (n=7) de 18 pacientes que procuraram o médico, e encaminhadas à fisioterapia,
difere consideravelmente no estudo de Frare et al. (2011), que mostra que das 211 mulheres
97,24% não receberam nenhuma intervenção fisioterapêutica. Números que conflitam com
estudo de Marques, (2006) que nos explícita que mesmo 100% dos médicos ginecologistas
conhecendo a fisioterapia para IU, 88,9% dos médicos relatam encaminhar suas pacientes
para fisioterapia, porém neste mesmo estudo Marques (2006), ainda faz um levantamento da
média por mês de encaminhamentos dos médicos, relatando uma baixa incidência de
encaminhamentos, mostrando que dos 336 atendimentos realizados por mês, cada médico
encaminha
para
fisioterapia
apenas
5
pacientes/mês,
resultando
em
1,46%
de
encaminhamentos, externado pela autora como sendo um número reduzido considerando a
média de atendimentos/mês em, percebe-se então que apesar dos médicos responderem que
realizam encaminhamento, não podemos dizer que isto ocorre sempre em casos de mulheres
com IU que passam por consulta médica.
Em relação ao tipo de tratamento realizado pelas pacientes, a cirurgia não foi a
intervenção mais citada dentre as mulheres abordadas em nosso estudo, sendo que 30% (n=3)
relataram que sofreram intervenção cirurgica, o que difere de outros estudos que relatam que a
cirurgia normalmente é a intervenção mais frequente. O estudo de Frare et al. (2011) mostra
que entre as mulheres abordadas, 58,99% que estão na faixa etária entre 40 e 59 procuram
intervenção cirúrgica, e dentre as pacientes maiores de 60 anos apenas 26,27% procuraram a
cirurgia como tratamento.. Já no estudo de Silva e Lopes, (2009) também houve resultado
conflitante, pois a cirurgia ocorreu em 37,1% das pacientes abordadas, ficando somente atrás
das pacientes que não realizaram nenhum tipo de intervenção representando 45,7% da
amostra, o tratamento através de medicamento foi realatado em 5,7% dos casos. No estudo de
Honório et al. (2009 ) de 14 mulheres abordadas 9 já haviam realizados cirurgia.
Provavelmente estes conflitos de resultados nos estudos citados, se deram ao fato de as
30
mulheres abordadas em nosso estudo relatam motivos diversos que as impedem de realizarem
algum tipo de tratamento, como considerar normal perder urina, não acharem importante,
terem medo do tratamento ou vergonha.
Em relação às condutas fisioterapêuticas realizadas pela voluntarias deste estudo,
todas realizaram exercícios associados a contração do músculo do assoalho pélvico e apenas
uma realizou também a eletroestimulação vaginal. O estudo o de Silva e Lopes (2009) que
diferente do nosso estudo considera qualquer tratamento realizado, mostra que apenas 2,9%
realizaram apenas exercícios, 2,9% realizaram exercícios mais uso de medicamentos, e 2,9%
realizaram cirurgia, exercícios e fisioterapia. No estudo de Bernardes et al. (2000), foi
realizada uma comparação entre a cinesioterapia e a eletroestimulação endovaginal (EEEV),
de quatorze mulheres estudas, sete realizaram cinesioterapia e as restantes realizaram
elétroestimulação endovaginal (EEEV). Este estudo constatou que das mulheres que
realizaram cinesioterapia 71,4% obtveram total reverção do quadro de IU e 28,6%
apresentaram sintomas leves após o tratamento, já entre as sete que receberam
eletroestimulação, 28,6% estavam sem sintomas, 57,1% apresentavam sintomas leves e 14,3%
tinham perda moderada. No questionário desenvolvido no presente estudo, não foi elaborado
questões que acerca da satisfação ou melhora do quadro após o tratamento realizado, porém a
maioria delas relatou contentamento após a intervenção fisioterapêutica.
Guarisi et al (2011) afirma que dificilmente as pacientes com IU iram relatar
espontaneamente sobre o problema à algum profissional, se esta não for objetivamente
interrogada sobre o assunto. Em nosso estudo diversos motivos foram encontrados para a não
procura por tratamento destacando-se entre eles, o fato de se achar normal à perda de urina
(41,5%). Resultados parecidos também foram encontrados por outros autores (SILVA e
LOPES, 2009 e GUARISI, 2001). Segundo o estudo de Higa, Lopes e Reis (2008), este fato
pode estar relacionado com uma maior predisposição que as mulheres que realizaram algum
tipo de cirurgia ginecológica prévio, que passaram por parto normal ou que estão em idade
avançada possuem em relação a perda urinária involuntária. Podendo influenciar de alguma
maneira, a forma como se encarar a IU como um processo normal nesses casos. O fato de não
se considerar importante a IU, de não se conhecer nenhuma forma de tratamento, e a falta de
tempo para procurar algum tipo de auxílio, também foram alguns motivos citados pelas
participantes desse estudo, enfatizando o conhecimento precário sobre o assunto entre elas.
Isso pode estar relacionado diretamente com a falta de informação disponibilizada para a
população em geral, oferecida pelos profissionais da saúde e meios de comunicação
envolvidos (OLIVEIRA, BATTISTI e SECCO, 2009 e GUARSI, 2001). Outro motivo para a
31
não procura por auxilio encontrado em nosso estudo foi à vergonha sendo esse, um obstáculo
para a realização de um diagnostico e tratamento adequado. Por se sentirem constrangidas em
comentar sobre o assunto com algum profissional de saúde, segundo Higa et al (2010), se este
não souber questiona-la e não deixar que se sinta a vontade para expressar sua queixa, esse
problema poderá ser omitido por um longo período. O medo também foi um motivo
encontrado neste estudo, apesar de ter sido citado por apenas uma das participantes, isto pode
ser considerado reflexo de um pensamento equivocado em que as únicas opções de tratamento
para essa afecção seriam a cirurgia ou alguma outra forma de abordagem invasiva e/ou
constrangedora.
É imprescindível que as pacientes com IU procurem o atendimento fisioterapêutico,
evitando as consequências da cirurgia assim como o uso de medicamentos, mas para isso é
necessário a divulgação adequada desta forma de assistência.
32
6 CONCLUSÃO
O principal motivo para a não procura por tratamento entre as mulheres incontinentes
encontrados neste estudo corresponde ao fato de se considerar a perda urinária involuntária
uma situação normal, apontando para um esclarecimento errôneo inerente a essa afecção.
A maioria das mulheres incontinentes não conhece a atuação fisioterapêutica na IU e
entre aquelas que conhecem, nem todas realizam o tratamento fisioterapêutico.
A divulgação da atuação da fisioterapia como forma de tratamento conservador na IU
deve ser aprimorada, considerando a ocorrência da queixa e a evidente falta de conhecimento
sobre o assunto entre a população em geral. Assim como se faz necessário o encaminhamento
médico para o atendimento fisioterapêutico uroginecológico sempre que possível,
considerando o custo reduzido, baixo risco, e eficácia do tratamento, visando um trabalho
multidiciplinar organizado e coerente.
33
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37
ANEXO l - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
CÔMITE DE ÉTICA EM PESQUISA – CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
Tratamento clínico e conservador na incontinência urinária: percepção das pacientes frente
à abordagem terapêutica
Responsável: Prof. Nathália Andreatti Aiello; Acadêmicos: Laiane Thiele Rodrigues
Francisco, André Felipe Venancio.
O abaixo-assinado, __________________________________________________, RG
______________________,
residente
à
rua
_____________________________________________________________ nº _______,
bairro
___________________,
cidade
_________________________,
CEP
___________________, fone (_____) __________________________, declara que é de
livre e espontânea vontade que está participando como voluntária do projeto de pesquisa de
responsabilidade da pesquisadora Prof. Nathalia Aiello. O abaixo-assinado está ciente que:
I. O objetivo da pesquisa é avaliar a percepção de mulheres com incontinência urinária
frente à abordagem terapêutica da doença.
II. Durante o estudo serão submetidas ao questionário de avaliação de incontinência urinária
e percepção da abordagem terapêutica e ao International Consultation on QquestionnaireShort
Form (ICIQ-SF). Os questionários poderão conter questões que causem
contrangimento ao voluntário, estando este livre para não respondê-las. O tempo estimado
total para sua aplicação é de 20 minutos.
III. A participação neste estudo não acarretará benefício terapêutico.
IV. Obteve todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
participação do referido estudo.
V - Está livre para interromper a participação no estudo a qualquer momento.
VI. A interrupção não causará prejuízo.
VII. Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, e o pesquisador
não identificará o voluntário por ocasião da exposição e/ou publicação dos mesmos.
VIII. Poderá contactar o Comitê de Ética em Pesquisa para apresentar recursos ou
reclamações em relação ao estudo (11)2454-8028.
IX. Poderá contactar o responsável pelo estudo, sempre que necessário pelo telefone (11)
2454-8133 Clínica Escola de Fisioterapia.
X. Este Termo de Consentimento é realizado em 2 vias, sendo que uma permanecerá em
seu poder.
Bragança Paulista,_____ de ______________________de 2012
______________________________
Assinatura do Voluntário
______________________________
Prof. Nathália Aiello
38
ANEXO II - QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA E
PERCEPÇÃO DA ABORDAGEM TERAPÊUTICA
PESQUISA Nº │__│__│
DATA ___/___/____
QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA E PERCEPÇÃO DA
ABORDAGEM TERAPÊUTICA
Nome:__________________________________ Prontuário:____________
Data de nascimento:____/____/____
Idade: │__│__│
Peso/ Altura / IMC
Estado Civil: ( 1 ) Solteria ( 2 ) Casada ( 3 ) Outro:____________________
Apresenta queixa de perda urinária?
(1 )Sim (2) Não
Caracterização dos sintomas urinários:
Frequência ___ X dia Noctúria ___X
Enurese ( ) Urgência ( ) Urge-incontinência ( )
Perda de urina ao esforço ( )
Classificação:
(1) IUE (2) IUU (3) IU mista
1)A quanto tempo você tem perda involuntária de urina?___________
2)Você já procurou assistência para este problema com algum profissional de saúde?
(1) Sim (2) Não
Se sim, qual?
(1) Médico (2)Fisioterapeuta (3) Enfermeira(o) (4)Outro:_______________
3)Você já realizou algum tipo de tratamento para este problema?
(1)Sim (2)Não
Se sim, qual?
(1)Cirurgia (2)Remédio (3)Exercícios (4)Outros__________________
39
4)Você conhece a atuação da fisioterapia na incontinência urinaria?
(1)Sim (2)Não
5)Você já foi encaminhado para um tratamento fisioterapêutico?
(1)Sim (2)Não
Se sim:
Você realizou o tratamento?
(1)Sim (2)Não
Se sim:
Que recursos foram utilizados?
(1)Exercícios (2)Eletroestimulação (3)Biofeedback (4) Cones vaginais
(5)Treino Comportamental (6)Outros___________________
Se não por que?
(1)Vergonha (2)Acha não ser importante (3)Acha normal a perda de urina (4)Tem medo do
tratamento (5) Não tem tempo (Outros)______________________
40
ANEXO III - QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA E
PERCEPÇÃO DA ABORDAGEM TERAPÊUTICA
41
ANEXO IV - PARECER_CONSUBSTANCIADO_CEP_41380
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tratamento clínico e conservador na incontinência urinária